quinta-feira, 28 de outubro de 2010

31º Domingo do Tempo Comum – 31 de outubro de 2010


No evangelho de hoje Jesus faz a experiência de entrar na casa dos perdidos antes mesmo que eles façam penitência. São Francisco de Sales diz:

Nosso Salvador nos ajuda a encontrar Seu coração cheio de misericórdia e compaixão generosa para conosco justamente nestes momentos em que nossos corações parecem mais endurecidos. Assim como Zacarias, somente precisamos querer ver Jesus. Nosso Redentor sempre nos dá o Seu santo amor. Continuamente perdoa as faltas que diariamente cometemos contra Ele. Recompensa mesmo o menor dos nossos serviços com grandes favores. Continua recriando a humanidade através do amor misericordioso que Ele tem para com toda a humanidade.

Como costuma ser a grandeza da misericórdia de Deus? A misericórdia de Deus leva-nos a escolher o bem. Porém, quando realmente pertencemos a Deus? Ele não tem escravos, apenas amigos que escolheram amá-lo livremente. Da nossa parte, a conversão depende da nossa resposta livre ao amor de Deus. Estamos prontos para responder plenamente ao amor de Deus quando começamos a purificar nossos afetos e nossos trabalhos, moldando-os de acordo com os ensinamentos do Evangelho. Descobriremos que nosso espírito se tornará puro quando deixarmos de buscar obstinadamente coisas que só beneficiam a nós mesmos. Então seremos livres para escolher a verdade e viver, em Cristo, a vida que Deus deseja para nós.

Livrar-se de tudo o que não é de Deus é algo que representa uma luta constante em nossas vidas. Na verdade, enquanto estamos vivos sentimos necessidade de renovar e de recomeçar. Esta renovação é necessária devido a nossa natureza que está sempre mudando e porque podemos nos tornar frios e cometer falhas. Não existe um relógio que é perfeito e que não precise de nenhum reparo. Assim como um relógio precisa de óleo para evitar a ferrugem, nós precisamos da Confissão e da Eucaristia para ungir nossos corações a fim de restaurar a sua força e aquecê-los. É assim que mais uma vez conseguiremos nos dedicar ao amor de Deus. Se renovamos verdadeiramente o nosso coração a cada dia, vamos adquirindo a capacidade de renovar-nos no serviço de Deus.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

“Entretanto, de todos tens compaixão, porque tudo podes. Fecha os olhos aos pecados dos homens, para que se arrependam. Sim, amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa não a terias criado. Da mesma forma, como poderia alguma coisa existir, se não a tivesses querido?”

Perspectiva Salesiana

O autor da nossa leitura da Sabedoria dá graças a Deus pela sua bondade, paciência e miseri-córdia. O Senhor ama tudo o que ele fez. Toda a criação é feita, como lembro de ter lido em tessalonicenses, para glorificar a Deus, seu Criador amoroso. Na verdade, toda a criação traz o espírito daquele que nos amou e deu a vida.

Não podemos negar, ao glorificar a Deus, nossos pecados, nossas falhas, nem devem nos desanimar nem impedir de continuar em frente na nossa caminhada para a renovação com Deus. Fomos criados para levar a imagem de Deus que nos criou no amor. No seu "Tratado do Amor de Deus", Sales escreve: "Considerem a natureza que Deus lhes deu. É a maior neste mundo visível, está qualificada para a vida eterna e para estar perfeitamente unidos com Sua Divina Majestade. "Tratado [1-1]

Quando falhamos, Deus graciosamente nos chama de volta ao bom relacionamento. O convite é um convite, não uma exigência, e cabe a nós responder a este convite livremente. O Salmo 145 louva a Deus que é "bom e misericordioso, que raramente recorre à raiva e é extremamente amável." Da mesma forma que Deus é misericordioso e paciente conosco, temos de ser gentil e paciente conosco. Sales apresenta estas qualidades na Introdução à Vida Devota: "... Quando cometer uma falta, se o seu coração censurar de maneira calma e gentil, com mais compaixão do que raiva, e incentivá-lo para fazer reparos, em seguida, o arrependimento chegará mais profundo e penetrará mais eficazmente do que o arrependimento chato e inquieto. "[Introdução III. 9] Com essa doçura e paciência, podemos refletir o amor de Deus, e dizer como São Paulo aos tessalonicenses, damos glória ao nosso amoroso Criador.

A história do Evangelho apresenta as qualidades da bondade, do arrependimento e da misericórdia. Jesus toma a iniciativa e vem à procura de Zaqueu olhando para a árvore e chamando Zaqueu em lugar de esperar que Zaqueu desça da árvore e se aproxime dele. Busca a Zaqueu, “o perdido” e ao ir para onde Zaqueu morava, o convidou para retornar a um relacionamento amoroso. Zaqueu se arrepende no verdadeiro espírito de humildade. Ele aceita o gracioso e livre convite. Sem ser coagido, ele oferece reparação.

A paciência, a bondade e a misericórdia são as qualidades de Deus quer de nós como criaturas que são a sua imagem e que somos chamados a refletir. Quando nós somos testemunhas destas qualidades nas relações humanas, podemos entrever a nossa forma de criar, resgatar e inspirar o Deus vivo e sorrindo - aqui na terra.

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

Santiago do Chile

Vejam que bela pintura de São Francisco de Sales que está na entrada da Casa Inspetorial dos Salesianos de Dom Bosco de Santiago do Chile.

sábado, 23 de outubro de 2010

Francisco estudante em Pádua (5)

Nesta época lê o livro “Combate espiritual” escrito em 1589 por D. Lorenzo Scupoli.  Nele encontra sua finalidade precisamente definida e seu caminho exatamente determinado. Lê: “a perfeição não consiste nas práticas exteriores, na religião formal, mas em total desapropria-ção de nossa vontade e resignação à de Deus, submetendo-nos não apenas a Ele, mas a toda criatura por seu amor e isto unicamente para seu beneplácito, porque Ele assim o quer e porque Ele merece ser servido e amado” (Ch I)


O objetivo do amor é agradar a Deus por uma submissão absoluta de amor: tal é a regra de ouro da santidade salesiana. A submissão ao beneplácito divino unicamente liberta; a revolta nos une ao nosso tormento. Aqui começam o céu e o inferno!
No final de 1590 ou começo de 1591 elabora um “Regulamento de vida”, de acordo com seu diretor espiritual, P. Antonio Possevin. Resumidamente é assim:
  1. Exercício da preparação – “Fá-lo-ei ao menos uma vez por dia: a saber, de manhã; consiste num exame de previdência, feito na presença de Deus, daquilo que se prevê advenha durante o dia.”
  2. Depois escreve 7 artigos para bem passar o dia. “De manhã, logo ao despertar, darei graças a Deus... Depois, pensarei em algum sagrado mistério... Não faltarei de assistir todos os dias a Santa Missa”... O terceiro  destes artigos é original: “Como o corpo tem necessidade de entregar-se ao sono para descansar e repousar os membros lassos, assim também é necessário que a alma disponha de algum tempo para dormitar e descansar entre os braços do celeste Esposo, a fim de por este meio restaurar as forças e o vigor das potências espirituais: portanto, destinarei todos os dias tempos determinados para esse sagrado sono, para que minha alma, à imitação do discípulo bem-amado, durma em toda segurança sobre o amável peito, isto é, no coração amoroso do amoroso Salvador.” 
Depois do doutoramento vai para Loreto, pois tinha feito voto a Nossa Senhora caso se curasse de sua doença em Pádua. 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

30º Domingo do Tempo Comum - 24 outubro de 2010

As leituras de hoje nos lembram que Deus responde prontamente aos apelos daqueles que se arrependem dos erros cometidos. São Francisco de Sales observa:

Deus em sua inigualável misericórdia abre a porta ao coração do penitente. Este se perderia caso Deus não o ajudasse. Para que nosso arrependimento, por não conseguirmos viver como imagem de Deus, seja verdadeiro, devemos primeiramente libertar nossos corações de qualquer outra coisa para deixá-lo se encher do próprio Nosso Senhor. Cada canto, cada esquina de nosso coração está cheio de milhares de coisas ultrajantes de serem vistas na presença de nosso Salvador. Então é como se tivéssemos as mãos amarradas, e estivéssemos impedindo-o de dar-nos os dons e a graça que Ele sempre está disposto a nos dar, desde que estejamos preparados para recebê-los.

Quando nos arrependemos deixamos que a humildade maravilhosa do nosso querido Salvador entre em nossos corações. A humildade de coração nos torna conscientes da bondade de Deus que é digno de um grande amor. A humildade de coração também nos permite entender a nossa incapacidade de amar perfeitamente. Por isso precisamos de nosso Salvador. É Ele que vai nos tirar de nossa miséria para nos tornamos grandes.

A virtude da penitência tem como valor nos elevar ao máximo. Devemos ser como o arqueiro que, quando vai atirar uma flecha, puxa a corda de seu arco de um ponto baixo, dependendo da altura que deseja que a seta chegue. Para poder chegar até Deus, devemos apontar para o mais alto possível. Portanto, devemos rebaixar-nos muito mais, deixando de lado o ego e nos abrirmos para receber a ajuda de Deus. Devemos deixar todos os problemas nas mãos de nosso Salvador, que sempre cuida de nós, para que possamos nos entregar completamente a Ele. Quando damos o nosso consentimento a Deus para que nos ame do jeito que Ele quiser, Ele nos receberá em sua misericórdia e também avivará e restaurará completamente nossa verdadeira saúde espiritual, que é o amor sagrado.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

"O Senhor ouve o clamor dos pobres".

Perspectiva Salesiana

Os pobres não têm muitas coisas na vida. Mesmo assim, as coisas que possuem - um lugar especial no coração e na mente de Deus tem uma clara vantagem sobre qualquer riqueza da terra.

A Bíblia é clara e inequívoca: Deus tem uma preocupação especial para com a luta dos pobres e necessitados, para as deficiências dos desesperados e para aqueles com o coração partido, pela angústia dos perdidos e abandonados, pelo espírito dos que têm sido esmagados, para a vida do solitário, pela alma dos pecadores.

Jesus personifica o amor pelos pobres. Mesmo tendo se aproximado de todas as classes sociais, econômicas e étnicas, Jesus passou parte significativa do seu tempo, da sua energia, do seu ministério, do seu amor com os pobres, com aqueles que foram caluniados e maltratados. Jesus parece ter gozado de maior sucesso com os pobres, da mesma forma que ele parece ter se sentido mais confortável com eles.
São Francisco de Sales observou isso de um modo geral na Introdução à Vida Devota. Ele escreveu: "Nós devemos praticar a verdadeira pobreza no meio de todos os bens e riquezas que Deus nos deu. Muitas vezes temos que nos livrar de certas propriedades e entregá-las com um coração generoso para os pobres. Desfazer-se do que temos é empobrecer-nos na proporção daquilo que damos e quanto mais dermos, mais pobres seremos... Amem os pobres e amem a pobreza, porque é através deste amor que nós nos tornamos verdadeiramente pobres ...alegrem-se em vê-los em suas próprias casas e visitem-nos. Sintam-se felizes em falar com eles e alegrem-se em tê-los em torno de suas igrejas, nas ruas e em outros lugares. Sejam pobres quando conversarem com eles... mas sejam ricos quando se trata de assisti-los, partilhando algo  dos seus bens com eles em abundância " (Intro III, 15)

Vale a pena explorar três aspectos das observações feitas por Francisco Sales de Sales. Primeiro, ao nos aproximamos dos pobres, vamos conhecer a nossa própria pobreza, as nossas próprias necessidades, o nosso próprio desespero e a nossa própria desgraça. Francisco observou: "Nós nos tornamos semelhantes aos que amamos." Nosso desejo de servir os pobres aproxima os pobres de nós mesmos.

Em segundo lugar, a luta dos pobres é um desafio para nós, para que sejamos generosos: para que doemos um pouco da nossa riqueza e ainda algo mais difícil, doar um pouco de nossas próprias necessidades e desejos.

Terceiro, precisamos reconhecer as formas mais sutis da pobreza em nossas casas, nossos bairros, nossas salas de aula, nosso local de trabalho. Não apenas reconhecer a pobreza nas esquinas, ou nas estações de ônibus. Temos que reconhecer as riquezas celestiais que todos possuímos: o cuidado, a bondade, o perdão, a amizade, a verdade, o companheirismo, a cura, a compreensão, a reconciliação, a honestidade, a fé, a esperança e... o amor.

Claramente, fielmente, com amor, de forma convincente o Senhor ouve o clamor dos pobres.

E nós? Ouvimos?

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Viamão – 15 a 17/10/10 – Fórum reúne Família Salesiana do Rio Grande do Sul

“A nossa Espiritualidade Salesiana é um tesouro. Viemos aqui para saciar nossa sede e notamos que são várias as famílias que estão bebendo da mesma água”. Assim falou o P. Leoclides Dalla Nora, Oblato de São Francisco de Sales, de Palmeira das Missões durante a homilia da missa do dia 16 de outubro. Ele estava se referindo ao 1º Fórum de Espiritualidade Salesiana que aconteceu em Viamão, na Paróquia Santa Isabel, dos Oblatos de São Francisco de Sales de 15 a 17 de outubro.

O 1º Fórum reuniu 86 religiosos e leigos que vivem a Espiritualidade Salesiana no Rio Grande do Sul. Estavam presentes o Instituto Secular São Francisco de Sales(leigas consagradas), Oblatos de São Francisco de Sales, Leigos da Família Salesiana pertencentes a paróquias dos Oblatos, Salesianos de Dom Bosco (P. Tarcizio Paulo Odelli e Ir. Elígio Calligaris), Filhas de Maria Auxiliadora, Apóstolas da Sagrada Família (de Santa Rosa), ADMA da Obra do Novo Lar de Viamão e Leigos “Amigos de São Francisco de Sales” de Montevidéu, Uruguai.

Na noite do dia 15 foi feita uma dinâmica para que os participantes se conhecessem. Foram distribuídas sementes para lembrar que devemos semear a Espiritualidade Salesiana em nossas presenças. Na manhã do dia 16, o P. Valdir Formentini, OSFS apresentou uma síntese com as características da Espiritualidade Salesiana, através da alegoria do caminho, iniciando com uma frase de S. Francisco: “O Caminho não foi feito para se sentar, mas para caminhar”. O P. Valdir acentuou que na ES “este caminho é o caminho do Amor. Amor a Deus e ao próximo.” Lembrou também a todos que a santidade está ao alcance de todos. Esta é certamente uma das maiores contribuições do Bispo de Genebra para a espiritualidade moderna. E apresentou um texto do Papa Paulo VI, onde este declara que São Francisco de Sales foi precursor do Concílio Vaticano II, pois tinha uma “visão perspicaz e progressista”. P. Valdir comentou também 14 sinais da ES. A seguir os participantes fizeram um trabalho em grupo, recordando outros sinais e elementos que poderiam ser colocados no caminho da ES, como é visualizada a ES no contexto eclesial e pastoral, tanto local como universal.

Na parte da tarde houve uma mesa redonda, onde os vários grupos apresentaram como vivem a Espiritualidade Salesiana e como ela é divulgada. A parte dos SDB foi apresentada pelo P. Tarcizio Paulo Odelli. Acentuou no final que Dom Bosco se fixou naquilo que era essencial no Bispo de Genebra: amor, amabilidade, doçura, compreensão, paciência, simplicidade, entrega, sacrifício, perdão e confiança.

À noite o Provincial dos Oblatos fez uma apresentação da Filotéia. A noite encerrou com uma festa comemorando o aniversário do P. Charles, OSFS.

O dia 17 foi destinado ao engajamento de cada grupo destacando os pilares da ES para a caminhada do cristão no mundo de hoje.

“Foi sem dúvida uma experiência inédita e maravilhosa para todos os que participaram deste encontro. Inédita porque acredito que é a primeira vez que se realiza um encontro aqui no sul do Brasil com vários grupos que vivem a ES, não só da Família Salesiana de Dom Bosco. Uma semente que promete se desenvolver, pois se viu muita animação e alegria por parte de todos os participantes que desejam divulgar cada vez mais a Espiritualidade Salesiana”, disse o P. Tarcizio. 




sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Francisco estudante em Pádua (4)

Às voltas com os estudos e a vida austera, ficou gravemente enfermo. Os médicos diagnosticaram que mais nada tinham a fazer. Longe dos seus, Francisco colocou tudo nas mãos de Deus: “seja feita a tua vontade!” Chegou a deixar o próprio corpo em testamento para que fosse usado em estudos de autópsia pelos médicos.
Mas a vontade de Deus era bem outra...


Um dos seus professores foi Guido Panciroli (1523-1599) – Durante três anos se impregnou com o direito justiniano. O grande jurisconsulto afeiçoara-se a Francisco e queria ser ele mesmo o “promotor” do doutoramento. Deu-lhe “grandes louvores”, lhe entregou o anel, a coroa e os privilégios da Universidade. Francisco de Sales doutorou-se no dia 5 de setembro de 1591 em Direito Civil e Canônico na Universidade de Pádua. (In utroque jure: em direito civil e canônico.) Tinha então 24 anos.


Escreve e fala em Francês, Latim, Italiano e compreende grego e hebraico.
Em teologia colocou-se sob a direção do P. Antonio Possevin (1534-1611) – jesuita, humanista, educador e teólogo – compôs a obra “Biblioteca selecta de ratione studiorum (1593). O tema central de seus estudos teológicos foi a “Graça”. (a graça e seus socorros, a graça e a predestinação;  predestinação e a reprovação.)
Irá desenvolver uma “espiritualidade salesiana”: não omite o termo “indispensável”;  não irá ao Tabor da alegria cristã, ao triunfo da Páscoa, sem passar pelo calvário: Francisco de Sales sabe que Deus nos espera a todos no momento da agonia e é ai que nos defrontamos com o Absoluto e que o nosso destino eterno é decidido. 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Domingo 29 do Tempo Comum 17 de outubro de 2010

Reflexão Salesiana do domingo


As leituras de hoje nos desafiam a sermos firmes na nossa fé na bondade de Deus, ficando atentos à Sua Palavra. São Francisco de Sales também destaca o valor desta perseverança:

A Perseverança é o valor com o qual receberemos a coroa da vitória. Mas quando se trata de prática, esta parece ser a mais difícil de todas as virtudes, dada a fragilidade e inconsistência do espírito humano. Num minuto nós queremos fazer uma coisa, mas em seguida mudamos de ideia. Temos que manter a vigilância constante sobre nós mesmos. O néctar do amor divino não pode ser destilado num coração onde o nosso velho homem é senhor e mestre. Para crescer no amor de Deus São Francisco diz que devemos trabalhar diligentemente para pôr de lado nosso egoísmo e viver de acordo com a razão, e não de acordo com as tendências mundanas.

Tenham coragem. Um professor nunca exige que seus alunos saibam tudo sem direito a cometer um erro. É suficiente que os alunos se esforcem da melhor maneira possível para aprender a lição. Você já observou as pessoas que estão aprendendo andar a cavalo? Muitas vezes elas caem. Mesmo assim não se dão por vencidas. Porque uma coisa é ser golpeado uma vez ou outra, e algo completamente diferente é ser derrotado.

Nem sempre temos que sentir-nos fortes e cheios de coragem. É suficiente ter esperança de que Deus vai nos dar essa força e coragem, exatamente onde e quando necessário. Certamente nunca fomos obrigados pelo Senhor a continuar a caminhada sem estarmos prontos. Ele nos dará a força quando chegar o momento. Se formos fiéis progrediremos muito. A Perseverança é o dom mais desejável que podemos esperar nesta vida. Por esta razão, devemos rezar para podermos ser constantes, utilizando os meios que Deus nos deu para alcançar este objetivo: a oração, ajudando os outros, participando regularmente dos sacramentos, associando-nos com pessoas boas, ouvindo e lendo a Sagrada Escritura.

Devemos ser como aqueles que navegam no mar. Eles observaram a estrela do norte para conseguir avançar bastante, porque eles sabem que estão indo na direção certa. Não tem medo porque sabem que esta bela estrela e a divina bússola, que é Nosso Senhor, nunca os trairá.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)


Destaque

"Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre e não desanimar."

Perspectiva Salesiana

Num mundo perfeito, estaríamos sempre conscientes da presença de Deus que nos criou, nos redimiu e que tem nos inspirado. Num mundo perfeito nós sempre reconheceríamos e sempre aproveitaríamos as muitas oportunidades que Deus nos dá para fazer o que é certo, o que é bom, o perdão, criativos, animadores e para fazer o que é amoroso. Num mundo perfeito, nós seríamos sempre animados e entusiasmados com a vida e a viveríamos cada dia, cada hora, cada momento como uma dádiva de Deus. Num mundo perfeito, nada nos distrairia de fazer coisas que realmente importam na vida.

O nosso mundo, é claro, não é nada perfeito. Estamos longe de sermos perfeitos.

Às vezes nos esquecemos da presença de Deus. Às vezes perdemos as oportunidades que Deus nos dá para fazer a coisa certa, aquilo que é bom e amoroso. Às vezes não apreciamos suficientemente o dom da vida - e de cada momento que temos nesta vida. Às vezes, somos consumidos por preocupações triviais, mesmo insignificantes. Às vezes simplesmente não temos forças.

Às vezes parece que perdemos o coração.

A oração nos lembra da presença de Deus. A oração nos ajuda a ver as inumeráveis ocasiões que temos cada dia para crescer na virtude e para nos afastarmos do pecado. A oração nos capacita para aceitar com gratidão o dom de cada novo dia que vem. A oração nos mantém unidos a Deus, nos mantém ligados com o divino em nós e é a oração que nos mantém conectados com o Divino nos outros.

A oração não é tanto o que fazemos, mas, principalmente, é uma atitude, e uma visão - que desenvolvemos e aprofundamos.

Francisco de Sales descreve a oração assim: "A essência da oração não consiste em estarmos sempre ajoelhados, mas manter as nossas mentes claramente ligadas à vontade de Deus em todos os eventos." (Sobre a Vida de Jesus, P. 295) Além disso, ele observa: "A oração é a água benta que faz com que as plantas dos nossos desejos cresçam verdes e floresçam, purifica as nossas almas das suas imperfeições, e sacia a sede da paixão em nossos corações." (Ibidem, p. 309)

A oração nos dá a humildade para reconhecer onde andamos, nos faz aceitar onde estamos e nos dá a coragem de pensar onde vamos.

No meio das nossas ocupações, frequentemente exigentes, algumas vezes frustrantes e muitas vezes esmagadoras, a oração nos ajuda a permanecer conectados com as pessoas e as coisas que realmente importam na vida. Quando nós "... entregamos nossos corações a Deus, mil vezes por dia" (Ibidem, p. 298), sabemos que seremos verdadeiramente felizes, saudáveis e santos.

A oração faz com que nossa mente esteja sempre alerta... para que assim sejamos pessoas de coração.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

28 Domingo do Tempo Comum - 10 de outubro de 2010



As leituras de hoje enfatizam a gratidão. Esta virtude tem um papel central na Espiritualidade Salesiana. São Francisco de Sales a inclui como parte do seu método para a meditação. Abaixo reproduzimos algumas orações salesianas contemporâneas sobre a gratidão:

Graças Senhor Deus por acalmar a confusão na minha alma para que não tropece, por substituir a minha ansiedade e preocupação pela atenção e dedicação, e por me lembrar que uma coisa é necessária: a confiança em ti.

Agradeço Senhor Deus por todos os presentes que me destes hoje. Só tu sabes quantas vezes, no meu zelo para fazer as coisas do meu jeito, eu não te reconheci. Agradeço a paciência que tens comigo. Te peço para que eu possa permitir-te fazer a tua parte.

Graças Senhor Deus por abençoar meus esforços, sem te importares se foram grandes ou pequenos ou se foram realizados bem ou mal. A única coisa que te importa é que eu fiz um esforço para fazer a Tua vontade. Esta foi sempre suficiente.

Obrigado por responder à minha ira com a tua bondade, por responder com tua verdade às minhas mentiras insignificantes, para curar minhas feridas e curar aqueles que machuquei.

Obrigado por me ter levando pela mão neste dia. Obrigado por um dia inteiro de mil exames triviais e pequenas oportunidades, e a força que eu peguei emprestado de ti nestes momentos dispersos quando eu reconheci a tua presença, e eu respondi o melhor que eu poderia fazê-lo.

Obrigado por plantar em cada canto deste dia, pequenos lembretes de tua presença, em outras palavras, doces inspirações para o florescimento no amor. Cultive estas inspirações em mim todos os dias que estão para chegar. Por favor, não pare agora!

Obrigado por caminhar comigo, conversar comigo, e suavemente me guiar no jardim de teu amor. Obrigado por me colocar neste jardim onde somente eu te encontrarei.

(Adaptación basada en Libera tu Corazón (Set Your Heart Free), de John Kirvan, Ave Maria Press, 1997).
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Destaque

"Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu."

Perspectiva Salesiana

Devemos admitir: quando algo de bom nos acontece, muitos de nós sentimos que merecemos. Os nove "leprosos" do Evangelho de hoje certamente se sentiam assim. Eles pediram a Jesus para ter misericórdia, que, na cultura do Oriente Médio significava "Faça o que puder por nós.” Eles perceberam que somente Jesus poderia fazer algo por eles, por causa de sua reputação. Certamente, a lição a sermos gratos nos é familiar. Ainda assim, vejamos o contexto anterior e posterior do fato acontecido no evangelho de hoje.

Na semana passada Jesus nos disse que quando fazemos o que se espera, não fazemos nada a mais do que a nossa obrigação. O autor faz Jesus dizer: "Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer." Isto parece estar em contraste com o Evangelho desta semana, que nos ordena sermos agradecidos quando alguém faz o que "o que estão obrigados a fazer."  Pode-se dizer, culturalmente, como Jesus podia e devia. O evangelho da semana passada proclamou "a necessidade de orar sempre e não desanimar."

No Evangelho da semana passada, os apóstolos pediram um "um aumento da fé." Na próxima semana, Jesus aparecerá muito perturbado com a fé do povo, quando diz, "Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”

Uma ideia muito comum no mundo ocidental sobre a doença é que ela é um obstáculo que nos impede de sermos ativos e nos engajarmos na vida. Na cultura do Mediterrâneo, “a doença retira uma pessoa de seu status e deixam perturbados os seus parentes. Pessoas que sofrem de um problema de pele chamado de "lepra" são excluídas de render culto com a comunidade. Esta experiência humana era muito mais deprimente do que as lesões da pele." (João Pilch, O Dicionário Cultural da Bíblia.) Jesus "limpou" todos os dez, mas "um deles ... viu que ele tinha sido curado... " A condição de sua pele, não somente tinha desaparecido, mas ainda, o mais importante para o homem no Oriente Médio é que ele poderia se reuniu com a comunidade.

Francisco Sales fala das "inspirações" da fé no Livro 2 de Tratado do Amor de Deus: "A inspiração (que) chega como um vento sagrado para impulsionar o ar do amor sagrado, toma posse de nossa vontade e a move por um sentimento de prazer celestial . Tudo isso... se produz em nós, porém, sem nós , porque é o favor de Deus que nos prepara para esta forma. Esta mesma inspiração e este mesmo favor que se apoderaram de nós mescla sua ação como o nosso sentimento, anima nossos movimentos fracos incentivado por sua própria força e aviva nossa cooperação frágil pelo poder do seu funcionamento. Assim, pois, nos ajudará, nos guiará e nos acompanhará no amor e para amar até chegar o ato mais sagrado da fé que é necessário para a conversão." Será que foi isso que aconteceu com o homem que voltou ? O que o Evangelho diz foi que (ele) “voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu.” Será que ele estava agradecendo somente pelo fato de ter sido libertado de uma doença de pele?  Creio que sua sincera gratidão estava baseada no seu reconhecimento de que lhe tinha sido dada a "inspiração" para a fé. Ele concordou com esta inspiração e ao fazê-lo, se encheu de louvor a Jesus! "Então Jesus disse ao samaritano: "Levanta-te e vai! Tua fé te salvou".

O Padre Michael S. Murray , OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.