quinta-feira, 28 de outubro de 2010

31º Domingo do Tempo Comum – 31 de outubro de 2010


No evangelho de hoje Jesus faz a experiência de entrar na casa dos perdidos antes mesmo que eles façam penitência. São Francisco de Sales diz:

Nosso Salvador nos ajuda a encontrar Seu coração cheio de misericórdia e compaixão generosa para conosco justamente nestes momentos em que nossos corações parecem mais endurecidos. Assim como Zacarias, somente precisamos querer ver Jesus. Nosso Redentor sempre nos dá o Seu santo amor. Continuamente perdoa as faltas que diariamente cometemos contra Ele. Recompensa mesmo o menor dos nossos serviços com grandes favores. Continua recriando a humanidade através do amor misericordioso que Ele tem para com toda a humanidade.

Como costuma ser a grandeza da misericórdia de Deus? A misericórdia de Deus leva-nos a escolher o bem. Porém, quando realmente pertencemos a Deus? Ele não tem escravos, apenas amigos que escolheram amá-lo livremente. Da nossa parte, a conversão depende da nossa resposta livre ao amor de Deus. Estamos prontos para responder plenamente ao amor de Deus quando começamos a purificar nossos afetos e nossos trabalhos, moldando-os de acordo com os ensinamentos do Evangelho. Descobriremos que nosso espírito se tornará puro quando deixarmos de buscar obstinadamente coisas que só beneficiam a nós mesmos. Então seremos livres para escolher a verdade e viver, em Cristo, a vida que Deus deseja para nós.

Livrar-se de tudo o que não é de Deus é algo que representa uma luta constante em nossas vidas. Na verdade, enquanto estamos vivos sentimos necessidade de renovar e de recomeçar. Esta renovação é necessária devido a nossa natureza que está sempre mudando e porque podemos nos tornar frios e cometer falhas. Não existe um relógio que é perfeito e que não precise de nenhum reparo. Assim como um relógio precisa de óleo para evitar a ferrugem, nós precisamos da Confissão e da Eucaristia para ungir nossos corações a fim de restaurar a sua força e aquecê-los. É assim que mais uma vez conseguiremos nos dedicar ao amor de Deus. Se renovamos verdadeiramente o nosso coração a cada dia, vamos adquirindo a capacidade de renovar-nos no serviço de Deus.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

“Entretanto, de todos tens compaixão, porque tudo podes. Fecha os olhos aos pecados dos homens, para que se arrependam. Sim, amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa não a terias criado. Da mesma forma, como poderia alguma coisa existir, se não a tivesses querido?”

Perspectiva Salesiana

O autor da nossa leitura da Sabedoria dá graças a Deus pela sua bondade, paciência e miseri-córdia. O Senhor ama tudo o que ele fez. Toda a criação é feita, como lembro de ter lido em tessalonicenses, para glorificar a Deus, seu Criador amoroso. Na verdade, toda a criação traz o espírito daquele que nos amou e deu a vida.

Não podemos negar, ao glorificar a Deus, nossos pecados, nossas falhas, nem devem nos desanimar nem impedir de continuar em frente na nossa caminhada para a renovação com Deus. Fomos criados para levar a imagem de Deus que nos criou no amor. No seu "Tratado do Amor de Deus", Sales escreve: "Considerem a natureza que Deus lhes deu. É a maior neste mundo visível, está qualificada para a vida eterna e para estar perfeitamente unidos com Sua Divina Majestade. "Tratado [1-1]

Quando falhamos, Deus graciosamente nos chama de volta ao bom relacionamento. O convite é um convite, não uma exigência, e cabe a nós responder a este convite livremente. O Salmo 145 louva a Deus que é "bom e misericordioso, que raramente recorre à raiva e é extremamente amável." Da mesma forma que Deus é misericordioso e paciente conosco, temos de ser gentil e paciente conosco. Sales apresenta estas qualidades na Introdução à Vida Devota: "... Quando cometer uma falta, se o seu coração censurar de maneira calma e gentil, com mais compaixão do que raiva, e incentivá-lo para fazer reparos, em seguida, o arrependimento chegará mais profundo e penetrará mais eficazmente do que o arrependimento chato e inquieto. "[Introdução III. 9] Com essa doçura e paciência, podemos refletir o amor de Deus, e dizer como São Paulo aos tessalonicenses, damos glória ao nosso amoroso Criador.

A história do Evangelho apresenta as qualidades da bondade, do arrependimento e da misericórdia. Jesus toma a iniciativa e vem à procura de Zaqueu olhando para a árvore e chamando Zaqueu em lugar de esperar que Zaqueu desça da árvore e se aproxime dele. Busca a Zaqueu, “o perdido” e ao ir para onde Zaqueu morava, o convidou para retornar a um relacionamento amoroso. Zaqueu se arrepende no verdadeiro espírito de humildade. Ele aceita o gracioso e livre convite. Sem ser coagido, ele oferece reparação.

A paciência, a bondade e a misericórdia são as qualidades de Deus quer de nós como criaturas que são a sua imagem e que somos chamados a refletir. Quando nós somos testemunhas destas qualidades nas relações humanas, podemos entrever a nossa forma de criar, resgatar e inspirar o Deus vivo e sorrindo - aqui na terra.

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

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