sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 26º Domingo do Tempo Comum - 30 de setembro de 2012


As leituras do Dia da Bíblia refletem sobre temas atuais. Acabamos de ver, nesta semana passada, as violências provocadas pelo fanatismo e pelo deboche... Na "pressa de querermos fazer o bem", cometemos violências e muitas vezes matamos ou torturamos "em nome de Deus" aqueles que "não são do nosso grupo", ou "não nos seguem". Devemos deixar o Espírito de Deus agir e nos dedicarmos ao amor sagrado!


     Destaque: "O apressado ofende a Deus."

Perspectiva Salesiana

     "O apressado ofende a Deus!", diz São Francisco de Sales. "Os juízos dos filhos dos homens são temerárias porque não são juízes uns dos outros, e, julgando, se arrogam o direito e o ofício de  Nosso Senhor ... se uma ação tem aspectos diferentes, devemos tentar focar no melhor deles." ( Introdução à Vida Devota , parte III, capítulo 28)
     Estas palavras ditas por Sales poderiam servir de conselho a João, o discípulo do Evangelho de hoje. Este diz a Jesus que ele e os outros apóstolos proibiram um homem de expulsar demônios das pessoas porque "ele não nos segue". Na verdade, essas palavras são muito semelhantes a aquelas que Jesus diz a João: "Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor". João não é o único que pode se beneficiar com este conselho. Muitos de nós também podemos nos beneficiar.
     As palavras de Jesus e de São Francisco de Sales lembram-nos que todos os envolvidos no trabalho de Jesus pertencem a Ele, sejam do "nosso grupo"- membros da nossa Igreja Católica Romana - ou não. Eles nos lembram que deveríamos focar menos as denominações e mais as ações, o espírito e as atitudes dos seguidores de Cristo - sem que isso diminua de modo nenhum nossa fé na Igreja Católica Romana como a mãe de todas as religiões cristãs. Acima de tudo, eles nos lembram que, se houver qualquer traço de preconceito ou arrogância em nossos corações, contra membros de outras religiões cristãs, temos que nos livrar deles imediatamente. A verdade triste da história é que, através dos séculos, os cristãos passaram muito tempo construindo muros e muito pouco tempo construindo estradas para Deus. Agora é hora de derrubar os muros e construir pontes. É hora de acolher com amor os nossos aliados na fé cristã, onde quer que nos encontremos.
     Deus precisa de ti e de mim, e de todos os cristãos em todos os lugares - para que sejamos Seus profetas. No sentido tipicamente bíblico, os profetas surgiram num momento em que a sociedade parou de escutar Deus. Os Profetas bíblicos falam "de Deus." Não dizem aos outros o que vai acontecer, dizem o que deve acontecer. Dizem aos outros o que Deus quer e aquilo que Deus diz. Deus precisa de ti e de mim para que nos levantemos e sejamos incluídos nos valores do Evangelho. Deus precisa de ti e de mim para dizer aos outros que Deus quer a paz, não a guerra, a vida, não a morte, o amor, não o ódio, a preocupação com os outros, não a preocupação consigo mesmo; a liberdade, não a restrição; a verdade, não ser politicamente correto, a justiça para todos, sem discriminação.
     Nas palavras de São Francisco de Sales, ele precisa que nós "falemos de Deus em conversas familiares com nossos... amigos e vizinhos." (Introdução à Vida Devota , Parte III, Capítulo 26) E"se o mundo nos vê como tolos" porque nos comportamos como profetas, "pensemos que o mundo está louco." ( Ibid , Parte IV 4, capítulo 1)

P Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.


     As leituras de hoje convidam a nos comprometermos e a nos dedicarmos inteiramente a Deus. São Francisco de Sales diz que podemos conseguir isso através do cultivo do amor sagrado.
Muitas pessoas pensam que o amor a muitas coisas, como se fossem nossas, traz felicidade total. Este tipo de afeto surge de vez em quando dentro de nós. Porém devemos aprender a distinguir entre as inclinações e os apegos. Se os nossos sentimentos vêm de nossas inclinações não devemos nos preocupar. Por exemplo, pode acontecer que num dia você chegue a sentir muita raiva de alguém que o caluniou. Porém, se te entregares a Deus e realizares um ato de caridade para com a pessoa que ocasionou tanta indignação em ti, não terá agido de forma ruim, pois o controle dos teus sentimentos naturais não é algo que está em teu poder, principalmente quando tens que enfrentar um leão.
     Entretanto, quando se trata de lidar com nossos apegos a história é muito diferente. É a nossa arrogância que faz com que nos apeguemos exageradamente a certas coisas. Mesmo quando chegamos a dominar nosso egocentrismo um tanto exagerado, este jamais deixará de existir dentro de nós enquanto vivermos na terra. Mas se queremos acalmar esses sentimentos que nos levam a fazer coisas que mais tarde nos arrependemos, é essencial que cultivemos o amor sagrado em nós. Para fazer isso, devemos descartar todo o amor egoísta e exagerado da nossa vida, e nos entregarmos exclusivamente a este amor que busca somente a glória de Deus em todas as coisas. O amor sagrado começa a crescer dentro de nós quando começamos a pôr de lado tudo o que não nos serve para alcançar a bondade de Deus. "Abandonar" (a santa indiferença) é uma virtude tão difícil de adquirir que, mesmo num mosteiro leva-se uma década para aprender a cultivar. No entanto, esta virtude não é tão terrível quanto parece, porque nos dá a liberdade de espírito necessária para amar o mundo ao redor de nós, assim como Deus ama. Que esta seja a razão que nos guie, em vez de nossas tendências ou a nossos desgostos pelas virtudes que nos dão tanto trabalho. Embora nossos apegos são coisas preciosas, o nosso dever é usá-los para amar a Deus, a nossa única posse verdadeira, a quem dedicamos e entregamos nossas vidas.

(Adaptado de Conferências Espirituais de São Francisco de Sales por Carneiro)


Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

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