quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reflexão Salesiana para o 31º domingo do tempo comum – 30 de outubro de 2011

                                                                                                                Fotografia: Tarcizio Paulo Odelli

Nesta semana estou participando dos Exercícios Espirituais em Florianópolis, no Recanto Champagnat. Andando no meio desta exuberante natureza, lembrei-me de uma frase que S. Francisco de Sales escreveu em outubro de 1606 para Joana de Chantal: “[Deus] o encontrei cheio de doçura e suavidade entre as nossas mais altas e ásperas montanhas, onde muitas almas simples o amavam e adoravam em toda a verdade e sinceridade”. Aqui não estamos nas altas montanhas, mas olhando estas lindas paisagens só poderemos dizer a mesma coisa: encontrei Deus aqui, na Lagoa da Conceição em Florianópolis. (Clique na foto para aumentar e ver a beleza do lugar)

Na leitura de hoje Jesus nos diz que devemos ser servos bons e fiéis que se preocupam pela lei e pelas pessoas que são de Deus. São Francisco de Sales nos oferece as seguintes reflexões sobre este assunto.
A única coisa que Nosso Senhor deseja é que a nossa disposição para aceitar a vontade de Deus seja total. Quando acolhemos a vontade de Deus, estamos consagrando nossos corações ao amor de Deus. Então desejamos servi-lo fielmente, tanto nas pequenas tarefas como nas grandes. As moscas não são incomodas por sua força, mas pelo fato de serem muitas. Assim acontece que às vezes as tarefas insignificantes se tornam mais trabalhosas do que as tarefas importantes. Mesmo quando devemos colocar nossa atenção nas tarefas que Deus nos propôs, não devemos deixar que estas tarefas se convertam numa preocupação. A preocupação entorpece nossa habilidade para raciocinar e turba nosso bom juízo. Portanto, e sem pressa, tratem de cumprir suas obrigações com calma e ordem, uma depois da outra. Organizem tudo aquilo que devem fazer hoje, com tranquilidade mental. Amanhã se dedicarão a organizar outras coisas.
A ansiedade equivale ao desejo de escapar de um mal existente ou de adquirir um bem desejado. Quando não obtemos êxito que esperamos nos enchemos de ansiedade e impaciência. Não existe nada que obstrua nosso progresso no caminho do amor sagrado como a ansiedade. É por isso que devemos ser muito cuidadosos e assegurar-nos de que nosso coração esteja aberto e disposto a ceder diante do amor de Deus. Quando permitimos que o amor divino seja aquele que governa todos os nossos atos, não estamos demonstrando menos amor do que quando estamos orando. Tanto nossos trabalhos como nosso descanso louvam e servem a Deus com regozijo. Então, nossas tarefas diárias brilham como se fossem obra da santidade. Por um só copo de água nosso Salvador prometeu um oceano de plenitude perfeita para todos seus fiéis.
Quando fazemos pequenos atos de caridade no dia a dia e aceitamos todas as pequenas provas que nos impõe cada dia, demonstramos que estamos dispostos a receber a vontade de Deus. Estas oportunidades aparecem de vez em quando. Concluir pequenas obras, com a intenção totalmente pura de comprazer a Deus, é fazê-las de maneira excelente. Então, nossas obras diárias incrementam o amor divino, porque vivemos em Jesus que nos ensina como ser bons servos fiéis a Deus.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Por isso deveis fazer e obsevar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações!”

No Evangelho de hoje Jesus diz a seus ouvintes que devem fazer tudo o que os escribas e os fariseus dizem, mas, ao mesmo temo os adverte sobre as consequências de seguir seu exemplo: “Suas palavras são muito valiosas, mas seus atos são muito poucos”.
Por que esta inconsistência? Por que esta desconexão? Por que a incongruência entre o que pregavam e o que faziam? Por que tantas palavras bonitas, mas poucos fatos?
Talvez, como nos diz o Profeta Malaquias em seu livro, eles não conseguiram “semear em seus corações”. O que não semearam? A lei do amor de Deus: a lei que nos desafia a exaltar a Deus promovendo a justiça e a paz por meio de nossos relacionamentos com os outros.
Malaquias nos diz o seguinte: “Acaso não é um só o pai de todos nós? Acaso não fomos criados por um único Deus? Por que então perdemos a fé uns nos outros? Como disse São Francisco de Sales, “Por que em nosso relacionamento com o próximo empregamos “dois corações”? Ensinamos a um coração ser sumamente tolerante para conosco mesmos, mas hospedamos outro, que é demasiado duro com os outros”.
Este é o perigo que corremos quando permitimos que nosso conhecimento de Deus resida exclusivamente em nossas cabeças e não em nossos corações. Na medida em que nossa fé continue a ser intelectual ou teórica, jamais poderá responder nem aceitar as necessidades, as esperanças, os medos, nem os sonhos dos outros. Na medida em que não assimilamos realmente, no profundo dos nossos corações o amor de Deus por nós, permaneceremos imutáveis diante das necessidades ou calamidades que acontecem aos outros.
Aqui está a essência da crítica que Jesus faz aos escribas e aos fariseus: “Eles amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer com um dedo”. Como não souberam acolher a Lei de Moisés – e a lei de Jesus – em seus corações, preferem impor as cargas mais pesadas aos outros para que sejam eles que as levem em seus ombros e em seus corações.
Manter a fé uns nos outros requer primeiramente que permitamos que o amor criativo, redentor e inspirador de Deus penetre em nossos corações. Devemos assumir com seriedade nossa necessidade constante de conversão, de reconciliação e transformação. Devemos assumir seriamente o fato de que o amor de Deus por nós não deve ficar em nós: deve ser partilhado com os outros.
“Acaso não é um só o pai de todos nós? Acaso não fomos criados por um único Deus?” Então devemos ter fé uns nos outros. Devemos ser promotores da saúde, da felicidade e da santidade entre nós. Devemos buscar a paz e a justiça entre nós. Devemos prometer a reconciliação e a colaboração entre nós. Resumindo: nossas ações devem ultrapassar ou ao menos estar no nível de nossas palavras. Dito de outra maneira, quando nós acolhemos o coração de Jesus em nosso coração, não existe espaço para a parcialidade: ou amamos nosso próximo como a nós mesmos... ou não.
Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Reflexão Salesiana para o 30º domingo do tempo comum – 23 de outubro de 2011

                                                                                              Foto: Tarcizio Paulo Odelli


No evangelho de hoje escutamos Jesus dizendo que devemos amar a Deus e aos nossos irmãos. Estes mandamentos são a base da Espiritualidade cristã e estão presentes em todos os escritos de São Francisco de Sales:

Para demonstrarmos quanto é ardente o desejo de Deus por nosso amor, Ele nos exige este amor em termos maravilhosos: “Amarás o Senhor com todo o teu coração, com toda tua alma e com toda a tua mente. Este é o primeiro e maior de todos os mandamentos”. Muitas vezes nós acreditamos que Deus é tão grande e nós tão pequenos que seremos incapazes de amá-lo. Então, para que não desanimemos e nos afastemos do amor de Deus, Ele nos diz que somos sumamente capazes de amá-lo com toda nossa força, apesar do pecado, inclusive.

Amar a Deus acima de todas as coisas significa que devemos colocar Deus sobre todos os nossos ídolos. Porque nossos corações tendem a buscar, de modo demasiado, coisas materiais e consolos espirituais. Mas ainda, tão logo as conseguimos, logo o nosso desejo se agita para começar a buscá-las novamente. Nunca nada satisfaz o nosso coração. A vontade de Deus é que os ídolos não encontrem em nosso coração morada permanente. Que ele seja livre para voltar para Ele, de quem provém. As abelhas somente podem pousar sobre as flores que floresceram. O mesmo acontece com nosso coração. Nosso coração somente pode encontrar descanso no amor de Deus. Porque então queremos interferir com este desejo que sentimos pelo amor de Deus e nos dedicamos a buscar outros amores?

O mandamento que nos diz que devemos amar a Deus é muito mais importante do que o mandamento de amar nossos semelhantes. Porém, nossa natureza resiste com mais força a amar os outros. No entanto, quando depositamos nossa confiança no amor de nosso Salvador, nós nos enchemos de coragem para amar a imagem de Deus que está nos outros, e que frequentemente está oculta a nossos olhos. Então aprendemos a reconhecer a semelhança com o Criador presente em nós e nos outros. Porque amar a Deus plenamente é amar todo aquilo que é de Deus e que está presente em todas as criaturas. Imitemos Jesus, que nos ensinou muito mais através de suas obras do que com suas palavras. Ensinou-nos como amar nosso Deus com todo o coração, nossa alma e nossa mente e a amar nosso próximo como a nós mesmos.

(Adaptação tirada dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente do Tratado do Amor de Deus).

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!... e amarás ao teu próximo como a ti mesmo!”

Francisco de Sales é o autor do Tratado do Amor de Deus. Não viveu o suficiente para poder escrever o tratado do amor ao próximo, como ele queria. O fato comum entre estas duas coisas, o amor de Deus e do próximo, é a caridade. A caridade era, e é, na mente e no coração de Francisco de Sales, a virtude entre todas as virtudes. Nós fomos chamados a amar o nosso Deus do modo como amamos o próximo e também fomos chamados a amar o próximo como amamos a Deus.

Francisco de Sales tem muito a partilhar conosco a respeito da natureza e da prática da caridade.

“Assim como Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, da mesma forma Deus ordenou para nós um amor à imagem e semelhança do amor que se deve a divindade de Deus... por que amamos a Deus? A razão porque amamos a Deus é Deus mesmo... por que amamos uns aos outros na caridade? Seguramente porque fomos feitos a imagem e semelhança de Deus... como todas as pessoas tem a mesma dignidade, nós também as amamos como nos amamos a nós mesmos, isto é, em sua condição de santidade e de serem imagens viventes da divindade... A mesma caridade que produz atos de amor a Deus produz também atos de amor ao nosso próximo... amar o próximo na caridade é amar a Deus nos outros e os outros em Deus”. (Tratado do Amor de Deus, Livro 10, cap. 11)

Para São Francisco de Sales, o amor de Deus e o amor ao próximo não são duas experiências distintas, mas são duas expressões da mesma realidade, dois lados, como se fossem a mesma moeda. (Recordem o mandamento de Jesus no evangelho do domingo passado, de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.)

“O grande Santo Agostinho diz que a caridade inclui todas as virtudes e opera de todos os modos em vocês”, escreveu São Francisco de Sales. Estas são suas palavras: “o que se diz da virtude dividida em quatro – ele está se referindo as quatro virtudes cardeais – em minha opinião se diz por causa dos diferentes afetos que procedem do amor. Pois bem, eu não duvido quando se trata de definir estas quatro virtudes da seguinte maneira: a temperança é o amor que se entrega completamente a Deus. A fortaleza é o amor que voluntariamente suporta todas as coisas por amor a Deus. A justiça é o amor que serve unicamente a Deus e por isso dispõe com justiça de tudo o que está sujeito aos seres humanos. A prudência é o amor que escolhe o que é útil para unir-se a Deus e recusa tudo o que é daninho”. (TAD, XI, 8)

Aquele que possui a caridade tem uma alma revestida com as roupas das bodas que, como José, leva implicitamente em si todas as virtudes. Além disso, a caridade tem uma perfeição que contém a virtude de todas as perfeições e as perfeições de todas as virtudes”. (Ibid)

Na caridade encontramos o lugar onde se encontram o amor de Deus, o amor a nós mesmos e o amor aos outros. Como partilhamos este amor multifacetado com todos aqueles que conhecemos cada dia? Dito de outra maneira, estamos bem preparados para dar o seu a César e a Deus em nós e nos demais?

P. O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do texto espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

domingo, 16 de outubro de 2011

Viver para Deus - Ser um bom servidor de Deus

                                                                                                                               Foto: Tarcizio Paulo Odelli

"Viva totalmente para Deus e para o amor que Ele lhe concedeu. Suporte-se a si mesmo com todas as suas misérias. Ser um bom servidor de Deus não significa experimentar sempre consolações e encantos, sem desgosto algum ou aborrecimento do bem. Se fosse assim, nem São Paulo nem Santa Catarina de Sena e outros tantos servidores teriam servido a Deus devidamente! Ser um bom servidor de Deus implica em ter muito amor ao próximo e estar inviolavelmente decidido a aceitar a vontade Divina. Inclui ser profundamente humilde e simples na confiança em Deus e ser capaz de levantar sempre de suas quedas. Significa aguentar a si mesmo no que é reprovável e suportar tranquilamente os outros nas imperfeições deles". (Sábias palavras de São Francisco de Sales. Cartas 409; O.C. XIII, p. 313-314)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Reflexão Salesiana para o 29º domingo do tempo comum – 16 de outubro de 2011


O Evangelho de hoje nos diz que devemos dar a Deus o que é de Deus e ao Estado aquilo que pertence ao Estado. São Francisco de Sales observa que, para poder desfrutar de um Estado justo, devemos obedecer aqueles a quem Deus outorgou a autoridade para governar. No entanto, ele enfoca mais o “que é de Deus” e o explica através do conceito “da obediência do amor”:

Nós possuímos um desejo natural de amar a Deus o qual nos diz também que pertencemos a Ele. Somos como cervos que levam as iniciais do seu dono gravadas na pele. Mesmo quando ele os permite perambular livremente pelo bosque, todo mundo sabe a quem pertencem os ditos cervos. De modo semelhante, nós também somos livres, e a nossa inclinação natural de amar a Deus permite que nossos amigos e inimigos saibam que pertencemos a Ele, que deseja manter-nos unidos sob a “obediência do amor”.

Esta obediência do amor consagra nosso coração a serviço de Deus. Jesus é o modelo a seguir. Quando depositamos todos os nossos desejos nas mãos de Deus, estamos permitindo que seja Ele quem nos forme e nos molde. Este tipo de obediência não necessita de ameaças, nem de recompensas, de mandamentos nem de lei para nos despertar. Antecipa-se a todas estas coisas já que se entrega livremente a Deus. Com sumo amor se dá a tarefa de levar a término tudo o que contribua para a união de nosso coração com Ele, e empreende a dita travessia com naturalidade.

Algumas vezes nosso Senhor nos urge para corrermos a toda velocidade e assim cumprir as tarefas de nosso cargo. De imediato nos faz deter na metade da caminhada, quando já estávamos afiançados no caminho feito. Mesmo quando devemos fazer todo o possível para levar a termo a obra de Deus, devemos também a colher os resultados com tranquilidade. Nossa obrigação é semear e regar cuidadosamente, mas o crescimento pertence exclusivamente a Deus.

Não obstante, do mesmo modo em que uma doce mãe guia seus pequenos filhos, os ajuda e os sustém na medida em que ela vê necessidade de fazê-lo, nosso Salvador também nos carrega e nos toma pela mão quando enfrentamos as dificuldades insuportáveis. Desfrutamos então da serenidade do coração, adotando a obediência do amor que nos une a Deus, a quem pertencemos.

(Adaptação tirada da obra de São Francisco de Sales, em particular o Tratado sobre o Amor de Deus).

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Daí, pois, a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”.

Viver uma vida centrada em Deus não é simples, não é uma proposta completamente delineada e clara. Mesmo que tenhamos sido criados para viver para sempre junto com Deus no céu, também devemos, em qualquer momento, atender a todas aquelas tarefas e responsabilidade que temos aqui na terra.

Devemos dar ao céu e a terra aquilo que se lhes deve.

Como funciona isso?

Se tentarmos explicar recorrendo a frase, isso quer dizer que devemos roubar de Pedro para dar a Paulo? Não, não existe necessidade de tirar nada de ninguém para pagar tributo a alguém mais! Então, devemos dar a Deus com uma mão e ao mundo com a outra? Não, nosso desafio consiste em usar as duas mãos de forma que sejam justas com as coisas da terra e também com as do céu.

Não querendo exagerar, por causa da óbvia lição que o Evangelho de hoje nos deixa, nosso serviço no céu e nosso serviço na terra são de fato as “duas caras de uma mesma moeda”. Nós somos fieis a “César” e a “Deus” quando tratamos nossos irmãos e irmãs com justiça... quando lhes damos o que lhes devemos.

Francisco de Sales escreveu: “Sejam justos e equitativos na hora de atuar. Ponha-se sempre no lugar dos seus vizinhos e coloque a eles em seu lugar e assim, desta forma, conseguirão julgar corretamente. Imaginem que não o vendedor quando estão comprando alguma coisa e imaginem que são compradores quando estejam vendendo algo. Somente assim comprarão e venderão de forma justa... vocês não perdem nada ao viver de forma generosa, nobre, cortês e com um coração que seja real, justo e razoável. Decidam examinar seus corações seguidamente, para ver se estão agindo com seus vizinhos da mesma forma que vocês esperam que eles ajam com vocês, se estiverem em seu lugar. Esta é a base da verdadeira razão.” (IVD, parte III, Cap. 36).

Dar aos outros o que eles merecem não significa somente ser fiéis à divida do amor que temos uns para com os outros. Também, pode ter ramificações muito práticas. Francisco de Sales escreveu estas palavras em 1604: “Eu vejo que vocês têm uma dívida... paguem-na tão logo seja possível, cuidem de nunca ficar com algo que pertença aos outros”. (Stopp, Cartas Seletas, p. 69).

As obrigações que temos, sejam grandes ou pequenas, devem no ajudar a lutar para sempre conceder o que é devido a nossos irmãos e irmãs. Devemos lutar para poder tratar-nos uns aos outros razoavelmente, justamente, humildemente, honestamente e com igualdade. Ao fazê-lo estaremos dando a “César” o que é de “César”, e também daremos a Deus o que é de Deus.

Na tradição Salesiana nós nunca temos que escolher entre atender as coisas do céu e atender as coisas da terra. Ao suprir as necessidades de nossos irmãos e irmãs, atendemos as duas coisas, as da terra e as do céu ao mesmo tempo, no processo que “damos prova de nossa fé, de nossa obra no amor e demonstramos constância na esperança que temos em Jesus Cristo”.

Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hackeando o caminho ao céu




O P. Julian Fox, do Dicastério para a Comunicação Social e um dos responsáveis pelo site sdb.org escreveu um novo livro dentro da temática da comunicação. No livro encontramos vários desenhos, onde aparecem Dom Bosco e São Francisco de Sales, como nos dois exemplos acima, onde ele também aparece, mostrando o computador para os dois santos. No livro ele explica o verdadeiro significado da palavra hackers.

Vou colocar um pequeno texto, da página 13:

"1.2. Uma Congregação de hackers?


"Os membros da Sociedade de São Francisco de Sales, também conhecidos como os Salesianos de Dom Bosco podem surpreender-se ao serem descritos como hackers. Certamente reconhecerão que são "filhos" de dois dos maiores comunicadores do mundo. Francisco de Sales é o santo patrono dos jornalistas e a vida de Dom Bosco como comunicador incluiu quase todos os elementos da descrição típica do hacker de hoje (incluindo sua aparência excêntrica numa famosa foto): ânsias de aprender e inovar com a tecnologia de sua época (especialmente a imprensa), entusiasmo e energia incontidas, longas vigílias escrevendo códigos ( o código especial da literatura, constituições e regulamentos religiosos, mas também livros de texto sobre matemática, história), alegria e bom ânimo".


O livro contém 160 páginas e foi escrito em inglês e traduzido/publicado para o espanhol pelo Centro Gráfico Salesiano de Cuenca, Equador.

Reflexão Salesiana para o 28º domingo do tempo comum – 9 de outubro de 2011


No Evangelho de hoje Jesus nos diz que as pessoas que aceitam a abundante graça de Deus poderão entrar no Seu reino. São Francisco de Sales nos fala um pouco mais sobre esta resposta que se espera de nós:
A suprema bondade de Deus derramou sobre toda a família humana suas abundantes bênçãos. A vontade de Deus é que todos consigam a salvação por meio do conhecimento da verdade que nosso Salvador veio trazer através do fogo do amor sagrado e deseja que este permaneça aceso em nossos corações.
Com que fervor Deus deseja o nosso amor! Ele demonstra este desejo cumulando-nos de amor divino. Deus, o sol da justiça, nos envia numerosos raios de inspiração, aquece os nossos corações com bênçãos e toca a cada um de nós com o encanto do amor divino. A inspiração de Deus é a força que dá alento a nossa vontade, a ajuda, a reforça e a move com tanta gentileza que ela acaba desejando voar livremente em busca do bem que encontra com a inspiração de Deus.
Deus depositou em seus corações as inspirações sagradas e vocês as receberam. Cooperem com Ele, aceitando-as. A vontade de vocês começou a mover-se livremente ao uníssono da graça celestial e Deus continuou fortalecendo seus corações através de vários movimentos. Até que, finalmente, chegou o momento em que Ele inculcou em vocês o amor sagrado, e este amor converte-se em fonte de vida e saúde perfeita. Não obstante, em todo momento vocês tiveram a liberdade para aceitar ou recusar a divina bondade.
Conta-se que um pequeno peixe possuía o poder para deter um barco navegando em alto mar. No entanto, este peixe não tinha o poder para fazer com que o barco zarpasse. O mesmo acontece como nosso livre arbítrio. Quando o vento favorável da graça de Deus enche nossa alma, temos plena liberdade de escolher se a recebemos ou a recusamos. Porém, quando nosso espírito zarpa, e se encaminha para uma próspera travessia, não somos nós quem fazemos com que os ventos da inspiração nos cheguem. É Deus quem move o barco que é nosso coração. Nós simplesmente recebemos e consentimos este vento proveniente do céu. Bem-aventurados são aqueles que respondem à palavra de Jesus desde o fundo de seus corações, porque o Reino de Deus lhes pertence.

(Adaptação tirada do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Tudo posso naquele que me dá força”.

“Eu tenho a experiência de ter sido pisoteado, mas também sei o que é ter abundância. Aprendi como lidar com todo tipo de circunstâncias: como comer bem ou passar fome, como ter todo o necessário ou não ter nada”.
O que fez São Paulo para lidar com os altos e baixos da vida e de forma tão centrada, equilibrada e com toda confiança? Mais importante ainda, como podemos fazer para lidar com os altos e baixos de nossas vidas de forma centrada, equilibrada e com confiança?
Entre outras coisas, necessitamos uma confiança sólida e profunda em Deus. Nós necessitamos o tipo de confiança que nos permite ver a mão de Deus do mesmo modo, tanto durante os tempos bons como nos tempos difíceis.
Francisco de Sales ofereceu este grande conselho. É um conselho tão relevante hoje para nosso desejo de continuar fazendo as coisas efetivamente, apesar dos obstáculos que a vida nos apresenta em qualquer dia, como o foi em 1603 para a pessoa a quem Francisco dirigiu estas palavras: “Vocês devem ser como as crianças pequenas. Sabem que suas mães as conduzem pela mão e por isso caminham com firmeza e correm por todos os lugares sem deixar que uma pequena queda ou um tropeço as moleste, pois, apesar de tudo são fracos nas pernas. Do mesmo modo, desde o momento em que vocês se dão conta que Deus os está levando com sua mão e  desde que demonstrem vontade em servi-lo, continuem com firmeza e não deixem que os pequenos obstáculos nem as quedas os perturbem. Não há necessidade de deixar-se amedrontar por isso desde que se joguem nos braços de Deus de vez em quando e beijem a Deus com o beijo da caridade. Continuem avançando com alegria e com seus corações tão abertos e tão sabiamente cheios de confiança como lhes seja possível, e se não podem estar sempre felizes, ao menos sejam valentes e confiem” (Stopp, cartas Seletas, páginas 45-46).
Noutra carta, Francisco fez a seguinte observação a respeito de nossa confiança em Deus e na nossa habilidade em lidar com as adversidades da vida. “É muito melhor levantar nossos olhos para as montanhas onde pode nos chegar ajuda, é melhor ter esperança no Senhor e glorificar voluntariamente nossas enfermidades para que a força de Cristo faça morada em nós... pois aqueles que depositam sua confiança no Senhor conseguirão asas como as das águias. Mas aquele que perde sua força de coração não conseguirá nada e se desvanecerá como a fumaça. O soldado que deixa o campo de batalha tremendo de medo, possivelmente sentirá um descanso, mas não terá mais a segurança daquele que continua lutado”. (Stopp, Cartas Seletas, página 121)
Existem muitas experiências na vida que podem deixar-nos cheios de medo ou talvez frustrados. Aquilo que diferencia as pessoas felizes, saudáveis e santas das pessoas que somente tratam de passar pela vida, é a habilidade e a vontade de confiar em Deus que nos ama igualmente durante os altos e baixos da vida. Como disse Jó, aqueles que confiam no Senhor sabem que o Senhor dá e também tira, e bendito seja o nome do Senhor.
E benditos, sempre, são todos aqueles que confiam e que creem em Deus, sem se importar com mais nada.

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB