sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 1º dia do ano de 2012


Maria – Mãe de Deus

Destaque: “Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração”.

Perspectiva Salesiana

“Olhe para Maria em todas as circunstâncias da sua vida. Em seu quarto de Nazaré ela mostra sua modéstia através do seu medo, sua candura ao esperar ser instruída e ao perguntar, sua submissão e sua humildade quando se chama a si mesma de escrava. Olhem para ela em Belém: ela vive uma vida simples e pobre, ela escuta os pastores como se fossem doutores instruídos. Olhem para ela na companhia dos reis: ela não se atreve a fazer discursos. Olhem para ela durante o tempo de sua purificação: ela vai ao templo para cumprir os costumes da igreja. Durante a viagem para o Egito e de regresso ela simplesmente obedece a José. Ela não considerava que estava desperdiçando seu tempo quando foi visitar sua prima Isabel. Ela o considerou como um ato de amor e de cortesia. Ela buscou Nosso Senhor não somente quando sentiu ele alegria, mas também quando ele chorou. Ela sentiu compaixão ao ver a pobreza e a confusão daqueles que a convidaram para o casamento. Ela estava parada aos pés da cruz, cheia de humildade, cheia de virtude e nunca atraindo atenção para si mesma quando expunha suas qualidades” (Stopp, Cartas Seletas, pg 159.)

Quando Maria aceitou ser a mãe de Jesus ela recebeu mais do que esperava no início. O fato de ter dado o “Sim” ao convite de Deus para ser a mãe do Messias mudou sua vida para sempre. Mas, como observou São Francisco de Sales ela constantemente reafirmava este “Sim” ao experimentar a vontade de Deus para com seu filho, a vontade de Deus para com seu esposo e a vontade de Deus para com ela. Nos bons, nos maus e em outros momentos, ela aceitou completamente cada uma das situações que teve que viver.

Nós também somos chamados a dar vida a Jesus, e mesmo não sendo um chamado para dar vida física, nosso chamado é um desafio não menos importante nem menos exigente do que Maria teve que enfrentar.

Assim como podemos observar na vida de Maria, dar vida a Jesus não é um fato que acontece somente uma vez: é um processo que dura toda a vida. Dizer “Sim” para dar vida a Jesus significa ter fé na vontade de Deus para conosco e para com os outros, um dia, uma hora, e cada momento ao longo de nossas vidas. Dar vida a Jesus é aceitar completa e profundamente a responsabilidade, os fatos e as circunstâncias em determinados momentos das nossas vidas. É aceitar os golpes e manter a convicção de que Deus nos ama e nos protege.

Maria nos recorda que dar vida a Jesus pode nos trazer mais do que uma inconveniência, uma dor de cabeça ou dores de coração. Mesmo assim, a vida de Maria se apresenta para nós como uma forma poderosa de recordar-nos que a fidelidade de uma pessoa para com Deus pode mudar o mundo para o bem.

Para sempre.

P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales. 
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

389 anos da morte de São Francisco de Sales


Ocorre no dia de hoje, 28 de dezembro, a data da morte de São Francisco de Sales. Morreu no dia dos Santos Inocentes. Estava em Lyon, na França, em 1622. Ele escreveu na Carta 939: "Os anos passam e desaparecem imperceptivelmente, um depois do outro, esgotando sua duração, esgotando a nossa vida mortal, e, acabando-se, terminam os nossos dias. Oh! quanto mais desejável é a eternidade, pois a sua duração é sem fim e seus dias não têm noite, e o seu gozo não muda" Que felicidade para a alma se Deus, na sua misericórdia, lhe faz experimentar esta serenidade" Mas, enquanto esperamos ver Jesus glorificado, contemplemo-lo com os olhos da fé, na humilhação do seu pobre presépio"

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o dia do Natal – 25 de dezembro de 2011


Quando visitei Chieri, próximo à Turim, tirei esta foto desta tela, onde Nossa Senhora apresenta o Menino Jesus à São Francisco de Sales. Diante desta tela João Bosco, ainda jovem estudante em Chieri, rezou muitas vezes. Por isso escolhi esta imagem para representar o Natal de Jesus. E desejo a todos um Feliz Natal com o Menino Jesus presente, como o grande Presente que Deus nos deu. 

Alguns pensamentos de São Francisco de Sales sobre o natal:

Quando uma pessoa quer construir uma casa ou um palácio deve levar em conta para quem está construindo a dita casa. Seguramente utilizará planos diferentes, dependendo do status social da pessoa. Assim aconteceu com o Divino Mestre. Deus construiu o mundo para a Encarnação do Filho. A sabedoria divina previu desde a eternidade que a Palavra adotaria nossa natureza ao chegar a terra. A fim de conseguir este objetivo, Deus escolheu uma mulher, a santíssima Virgem Maria que deu a vida a Nosso Salvador.

Por meio da Encarnação Deus nos fez ver algo que a mente humana dificilmente jamais poderia imaginar ou entender. É tão grande o amor de Deus por todos nós que no momento em que se fez humano desejou cumular-nos com sua divindade. Deus desejou coroar-nos com bondade e dignidade divina. Deus quis que fôssemos seus filhos, porque fomos criados à sua imagem e semelhança.

Nosso Salvador veio a este mundo para ensinar-nos o que devemos fazer para poder preservar esta semelhança divina de Deus. Com muita seriedade devemos encher-nos de coragem para viver de acordo com aquilo que somos. Nosso Salvador veio para que nós pudéssemos viver a vida ao máximo. Ele sempre se mostrou completamente cheio de misericórdia e bondade para com a família humana.

Muitas vezes quando as almas mais endurecidas vivem como se Deus não existisse, Nosso Salvador lhes permite encontrar Seu Coração cheio de piedade e de misericórdia para com eles. Todos aqueles que conhecem esta verdade guardam um sentimento de gratidão por terem tido a oportunidade de vivê-la. Desejamos em nosso lar que tudo que temos venha de Deus. Quando abrimos nossos corações a Seu amor, estamos dando vida ao Menino Jesus dentro de nós, para assim contribuir a estabelecer o reino de Deus na terra.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: “A Palavra se fez carne”.

Perspectiva Salesiana

“Vocês levam em suas almas a Jesus Cristo, o menino mais apreciado do mundo, e até o momento em que ele seja trazido ao mundo, vocês vivem na carne as próprias penúrias de seu aparecimento. Mas sejam bons de coração porque estes sofrimentos passarão e a alegria eterna permanecerá com vocês por terem contribuído para dar vida a este homem. Ele será revelado a diante de vocês uma vez que hajam dado forma em seus corações, através de suas obras, imitando sua vida e seu exemplo” (IVD III, Cap. 3)

Ao participarmos da celebração eucarística do natal estamos dando vida a Jesus. Nossa reunião para celebrar a santa eucaristia representa claramente o nascimento milagroso de Jesus entre nós. Para descrever o mistério da Encarnação, São João diz que “A Palavra se fez carne e habitou entre nós”. Isto não somente quer dizer que ele adquiriu um corpo humano, que se tornou homem. Isto quer dizer que desde este momento Deus se uniu permanentemente à humanidade. Significa que ele trabalhará e se manifestará à humanidade e através da humanidade. Significa que podemos descobrir Deus por meio de nossa própria humanidade e que através de nossa humanidade ele se descobre diante de nós. Significa que Deus está totalmente imerso e totalmente comprometido com nossa existência. É por isso que, de certo modo, tudo o que tem a ver conosco não lhe é alheio. Ele se envolveu ativamente em nossos problemas, em nossos defeitos, em nossos fracassos, como também em nossos sucessos e em nossos triunfos.

Se Deus, através da Encarnação tornou as preocupações humanas sua própria preocupação, então todos aqueles que dedicam suas vidas a segui-lo não podem permanecer distantes, despreocupados ou alheios diante dos problemas do mundo. Tudo o que é verdadeiramente humano, a pobreza, a enfermidade, a injustiça, os preconceitos raciais, o amor, a paz, não deve ser estranho para nós.

O mistério do natal nos recorda que Cristo precisou da carne, da humanidade para poder nascer, para poder ter vida. Ainda agora ele precisa fazer uso da carne, da nossa carne e da nossa humanidade para viver e para permanecer vivo neste mundo. Quando nós entregamos nossa humanidade para que Cristo possa nascer em nós, para que possa viver entre nós e com os outros, estamos perpetuando o mistério do natal e é como se verdadeiramente contribuíssemos para dar a luz à Cristo.

P. Alexander Pocetto, OSFS – Centro Valley PA
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli, SDB

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o quarto domingo do Advento – 18 de dezembro de 2011


No Evangelho de hoje escutamos sobre a boa vontade de Maria para cumprir a vontade de Deus. São Francisco de Sales nos oferece alguns de seus muitos pensamentos sobre como devemos abrir-nos ao amor de Deus, que equivale a cumprirmos Sua vontade em nossas vidas.

O maior dom de Maria foi sua total disposição para receber o amor de Deus. Deus se comunica (uma palavra muito salesiana) conosco através de inspirações e dos movimentos internos de nosso coração. Devemos abrir-nos para aceitar de boa vontade as inspirações que Ele se compraz em enviar-nos. Por inspirações me refiro a todos os desejos internos, a todos os instantes de arrependimento, os pensamentos e os afetos que Deus deposita em nossos corações para despertar-nos e atrair-nos às virtudes autênticas do amor sagrado e das boas resoluções. Em resumo, a tudo o que nos conduzirá pelo caminho do bem estar eterno. Qualquer pensamento que nos produza ansiedade ou medo deve ser afastado, já que estas emoções não provêm de Deus que é o Príncipe da Paz.

Quando lhes chega uma boa inspiração recebam-na como se fosse de um embaixador enviado pelo chefe de uma nação. Abordem-na com simplicidade e gentileza. Escutem com calma a proposta de Deus. Reflitam sobre o amor que inspira vocês e valorizem. Alimentem seus bons desejos e mantenham-se vivos enquanto dormem nos braços da providência de Deus. Em outras palavras, aceitem seu consentimento total, amoroso e permanente às suas inspirações. Aceitem-nas na paz e com plena confiança que Deus lhes dará o amor que precisam para levá-las a bom termo.  Existem ocasiões em que Deus nos pede que façamos uma boa obra o que Ele quer de nós é que demonstremos nossa boa vontade para levá-la a cabo. No tempo que Jesus se ocupava para estabelecer o Reino na terra, deixou como tarefa a seus apóstolos e as futuras gerações que o ajudassem a completar a obra que ele tinha iniciado.

Mesmo assim, antes de aceder e de atuar em base a qualquer inspiração que pareça importante ou inusitada, sempre devem consultar seu conselheiro espiritual para reafirmar se esta é verdadeira ou falsa. Uma vez dada aprovação, devem apressar-se em colocar a dita inspiração em prática. O fruto da prática é a verdadeira virtude a qual nos permite estar em constante disposição, como esteve Maria, para receber o amor infinito de Deus.

(Francisco de Sales- Introdução... Power &Wright, Francisco de Sales, Joana de Chantal)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo, como outrora... Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de teus inimigos”. “Porque para nada é impossível”.

Imagine um mundo sem inimigos. Imagine um mundo sem intimidades. Imagine um mundo sem pessoas que se aproveitam dos outros ou que usem os outros em sua própria vantagem ou ganância. Imagine um mundo sem palavras ou ações cometidas sob a influência da ira. Imagine escolas nas quais ninguém nunca foi molestado ou zombado. Imagine famílias nas quais nunca ninguém foi maltratado. Resumindo, imagine um mundo onde todos vivam em paz, em todos os lugares, com todo mundo!

Isso é exagero? Uma expectativa irreal? Uma fantasia? Uma farsa? Uma ilusão? Uma desilusão? Somente uma canção famosa? De acordo com a Escritura é muito mais, já que como ouvimos hoje “nada é impossível para Deus”.

Na mente do Cavaleiro Santo (Francisco de Sales) a promessa que “nada é impossível a Deus” nos desafia cada dia a praticar duas grandes virtudes: a esperança e a aspiração.

Francisco de Sales descreve a esperança como aquilo que enfoca nossa atenção nestas “coisas que esperamos obter com a ajuda dos outros” (TAD II, 17) Obviamente entre nós somos incapazes de criar, por nossa própria conta, o mundo que a promessa do Messias que está para chegar tornará possível. Necessitamos o amor de Deus, da salvação de Cristo e da inspiração do Espírito Santo para tornar possível esta realidade. Francisco de Sales descreve a aspiração como a consideração “das coisas pelas quais nós lutamos por nossa própria conta e com nossos próprios recursos”. (Ibidem) Estando conscientes danossa necessidade da ajuda de Deus e do apoio dos outros, a esperança não é simplesmente um pensamento para considerar seriamente o que podemos fazer para que a promessa da paz seja uma realidade no futuro.
Mesmo quando “nada é impossível para Deus”, Francisco de Sales diz que é impossível para nós tentarmos praticar estas virtudes isoladamente: aspirar por um mundo pacífico sem reconhecer nossa necessidade de Deus e dos outros é a máxima expressão da arrogância. Enquanto que anelar a paz sem estarmos dispostos a trabalhar por ela é a máxima expressão da covardia.

À medida que nos aproximamos do Natal a da celebração da paz que Deus nos prometeu em Jesus através do Espírito, mantenhamos a esperança de um amanhã melhor e trabalhemos por um presente melhor, porque nada é impossível para Deus... e para aqueles que juntos caminham nos caminhos de Deus.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 3º Domingo do Advento – 11 de dezembro de 2011


O Evangelho de hoje nos fala de João Batista. São Francisco de Sales separa certos aspectos do caráter de João que nós poderíamos começar a desenvolver em nossos corações neste tempo do Advento.

João Batista vivia no deserto com uma rocha, inamovível no meio das ondas e das tempestades que as tribulações trazem junto. Nós, ao contrário, mudamos de acordo com o tempo e com a estação. Quando o tempo está bom nada pode igualar nossa alegria. Porém, quando a adversidade se avizinha sobre nós, de repente ficamos totalmente desanimados. Às vezes nos incomodamos por qualquer ninharia que vai contra os nossos gostos. Como resultado, somos incapazes de restabelecer a paz em nossa alma por muito tempo, e não sem antes ter que recorrer ao uso de muitos “unguentos curadores”. Em resumo, espiritualmente somos inconstantes, não sabemos o que queremos. Num momento nosso coração se encontra alegre, no seguinte somos severos e nos amarguramos. Somos como caniços que permitem que qualquer humor ou estado de ânimo os agite em todas as diferentes direções.

João Batista nos diz que devemos aprender a nivelar os caminhos em preparação para a chegada de Nosso Senhor que é para nós o caminho da plenitude. Até certo ponto todos os santos conseguiram a dita nivelação, mesmo que nenhum tenha alcançado a perfeição. Em cada um deles houve algo que estragou a perfeição de sua equanimidade espiritual. Isto aconteceu, inclusive, com João Batista. Nós devemos examinar nossas ações. Devemos reformar aquelas que não contêm boas intenções e aperfeiçoar aquelas que já têm. Nossa meta deve ser atuar numa só intenção: conformar-nos à verdadeira imagem de Deus em nós. Porque a razão pela qual Jesus veio a terra foi para mostrar-nos o verdadeiro rosto de Deus.

Sempre devemos recordar que a graça de Deus nunca falha, e que se somos felizes e cooperarmos com a primeira graça que Deus nos dá, receberemos muitas mais. Por esta razão na Sagrada Escritura Deus nos recomenda que sejamos fiéis no seguimento de nossos impulsos, do nosso entendimento e das nossas inspirações. Quando fizermos isso, a grandeza que encerra a infinita misericórdia de Deus brilhara para nós.

(Adaptação dos Sermões de São Francisco de Sales, V. 4, Ed. L. Fiorelli)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Que o próprio Deus da paz vos santifique totalmente e que tudo aquilo que sois – espírito, alma, corpo – seja conservado sem mancha alguma para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo!”

Novamente ouvimos o desafio para viver uma vida santa – devota – e ao fazê-lo “conservar sem mancha alguma o espírito, alma e corpo até a chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

A santidade fala de integridade, isto é, a santidade é a experiência e o processo de integrar tudo o que somos e de colocar tudo o que somos(especialmente nosso tempo, talentos e tesouro) à serviço de Deus e dos outros, levando em conta que Deus sempre está conosco. Viver a vida de um modo santo é entregar tudo o que eu sou a tudo o que a vida me oferece.

As pessoas que tem integridade reconhecem que na ausência da justiça não pode haver uma paz verdadeira. O Advento nos chama a reconhecer que a forma mais poderosa de tornar realidade a paz de Deus em nossas vidas é relacionando-nos justamente com os outros, por exemplo, dando-lhes o que lhes corresponde.

A essência da justiça é poder reconhecer as obrigações que temos com os outros no amor. Que devemos aos outros? Na mente de São Francisco de Sales estas dívidas incluem reverência, respeito, cortesia, paciência, honestidade e generosidade. Francisco de Sales escreveu sobre esta obrigação na terceira parte da Introdução à Vida devota, Capítulo 36: “Sê justo e equitativo em todas as tuas ações. Coloca-te sempre no lugar do teu vizinho e teu vizinho em teu lugar e poderás julgar de maneira correta. Imagina-te que és o vendedor quando compras e o comprador quando vendes e assim venderás e comprarás justamente. Não perdes nada por viver com um coração generoso, nobre, cortês, real, justo e racional”. Verdadeiramente nós não perdemos nada por vivermos justamente. Porém considera o outro lado da moeda: ao viver justamente ganhamos muito, por exemplo, a riqueza que chega como resultado da luta por sermos pessoas íntegras; a integridade que nos desafia a lutar pela paz que somente o céu pode aperfeiçoar quando trabalhamos juntos pela justiça nesta terra.

Para estarmos seguros, nós cremos que o Senhor fará justiça e o louvor se levantará sobre todas as nações. Assim mesmo, nós sabemos que cada um de nós tem uma tarefa a realizar no projeto do Senhor para conseguir este objetivo.

Estamos prontos? 


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição



No ano de 1602, no dia 8 de dezembro Francisco de Sales foi consagrado Bispo na igreja de Thorens, onde tinha sido batizado em 1567. Francisco de Sales, recordando esta data escreveu dois anos uma carta onde afirma que tinha feito “uma grande e terrível promessa de servir às almas e de morrer por elas, se conveniente for. Então, verdadeiramente Deus me tirou de mim mesmo para dar-me ao seu povo”.

Sabemos que ele teve uma grande devoção para Maria. Toda a vida de Francisco de Sales está marcada por uma constante devoção mariana. Maria está continuamente presente em sua palavra, em seus sermões, em seus escritos, como o está também em seu coração e em sua vida.

Quero destacar esta frase: “Estou plenamente decidido a não querer outro coração que não seja aquele que ela me dá, esta doce Mãe dos corações, esta Mãe do santo amor, esta Mãe do coração dos corações”.

“A Santíssima Virgem gozou do maior privilégio de todas as criaturas e era para ser, desde o primeiro momento da sua Imaculada Conceição, sempre completamente obediente à vontade de Deus. Nossa Senhora não mudou, nem por um só momento vacilou ou foi sujeita à alteração e não se desprendeu jamais desta primeira união e adesão à vontade de Deus. Ela não pode jamais declinar da primeira graça recebida da Divina Majestade, mas merecia continuamente novas graças. E nós, pobres criaturas, somos tão instáveis em nossas resoluções! Quem entre nós pode dizer de si que é sempre constante? Num momento queremos uma coisa e logo depois algo diferente. E assim alteramos os nossos afetos de uma hora para outra”. (Sermões 26)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 2º Domingo do Advento – 04 de dezembro de 2011



No Evangelho de hoje escutamos “uma voz no deserto” que nos chama a preparar os caminhos do Senhor. São Francisco de Sales nos diz como poderemos conseguir isso.

Os caminhos que vão e vem somente desgastam e desorientam os viajantes. Para poder preparar bem os caminhos de Deus em nossos corações, o único propósito que devemos ter é o de agradar a Deus. Nós devemos ser como o marinheiro que enquanto navega o barco mantém seus olhos fixos na agulha da bússola. Devemos manter nossos olhos fixos num objetivo: adquirir boa disposição que é a melhor virtude da vida espiritual. Devemos orientar nossos sentimentos, emoções e inclinações permanentemente na direção do amor de Deus, que os transforma para que possamos adquirir um bom caráter.

Quando nossos corações se debatem constantemente entre nosso amor por Deus e nosso amor próprio, sucumbimos a um estado de medo, de ansiedade e de confusão. O enfrentamento de nossas grandes faltas pode nos ocasionar certo medo ruim que coloca o coração num estado de estresse e que muitas vezes nos conduz ao desânimo. É por esta razão que ao longo de nossa vida devemos exercitar nossa confiança em Deus e nos encomendarmos à bondade de Deus que nos ama.

Mesmo assim o temor sagrado nos ajuda a empregar os meios apropriados para evitar os problemas. O temor sagrado e a esperança devem existir sempre juntos um com o outro. A esperança nos exorta a almejar a alegria sagrada que encontraremos na bondade suprema de Deus. Ele faz uso destas duas virtudes para levar a cabo a nossa cura espiritual.

Nossa vida está cheia de caminhos tortuosos que somente podem ser endireitados por meio de uma mudança de atitude. Quando dirigimos nosso coração para o amor de Deus, experimentamos um verdadeiro amor próprio. Quando o amor sagrado reina em nossos corações, abranda todos os demais amores. O amor divino submete todas as nossas emoções e nossos afetos naturais ao plano de Deus e ao seu serviço. Todos os nossos movimentos encontram repouso neste amor sagrado. Os corações daqueles que possuem abundante amor sagrado estão cheios de confiança e de esperança, já que eles caminham pelas veredas que os levarão diretamente à plenitude de Deus.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente os Sermões, L. Fiorelli, Ed.)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Enquanto esperais com anseio a vinda do dia de Deus... Vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz” (2 Pr 3, 12.14)

Hoje, nas Escrituras, encontramos novamente um sentimento de expectativa sobre o cumprimento da justiça de Deus e a necessidade de estarmos alertas e vigilantes. Certamente é a continuação da reflexão do domingo passado. A melhor maneira de antecipar a justiça de Deus é “ser santo na conduta e na prática da devoção. “Que devoção”? “Esta agilidade espiritual e a vivacidade que faz com que o amor trabalhe em nós. Ou a ajuda com a qual trabalhamos rápida e amorosamente... não somente nos faz rápidos, ativos, diligentes para fazer o que Deus quer, mas também nos leva a fazer todo o bom trabalho que podemos fazer de forma rápida e amorosa” (IVD, Parte i, Cap. 1). Lembro que no tempo de São Francisco não usavam a palavra “espiritualidade”, mas devoção. A devoção procura aproveitar as oportunidades diárias para fazer o bem. Verdade seja dita, não temos tempo para “esperar” quando se trata de praticar a espiritualidade. O “esperar” sugeriria que existem momentos em nossas vidas nos quais Deus quer que descansemos para amá-lo, para amar-nos a nós e aos outros.  Um olhar mais de perto em nossa relação conosco mesmos e com os outros revela que achamos que basta ocupar apenas uma hora durante a semana e que é suficiente para mantermo-nos ocupados com a espiritualidade enquanto antecipamos o dia em que a justiça e a paz do Reino de Deus se torne realidade.

Esperar não é ficar passivo, mas, trata-se de reconhecer que a prática da espiritualidade nos momentos e circunstancias particulares de nossa vida diária é importante. Isto, na tradição Salesiana, é a essência do estar “em paz”. Praticar a espiritualidade deve ser algo intencional, deliberado e consciente. “Devemos viver pacificamente em todas as coisas e em todos os lugares. Se aparecerem problemas exteriores ou interiores devemos recebê-los pacificamente. Se a alegria chega, devemos recebê-la pacificamente, sem que o coração bata mais do que o necessário. Se tivermos que tirar o mal, devemos fazê-lo de forma pacífica, sem alterar os outros. Se é preciso praticar a paz, devemos fazê-lo pacificamente. De outra maneira poderemos cometer muitas faltas por apressar-nos. Inclusive nosso arrependimento deve ser pacífico...”

Que melhor forma de mantermo-nos livres das “manchas do pecado” do que lutarmos para fazer o que é correto e bom aos olhos de Deus, e esforçar-nos para ser fontes de justiça de Deus nas nossas vidas e nas dos outros. Não existe melhor maneira de evitar o pecado do que dedicar-nos a prática da virtude.

Quem estamos esperando?