sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Reflexão Salesiana para a FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA - 29 dezembro de 2013


























Destaque:  "Honra teu pai e tua mãe"

Perspectiva Salesiana

No texto do livro do Eclesiástico de hoje ecoa o mandamento que diz: "Honra teu pai e tua mãe". Isso significa que a verdadeira religião envolve obrigações morais para com os outros, que por sua vez evoluem em obrigações morais para com nossos pais. Nossos relacionamentos com os outros, especialmente com aqueles com quem partilhamos tanto tempo, com quem estamos em contato diário, são a principal expressão da disposição de nossos corações, nossas mentes, nossas emoções e nossas atitudes.
A carta de São Paulo aos Colossenses nos fala do presente, e do desafio, de criar este "espaço" que chamamos de "família", um espaço em que aprendemos principalmente algo do que significa sermos filhos e filhas de Deus. Como os escolhidos de Deus, santos e amados, devemos revestir-nos de compaixão, com bondade, humildade, mansidão e com paciência. Na medida em que uma vida santa não é o mesmo do que uma vida livre de estresse e problemas (observem como a vida de Jesus, Maria e José no início), todos nós devemos praticar essas virtudes o tempo todo e com a esperança de podermos estabelecer, manter e fortalecer a família. Deus queira que não briguemos, nos distraiamos ou nos decepcionemos uns aos outros.
Francisco de Sales nos convida a viver uma vida espiritual condizente com as exigências e responsabilidades do estado de vida de cada um e com o momento atual em que vivemos. O que significa viver uma determinada vida espiritual? (Vida devota, como se dizia no seu tempo) Não é a vida mais difícil, mas muito exigente, pois temos que fazer o que é correto aos olhos de Deus, e em relação aos outros, ter frequentemente cuidados e diligência. É na vocação em que nos encontramos, especialmente nos papéis básicos, como ser mãe, pai, irmão, irmã, esposa, marido, filho ou filha, que devemos praticar a espiritualidade. 
Francisco de Sales nós diz: "As pequenas virtudes, imperceptíveis, aquelas em que quase nunca nos apercebemos, que são exigidas de nós, em nossas casas, em nosso trabalho, com amigos, com estranhos, a todo instante e em todos os momentos, estas são as virtudes para nós. " (IVD, Parte III, Capítulo 2).  Claro que o mais importante é a prática do amor, pois este não só contribui para a reconciliação, mas também para a purificação, e, ouso dizer, que contribui para a glorificação das relações humanas. Quando nos relacionamos entre nós mesmos, devemos praticar as pequenas virtudes, as virtudes do cotidiano, ajudando a criar uma vida melhor aqui na terra, e também para preparar-nos para a vida eterna que nos é prometida no céu. 
Ao celebrarmos a festa da Sagrada Família, percebemos que realmente muito pouco se sabe sobre as interações diárias entre Jesus, Maria e José. Mas se considerarmos cuidadosamente a fidelidade e a consistência de Jesus na sua luta pela justiça, pela paz, pela reconciliação e pela liberdade, podemos realmente começar a intuir que foi na pobre casa de Nazaré que ele aprendeu estes valores que depois colocou em prática no seu ministério.
Afinal, caridade, paz, justiça, perdão - como muitas outras coisas, começam em casa.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa da Sagrada Família. No Evangelho ouvimos que a Divina Providência guiou a Sagrada Família, no meio de suas angústias. São Francisco de Sales observa: 
O Evangelho de hoje conta como o anjo ordenou a José para pegar o menino e sua mãe e ir embora com eles para o Egito. Como a Sagrada Família, é preciso ir a um mundo onde estamos rodeados por inimigos. Podemos nos inquietar quando as coisas não saem como queríamos. Para evitar os naufrágios, que muitas vezes ocorrem durante a nossa navegação pelas águas deste mundo, lembremo-nos da grande paz e serenidade de espírito que tinha a Sagrada Família. Com plena confiança na Divina Providência eles permaneceram sempre em calma e em paz, mesmo quando tiveram que enfrentar situações inesperadas. Deus vai nos proteger também pelo mar da vida, quando a confusão se apoderar não só no nosso entorno, mas também no nosso interior. 
Contudo, independentemente da direção que o nosso barco tomar, o nosso coração, a nossa mente, a nossa vontade, que é a nossa bússola, devem apontar para o amor e a paz de Deus, porque Deus espalha a sua paz num coração que está calmo. Quando um lago está calmo numa noite calma, as estrelas no céu são refletidas na água. Se observarmos atentamente estas águas plácidas, vemos que a beleza do céu refletida nelas é tão nítida que parece que estamos vendo o próprio céu. Também acontece o mesmo quando a nossa alma está perfeitamente calma. Quando não permitimos que os ventos das preocupações supérfluas ou a intranquilidade de espírito ou a incerteza a perturbem, adquire a capacidade de refletir a imagem de nosso Senhor.
A Sagrada Família nos ensina como embarcar no mar da Divina Providência. Se tivermos confiança na boa providência de Deus não devemos surpreender-nos nem preocupar-nos se aparecerem problemas semelhantes a aqueles que a Sagrada Família teve que enfrentar. Tentem fazer o bem hoje, sem pensar no amanhã. Se de alguma forma parecerem pequenos, não desanimem. O coração do nosso Salvador é grande, e deseja que o nosso coração encontre sua morada nele.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Reflexão Salesiana para o IV Domingo do Advento - 22 de dezembro de 2013

Destaque: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, um nome que significa "Deus está conosco".

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales escreveu em sua Introdução à Vida Devota: "Deus está perfeita e essencialmente presente em todas as coisas e em todos os lugares. Da mesma maneira que, como os passarinhos, para qualquer região que voem, estão sempre envoltos no ar, assim também nós, em toda parte a que nos dirigimos ou que estamos sempre, encontramos a Deus presentes em nós mesmos e em todas as coisas." (IVD Parte II, Capítulo 2) 
Deus está conosco. Em nossos melhores momentos sabemos e agimos de modo que proclamem a verdade que Deus está realmente conosco, sempre, e de todas as maneiras.
Infelizmente, nem todos os momentos são bons. Nem sempre agimos de forma a convencer os outros da presença contínua de Deus, que nos ama sempre e de qualquer maneira. Francisco de Sales observou: "Nós todos sabemos essa verdade (que Deus está sempre presente), mas nem todo mundo está realmente consciente disso. Os cegos que sabem achar-se na presença de um príncipe, embora não o vejam, conservam-se numa posição respeitosa. Mas, porque não o veem, facilmente esquecem a sua presença e, uma vez esquecida, ainda com maior facilidade perdem o respeito que lhe é devido. Infelizmente, muitas vezes nos esquecemos de Deus e agimos como se Deus estivesse longe de nós. Sabemos que Deus está presente em todas as coisas, mas como raramente refletimos sobre este fato, agimos como se nós o ignorássemos de todo." (Ibid) 
Como dizemos "longe dos olhos, longe do coração".
Na teoria, parece algo simples tirar tempo para lembrar que Deus está sempre presente, "não só no lugar onde estamos, mas, também e, particularmente, em nossos corações e na própria essência de nossos espíritos." (Ibid)  Quando recordamos com frequência da presença de Deus, somos mais fiéis na hora de outorgar respeito e reverência que Ele merece. 
No entanto, na prática, bem sabemos, isso é um desafio! 
Mas há mais. Na medida em que lembramos a presença de Deus em todas as coisas e em todas as pessoas, seremos mais capazes de nos relacionar com os outros com o mesmo respeito e com a mesma reverência. Quando lembramos que Deus está conosco, é mais provável que nos convertamos em símbolos reais da atividade salvadora, amorosa e contínua do Emanuel... o 'Deus que está conosco.'
Vocês estão ainda à procura de um presente de Natal? Não precisam procurar tanto. Basta lembrar-se do Deus que está sempre conosco. Aquele que nos ama sempre. O mesmo Deus que chama para ajudar os outros lembra que Ele nos ama e que está sempre presente em nossas vidas.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje recorda-nos que, assim como São José, devemos ter confiança no plano que Deus tem para nós. Deus tem um plano para nós que é muito maior do que o nosso. São Francisco de Sales observa: 
O Evangelho de hoje fala do momento em que José descobre que Maria está grávida. Ele estava disposto a divorciar-se, sabendo que o filho não era dele. Mas o anjo disse a José que o Santo Filho estava destinado a ser o nosso Salvador. Com grande paz e serenidade de espírito, José aceitou este evento inesperado em sua vida. Nossa confiança em Deus deve ser igual a confiança demonstrada por São José. 
Os fundamentos da nossa fé não estão em nós mesmos, mas em Deus. Enquanto estamos sujeitos a mudanças, Deus sempre se mostra gentil e misericordioso. Tanto nos momentos em que somos fracos e imperfeitos, como quando somos fortes e perfeitos. Quando sentimos confiança absoluta em Nosso Senhor somos como uma criança no colo de sua mãe. A criança se deixa carregar e guiar por onde sua mãe o quiser levar. Da mesma forma, quando amamos a vontade de Deus em tudo o que nos acontece, sentimos a confiança necessária para nos deixar levar.
Sentir uma confiança sagrada na bondade de Deus significa vida para o espírito humano. À medida que nosso amor por Deus aumenta, experimentaremos as contrações e as dores de parto espirituais. Quando tivermos problemas, nosso Salvador nos conduzirá pelo caminho não importa quão difícil seja. Reflitamos sobre as palavras de nosso gentil Salvador: "Quando uma mulher dá à luz se debate no meio da angústia, mas após o nascimento esquece o sofrimento que viveu, porque deu à luz um filho." Nossas almas devem dar à luz o filho mais amado que uma pessoa possa desejar. É Jesus, a quem devemos dar forma e trazer à vida para dentro de nós mesmos. O Filho vale tudo o que devemos suportar. Quão felizes seríamos se dedicássemos todos os nossos esforços para cumprir o que Deus deseja para nós! Ganharíamos da generosidade de Deus tudo o que poderíamos chegar a desejar e necessitar, uma nova e revigorante existência!  Um renascimento sagrado em Cristo! 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Reflexão Salesiana para o Terceiro Domingo do Advento - 15 de dezembro de 2013

Destaque: "Ide contar a João o que vocês viram e ouviram." Alegra-te! Jesus é o verdadeiro Messias, que traz cura e força para o povo de Deus.

Perspectiva Salesiana

A promessa da salvação de Deus é muito acentuada nas leituras deste final de semana, tanto do Evangelho de Mateus como no livro do profeta Isaías. 
O povo de Deus esperou por um longo tempo a chegada "daquele' que iria salvá-los do pecado. O povo de Deus esperou por muito tempo a chegada daquele que estabeleceria a aliança de Deus com eles para sempre. Mesmo assim, algumas perguntas fundamentais pairavam nas mentes daqueles que esperavam por tanto tempo esta intervenção divina: quando viria o Messias? Como saberemos se é ele quando aparecer? Qual será o significado e qual o tom de sua mensagem? Quais serão os sinais que deveremos ter presentes?
A resposta de Jesus é clara e inequívoca: ele enumera os sinais que anunciam a chegada do Salvador tão esperado. 
O Messias, que é Jesus, passou sua vida redimindo, não condenando o povo de Deus. Os símbolos do ministério de Jesus foram a esperança e a cura. A fonte da mensagem libertadora de Cristo foi o poder e a promessa do amor redentor de Deus. 
O Advento nos recorda que Deus cumpre as promessas que faz. O tempo do Advento nos lembra dos sinais do amor libertador, redentor e transformador de Deus que continuam a se manifestar até hoje.  O Tempo do Advento nos lembra da nossa própria necessidade de uma transformação para mudar o nosso coração, para que possamos conhecer o poder da esperança para a qual todos nós somos chamados.
São Francisco de Sales escreveu: "Quem se atreverá agora a duvidar da quantidade de meios que temos à nossa disposição para alcançar a salvação através do nosso grande Salvador, em cuja imagem fomos criados e em cujos méritos fomos resgatados? "(Tratado do Amor de Deus, Livro II, capítulo 5) No entanto, este grande presente vem a nós junto com uma grande responsabilidade. São Francisco de Sales é enfático em dizer que Deus trabalha em cada coração humano. É por isso que somos cristãos que "vivemos no mundo" e que devemos reconhecer que as nossas relações com os outros são parte integrante do plano contínuo da salvação. Do ponto de vista de Sales, o tempo do Advento nos desafia a perguntar coisas que são fundamentais para nós: somos símbolos convincentes da presença do Messias? Somos símbolos do amor redentor e transformador de Deus? Somos fontes de esperança e cura na vida das outras pessoas? 
Muitos de nós iremos investir tempo e energia para decorar as nossas casas e nossos bairros para comemorar o milagre do nascimento de Cristo, a manifestação do poder e da promessa da encarnação do amor de Deus. Um amor encarnado na vida, o ministério e a mensagem de Jesus Cristo. Estaremos do mesmo modo conscientes e atentos para decorar as nossas vidas com as virtudes que falam da presença do Messias em nossas relações com os outros? Quando nos encontramos com as outras pessoas, elas podem "ver e ouvir" os sinais do Messias?

P. Michael S. Murray, OSFS  - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos dizem que a missão de salvação é alcançada por meio de Jesus Cristo, que estabeleceu o reino de Deus na terra. São Francisco de Sales faz a seguinte observação: 
No Evangelho de hoje, João Batista orienta seus discípulos não para si mesmo, mas na direção de Jesus. Jesus tinha como missão a de ser ele o Salvador. Ele, como verdadeira Luz da Justiça, iluminou o caminho da Igreja com o esplendor da Sua vida. Ele desceu para a humanidade para nos encher da Sua divindade, saciando-nos com a sua bondade, elevando-nos para que fossemos dignos dele, e dando-nos a existência divina de "filhos de Deus". Ele eleva constantemente o espírito pesado dos pobres e humildes, dando-lhes o Seu próprio Espírito, de modo que possam conseguir grandes coisas. 
Nosso Salvador nos ensina que não é suficiente chamar-nos cristãos. Devemos viver de tal modo que os outros possam reconhecer em nós, sem dúvida, pessoas que amam a Deus de todo o seu coração. Como João Batista, os verdadeiros servos de Deus fazem uso de suas palavras e suas obras para guiar os outros ao longo do caminho que conduz a Ele. Prestemos atenção para o exemplo dado por João Batista. Ele nos ensina que alcançar o verdadeiro sucesso na vida consiste em orientar os outros, não na nossa direção, mas na direção a Cristo. Uma vez em Sua companhia, os outros, como nós, têm que aprender a fazer o que é necessário por seu amor e a seu serviço, a fim de alcançar a estabilidade. 
São João Batista foi uma rocha imperturbável em meio às ondas e tempestades que geravam aflições. Ele demonstrava a mesma alegria tanto no inverno das amarguras, como na primavera da paz. Nós, por outro lado, são como juncos que se deixam revolver por qualquer emoção ou mudança no nosso estado de espírito. Deixamos-nos agitar pelos ventos da riqueza, das honras, e das comodidades. Naquilo que diz respeito às coisas terrenas, podemos dizer: 'eu tenho uma quantidade moderada, eu tenho o suficiente.' Mas, quanto aos bens espirituais, nunca teremos o suficiente. Como João Batista, inclinemos os nossos corações para receber o amor de Deus que Nosso Salvador quer nos dar. É o amor de Deus que nos permite que levemos o reino de Deus para os outros, para que ali reine a misericórdia, a justiça e a paz.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Reflexão Salesiana para a solenidade da Imaculada - 08 de dezembro de 2013


Esta é a primeira imagem de Nossa Senhora que D. Bosco mandou fazer para colocar na Capela Pinardi. Encontra-se atualmente no Museu do quarto de D. Bosco.

     “O Pai celestial colocou seus prazeres em ti desde toda a eternidade, destinando teu limpo coração para aperfeiçoar o santo amor, a fim de que um dia amasses a seu único Filho com ternura maternal, da mesma maneira que Ele o quis desde toda a eternidade com amor de Pai”. (Tratado do Amor de Deus - oração dedicatória)
O dia 8 de dezembro é um dia muito importante para a Família Salesiana de Dom Bosco, pois marca o início da Obra do Oratório de São Francisco de Sales. No dia 8 de dezembro de 1841 D. Bosco se encontrou, com um jovem na sacristia da Igreja de S. Francisco de Assis. Conhecemos o fato. Depois da missa, D. Bosco conversou com aquele jovem e, como ele ainda não tinha feito a primeira comunhão, iniciou a sua Obra com "um simples catecismo", depois de rezar a Ave Maria. No domingo seguinte vieram mais jovens e assim D. Bosco foi se envolvendo no trabalho que o levou, depois, a fundar a "Sociedade de São Francisco de Sales". Ao longo de toda a sua vida, D. Bosco teve uma grande devoção a Nossa Senhora. No final de sua vida dirá: "foi Ela quem tudo fez".
São Francisco de Sales também foi um grande devoto de Maria. Ele inicia a sua obra prima, o "Tratado do Amor de Deus", com uma oração dedicada a Maria, onde a denomina "Rainha do amor soberano". Nesta oração ele diz que Maria é "a mais amável, a mais amante e a mais amada de todas as criaturas". Porém, sua devoção a Maria não foi sentimentalista. Tinha raízes profundas, de uma fé viva, enraizada no mistério de Cristo e de Maria. Seu amigo, o bispo de Belley disse que “Foi muito grande a sua devoção a esta Mãe do belo amor, da ciência, do amor casto e da santa esperança. Desde seus mais tenros anos iniciou a honrá-la e se alistou nas confrarias e congregações erigidas sob a proteção de Maria na Igreja. E não é preciso maravilhar-se de que, vivendo sempre sob a proteção deste sinal tão favorável da Virgem, fosse muito grande o seu amor à pureza, e que, sob a proteção e o auxílio desta Rainha das Virgens, se consagrasse a Deus na santa virgindade e continência... e se existe algo que recomendava muito a seus filhos espirituais era esta devoção à Santíssima Virgem”. (J. P. CAMUS, O Espírito de São Francisco de Sales I, Balmes, Barcelona 1947, IV, 30, pp. 343-344)
É muito firme e sólida na experiência e proposta espiritual de Francisco de Sales a dimensão mariana. Maria esteve muito presente em sua vida, por Ela sentiu-se acompanhado filialmente. Viu-a e a contemplou especialmente como Mãe. Experimentou sua proteção materna no seu próprio caminho vocacional, em sua atividade apostólica. Ela o acompanhou nos momentos decisivos, em suas crises e tribulações mais fortes, descobrindo que esta presença e este amor materno acompanha, segundo o desígnio divino, todas as pessoas. E, se no centro da espiritualidade salesiana, como repetidamente destacamos, está o amor, não se pode estranhar que também o amor constitua o eixo de sua espiritualidade mariana.
Por isso São Francisco de Sales nos convida a reavivarmos a nossa espiritualidade mariana. Maria viveu em plenitude o amor que Deus tem por nós. Cumpriu a vontade de Deus. Tentou chegar à perfeição. Para São Francisco de Sales, Maria é também "a mestra da santidade" e, em sua escola aprenderemos a amar a Deus como ela o fez. Para ele, a espiritualidade mariana é sempre missionária. Maria esteve sempre junto com Cristo, na sua missão apostólica e no início da Igreja.
Preparando-nos para o Natal, lembramos Maria. Ela disse sim ao Projeto de Deus. Com que amor não deve ter amado o seu filho Jesus, meditando tudo em seu coração. Também nós somos chamados, todos os dias, a dizer sim ao Projeto de Deus, a seguir em frente, mesmo no meio das agruras da vida. A exemplo de Maria Imaculada, sejamos fiéis servos do reino e cristãos autênticos, buscando sempre mais fazer a vontade de Deus. 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o Primeiro Domingo do Advento - 1 de dezembro de 2013





















Destaque: abandonar as "ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  

Perspectiva Salesiana

O grande plano de Deus é trazer toda a criação para a unidade e a perfeição em Seu amor. O Advento é um tempo que temos para podermos entrar em contato com a história do plano salvífico de Deus, para que possamos celebrar a vinda de Deus entre nós em Jesus, e renovar-nos à medida que trabalhamos para tornar realidade o plano de Deus. Durante o Advento, vamos ouvir as visões de restauração que os profetas predisseram muitos séculos antes da vinda de Jesus. Hoje ouvimos Isaías proclamar que chegará um momento em que todas as pessoas virão ao Senhor: "para que Ele nos mostre os seus caminhos e nos ensine a cumprir os seus preceitos." 
São Paulo faz um apelo urgente no texto da carta aos Romanos: um apelo urgente para "abandonar as ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  Paulo é bastante específico ao descrever as chamadas "ações das trevas ". O comentarista bíblico William Barclay argumenta que a leitura destas descrições fornece material suficiente para examinar e avaliar o que somos e o que fazemos. Nota-se que este tempo é muito propício para comer e beber exageradamente, participar de orgias sexuais e imoralidades, brigas e rivalidades.
São Francisco de Sales diz que não é suficiente abandonarmos estas ou outras coisas ruins. Também devemos deixar nossa afeição ou a nossa atração pelas mesmas: "Todos os israelitas deixaram o Egito fisicamente, porém, muitos deixaram preso lá o seu coração; por isso é que no deserto muitos lamentaram a falta de alimento e locais de entretenimento lascivos que tinham no Egito. Da mesma forma existe penitentes que dão às costas ao pecado, mas não descartam sua atração pelo mesmo." (IVD Parte I, Capítulo 7) 
Por que devemos abandonar nossa atração pelo pecado, nossa tendência a seguir o caminho errado?  "Além disso, corremos o risco de cair perigosamente de novo nestas vis tendências que podem enfraquecer nosso espírito terrivelmente e podem se converter num fardo que nos impeça de fazer prontamente e frequentemente boas obras."(Ibid ) 
Advento é o tempo da esperança: a esperança de que a promessa feita a nós pela vinda de Cristo será cumprida. Essa mesma esperança requer que examinemos seriamente se o trabalho que fazemos e/ou deixamos de fazer nos estão ajudando para que a esperança se torne uma realidade em nossas vidas, e nas vidas dos outros. Até onde estamos dispostos a ir em nosso desejo de viver uma vida piedosa, ou seja, para fazer boas obras prontamente, de forma diligente e frequentemente? Não podemos apenas dar as costas ao pecado, mas ao mesmo tempo temos que descartar nossa atração pelo mesmo. Só assim iremos longe.
No tempo de Noé, como diz Jesus no Evangelho, as pessoas estavam tão preocupadas com as coisas do dia a dia que se esqueciam do Plano de Deus e da tarefa que cada um tem dentro dele. Precisamos estar atentos e vigilantes, não por medo, mas porque nós não queremos perder as oportunidades que a graça de Deus coloca em nosso caminho para ajudar ainda mais o seu plano, através das coisas amorosas que esta graça será capaz de fazer para os outros e para nós mesmos. Advento é um tempo de expectativa vigilante, pois o Senhor entra em nossas vidas de muitas maneiras. É um tempo para podar os pensamentos e atitudes que não nos deixam ficar no caminho da graça. É um momento para estarmos mais atentos às necessidades dos outros. Eles nos dão oportunidades para amar de uma forma real. É um tempo para abrirmos os lugares escuros do nosso coração para a luz do amor de Cristo, e, desta maneira, iluminar com a sua luz o coração dos outros. 

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje, no primeiro domingo do Advento, as leituras nos convidam a caminhar na luz do Senhor. Somos chamados a responder ao amor de Deus, com uma mudança de coração. São Francisco de Sales observa:
Com um coração inigualável, Maria deu sua mente, coração e alma a Deus sem reservas. Mais perfeitamente do que qualquer outra criatura, sua vontade foi se conformado com a vontade de Deus. Maria teve um crescimento na virtude porque tomou a resolução de pertencer inteiramente a Deus. 
No entanto, por causa das contínuas vicissitudes da vida e da nossa disponibilidade para mudar constantemente nossos afetos para com os outros, devemos frequentemente renovar as promessas que fizemos para abraçar e viver a palavra de Deus. Como podemos afirmar continuamente que pertencemos a Deus? Se realmente cuidarmos do nosso coração.
Todas as manhãs e à noite, vamos consagrar a nossa mente, coração e corpo ao serviço do amor de Deus. A primeira coisa a fazer pela manhã: prepare o seu coração para estar em paz. Em seguida, procure relembrar ao seu coração, durante todo o dia, para que esteja em paz. Felizes são aqueles que andam no caminho do amor de Deus. Seus corações serão mudados! 
Mas você vai me perguntar, como posso agora dar a Deus o meu coração, uma vez que ainda é tão cheio de imperfeições? Como poderia ser agradável a Deus, pois tenho tão pouco me conformado com a vontade de Deus? Você não está ciente de que Deus converte tudo para o bem? Deus não disse: "Dá-me um coração puro como os anjos ou como o de Maria", mas sim, "Dá-me o teu coração." Então, dê a Deus o seu coração, como é.  Vamos buscar o amor que Deus deseja nos dar. Assim como os veados ao serem perseguidos pelo caçador redobram a sua velocidade parecendo voar, da mesma maneira devemos executar no nosso caminho aquilo que Deus deseja para nós. Vamos não só correr, mas pedir a Deus que nos dê as asas de uma pomba, não só para voar para cima nesta vida, mas também para encontrar descanso na eternidade. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Perspectivas Salesianas - 24 - Ferramentas... de trabalho


Meu pai era um construtor. Ele montava carros para a Chrysler. Ele construiu helicópteros para a empresa Boeing Vertol. Mas, o que mais recordo são todas as coisas que construía em casa, como armários, prateleiras, cortinas, molduras  e acessórios, entre outras coisas.
Ele era apaixonado por construção e era realmente muito bom.
Como criança, às vezes eu me sentava num banco por horas seguidas e observava como criava coisas em sua mesa de trabalho. Ele tinha ferramentas, muitas ferramentas. Cada uma tinha sua própria e única finalidade e função.
Nos anos em que eu o vi construir, aprendi três coisas: (1) existe uma ferramenta para cada tipo de trabalho, (2) existe um trabalho para cada ferramenta, e (3) não existe uma única ferramenta que pode fazer todos os trabalhos ao mesmo tempo.
Eu não herdei o dom de meu pai para trabalhar com madeira, mas mesmo agora, conforme vou me aprofundando no coração da Espiritualidade Salesiana, mais eu aprecio a sabedoria que guiou meu pai naquilo que procurava fazer. Na Introdução à vida Devota, Francisco de Sales diz: "Muitas vezes, a grande falta daqueles que estão envolvidos na prática da virtude, é insistir, de modo especial, na utilização de uma única ferramenta para todas as circunstâncias."
Por mais útil que seja o serrote, você não pode pregar pregos com ele. Por mais sofisticado que seja uma broca, você não poderia cortar madeira com ela. O martelo é tão simples que você não o usa para cortar vidro.
A arte e a disciplina da Espiritualidade Salesiana consiste em adquirir e dominar tantas virtudes quantas sejam possíveis. Também nos desafiam a aprender como combinar cada virtude com a situação, relações ou circunstâncias do momento. Devemos resistir à tentação de apegar-nos ou deixar-nos fascinar com uma virtude favorita e tentar aplicá-la a cada tarefa ou trabalho na vida.
Afinal, se tudo o que você carrega é um martelo, eventualmente tudo na vida poderá parece ser um prego.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, o mestre artesão, o mestre construtor. Somos chamados a construir o reino de Deus aqui na terra, precisamente nesse estado, etapa e determinado lugar em que nos encontramos. Através da inspiração e da guia do Espírito Santo, devemos ser artífices que promovem a justiça e a paz, a reconciliação e a cura, o amor e a vida em nossos relacionamentos, famílias e comunidades.
Na medida em que buscamos as ferramentas e os conhecimentos necessários para viver uma vida de virtude, olhamos o humilde, gentil, compassivo e paciente Jesus, nosso mestre, guia e companheiro. Não podemos forçar somente uma ferramenta para fazer tudo. Precisamos usar as ferramentas certas como requer cada situação, e assim praticar uma disciplina que requer a maior flexibilidade. "Devemos manter nossas mentes em tranquilidade para fazer tudo no seu devido tempo", observou Santa Joana de Chantal. Existe um momento para cada ferramenta.
Quatro virtudes são absolutamente essenciais para ajudar a construir o reino de Deus: (1) Humildade. Seja suficientemente humilde para saber que existem muitas ferramentas para viver, que podemos aprender de Deus e um com o outro. (2) Cortesia. Precisamos deixar que as ferramentas que adquirimos façam o trabalho: não devemos forçá-las. (3) Flexibilidade. Precisamos selecionar a ferramenta adequada para o trabalho, o trabalho apropriado para a ferramenta: não podemos nos apegar somente à favorita. (4) Paciência. Criando coisas que valem a pena fazer com o tempo que temos na terra. Se Roma não foi construída num só dia, imagine o tempo necessário para construir algo que vai durar para sempre no Céu!
No espírito de São Francisco de Sales e de Santa Joana de Chantal, sigamos o exemplo de nosso Salvador, que é Filho de Deus e que, coincidentemente, é filho de um carpinteiro.

Para refletir:
1. Neste ponto da minha vida, quais as virtudes que pratico melhor?
2. Em que situações elas são úteis e eficazes?
3. Em que situações foram mais difíceis ou problemáticas para se adaptar a elas?
4. Quais as virtudes em que me sinto menos preparado ou especialista?
5. Neste momento da minha vida, quais as virtudes que Deus poderia me chamar para
                adquirir e praticar?
6. Neste momento da minha vida, para que coisas Deus poderia me chamar para traba-
                  lhar ou construir? Quais são as ferramentas que parecem ser necessárias e apropria-
                 das para executar estas tarefas?

Para rezar:

“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que possa encontrar no meu caminho.”

Textos bíblicos

Ecl 3, 1-9; 11a

1 Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: 2 tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; 3 tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir; 4 tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para  dançar; 5 tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se. 6 Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora; 7 tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar; 8 tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz. 9 Que proveito tira o trabalhador de sua obra? 11 todas as coisas que Deus fez são boas, a seu tempo.

1 Cor 9, 19-22

19 Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível.
20 Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, fiz-me como se eu estivesse debaixo da lei, embora o não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da lei. 21 Para os que não têm lei, fiz-me como se eu não tivesse lei, ainda que eu não esteja isento da lei de Deus - porquanto estou sob a lei de Cristo -, a fim de ganhar os que não têm lei. 22 Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos.

Mt 5, 3-10

3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para a Festa de Cristo Rei - 24 de novembro de 2013





























Destaque: "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado". "Eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso ".

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales nos diz na Introdução à vida devota: "Considere o amor eterno que Deus te deu. Antes que Nosso Senhor Jesus Cristo feito homem sofresse na cruz por ti, Sua Divina Majestade por meio de Sua bondade soberana já tinha concebido tua existência e te amava muito." (Introdução, Parte V, Capítulo 14) 
Jesus passou seus últimos momentos, os últimos que lhe restavam, fazendo o bem aos outros, embora estivesse sendo tentado pelas vozes ao seu redor a usar seu poder real para sua própria libertação ou benefício. Foi com amor que prometeu o paraíso ao bom ladrão que tinha lhe falado com humildade e contrição.
Nesta festa da realeza de Cristo, a Igreja nos apresenta duas imagens: Davi, o pastor-guerreiro, que foi designado pelo seu povo para ser rei, e Jesus, o único e verdadeiro rei, rejeitado pelo povo, crucificado e ridicularizado. Com Davi o reinado de Israel foi estabelecido para que dele saísse o Redentor de todos os povos. Mas, como Jesus viveu seu chamado para ser rei?  De acordo com São Francisco de Sales foi para "a perfeita entrega nas mãos do Pai celestial e sua perfeita indiferença diante de tudo aquilo que fosse sua vontade divina." (São Francisco de Sales Sermões para a Quaresma, sexta-feira, 1622) 
Para Jesus, ser o rei significava ser um com seu Pai. Ele vivia em perfeita união com Deus. Como Paulo nos diz na carta aos Colossenses: "Ele é a imagem do Deus invisível." Para Jesus, ser rei significava dar-se todo para os outros. Ele deu tudo o que tinha a cada pessoa em todos os momentos. Vemos isso em suas palavras ao criminoso arrependido na cruz: Jesus só falava de misericórdia e de aceitação. 
Somos chamados a fazer o mesmo. Como cristãos, nossa primeira preocupação deve ser a união com o nosso Deus: "Senhor, para mim é bom estar contigo, mesmo se tu estiveres na cruz ou na tua glória." (IVD, Parte IV, Capítulo XIII) São Francisco de Sales diz no Tratado do Amor de Deus : "O Calvário é o monte dos amantes" (Livro XII, Capítulo XIII) Seguindo o exemplo de nosso Rei, devemos falar de misericórdia e de aceitação. Assim como Jesus, nós não somos chamados a condenar ou rejeitar, mas apenas amar. 
Lembramos aqui nossos santos da Família Salesiana que praticaram o amor e a misericórdia para as pessoas com as quais conviveram. De modo especial recordamos Dom Bosco, que dizia: "até o meu último suspiro será em favor destes amigos meus" (os jovens). Santa Leonia Aviat viveu uma vida humilde e inteiramente entregue àquilo que se fala nas Leituras de hoje. Como jovem fundadora de uma comunidade religiosa, as Irmãs Oblatas de São Francisco de Sales, a Madre Aviat comprometeu-se a 'trabalhar pela felicidade dos outros, a esquecer-se completamente de si". Todos os nossos santos reconheceram e experimentaram o sentido da lealdade autêntica, do poder real: de passar toda a vida com Deus para os outros.  O chamado para seguir a Cristo ressoava em cada uma das suas palavras e das suas ações, enquanto trabalhavam para dar às pessoas aqui na terra uma amostra do paraíso que Cristo promete a todos aqueles que seguem seu exemplo.
Talvez seja esse o ponto principal. Existe algo melhor do que pedir a Deus para que sempre se lembre de nós, em cada dia, cada hora e minuto?  Existe melhor maneira para acompanhar a Cristo rumo ao paraíso do que nos aproximarmos dos outros aqui na terra, amando e fazendo o bem? 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa de Cristo Rei. São Francisco de Sales nos exorta a servir no Reino de Cristo: 
Sem uma rainha as abelhas ficam inquietas. Mas quando a rainha nasce se reúnem em volta e se dedicam a satisfazer todos os seus desejos. O mesmo acontece quando os nossos sentidos vagam sem parar, arrastando consigo o nosso interior, desperdiçando tempo e nos causando ansiedade e inquietação, destruindo a paz que é tão necessária ao nosso espírito humano. Nossos sentidos, nossa mente e nossa vontade são como abelhas místicas. Até que não tenham um governante, quer dizer, até que não escolham Nosso Senhor como seu rei, continuarão inquietos. 
No entanto, uma vez que elegemos Nosso Senhor como nosso Rei devemos colocar-nos sob seu comando. Nossa Majestade é excelente no exercício da misericórdia e da justiça. A misericórdia faz com que aceitemos o bem, enquanto a justiça de Deus nos faz afastar-nos do mal. Nosso Senhor usa a misericórdia e a justiça para arrancar pela raiz qualquer coisa que nos impeça experimentar os efeitos da sua bondade. A Justiça de Nossa Majestade é como uma pequena picada em nossas consciências, que gera entendimento e que produz mudanças que nos levam ao bem-estar. Durante o processo de conversão do nosso novo eu em Cristo, despojar-nos do nosso antigo eu, pode resultar-nos em algo doloroso. Mas a misericórdia incomparável de Nosso Senhor abre nossos corações e restaura a nossa saúde por meio do Espírito Santo que nos enche com o amor santo. 
Onde o Senhor é o Mestre, haverá paz. Para que possamos preservar a nossa paz, é necessário ter a intenção pura de querer a glória de Deus em todas as coisas. Façamos o pouquinho que pudermos fazer com esse objetivo em mente, e deixemos Deus lidar com o resto. Devemos ser fiéis suficientemente para seguir obedecendo à vontade do nosso Rei, da mesma forma que as abelhas são leais à sua rainha, para que possamos começar nesta vida a obra que, com a ajuda do amor de Deus, continuaremos eternamente nos Céus. Vive Jesus! 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sábado, 16 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 33º domingo do Tempo Comum - 17 de novembro de 2013


























Destaque: "Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas".

Perspectiva Salesiana

Sentir temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Salmo 110, 10). Mesmo assim, o salmista nos lembra de que este temor do Senhor (que está diretamente relacionado com a aquisição de sabedoria) é apenas o começo: deve levar-nos a "seguir os preceitos de Deus", deve levar à ação.
Em outras palavras, sentir medo do nome do Senhor deve nos levar a fazer as obras do Senhor!
Como ouvimos na segunda leitura de hoje, São Paulo certamente sabia disso: "bem sabeis que deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade... Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém... Quem não quer trabalhar também não deve comer". 
Esse temor do Senhor, esse medo do nome de Deus, não tem como objetivo paralisar-nos.  Não, seu propósito é motivar-nos claramente, de mover-nos, de fazer que trabalhemos individual e coletivamente na busca dos preceitos do Senhor, para construir o Reino de Deus. Dito de outra forma, o temor do Senhor não nos deve tornar-nos passivos, pelo contrário, deve tornar-nos ativo.
Isso deveria ser óbvio. No entanto, a mensagem oposta pode ser transmitida (sem intenção), quando consideramos as vidas e legados dos santos, que, entre outras coisas, claramente sentiam temor do nome do Senhor: "Quando pensamos em homens e mulheres santos através dos tempos, muitas vezes nos lembramos de esculturas, desenhos e pinturas em que os santos aparecem de todas as maneiras, menos ativos. Nossos santos mais ativos muitas vezes não estão fazendo nada mais enérgico do que segurando um lírio ou olhando piedosamente o céu. E mesmo que essas imagens pudessem mover-nos e inspirar-nos, e mesmo se, por vezes, fossem úteis em momentos de contemplação, se alguém estiver procurando modelos de ação e energia, estas imagens não são tão atraentes" (James Martin, SJ  em Padroeiros e Protetores: Mais Ocupações por Michael O'Neill McGrath) 
É com esta visão que James Martin escreve que "Jesus trabalhou e talvez seja este o fato que a maioria de nós esqueceu. Podemos facilmente imaginar Jesus sendo instruído por São José, o carpinteiro.  Na oficina de José, em Nazaré, Jesus aprendeu sobre os materiais de sua arte... José ensinou ao seu aprendiz a pregar um prego de modo correto com o martelo, a talhar um buraco na madeira, ou como nivelar uma prateleira". (Ibid) 
E quem teria temido o nome do Senhor e seguido os preceitos de Deus de forma mais clara e convincente do que Jesus? Gregory Pierce sugere que precisamos ver e experimentar o trabalho como "todo o esforço (remunerado ou não) que fazemos para que o mundo seja um lugar melhor, um lugar que se assemelhe mais a maneira que Deus quer que as coisas aconteçam" (Espiritualidade@Trabalho, página 18) 
O trabalho, o trabalho de Deus é verdadeiramente a nossa carga na vida, a nossa razão de ser, a finalidade para a qual vivemos. Olhemos para a vida de Jesus e vejamos como este trabalho pode ser árduo, laborioso e frustrante. Mesmo assim, o que poderia ser mais gratificante do que usar todas as nossas energias para fazer de todos os nossos pequenos cantos do mundo, lugares em que o "sol da justiça" pode surgir nos corações e mentes de nossos irmãos e irmãs?  O temor do Senhor é, em última análise, um convite - não uma exigência - para fazermos a obra do Senhor.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos do São Francisco de Sales

No evangelho de hoje Jesus nos diz que, independentemente da situação em que nos encontramos, devemos continuar a segui-lo. Francisco de Sales nos diz algo similar: 
Existe alguma sociedade, religião, instituição ou estilo de vida que tem tanta certeza de que ele está livre de todo o mal? Dado que esta ameaça afeta a todos nós, é arriscado viver num mundo de malfeitores. Quando nos confrontamos com o mal devemos saber distinguir a realidade dos medos imaginários. Deus não nos dará força para enfrentar um conflito imaginário, mas certamente nos dará a coragem necessária quando surgir uma verdadeira necessidade. Muitos dos servos de Deus estavam se assustaram e quase perderam a sua coragem diante de um perigo imaginário. No entanto, quando o verdadeiro perigo surgiu mostraram sua coragem. 
Se nos entregarmos a nossos medos imaginários certamente perderíamos a nossa coragem e não faríamos nada para vencer o mal. Precisamos trabalhar. Nosso Senhor quer que sejamos lutadores e conquistadores da maldade. Se sentirmos que não temos coragem, digamos com confiança: "Salve-me Senhor". Se o nosso desejo de servir a Deus é bom e verdadeiro, mas falta-nos a força para colocar o desejo em prática, devemos oferecê-lo a Deus que nos permitirá alcançar o que queremos. Ele renovará as nossas aspirações quantas vezes for necessário fazer para que perseveremos. Somente será necessário ter o desejo de lutar bravamente e com perfeita confiança para que o Espírito nos ajude. 
Na medida em que formos perseverantes no cumprimento da vontade de Deus, Ele vai nos ajudar a sair vitoriosos durante os tempos turbulentos. Entreguemos nossa vontade a Nosso Senhor que a renovará para que possamos ter a coragem suficiente para o resto da nossa vida mortal. As crianças se sentem seguras quando estão nos braços de suas mães. Sentem que nada poderá machucá-las quando estão de mãos dadas. Embora os tempos de conflito produzam medo, temos que dar a mão ao nosso "Deus Todo-Poderoso", que nos protege e nos faz sentir-nos seguros. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 32º Domingo do Tempo Comum - 10 de Novembro de 2013
























Destaque: "Alguns saduceus se aproximaram de Jesus para perguntar..."

Perspectiva Salesiana

Na vida teológica, religiosa, política e cultural dos judeus era muito importante fazer perguntas. O chamado "Método rabino" presumia que a melhor maneira de conhecer a verdade era aprender a fazer as perguntas certas. 
A pergunta tem sempre um poder, uma promessa, uma possibilidade. 
Este é o contexto para entendermos o texto do Evangelho de Lucas neste final de semana.  Os saduceus fazem uma pergunta sobre o casamento e vida após a morte. Nos versículos anteriores, o sumo sacerdote e os escribas fizeram uma pergunta semelhante, a respeito do imposto a ser pago para o imperador César. Talvez a pergunta não fosse feita simplesmente para fazer Jesus tropeçar ou para desacreditá-lo: também pode ter sido um desejo legítimo para encerrar uma disputa que havia há muito tempo entre os saduceus e fariseus (líderes religiosos e em ambos os grupos) que estavam em desacordo sobre uma variedade de questões, entre elas a que aparece no evangelho de hoje.
No entanto, como nas outras vezes que isso aconteceu, não gostavam, não entendiam ou não aceitavam as respostas de Jesus. 
Eis a tragédia. Os escribas, os sacerdotes, os saduceus e os fariseus foram criados numa cultura que via nas perguntas um caminho para a verdade mística. Ironicamente, eles foram as pessoas que mais tiveram encontros com Jesus. Outros grupos não tiveram esta chance. É triste dizer, mas parece que eles sempre fizeram as perguntas erradas: perguntas de pouca visão, perguntas egocêntricas, perguntas pouco genuínas ou pouco sinceras, todas com uma resposta predeterminada em mente.
Quando perguntado por que ele orava todos os dias, o mentor de Elie Wiesel disse: "Eu rezo dentro de mim para que Deus me dê a força para fazer as perguntas certas." 
Que pedimos, que desejamos, que respostas exigimos em nossas vidas diárias com Jesus e com os outros? Quanta energia gastamos querendo chegar ao fundo de um assunto? Mesmo assim, com todos os nossos esforços, estamos mais perto de saber as coisas que verdadeiramente importam, as preocupações da terra que nos guiam para as coisas do céu? Por que nossa compreensão sobre a vontade de Jesus para conosco, o seu desejo para conosco, o seu amor nos parecem tão difíceis? 
Será que nós também, estamos falhando na hora de fazer as perguntas certas?
"Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo", diz São Paulo na segunda leitura.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje, Jesus nos revela que os filhos de Deus ressuscitarão. Vamos ressuscitar porque o nosso Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. São Francisco de Sales nos diz o seguinte: 
Nesta vida mortal não devemos buscar nada que seja incomparavelmente perfeito. Nossos corações têm uma sede que não pode ser satisfeita pelos prazeres desta vida mortal. Mesmo moderados, os prazeres mais apreciados e apetecíveis não nos satisfazem. Se forem demasiados, nos sufocam e se tornam prejudiciais. Somente a água da vida eterna, que é o amor de Deus, pode satisfazer a nossa sede e acalmar nossos desejos.
Dado que o amor de Deus é maior do que o nosso, Ele deseja tornar-se um de nós para nos mostrar o que devemos fazer para viver para sempre. Depositar o nosso amor em Jesus Cristo é depositar nossas vidas Nele. O fruto do cacho depende da cepa à qual está ligado. Portanto, a nossa vida em Cristo nos anima e nos encoraja através de um amor saudável. Através do amor sagrado que o Espírito Santo derrama em nossos corações, somos capazes de realizar obras sagradas que levam à glória imortal. 
Mas nesta vida mortal o exemplo de Jesus nos mostra que a nossa salvação é uma jornada em direção à plenitude em Cristo. Suportar ultrajes, contradições e desconfortos de maneira pacífica como Jesus suportou, é o que nos garante a eternidade. Um pingo de paciência adquirida ao longo de um período de prova vale mais do que muita paciência ganha de outro modo. Se sentirem  que seu coração está perturbado, reflitam sobre a paciência e obriguem-se a praticá-la fielmente. Se sentirem neste momento que o seu coração está inquieto, segure-o com a ponta dos dedos e coloque-o de volta no seu lugar. Em seguida, digam: "Alegra-te, meu querido coração."  As grandes obras são o resultado da paciência e do tempo de duração. Tenham coragem. O Deus dos vivos sempre nos acompanha para que possamos voltar nos levantar-nos em Cristo.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o dia de TODOS OS SANTOS – 03 de novembro de 2013





















Destaque: “Esses são os que vieram da grande tribulação...”

Perspectiva Salesiana

Domingos Sávio, um adolescente muito simpático de 13 anos, dizia, no tempo de Dom Bosco, para os adolescentes e jovens que entravam no Oratório de São Francisco de Sales em Turim: “nós aqui fazemos consistir a santidade em estarmos sempre alegres e na presença de Deus, e em cumprirmos os nossos deveres.” Esta fórmula de santidade ele aprendeu de Dom Bosco, um grande mestre da santidade salesiana. E hoje é São Domingos Sávio, o primeiro fruto da espiritualidade e pedagogia de São João Bosco. Sabemos que Bosco se inspirou e viveu a espiritualidade de São Francisco de Sales. Para São Francisco de Sales, a alegria “é como o palpitar do coração”, algo vital na vida. Só que não é a alegria que o mundo propõe! E a Família Salesiana, com esta fórmula, “produziu” muitos santos! É uma pena que não podemos neste momento elencar todos eles.
“Unamos nossos corações com os corações destas almas celestes e benditas. Assim como os rouxinóis jovens aprendem a cantar em companhia dos velhos, assim também nós, associando-nos aos santos, aprendemos a melhor maneira de rezar, cantar e louvar a Deus.” (Introdução à Vida Devota, Parte II, Capitulo 16)
Estamos amparados sobre os ombros de gigantes. Durante os últimos dois mil anos muitos homens, mulheres e crianças de várias eras, lugares e culturas, dedicaram sua vida ao serviço das Boas Novas de Jesus Cristo. Dentre estes tantos, um grupo menor de pessoas foram distinguidos e conhecidos como “santos.”
Eles são pessoas reais, e nós queremos seguir seus exemplos. Eles são pessoas reais que nos inspiram. Olhamos para eles como pessoas reais para que nos animem e nos encham de graça. Foram pessoas reais que iniciaram seu caminho no meio de provas e dificuldades durante o tempo em que viveram, e proclamaram o Evangelho. Hoje, olhando para eles, somos desafiados a viver a santidade no dia a dia.
Cada um de nós é chamado a viver uma vida de santidade! Uma vida centrada em Deus, uma vida de entrega. E isso deve ser realizado no lugar onde a gente mora, onde a gente ama, trabalha e se diverte todos os dias. Francisco de Sales escreveu: “Olhe o exemplo dos santos em cada caminho de suas vidas. Tudo o que fizeram foi amar a Deus, sendo seguidores devotos de Deus... porque então, não fazemos o mesmo de acordo com nossa posição e vocação de vida e para cumprir as resoluções e as santas promessas (do batismo) que um dia fizemos?” (IVD, Parte V, Capitulo 12)
Que significa ser um santo? Surpreendentemente é algo muito mais terreno e possível do que pensamos. Francisco de Sales observou: “Devemos amar tudo o que Deus ama, e Deus ama nossa vocação. Assim também, amemos a nossa vocação, e não desperdicemos nossa energia sonhando com uma vida diferente, mas, façamos o trabalho que nos corresponde. Seja fiel e feliz fazendo aquilo que foste chamado a ser...” (Stopp, Cartas Selectas, Pagina 61)
Do ponto de vista de São Francisco de Sales, a santidade é medida pela nossa vontade e habilidade para aceitar o estado de vida em que nos encontramos no momento. Os santos foram pessoas que aceitaram a vida como era sem desperdiçar tempo. Não ficaram desejando ou esperando outra oportunidade para viver de maneira diferente. A santidade está marcada pela decisão de aceitar a vontade de Deus como se manifesta nos altos e baixos da vida diária.
De que modo estás sendo chamado a ser santo no dia de hoje? Como, no meio de tantas provações podemos viver o amor no dia de hoje? Podemos, segundo a escola salesiana, ser santos estando sempre alegres, sempre na presença de Deus e cumprindo os próprios deveres?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Reflexão Salesiana para o 30º Domingo do Tempo Comum - 27 de outubro de 2013


Destaque: "O Senhor ouve o clamor dos pobres". 

Perspectiva Salesiana

Pode acontecer que os pobres não desfrutem de muitas coisas na vida. Mesmo assim, ocupam um lugar especial no coração e na mente de Deus. Nisto levam uma grande vantagem sobre qualquer riqueza terrena. 
A Escritura é clara e inequívoca: Deus tem uma preocupação especial pela situação dos pobres e necessitados, pelas carências dos desesperados e por aqueles que têm o coração dilacerado, pela angústia dos perdidos e abandonados, pelo espírito daqueles que foram esmagados, pela vida dos solitários, pelas almas dos pecadores. 
Jesus encarna o amor pelos pobres. Ele se aproximou das pessoas de todas as classes sociais, econômicas, étnicas e culturais. Mas, Jesus investiu uma quantidade significativa de seu tempo, sua energia, o seu ministério e de seu amor para com os pobres, com aqueles que foram difamados e maltratados no seu tempo. Jesus parece ter gozado de maior sucesso com os pobres, da mesma forma, ele parece ter se sentido mais à vontade com eles. 
Isto é observado em sua totalidade por São Francisco de Sales. Na Introdução à Vida Devota, ele escreveu: "Devemos praticar a verdadeira pobreza no meio de todos os bens e riqueza que Deus nos deu. Muitas vezes, devemos nos livrar de certas propriedades e entregá-las com um coração generoso para os pobres. Dar um tanto do que se possui é empobrecer outro tanto e quanto mais se dá, mais pobres seremos... Amem os pobres e amem a pobreza, pois é por meio deste amor que nos convertemos em verdadeiros pobres... alegrem-se por vê-los em suas próprias casas e por visitá-los nas deles. Sintam-se felizes em falar com eles e felizes por tê-los em torno de suas igrejas, nas ruas e em todos os outros lugares. Sejam pobres quando conversarem com eles... porém, sejam ricos quando se trate de assisti-los, partilhando algo de seus abundantes bens com eles." (IVD III, 15)
Vale a pena explorar três aspectos das observações feitas por Francisco de Sales. Em primeiro lugar, na medida em que nos aproximamos dos pobres passamos a conhecer a nossa própria pobreza, as nossas próprias necessidades, o nosso próprio desespero e o nosso próprio infortúnio. Francisco observou: "Nós nos convertemos nas coisas que amamos." 
Em segundo lugar, a situação dos pobres é um desafio para nós, para que sejamos generosos: para que doemos alguma coisa de nossa abundância e, ainda mais difícil, para que doemos algo de nossas próprias necessidades e carências.
Em terceiro lugar, devemos reconhecer as formas mais sutis de pobreza em nossas casas, em nossos bairros, em nossas salas de aula, no nosso local de trabalho, e não somente reconhecer a pobreza nas esquinas, ou nos pontos de ônibus. Devemos reconhecer as riquezas celestes das quais todos carecemos: o cuidado, a bondade, o perdão, a amizade, a verdade, o companheirismo, a cura, a compreensão, a reconciliação, a honestidade, a fé, a esperança... e o amor. 
Claramente, fielmente, carinhosamente, de forma convincente o Senhor ouve o clamor dos pobres. 
Nós escutamos este clamor? 

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB. 


Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos lembram de que Deus responde prontamente aos gritos daqueles que se arrependem dos erros que fizeram. São Francisco de Sales observa: 
Deus, em sua misericórdia incomparável, abre a porta para o coração do penitente. Esta alma teria se perdido se Ele não a tivesse ajudado. Para que nosso arrependimento seja genuíno, por que não vivemos de acordo com a imagem de Deus em nós, devemos primeiro despojar nosso coração de qualquer outra coisa para permitir que Nosso Senhor o encha de Si Mesmo. Cada canto, cada esquina de nossos corações está repleto de milhares de coisas indignas de serem vistas na presença de nosso Salvador. Então, é como se tivéssemos amarrados pelas mãos, e lhe estivéssemos impedindo de conceder-nos os dons e a graça que Ele sempre está disposto a dar-nos, sempre e quando nos encontre preparados para recebê-los. 
Quando nos arrependemos damos lugar à maravilhosa humildade de nosso querido Salvador para que entre em nosso coração. A humildade coração nos torna conscientes da bondade de Deus, que é digna de um amor supremo. A humildade de coração também nos permite entender a nossa incapacidade para amar perfeitamente, e por isso necessitamos de Nosso Salvador, que nos tirará de nossa miséria até nos tornar-nos um com Sua grandeza. 
O valor que tem a virtude da penitência é que nos leva para a plenitude. Devemos ser como o arqueiro que, quando vai atirar uma flecha grande, puxa a corda do seu arco de um ponto mais baixo, dependendo de quanta altura deseja que a flecha alcance. Para poder unir-nos a Deus devemos apontar o mais alto possível. Portanto, devemos rebaixar-nos muito mais, deixando de lado a autossuficiência e abrindo-nos para receber a ajuda de Deus. Devemos deixar todos os nossos problemas nas mãos de nosso Salvador, que sempre cuida de nós, para que possamos entregar-nos totalmente a Ele. Quando damos nosso consentimento a Deus para que nos ame do jeito que deseja fazer, Ele nos receberá em sua misericórdia, e também avivará e restaurará completamente nossa verdadeira saúde espiritual, que é o amor sagrado.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O BEM-AVENTURADO JOÃO PAULO II E SÃO FRANCISCO DE SALES


O dia 22 de outubro foi a festa do Bem-aventurado João Paulo II, que logo será canonizado, no próximo 27 de abril de 2014. Nosso Santo Fundador São Francisco de Sales está bem relacionado com nosso novo Beato Papa João Paulo II. O P. John Sankarathil, OSFS nos mostra isso quando diz: "O Papa João Paulo II capturou o conceito Salesiano do amor de Deus e apresentou uma imagem do amor de Deus à humanidade moderna. Numa época onde o secularismo e a indiferença manipulam as pessoas, o Papa convidou a todos a desfrutar de um Deus, que é misericordioso, amoroso e carinhoso. Não é o medo ao mal e ao castigo que conduz a humanidade a Deus, mas sua natureza amorosa, seu desejo de encontrar-se com a humanidade em toda sua fragilidade. O Papa afirma na homilia que o Doutor do amor, São Francisco de Sales destacou sem cessar a animada fonte da aliança de Deus com o homem: Deus nos ama, Deus nos acompanha em cada etapa da vida, com paciência e amor; Deus coloca em nós seu desejo daquilo que é bom, uma atração para o que é belo e bom. Em sua providência, Deus nos dá a vida para nos conformarmos à sua imagem e sua semelhança. E Deus nos chama a participar sempre daquilo que constitui a grandeza de sua própria vida, perfeito amor. Ele nos dá a liberdade interior, Ele nos torna capazes de provar a certeza de que somos amados, e de fazer o firme propósito de responder a este amor." 

(Irmã Susan Marie, Visitandina).

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Reflexão Salesiana para o 29º Domingo do Tempo Comum -20 de outubro de 2013


Destaque: "Jesus disse a seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de rezar sempre e não desanimar."

Perspectiva Salesiana 

Se o mundo fosse perfeito sempre teríamos a consciência da presença de Deus que nos criou, que nos redimiu e que nos inspirou. Num mundo perfeito, nós sempre o reconheceríamos e sempre aproveitaríamos as inúmeras oportunidades que Deus nos dá para fazer o que é certo, o que é bom, o que é criativo, incentivando o perdão, fazendo o que é amoroso. Num mundo perfeito, seríamos sempre enérgicos e entusiasmados com a vida e a viver cada dia, cada hora, cada momento como um presente de Deus. Num mundo perfeito, nada poderia distrair-nos quando se trata de fazer as coisas que realmente importam na vida. 
Nosso mundo, é claro, não é nada perfeito. Nós somos tudo, menos perfeitos.
Às vezes nos esquecemos da presença de Deus. Às vezes, nós desperdiçamos as oportunidades que Deus nos dá para fazer o que é certo, o que é bom, e o que é amoroso. Às vezes, não apreciamos bastante o dom da vida, e de cada momento que temos nesta vida. Às vezes somos consumidos por preocupações triviais, mesmo insignificantes. Às vezes simplesmente não temos a energia suficiente. 
Às vezes, parece que perdemos o coração. 
A oração nos lembra da presença de Deus. A oração ajuda-nos a ver as inúmeras vezes que temos cada dia para crescer na virtude e fugir do pecado. A oração permite-nos aceitar com gratidão o dom de cada novo dia como ele vem. A oração é o que nos mantém ligados a Deus, a oração é o que nos mantém conectados com o divino em nós, a oração é o que nos mantém conectados com o Divino nos outros. 
A oração não é tanto o que fazemos. Acima de tudo, é uma atitude, e uma visão que temos desenvolvido e aprofundado.
Francisco de Sales descreve a oração da seguinte forma: "A essência da oração não é estar sempre de joelhos, mas em manter as nossas vontades claramente unidas à vontade de Deus em todos os eventos." (Sobre Vivendo para Jesus ., p 295) Em outro lugar, ele observa: "A oração é a água benta que faz com que as plantas de nossos desejos cresçam verdes e floresçam; limpa nossas almas de suas imperfeições, e sacia a sede de paixão em nossos corações." (Ibid, p. 309) 
A oração nos dá a humildade necessária para reconhecer onde temos ido. A oração dá-nos a gentileza de aceitar onde estamos, a oração nos dá a coragem para considerar onde devemos ir. 
No meio das nossas ocupações, frequentemente exigentes, algumas às vezes frustrantes e por vezes esmagadoras, a oração nos ajuda a permanecer conectado com as pessoas e coisas na vida que realmente são importantes. Quando nós "...lhe entregamos nossos corações a Deus mil vezes por dia" (Ibid, p. 298), sabemos como ser verdadeiramente felizes, saudáveis e santos. 
A oração faz com que nossa mente esteja sempre alerta... para que assim sejamos pessoas de coração. 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos convidam a perseverar em nossa fé na bondade de Deus, permanecendo sempre atentos a Sua Palavra. São Francisco de Sales também enfatiza o valor da perseverança: 
A perseverança é o valor que receberemos a coroa. Mas, na hora da prática, esta acaba por ser a mais difícil de todas as virtudes, dada a fragilidade e inconsistência do espírito humano. Num minuto desejamos fazer uma coisa, mas pouco depois mudamos de ideia. Devemos manter uma vigilância constante sobre nós mesmos. O néctar do amor divino não pode ser destilado num coração onde o nosso velho "eu" é senhor. Para crescer no amor de Deus devemos trabalhar diligentemente para deixar de lado nosso egoísmo e viver de acordo com a razão, e não de acordo com as tendências do mundo.
Tenha coragem. Um professor nem sempre exige que seus alunos saibam toda a lição sem o direito de cometer um erro. É suficiente que os alunos façam o melhor esforço para aprender a lição. Você já observou pessoas que estão aprendendo a andar a cavalo? Muitas vezes, eles caem. Mesmo assim não desistem. Porque uma coisa é ser derrotado de vez em quando, e outra coisa, completamente diferente, é ser derrotado. 
Nem sempre temos que sentir-nos fortes e cheios de coragem. É suficiente ter esperança de que Deus vai nos dar essa força e essa coragem, justamente onde e quando necessário. Certamente Nosso Senhor nunca exortará os fiéis a perseverar sem estar pronto para dar-lhes o poder de fazê-lo. Se formos fiéis irão progrediremos muito. A perseverança é o dom mais desejável que podemos esperar nesta vida. Por esta razão, devemos orar, a fim de sermos constantes, usando os meios que Deus nos deu, a fim de atingir esse objetivo: a oração, ajudando os outros, aproximando-nos regularmente dos sacramentos, associando-nos a pessoas boas, e ouvindo e lendo as sagradas Escrituras. 
Devemos ser como aqueles que navegam no mar. Eles sempre observando a estrela polar sempre conseguem avançar, porque eles sabem que estão indo na direção certa. Sigamos esta bela estrela e esta bússola divina sem medo algum, porque Nosso Senhor nunca falha.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)