sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 26º Domingo do Tempo Comum - 30 de setembro de 2012


As leituras do Dia da Bíblia refletem sobre temas atuais. Acabamos de ver, nesta semana passada, as violências provocadas pelo fanatismo e pelo deboche... Na "pressa de querermos fazer o bem", cometemos violências e muitas vezes matamos ou torturamos "em nome de Deus" aqueles que "não são do nosso grupo", ou "não nos seguem". Devemos deixar o Espírito de Deus agir e nos dedicarmos ao amor sagrado!


     Destaque: "O apressado ofende a Deus."

Perspectiva Salesiana

     "O apressado ofende a Deus!", diz São Francisco de Sales. "Os juízos dos filhos dos homens são temerárias porque não são juízes uns dos outros, e, julgando, se arrogam o direito e o ofício de  Nosso Senhor ... se uma ação tem aspectos diferentes, devemos tentar focar no melhor deles." ( Introdução à Vida Devota , parte III, capítulo 28)
     Estas palavras ditas por Sales poderiam servir de conselho a João, o discípulo do Evangelho de hoje. Este diz a Jesus que ele e os outros apóstolos proibiram um homem de expulsar demônios das pessoas porque "ele não nos segue". Na verdade, essas palavras são muito semelhantes a aquelas que Jesus diz a João: "Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor". João não é o único que pode se beneficiar com este conselho. Muitos de nós também podemos nos beneficiar.
     As palavras de Jesus e de São Francisco de Sales lembram-nos que todos os envolvidos no trabalho de Jesus pertencem a Ele, sejam do "nosso grupo"- membros da nossa Igreja Católica Romana - ou não. Eles nos lembram que deveríamos focar menos as denominações e mais as ações, o espírito e as atitudes dos seguidores de Cristo - sem que isso diminua de modo nenhum nossa fé na Igreja Católica Romana como a mãe de todas as religiões cristãs. Acima de tudo, eles nos lembram que, se houver qualquer traço de preconceito ou arrogância em nossos corações, contra membros de outras religiões cristãs, temos que nos livrar deles imediatamente. A verdade triste da história é que, através dos séculos, os cristãos passaram muito tempo construindo muros e muito pouco tempo construindo estradas para Deus. Agora é hora de derrubar os muros e construir pontes. É hora de acolher com amor os nossos aliados na fé cristã, onde quer que nos encontremos.
     Deus precisa de ti e de mim, e de todos os cristãos em todos os lugares - para que sejamos Seus profetas. No sentido tipicamente bíblico, os profetas surgiram num momento em que a sociedade parou de escutar Deus. Os Profetas bíblicos falam "de Deus." Não dizem aos outros o que vai acontecer, dizem o que deve acontecer. Dizem aos outros o que Deus quer e aquilo que Deus diz. Deus precisa de ti e de mim para que nos levantemos e sejamos incluídos nos valores do Evangelho. Deus precisa de ti e de mim para dizer aos outros que Deus quer a paz, não a guerra, a vida, não a morte, o amor, não o ódio, a preocupação com os outros, não a preocupação consigo mesmo; a liberdade, não a restrição; a verdade, não ser politicamente correto, a justiça para todos, sem discriminação.
     Nas palavras de São Francisco de Sales, ele precisa que nós "falemos de Deus em conversas familiares com nossos... amigos e vizinhos." (Introdução à Vida Devota , Parte III, Capítulo 26) E"se o mundo nos vê como tolos" porque nos comportamos como profetas, "pensemos que o mundo está louco." ( Ibid , Parte IV 4, capítulo 1)

P Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.


     As leituras de hoje convidam a nos comprometermos e a nos dedicarmos inteiramente a Deus. São Francisco de Sales diz que podemos conseguir isso através do cultivo do amor sagrado.
Muitas pessoas pensam que o amor a muitas coisas, como se fossem nossas, traz felicidade total. Este tipo de afeto surge de vez em quando dentro de nós. Porém devemos aprender a distinguir entre as inclinações e os apegos. Se os nossos sentimentos vêm de nossas inclinações não devemos nos preocupar. Por exemplo, pode acontecer que num dia você chegue a sentir muita raiva de alguém que o caluniou. Porém, se te entregares a Deus e realizares um ato de caridade para com a pessoa que ocasionou tanta indignação em ti, não terá agido de forma ruim, pois o controle dos teus sentimentos naturais não é algo que está em teu poder, principalmente quando tens que enfrentar um leão.
     Entretanto, quando se trata de lidar com nossos apegos a história é muito diferente. É a nossa arrogância que faz com que nos apeguemos exageradamente a certas coisas. Mesmo quando chegamos a dominar nosso egocentrismo um tanto exagerado, este jamais deixará de existir dentro de nós enquanto vivermos na terra. Mas se queremos acalmar esses sentimentos que nos levam a fazer coisas que mais tarde nos arrependemos, é essencial que cultivemos o amor sagrado em nós. Para fazer isso, devemos descartar todo o amor egoísta e exagerado da nossa vida, e nos entregarmos exclusivamente a este amor que busca somente a glória de Deus em todas as coisas. O amor sagrado começa a crescer dentro de nós quando começamos a pôr de lado tudo o que não nos serve para alcançar a bondade de Deus. "Abandonar" (a santa indiferença) é uma virtude tão difícil de adquirir que, mesmo num mosteiro leva-se uma década para aprender a cultivar. No entanto, esta virtude não é tão terrível quanto parece, porque nos dá a liberdade de espírito necessária para amar o mundo ao redor de nós, assim como Deus ama. Que esta seja a razão que nos guie, em vez de nossas tendências ou a nossos desgostos pelas virtudes que nos dão tanto trabalho. Embora nossos apegos são coisas preciosas, o nosso dever é usá-los para amar a Deus, a nossa única posse verdadeira, a quem dedicamos e entregamos nossas vidas.

(Adaptado de Conferências Espirituais de São Francisco de Sales por Carneiro)


Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 25º Domingo do Tempo Comum - 23 de setembro de 2012



O Evangelho de hoje nos desafia a servir a Deus com a simplicidade de uma criança. A humildade de coração é algo que deixa marca num filho amoroso, e é também uma das "pequenas virtudes". São Francisco de Sales diz que devemos praticar estas pequenas virtudes no dia a dia, pois nos ajudam no crescimento espiritual.
Uma criança pequena deseja apenas que sua mãe a alimente. Assim o nosso coração demonstra simplicidade quando seu único desejo é amar a Deus. Quando fazemos isso permitimos que seja Nosso Senhor quem nos leva no caminho e continuamos a avançar de acordo com a vontade de Deus, e não nos baseando em nossas preferências individuais. Quando uma pessoa é verdadeiramente humilde, ele ou ela encontram tempo para estar com o Senhor. Ele ou ela são como crianças cujo único desejo é descansar nos braços de sua mãe, porque é o lugar onde se sentem protegidos e amados.
A simplicidade requer que o nosso "eu" interior coincida com o nosso "eu" exterior. Isso não significa que somos menos simples nos momentos em que sorrimos apesar de nos sentirmos mal. É verdade que quando enfrentamos dificuldades, tudo fica abalado dentro de nós. Isso é natural, já que a nossa miséria tende a adotar recursos de ação extremos. Mas quando reconhecemos que o sentimento tomou conta de nós, isso não significa necessariamente que temos de aceitá-lo. Portanto, quando estamos preocupados com alguma coisa e sorrimos, estamos mostrando que somos capazes de lidar com as dificuldades de uma maneira boa, saudável e simples, que pode nos ajudar a prosperar como filhos de Deus.
Se você andar com humildade, também andará com segurança. Se você está com alguém que muda constantemente de humor, não se preocupe com o que fazer. Basta mostrar-se alegre como sempre. Neste momento esta pessoa está triste, mas haverá momentos em que você se sentirá assim. Ajude esta pessoa, e ajudem-se entre si mesmos, para aproveitar o tempo que tem de partilhar juntos. Em outro momento será aquela pessoa que irá ajudar você a se sentir melhor. Assim, você será criança para os outros servindo a Deus. Quanto mais nos livrarmos de tudo o que nos impede de amar a Deus e aos outros, mais nos aproximamos de Seu amor. Quem é simples deixa tudo nas mãos de Deus. Bem-aventurados os que não viajam por seus próprios meios, ou seja, seguindo os seus próprios pensamentos, desejos, preferências e inclinações, mas de acordo com a vontade de Deus! Porque na simplicidade de seus corações encontrarão o Seu amor e a Sua paz.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Os discípulos, porém, não compreendiam essas palavras e tinham medo de perguntar"

Perspectiva Salesiana

Os primeiros discípulos, com toda a certeza, aderiram a Jesus como o Messias e perceberam que ele tinha uma missão muito além daquela que eles esperavam. O Evangelho de hoje nos mostra, de modo muito real, que eles eram incapazes de aceitar que Jesus falasse sobre sua morte e ressurreição e sobre o sofrimento que iria passar neste caminho. Esta previsão encheu os discípulos de medo e confusão.  Isso aconteceu porque eles estavam apegados as suas expectativas, esperanças e sonhos.
No novo reino que Jesus anunciava queriam ocupar altos cargos e exercer funções de destaque. A discussão entre eles surgiu por causa da inveja e das rivalidades que existiam no meio deles. Isso é o que diz São Paulo na segunda leitura deste domingo. Jesus mostrou claramente a importância de seus papéis e como seriam implementados, de um modo muito diferente daquilo que eles estavam aspirando. Jesus colocou uma criança no meio deles como modelo do seu novo reino, modelo de simplicidade e de humildade. Com este gesto quis dizer que ele os tinha chamado para isso, e não para as honrarias, invejas ou rivalidades.
São Francisco de Sales fala da dificuldade natural que temos para cumprir a vontade de Deus. Muitas vezes nos encontramos na mesma situação dos apóstolos da história do Evangelho de hoje. Nossas expectativas e desejos não estão de acordo com a vontade de Deus. No Tratado do Amor de Deus, Livro 9, capítulo 2, Francisco diz: "Um coração verdadeiramente vivente ama o beneplácito de Deus, não só no tempo de consolo, mas também  durante as aflições. Porém os ama mais que tudo na cruz, dor e trabalho, porque o principal poder do amor é habilitar o amante para que sofra por aquilo que ama."
Devemos nos perguntar hoje se nossas expectativas, esperanças e sonhos não nos impedem de fazer a vontade de Deus. Por acaso os tempos difíceis que enfrentamos arruínam nossas tentativas de realizar a vontade de Deus?  Será que muitas vezes não desejamos que a Vontade de Deus seja conforme os nossos desejos e vontades? Nós realmente apreciamos o dom que é Jesus?
Uma reflexão a estas perguntas nos dará a oportunidade necessária para cumprir a vontade de Deus. Esta é realmente uma exigência na nossa caminhada de fé. Na Introdução à Vida Devota, Livro 2, Capítulo 1, São Francisco de Sales escreveu: "A oração coloca nossa inteligência no amor divino. É a melhor maneira de limpar nossas mentes de sua ignorância e nossa vontade de seus afetos malignos .... Sugiro, acima de tudo, Filoteia, uma oração mental da mente e do coração, especialmente aquela que está focada na Vida e Paixão de Nosso Senhor. Contemplando-o ficarás cheia Dele, irás aprender a te contentar em agir como Ele e conformarás tuas ações as Dele"

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 24º domingo do tempo comum - 16 de setembro de 2012


Na liturgia deste final de semana somos convidados a dar nossa resposta à pergunta feita por Jesus: "Quem dizem os homens que Eu sou?" Neste caso não dá para procurar a resposta no google... pois a resposta é pessoal e inédita. São Pedro deu uma resposta cheia de muita fé. E mesmo dando esta resposta, minutos depois fraquejou... A reflexão salesiana de hoje vai nesta linha: somos santos e pecadores. Temos imperfeições e qualidades. E assim vamos seguindo o Mestre na nossa vida cheia de altos e baixos...

Destaque: "Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens".

     Os santos são heróis da nossa tradição de fé. São pessoas que admiramos e queremos seguir seus exemplos. Eles nos lembram de que Deus pode realizar em nós o mesmo tipo de coisas que Ele fez para eles. Mas as histórias dos santos são mais do que apenas uma consideração da promessa de força, coragem, fidelidade, ou tenacidade humana. Suas histórias lembram a realidade da fragilidade humana, da fraqueza e da infidelidade. Num sermão pregado por Francisco de Sales no domingo de Ramos, março de 1622, ele observou que "todas as criaturas são uma mistura de perfeição e imperfeição. Por esta razão, eles podem ser utilizados como símbolos de um ou de outro. Cada pessoa, não importa quão santa seja, tem imperfeições. Feita à imagem de Deus, cada pessoa reflete algo da bondade de Deus e, ao mesmo tempo, esta mesma imagem carrega algumas imperfeições." (Púlpito e Banco)
     Considere o exemplo de São Pedro no Evangelho de hoje. Quando Jesus perguntou aos apóstolos: "Quem dizeis que eu sou?", Pedro foi o primeiro a proclamar: "Tu és o Messias!" Alguns momentos depois de fazer esta manifestação pública de fé, Pedro fica ofendido com a previsão que Jesus faz sobre sua negação, morte e ressurreição, e é humilhado publicamente quando Jesus se vira para ele e proclama; "Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens".
     Parece que até mesmo os santos tiveram seus altos e baixos. No caso de São Pedro, este não seria o último ato de suas perfeições e imperfeições. No Tratado do Amor de Deus, Francisco comentou: "Quem não se maravilha diante do coração de São Pedro, tão valente diante dos soldados armados. Somente ele toma a espada em suas mãos e a usa? Mesmo assim, pouco tempo depois, entre pessoas desarmadas, ele é tão covarde que nega e odeia seu mestre diante de uma servente. "( TAD, Livro X, capítulo 9)
Francisco Sales acreditava que temos muito a aprender dos santos: tanto os percalços como os seus sucessos. "É bom ver os defeitos na vida dos santos. Isto não somente mostra a bondade de Deus para perdoá-los, mas também nos ensina a imitar os santos e os seus esforços para superar suas falhas e fazer penitência por eles. Nós estudamos as virtudes dos santos para imitá-los e estudamos as falhas para evitá-las." ( ibid. )
     Esta forma de ver os santos pode ser muito útil em nossas tentativas diárias de "viver Jesus." Ver os defeitos dos santos serve como uma vacina contra a falta de entusiasmo que experimentamos quando enfrentamos nossos pecados, nossas falhas e imperfeições. Da mesma forma, ao olhar as virtudes dos santos podemos impedir que cresça em nós a soberba ou nos sentirmos satisfeitos com as nossas imperfeições. Os santos são companheiros para a viagem. Eles têm muito a nos ensinar sobre como seguir uma vida de devoção: superar nossos pecados e falhas, fortalecer nossa prática da virtude. Francisco de Sales (sendo um santo) nos desafia a ver os santos como pessoas reais, e perceber que podemos aprender com suas tragédias como com seus triunfos.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução e adaptação do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 23º domingo do tempo comum - 09 de setembro de 2012


Destaque: "Tua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não pode admitir acepção de pessoas"

Perspectiva Salesiana

     Escute o que diz São Francisco de Sales a respeito deste tema: (IVD III, cap. 36)
     "Se gostamos de um exercício, negligenciamos todos os demais e censuramos tudo o que não está segundo o nosso gosto. Quando alguém é pobre ou se não gostamos da pessoa, encontramos defeitos em tudo aquilo que ela faz: não deixamos de molestar esta pessoa, e estamos sendo buscando uma oportunidade para passar por cima dela. Ao contrário, se gostamos de alguém por causa do seu aspecto agradável, desculpamos-lhe tudo o que faz, por pior que seja."
     "Em geral preferimos os ricos aos pobres, embora não sejam de melhor condição, nem possuam tantas virtudes; chegamos mesmo a preferir aqueles que se destacam pela vã aparência de suas roupas. Defendemos com acurada exatidão os nossos direitos e queremos que os outros, quanto aos seus, sejam muito condescendentes. Queixamos-nos com muita facilidade dos nossos vizinhos, mas nossos vizinhos nunca devem queixar-se de nós. O que fazemos aos outros sempre parece uma grande coisa, mas o que eles nos fazem parece para nós insignificante".
     "Numa palavra: temos dois corações. Um, doce, caridoso e complacente para tudo que nos diz respeito, e outro, duro, severo e rigoroso para com o próximo. Temos duas medidas, uma para medir as nossas comodidades em nosso proveito e outra para medir as do próximo, igualmente em nosso proveito".  
Esta é a essência da discriminação contra os outros e "em nossos corações:" viver com dois corações, viver com dupla moral. Como diz São Tiago, quando nos tornamos juízes (e jurados) de nossos vizinhos e não os julgamos da mesma maneira como nos julgamos a nós mesmos, estamos "tomando decisões corruptas".
Deus não é parcial. Nós tampouco devemos sê-lo!
     Como poderemos fazer para remediar nossa tendência de preferir uns e rejeitar outros? Francisco de Sales é muito claro e inequívoco: "Seja justo e equitativo em todas as tuas ações. Sempre te coloque no lugar do teu vizinho e teu vizinho no teu para que possas julgar com justiça. Imagina-te como vendedor quando compras e comprador quando vendes e assim venderás e comprarás justamente."
    "Este é o fundamento de toda razão."

Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.


Dos escritos de São Francisco de Sales - adaptação

No evangelho de hoje percebemos e sentimos a presença de Deus atuando através de Jesus Cristo que curou o surdo e avivou a esperança num Novo Mundo para a família humana. A respeito disso São Francisco de Sales diz o seguinte:
A esperança é como uma flecha que se eleva em alta velocidade para as portas do céu, mas ainda não pode entrar, pois é uma virtude exclusivamente terrena. A esperança é possível porque Deus infunde em nossos corações o desejo pela vida eterna, nos assegurando, ao mesmo tempo, que iremos alcançá-la.  Deus contribui para que a esperança germine em nossos corações através das muitas promessas feitas nas Escrituras. Ele garante que teremos a oportunidade de conseguir a vida eterna e isto fortalece nossos desejos e traz sossego aos nossos corações. Este sossego é a raiz da virtude que chamamos de esperança. Cheios de fé e de confiança poderemos desfrutar da realização das promessas que Deus nos fez, esperando com paciência, ao mesmo tempo em que vamos crescendo no amor de Deus por nós e nos outros.
Mesmo quando a esperança e as expectativas produzem alegria em nosso coração, também podem chegar a gerar tristeza nas almas fervorosas. Almejando ser santos, nos damos conta que nem sempre conseguimos converter-nos naquilo que desejamos ser. Com frequência desanimamos e desistimos na busca da virtude que nos leva a alcançar a santidade. Tenha paciência, deixe de lado esta preocupação ansiosa pelo seu próprio bem estar e não tema, nada lhe faltará.
Não é preciso se estressar tanto. Devemos empregar os meios que temos a nossa disposição, de acordo com nossa vocação, e permanecer em paz. Devemos continuar andando nos caminhos  da vida cheios de fervor, com tranquilidade, com muito cuidado, mas ao mesmo tempo com firmeza. Isto quer dizer que devemos acreditar mais na Providência Divina do que nas nossas próprias obras. Quando toda ajuda humana falhar, Deus se encarregará e cuidará de nós. Temos a Deus que é o nosso Tudo. Confiemos Nele, e com o tempo, Ele nos ajudará a sermos santos. Tendo a Deus como nosso guia nesta caminhada, sempre confiaremos que estará atento para prover-nos de tudo que precisarmos para podermos alcançar a perfeição. Tomemos a decisão de viver bem e de acordo com a nossa vocação: com paciência, gentileza e simplicidade. Porque não existe ninguém, jamais, que tenha depositado sua confiança na bondade e na Providência de Deus e que tenha sido enganado.


Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Perspectivas Salesianas 8 - De jeito nenhum...! (Recreação)


     "Todo o trabalho sem tempo para recreação, ofusca qualquer pessoa."
     Não só a ofusca como pode atrapalhar sua vontade de ser feliz, de ter boa saúde e ainda de ser santo.

     Não cometa erros. Crescer na santidade, tornando real em nossas próprias vidas o amor de Deus, a cuja imagem e semelhança fomos criados, é algo sério. É algo que exige trabalho duro, disciplina, revisão e compromisso pessoal. Como diria São Francisco de Sales, crescer em santidade requer devoção (vida espiritual).

     "Ser muito rigoroso, austero e insociável é realmente um defeito grande que não permite nem a si mesmo nem aos outros um tempo de recreação."

     Mas a espiritualidade salesiana reconhece o valor de recreação, de ter "tempo livre", para "respirar com tranquilidade", para ter tempo de relaxar. Pois a recreação não somente é permitida, mas necessária. São Francisco de Sales diz que "na realidade é um defeito ser demasiado rigoroso, austero e antissocial, porque não permite nem a si mesmo nem aos outros um tempo de lazer."

     A Introdução à Vida Devota (1609) contém uma ampla explanação da apreciação do Santo sobre o importante papel que a recreação desempenha na busca de uma vida humana centrada em Deus.

     São Francisco nos diz que de tempos em tempos precisamos fazer recreação de mente e de corpo. São Francisco continua dizendo hoje em dia, que "tomar um ar, dar um passeio, desfrutar de uma conversa amigável, tocar música, cantar ou ir à caça, são diversões tão sadias que a única coisa que é necessária para praticá-las bem, é a simples prudência que coloque cada coisa no seu lugar, no seu tempo e na medida certa.

      Para sermos equilibrados, precisamos conhecer nossas limitações. Santa Joana Francisca de Chantal escreveu, dentro deste contexto, uma carta a um membro de sua comunidade onde diz o seguinte: "Devo apressar-se, porque eu tenho pouco tempo para regozijar-me e minha mão e meu braço começaram a sentir-se cansados e feridos. Mas agora mesmo comecei a escrever. Não sou capaz de fazer muitas coisas como antes."

     Em seu livro "Touching the Ordinary", (Tocando o ordinário), Robert Wicks identifica práticas que podem nos ajudar a estabelecer e a manter uma vida equilibrada: Durma o suficiente; coma corretamente, pratique a tranquilidade, defina ritmo. Aprenda a rir; foque-se em valores; pratique sua autoavaliação; envolva-se, mas não muito. Tenha um grupo de apoio, saia em certas ocasiões; seja espontâneo, evite a negatividade. Estabeleça boas amizades, pratique a confiança.

     Claro que também estão as práticas espirituais; reze, participe da vida da igreja, celebre os sacramentos, leia as Sagradas Escrituras e qualquer outra coisa que alimentem sua alma. Nosso Senhor Jesus Cristo passou praticamente todo o seu ministério público satisfazendo as necessidades das pessoas: curando, ensinando, alimentando, desafiando, perdoando. Em poucas palavras, trabalhando. Mas os Evangelhos que documentam o trabalho ético de Cristo, também provam claramente aqueles momentos em que ele se afastou de suas atividades para descansar, renovar-se, para desfrutar da hospitalidade dos outros, para passar o tempo com os amigos. Quer dizer, tudo o que fosse benéfico para dedicar-se novamente a fazer a vontade de Deus. Existem inúmeras maneiras de alcançar o equilíbrio entre trabalho e lazer, entre a subsistência e sossegar, pagar e divertir-se. Considere isto como um modo piedoso de viver.

     Escolha aqueles que são consistentes com o estado e a etapa da vida em que você se encontra neste momento. Entenda que à medida que sua vida muda, também pode mudar seu modo de pensar para conseguir este feliz, saudável e santo equilíbrio. Enquanto você viaja ao longo da estrada da vida, diminua de vez em quando a velocidade. Abaixe a janela. Olhe para o lado, faça uma pausa e encontre um lugar de descanso. Dê uma olhada no cenário. Equilibrar trabalho e lazer não só o ajudarão a chegar ao seu destino numa única etapa, como farão você desfrutar de sua viagem!

Para reflexão:

1. Como você consegue o equilíbrio entre trabalho e lazer?
2. Quanto tempo você leva todo ano, todas as semanas e cada dia para lidar com o estresse, acalmar sua ansiedade e evitar queimar-se?
3. Você é atencioso em fortalecer o seu corpo?
4. Você se preocupar em atualizar sua mente?
5. É fiel para renovar o seu coração?
6. É justo para vivificar sua alma?
7. Você precisa fazer alguma mudança neste momento de tua vida para equilibrar trabalho e lazer?