quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Pai e a Mãe de São Francisco de Sales

Eis o Brasão da Casa de Sales. O lema da família era: "Nem mais, nem menos". Eu já procurei em vários lugares a explicação do mesmo, mas ainda não consegui.


Francisco de Sales, Sr. de Boisy


     Filho de João de Sales e de Claudina de Charansonay, nasceu em 6 de janeiro de 1522. Tinha um irmão maior, chamado Luis. Aos 12 anos era Pajem no Castelo de Duingt, junto ao lago de Annecy. Em 1538 foi para a França. Aos 22 anos já era Capitão da Cavalaria e aos trinta, Embaixador ante os reis da França e em Navarra. Com a Paz de Ardres em 1546, retorna para a Sabóia. Em 1557 faz negociações para o Príncipe de Paris. Casou-se com Francisca de Sionnaz pelo contrato de 12 de maio de 1560. Ela tinha sete anos. Na primavera de 1566, celebraram o sacramento do matrimônio.
     O fato de ter sido militar por muitos anos e de ter que participar em várias guerras, o tornou seco e autoritário, e, as vezes, até brusco e áspero, como é costume na disciplina militar, especialmente em tempos de guerra.
     Porém, pelo fato de estar exercendo ofícios diplomáticos, o levou a moderar seus modos duros e, sobretudo a vida do campo e de sua amabilíssima esposa o foi transformando até chegar a ser um excelente pai de família. Sua formação de perfeito Cavalheiro na Corte o levará a formar em seu filho Francisco no melhor cavalheirismo. Leal em tudo. Não se conheceu nenhum bastardo. Estimava os camponeses e prestava-lhes auxílio.

Francisca de Boisy



     Francisca de Sionnaz era filha do sabioano Melchior de Sionnaz, Senhor de Vallières e de la Thuille. Sua mãe chamava-se Boaventura de Chevron-Villette. Esta já era viúva quando se casou com ele e era herdeira do nobre e poderoso Filippo Derée. Em 1560 morre Melchior de Sionnaz e a viúva Boaventura, dois anos depois, no dia 31 de março de 1562 se casa em terceiras núpcias com Pietro, Senhor de Monthoux e Vilagoret. Fica viúva uma terceira vez em 1567 e contrai um quarto matrimônio com seu primo de La Flèchère. A mãe de Francisca deu-lhe como dote de casamento o senhorio de Boisy, do qual faziam parte um castelo e um feudo, na paróquia de Groisy com a obrigação de que seu genro passasse a usar este título. Por isso, desde então, o Senhor de Nouvelles e sua esposa se chamarão Senhor e senhora de Boisy. Francisco herdou da mãe o caráter de terna, forte e prática piedade. Chamava-a de “minha boníssima e caríssima mãe”.
“Meu Deus e minha mãe me amam muito”. (Francisco de Sales)

Brasão da Família Boisy



Depoimento da Madre de Chantal sobre a mãe de Francisco de Sales:


“Era uma senhora das mais respeitáveis que conheci naquela época; possuía uma alma generosa e nobre, pura, inocente e simples; verdadeira mãe e provedora dos pobres; era modesta, humilde e complacente para com todos, muito serena em sua casa; administrava sabiamente sua família com a preocupação de fazê-la viver no temor de Deus; freqüentava amiúde os divinos sacramentos”. (Chantal, III,98)

domingo, 25 de abril de 2010

Dom Bosco e São Francisco de Sales (2)


2. NO RETIRO PARA A PRIMEIRA MISSA – como conclusão do retiro que fez em preparação para a primeira missa, Dom Bosco escreveu, num caderninho, 9 propósitos, ou resoluções que se propôs observar como padre. O 4º item diz o seguinte: “A caridade e a doçura de São Francisco de Sales me guiem em todas as coisas”. (MB 1, 518)

sábado, 24 de abril de 2010

Comentário do Evangelho dominical baseado na Espiritualidade Salesiana


4º Domingo depois da Páscoa – Ano C

     No Evangelho de hoje Jesus é o Bom Pastor que cuida do seu rebanho. São Francisco de Sales nos recorda que nós também devemos ser bons pastores que se ocupam de seus rebanhos.
     Existem pessoas que dizem que os pastores representam todas aquelas pessoas que desejam ser santas: mas, se cada um de nós é pastor, quem são nossas ovelhas? Nossas ovelhas são nossos desejos, nossos sentimentos e nossas emoções. Nós devemos cuidar deste rebanho espiritual. Jesus nos ensina como governar e controlar nossos desejos, sentimentos e emoções neste rebanho que devemos guiar.
     Como o pastor cuida do seu rebanho, o Bom Pastor nos reúne ao Seu redor para adaptarmo-nos à Sua maneira. Ele deseja que vivamos nossas vidas à luz da Vontade de Deus e não em base as nossas teimosias e aos nossos desejos. De Jesus podemos aprender como governar nosso rebanho e direcionar nossos desejos, sentimentos e emoções de forma que contribuam para nossa saúde espiritual.
     O que pode mais agradar a Deus, Nosso Divino Pastor, do que o fato de oferecer-lhe a ovelha que é o nosso amor? O amor é o primeiro desejo do espírito humano. O verdadeiro amor se consegue quando vivemos de acordo com as inspirações e os ditados que Deus deposita em nós.
     Nosso Deus é o Deus do coração humano. Nossos corações estão sedentos de Deus. Nós possuímos uma inclinação natural para conhecer e amar a Deus. Não existe outro amor que possa satisfazer-nos da mesma forma que o faz a bondade de Deus, de quem recebemos o alimento infinito.
     São Agostinho disse: “Amem a Deus e depois façam o que desejem”. Quando todos os nossos amores fluem do amor de Deus, então poderemos dizer que verdadeiramente amamos a Deus. Que felizes seremos se permanecermos na presença de Nosso Bom Pastor e o imitarmos fielmente, seguindo Seu exemplo! Então estaremos servindo a Deus como Deus o deseja e seremos bons pastores conosco mesmos e com os outros.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O SACERDOTE E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO

Por Monsenhor Lucio Ruiz, chefe do departamenteo de Internet do Vaticano proferida aos delegados e responsáveis dos meios de comunicação das dioceses espanholas em sua última assembleia acontecida em Madrid de 15 a 17 de fevereiro de 2010.

1. Introdução


Se quiséssemos delinear um dos eixos em torno do qual gira nossa sociedade contemporânea, poderíamos dizer que um deles é a “mudança”. Vemos como a sociedade, as instituições, as empresas, as pessoas mudam...

Surpreendemos-nos, às vezes até com medo, da velocidade das mudanças em curso, da potência deste “sistema nervoso” em escala planetária e nos perguntamos até onde se chegará, quando e até qual a configuração social se está gerando com esta rapidez vertiginosa [1].

Mas é necessário aprender e reconhecer esta mudança permanente para poder “mudar com a mudança” – adaptando os distintos aspectos da vida, em seu complexo articulado de realidades sociais, culturais, econômicas, políticas – mantendo os aspectos fundamentais da verdade e do bem, que são imutáveis em sua essência.

É aqui que aparecem os grandes conflitos porque, de um lado, “tudo muda” e de outro a verdade de Deus, e, portanto do bem, do amor e da verdade do homem mesmo [2] permanecem sempre as mesmas. Assim, a mudança questiona fortemente a verdade [3] e a capacidade do homem de conhecê-la, e nos põe tantas vezes em dúvida nos pontos essenciais de nossa vida cristã, exigindo-nos “reaprender” a Mensagem de Jesus, que é válida para todos os tempos e todos os homens, mas que necessita ser apresentada de maneira que possa ser acolhida pelo homem de hoje.

Mas, a “mudança” não é, em si, uma realidade negativa; também na mudança profunda existe aprendizagem. De fato, a organização/sociedade/pessoa não se limita a fazer algo novo: mas que cria a capacidade para fazer as coisas de forma distinta. Sustentar qualquer processo de mudança profunda requer uma modificação fundamental de nossa maneira de pensar. Temos que entender a natureza dos processos de crescimento e como canalizá-los. Mas também necessitamos compreender as forças e os desafios que impedem o progresso e assim desenvolver estratégias viáveis para enterder-mo-nos com os ditos desafios. Necessitamos apreciar “a dança da mudança”, a inevitável interação entre os processos de crescimento e os processos que limitam e que o detém. Necessitamos de um juízo crítico objetivo para um discernimento adequado dos elementos e os processos positivos e negativos que se apresentam para uma apropriada atuação.

Frente às mudanças podem-se tomar duas atitudes: ignorá-las ou envolver-se nelas [4]. A primeira é uma neofobia e a segunda é uma resposta criadora. A neofobia é a resistência à mudança, o medo do novo, a resistência às inovações, a paralização, é ver o entorno em mudança como uma ameaça [5].

A resposta criativa é a atitude de aprender, de inovar. É a “destruição criadora” [6]. É o caminho que faz a transformação [7].  É converter-se num agente de mudança e considerar a mudança como uma oportunidade [8].  A hora da verdade: as mudanças estão aqui, agora, independentemente de nossos desejos e de nossa vontade.

Não é de se estranhar que a realidade da sociedade se encontra numa situação de movimento profundo, porque, com a Globalização e a introdução das Tecnologias da Comunicação em todos os aspectos da cultura contemporânea, se modificam não somente aspectos simplesmente “operativos”, mas se introduzem – e cada vez mais – variações nos aspectos antropológicos e fenomenológicos da vida do homem, tais como: as noções de espaço, de tempo, os aspectos cognitivos e relacionais da pessoa humana. [9] Definitivamente, uma revolução total, que indica uma mudança de época. [10]

Portanto, muitos chamam este fenômeno de nova revolução copernicana, na qual cada pessoa e todas as pessoas, querendo ou não querendo, estão implicadas e integradas no círculo comunicacional. [11]

A correta hermenêutica dos novos sinais dos tempos, nesta “Era Digital”, é que se pode projetar uma socieda-de/instituição para o futuro e para novos horizontes, ou diretamente terminá-la, caso não se compreenda as novas coordenadas e se adaptou à mudança.

No primeiro Congresso Continental americano sobre Igreja e Informática, celebrado em Monterrey, México, em março de 2003 [12] os Bispos presentes no congresso se perguntavam: “como incide na cultura contemporânea? Que deve fazer a Igreja nesta nova cultura” Certamente verificavam que a mudança cultural, essencialmente “comunicacional”, não é algo acidental ou que atinja a pessoa de maneira tangencial. A cultura contemporânea é uma cultura marcada pela tecnologia, em particular a das comunicações e a telemática. [13]  As mutações que resultam do desenvolvimento tecnológico, [14] atuam sobre a pessoa, sobre todas as pessoas, sobre as instituições, sobre os dinamismos de diálogo, sobre a configuração das famílias e comunidades, sobre a forma de educação, mudando o modo de pensar, de sentir, de ver e de interagir com a realidade, com os outros e com Deus. [15]  A mudança espaço-temporal se apresenta com uma nova revolução copernicana. Então, o problema consiste em descobrir até que ponto, em certo sentido, a pessoa e sua comunidade mudaram, e, portanto, cada uma das disciplinas que desejam tratar estes argumentos – compreendida a teologia – devem ter uma adaequatio à nova realidade da pessoa para permitir-lhe continuar a transmitir (tradere) a verdade do homem e a Mensagem do Evangelho. [16]

Mesmo que seja muito importante e necessário é evidente que não basta uma análise do emprego que a Igreja faz dos meios e não é tampouco suficiente uma hermenêuntica dos meios de comunicação e suas linguagens. Inclusive o estudo da pastoral dos meios de comunicação e seus operadores por si só não basta. Os Bispos reunidos em Monterrey se interrogaram se não chegou o momento de ir do fenômeno ao fundamento, buscando as raízes de todas as atividades no âmbito da comunicação no manancial teológico.

A Igreja não pode deixar de questionar-se sobre a nova cultura de modo profundo, porque a crescente importância dos meios de comunicação no mundo tem forte incidência sobre a cultura, em todos os níveis. Isto é de grande interesse para a Igreja, porque atinge, de modo profundo, sua mesma natureza e missão, que é também aquela de comunicar. [17]  Além disso, a crescente importância da comunicação também leva a uma crescente preocupação pastoral sobre a evangelização, a inculturação e a mesma comunicação dentro da Igreja. [18]



2. A Igreja e a “era digital”



“O problema não está no fato que a Igreja comunica. Comunicar para a Igreja não é algo opcional, faz parte de sua própria missão. Do ponto de vista teológico, a Igreja nasce e vive graças a Deus que se comunicou em Cristo. Foi querida por Cristo como sacramento de comunhão dos homens com Deus e entre eles. Sua missão essencial é, pois, comunicar o anúncio”. [19]

a) As mudanças culturais e a “inculturação” da fé.

“Quando os Padres do Concílio (nos dizia João Paulo II na Mensagem para a XXIV Jornada Mundial das comunicações sociais de 1990) estavam olhando para o futuro e intentavam discernir o contexto no qual a Igreja estaria chamada a levar adiante sua missão, puderam ver claramente, que o progresso e a tecnologia já estavam ‘transformando a face da terra,’ e, inclusive, que já se estava chegando à conquista do espaço (cf. Gaudium et Spes, 5). Reconheceram, especialmente, que os desenvolvimentos na tecnologia das comunicações, com toda probabilidade, iriam provocar reações em cadeia, de consequências imprevisíveis”. [20]

Disso deriva uma consequente e necessária “inculturação”, com a precisão de encontrarmo-nos com uma “nova cultura” que não tem fronteiras, nem raças e que “não tem espaço” e “não tem tempo”. Porque “A missão da Igreja não consiste em impedir a transformação da cultura, mas assegurar a transmissão da fé em Cristo, no coração mesmo das culturas, em pleno processo de mudança”. [21]

O passo cultural, a inculturação necessária, está caracterizada não somente pela utilização em diversos espa-ços e níveis dos meios de comunicação, mas por um pensamento e uma atividade intrinsicamente marcados pela comunicação, que incorpora os meios telemáticos.

Se olharmos para as novas gerações poderemos verificar que, para elas, os “media” se escondem, são trans-parentes, se diluem na sua realidade mediática, [22]  mas desejaram sua marca na lógica, não somente de sua utiliza-ção, mas, na estrutura do pensamento e na dinâmica comunicacional mesma. Por isso, quando um jovem usa um meio telemático não está na frente de um instrumento, como poderíamos entendê-lo e usá-lo nós mesmos, que pertencemos a outras gerações, para os quais o computador e a internet são elementos úteis para redigir melhor nossos documentos e enviá-los a todas as partes; tão pouco se apresenta um problema metafísico, moral e existencial, como para nós, que fazemos mil perguntas, tais como: “são bons, são maus?”, ou, “devemos ter nossos próprios meios ou usar os já existentes?”.

Para as novas gerações a telemática, que torna real a era comunicacional, a era digital, existe e é usada por elas assim como para nós existe e se usa o trem, o automóvel ou o avião, ou, dando um exemplo mais claro para nossa compreensão, a luz elétrica. Quem se pergunta se existe ou não, se é boa ou não? Ninguém... simplesmente existe e se usa. Isto quer dizer que não existe problemas culturais, existenciais, morais? Não, e imaginem se não existem! Basta pensar em toda a problemática da contaminação ambiental para compreender a magnitude dos problemas relacionados com a eletricidade que devem ser compreendidos, analisados, estudados a fim de aplicar medidas de solução. Mas nem por isso, a priori, a luz elétrica é condenada ou desprezada. Ninguém deixa de usar tudo o que funciona com a eletricidade só por causa dos problemas a ela relacionados, mas, partindo da realidade de sua existência e tendo em conta seus benefícios, faz falta conhecer o fenômeno e regulá-lo desde sua própria realidade intrínseca.

Todos ficamos assombrados com os fenômenos como o You-Tube, Wikipedia, Google, mas isto não é somente um fenômeno de “meios”nem tampouco uma realidade de “conteúdos”, como estamos acostumados a analisar até este momento. Meios e conteúdos se fundem numa única realidade e assim é vivida e utilizada pelas novas gerações. Para elas não existe a concepção dualística, nem existe um limite claro entre uma coisa e outra. O conteúdo já vem elaborado com a lógica e a linguagem do meio que se usa. Disto surge um desafio que não pode somente ser analisado em seus aspectos negativos, mas que deve ser visto e aproveitado em seus aspectos positivos, completando suas carências e corrigindo seus erros.

Os meios são o “ambiente”no qual o homem de hoje se move e no qual o homem de amanhã se moverá de uma maneira muito mais profunda. Os meios são a janela através da qual se vê o mundo e proporcionam a herme-nêutica com a qual “interpreta” seu ser e seu viver. Basta pensar nos jovens de hoje para os quais, por exemplo, a realidade da amizade, que implica partilhar tempo, ideias, sentimentos, interesses se amplia, sem conflitos internos a toda a “realidade virtual”. Eles, por meio dos canais de comunicação, fazem de todo o mundo a própria realidade onde se movem, da qual tomam os valores e na qual também deixam sua própria marca.

Por isso, o Pontifício Conselho para a Cultura afirma: “os meios de comunicação social desempenham na cultura atual um papel fundamental. A imagem, a palavra, os gestos, a presença são elementos que não se podem descuidar no processo de evangelização, que se insere na cultura das comunidades e dos povos, mesmo quando se deve estar atento para não privilegiar a imagem em detrimento da realidade e do conteúdo objetivo da fé. As enormes mudanças que os meios de comunicação social operam na vida das pessoas, reclamam um compromisso pastoral adaptado...”. [23]


b. Uma “nova cultura” a evangelizar


Deve-se partir do pressuposto que é mais do que evidente: a cultura atual está intrinsecamente marcada pelos meios de comunicação social, que, superando um primeiro nível da “era tecnológica”, chegam hoje a estruturar, desde a raiz, a era comunicacional, quer dizer, que a tecnologia não se apresenta como um mero instrumento para ajudar-nos a realizar as coisas, a tecnologia incorporou-se e desenvolveu uma nova maneira de viver e de relacionar-nos.

É forte, a respeito, a afirmação que faz Joáo Paulo II em Redemptoris Missio: “O primeiro areópago do tempo moderno é o mundo da comunicação, que está unificando a humanidade e transformando-a – como costuma dizer-se – numa “aldeia global”. Os meios de comunicação social alcançaram tal importância que para muitos são o principal instrumento informativo e formativo, de orientação e inspiração para os comportamentos individuais, familiares e sociais. As novas gerações, sobretudo, crescem num mundo condicionado por estes meios. [...] Nosso trabalho neles, no entanto, não tem somente o objetivo de multiplicar o anúncio do Evangelho. Trata-se de um fato mais profundo, porque a mesma evangelização da cultura moderna depende em grande parte de seu influxo. Náo basta, pois, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, senão que convém integrar a mesma mensagem nesta “nova cultura” criada pela comunicação moderna. É um problema complexo, já que esta cultura nasce mesmo antes do que os conteúdos, do mesmo fato de que existem novos modos de comunicar com novas linguagens, novas técnicas, novos comportamentos psicológicos.” [24]

Por sua parte e sempre com um olhar crítico sobre como a sociedade mediática atual cria novos espaços, Ke-vin Kelly (editor da revista Wired magazine) afirmou: “No passado foi muito fácil ignorar a tecnologia porque não penetrou nos espaços da nossa vida na qual estamos realmente envolvidos: nossa rede de amizades, o escrever, o pintar, o cultivar a arte e a cultura, as relações, a identidade, as associações cívicas, a natureza do trabalho, a aquisição de bem estar, o poder. Mas, hoje, a constante aplicação da tecnologia na rede de nossas comunicações e os transportes tem completamente submergidas estas áreas sociais. Nosso espaço social foi invadido pelo telégrafo, o fonógrafo, o telefone, a fotografia, a televisão, o avião, o automóvel; em seguida o ordenador, Internet e agora a rede. Lá a tecnologia é no exterior, alheia, periférica; hoje está no centro de nossa vida”. [25]

Esta mudança tecnológica e, sobretudo, comunicativa, indica uma virada em muitas áreas da vida humana: sociais, econômicas, científicas, culturais que produziu uma mudança essencial nas dobradiças da própria sociedade, em particular nas relacionais. [26]

Do ponto de vista social isto comporta, por conseguinte, nova marginalização, novas camadas sociais, se fala de “info-pobres” e “info-ricos”, novas configurações e “mapas”das relações: o digital divide a brecha digital. [27]

A configuração social deve pensar-se em chave relacional. “Os meios de comunicação já não são uma tela que se olha, um rádio que se escuta. São uma atmosfera, um entorno no qual alguém se fundiu, que nos envolve e nos penetra de cada lado. Estamos num mundo de sons, de imagens, de cores, de impulsos e de vibrações como o homem primitivo estava submergido na selva, como um peixe na água. No nosso entorno, os meios de comunicação são um novo modo de estar vivos”, afirmava o Cardeal Martini. [28]

Este novo modo de ser supõe um forte desafio de caráter antropológico e com ele as consequentes comparações com as realidades tradicionais da família, da Igreja, da escola, da Comunidade, da amizade, do empenho sócio-político. Todas as realidades relacionadas com as anteriores (reais) se tornam também indiretas (virtuais), quer dizer, espaços relacionais, cenários comunicativos, entornos vitais; em outra chave se poderia dizer que a comunicação, do ponto de visita relacional, determina aspectos novos do desenvolvimento do nosso ser e da nossa maneira de existir, se soma à realidade real à realidade virtual, não como realidade estranha a nossa vida.

Uma reflexão sobre a cultura nos leva a pensar sobre a necessária mutação provocada pelos meios de comunicação: [29]  “A sociedade, pois, se apresenta cada vez mais ‘a subsistência informativa.” [30]

A proliferação, pois, de códigos eletrônicos e a visão global nos colocam diante de um novo tipo de pessoa. Com efeito, a linguagem da palavra fica muito curta frente às novas linguagens e códigos “multimediais” que impli-cam todos os sentidos e são universalmente compreensíveis.

A Igreja se encontra frente a um novo desafio que não pode ser ignorado, porque hoje estamos imersos não somente nos tradicionais meios de comunicação – rádio, televisão, internet – mas numa nova geração de meios que incorporam os meios tradicionais, os entrelaçam e potenciam sua ação, tanto em seu alcance a todo tipo de pessoas – inclusive aquelas que até agora estavam fora do âmbito de sua influência – como em sua capacidade para envolver o mais profundo da pessoa, gerando assim uma globalização cultural. Por isso a sociedade necessita aprender a interpretar e “viver” a era da comunicação.

c. O Sacerdote e o sacerdócio na era digital


De tudo o que foi analisado até aqui, como nos diz o Papa na mensagem deste ano para a Jornada das Comunicações Sociais: “põe em primeiro plano a reflexão sobre um âmbito pastoral vasto e delicado como é o da comunicação e o mundo digital, oferecendo ao sacerdote novas possibilidades de realizar seu particular serviço à Palavra e da Palavra”.

Mas, em primeiro lugar, estas possibilidades se apresentam como um “desafio”, e, em segundo lugar como uma “missão”.

Para compreender que as tecnologias da comunicação são uma “possibilidade”no ministério, faz falta reco-nhecer que, verdadeiramente, “o mundo digital, oferecendo meios que permitem uma capacidade de expressão quase ilimitada, abre importantes perspectivas”e, portanto, “a responsabilidade do anúncio não somente aumenta, mas que se faz mais rápida e reclama um compromisso mais intenso e eficaz”, afirma o Papa.

O mundo mudou, e, sobretudo, as novas gerações mudaram de maneira muito profunda a lógica do pensa-mento e a maneira de relacionar-se. Dizia o Papa na mensagem para a Jornada das Comunicações do ano passado: “as novas tecnologias digitais estão provocando profundas transformações nos modelos de comunicação e nas relações humanas”. Portanto, é importante dar-se conta que estar presente na era digital, na cultura digital, no mundo digital, não significa simplesmente ter uma web, usar um computador, senão compreender a lógica da comunicação das pessoas nesta nova cultura e com esta lógica e nesta cultura. “Os jovens especialmente se deram conta do enorme potencial dos novos meios para facilitar a conexão, a comunicação e a compreensão entre as pessoas e as comunidades, e os utilizam para estar em contato com seus amigos, para encontrar novas amizades, para criar comunidades e redes, para buscar informações e notícias, para partilhar suas ideias e opiniões” continuava Bento XVI.

Por isso as “possibilidades” das novas tecnologias de comunicação nos abrem o horizonte da “missão”. “Nos primeiros tempos da Igreja, (diz o Santo Padre) os Apóstolos e seus discípulos levaram a Boa Notícia de Jesus ao mundo Greco-romano. Assim como então, a evangelização, para dar fruto, teve necessidade de uma atenta com-preensão da cultura e dos costumes daqueles povos pagãos, com o objetivo de tocar sua mente e seu coração, assim também agora”. Quer dizer, como aos Apóstolos, aos sacerdotes se apresenta um “novo mundo a Evangelizar”e, portanto, nós, como eles, temos “necessidade de uma atenta compreensão da cultura e dos costumes... com a finalidade de tocar sua mente e seu coração”. Portanto, não estamos falando simplesmente de aprender a manejar “uma nova máquina de barbear, um novo ventilador” um algo que nos ajude a fazer melhor o que fazíamos sem necessidade de um esforço de nossa parte, especialmente um esforço para conseguir uma nova síntese cultural... estes não são “meios para tornar mais simples a atividade que fazíamos”, são meios que “fazem distinto daquilo que fazíamos”. Hoje, não só nos encontramos fisicamente com os “amigos de todos os dias”, mas também os encontramos virtualmente (independente de onde se encontrarem).

O Papa nestas mensagens nos fala de “geração digital”, de “mundo digital”, “tempo digital”, “continente digital”! Portanto, se existe um novo mundo, uma nova geração, um novo tempo, um novo continente... existe uma nova Evangelização! E isto nos chama a tomarmos consciência de que para um “novo mundo” é preciso mandar missionários, portanto, missionários da era, da cultura, do mundo, da geração, do tempo digital”.

Isso implica, como sempre foi para todos os missionários, aprender novas línguas, novos costumes, inserir-se em novas culturas, ter que traduzir o Evangelho para que fosse aprendido e vivido!

Por isso estas “novas possibilidades” que o Papa nos fala são antes de tudo um desafio, porque se tudo isso não for entendido profundamente, e somente aplicarmos “um verniz cultural” não poderemos evangelizar o “novo mundo”e o Evangelho ficará fora dele... De fato, se não compreendermos que as novas tecnologias tem suas linguagens e suas metodologias próprias, suas dinâmicas e lógicas próprias, nos encontramos numa simples transposição de conteúdos de um meio para o outro; pelo qual,sem usar a linguagem própria do conteúdo não será compreendido e se perderá. O rádio tem recursos auditivos, a televisão agrega o mundo das imagens, da cor e o movimento, a Internet agrupa todos e lhe dá interação, proximidade, universalidade, e suprime sua vinculação espaço-temporal. Pensar que “estar na internet” é simplesmente colocar a homilia do domingo, assim como foi pregada, numa página da internet, a menos que seja um arquivo de homilias, é não entender o que é uma nova linguagem, é ser um missionário limitado no novo mundo. Com palavras do Papa: “A este respeito, o sacerdote se encontra como que no início de uma “nova história”.

E este desafio deve ser assumido de maneira orgânica, não como um hobby pessoal, ao qual se devem dedicar os que tenham condições para isso, mas que deve convocar-nos a todos sistematicamente na formação permanente do sacerdote e mais ainda, na preparação do seminarista para o ministério sacerdotal.

Além disso, não se deve tratar simplesmente de uma fórmula técnico-prática, que levaria a “usar melhor o barbeador”, mas que se trata, em primeiro lugar, de penetrar o mistério teológico de quando compeende a comunicação, que não toma sua definição das ciências da comunicação, mas da ciência de Deus, uno e trino, que é comunhão e se comunica ao homem! Assim, com um caminho teológico sólido deve passar-se da ciência antropológica, para compreender quanto significa para o homem comunicar-se, pois, é na relação onde o homem não somente pode viver e aprender, mas que se plenifica como tal, na comunicação com Deus e com os semelhantes. Com estas bases sólidas, não existe perigo de submergir-se no mundo do que é a comunicação humana e suas ciências específicas. “O sacerdote... há de unir o uso oportuno e competente de tais meios – adquiridos também no período da formação – com uma sólida preparação teológica e uma profunda espiritualidade sacerdotal, alimentadas por seu constante diálogo com o Senhor,” nos diz o Santo Padre.

É um verdadeiro desafio para nós, sacerdotes, esta mudança cultural, mas não podemos deixar para trás, porque sendo a comunicação a essência da mudança cultural e sendo também a comunicação a essência da Igreja, que nasce de um ato comunicativo de Deus e tem como Missão a Vida e a Graça divina, o sacerdote se vê chamado essencialmente a entrar de cheio nesta dinâmica da nova cultura, da geração digital. Por isso o Papa pede “aos presbíteros a capacidade de participar no mundo digital em constante fidelidade à mensagem do Evangelho, para exercer seu papel de animadores das comunidades que se expressam cada vez mais através das muitas “vozes” surgidas no mundo digital”.

Certamente, na rede não faltam riscos! Por isso, mais do que nunca, urge a formação integral da pessoa e de maneira especial a formação clara e específica para o uso consciente e responsável de sua liberdade, porque não são os firewalls e os filtros os que devem fazer a história do homem (mesmo que possam ajudar), mas a decisão e a escolha da liberdade levada adiante ao longo da vida com sacrifício, perseverança e amor!

Por isso o Papa nos diz “no impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede» porque é necessário não somente usar e estar presentes, mas ensinar a viver em chave cristã os novos processos comunicativos e relacionais introduzidos no mundo pelas tecnologias digitais.”

Muitas vezes se pergunta “porque os padres tem que se ocupar com estas coisas” (pergunta que, sobretudo, se fazia nos inícios da expansão da internet e do desenvolvimento massivo das tecnologias da comunicação). O Papa na mensagem deste ano dá uma resposta tanto precisa como desafiante: “Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e atual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, asse-gurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era «digital», os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral.”



d. A proposta da Congregação para o Clero



No marco da necessidade/possibilidade de entrar na dinâmica da “cultura digital” e poder aproveitar os benefícios que as novas tecnologias da comunicação oferecem à vida cotidiana da Igreja no meio de tantos e importantes projetos, existe um, chamado CLERUS, dedicado aos sacerdotes e projetado pela Congregação para o Clero, que é o organismo da Santa Sé que se ocupa de tudo o que se refere aos sacerdotes e diáconos do mundo.

Esta Congregação, em seu empenho de promover a formação permanente dos clérigos, organizou um sistema informático que contém uma pluralidade de subsídios para um mais frutuoso exercício do ministério sacerdotal, diaconal e catequístico, para oferecer fácil acesso a tão considerável patrimônio doutrinal, magisterial da Igreja e Teológico para o estudo permanente e para uma mais atenta e decorosa pregação da Palavra de Deus, além de uma maior preparação no ensinamento da catequese. Colocou-se particular empenho para que estes subsídios também possam alcançar os clérigos que não tenham possibilidade de acesso a materiais para sua formação.

Antes de tudo é preciso esclarecer que CLERUS não é simplesmente um site internet, mas um conjunto de projetos, concatenados entre eles, que levam em conta as necessidades apresentadas pelos Bispos em suas visitas Ad Limina Apostolorum, e do que surgiu do contato pessoal, seja com os Bispos seja com os sacerdotes. O estudo destas exigências, os dados estatísticos da situação cultural-economico-tecnológico mundial, as possibilidades estratégicas da Santa Sé/Congregação para o Clero ante o mundo, permitiram desenvolver estes projetos-serviços que alcançaram os cinco continentes. Este grupo de projetos/serviços CLERUS é formado por:

1. Sites Internet www.clerus.org / www.clerus.net / wap.clerus.net
2. Projeto “Missio” que está disponível em www.clerus.org para ser consultado por correio eletrônico.
3. O “Smart Cd” que está disponível em www.clerus.org em CDRom.
5. CD “Biblia Clerus” que está disponível em www.bibliaclerus.org em CDRom
6. Mailing list (lista de distribuição)
7. Teleconferências teológicas com os cinco continentes
8. Newsgroups
9. E-learning, que está disponível na escola Sacrum Ministerium on line
10. Site internet www.annussacerdotalis.org que leva adiante a iniciativa do Ano Sacerdotal.

Assim, o sistema CLERUS se apresenta como instrumento importante para a formação dos sacerdotes e diáconos, especialmente para aqueles que não têm outros meios para consultar as grandes bibliotecas. Ali se encontram: o magistério do Papa, homilias do Prefeito, documentos relacionados com o ministério sacerdotal e diaconal: mas também se oferece uma ampla biblioteca eletrônica onde se encontram muitas áreas como liturgia, direito, hagiografia, oração, omilética, etc. O site e o CD BIBLIACLERUS contém o texto bíblico em diversas línguas, 12 versões bíblicas – livres de direitos – e estão enriquecidas com as obras completas de 11 de 33 doutores da Igreja, de Santo Agostinho a Santa Teresa do Menino Jesus. O programa está orientado para a pregação. Por este motivo em cada citação bíblica é possível descobrir uma das categorias do esquema das quatro partes do Catecismo da Igreja Católica, comentários místicos, morais, dogmáticos, etc.

b. Mailing list

- Com o objetivo de estabelecer contato com os sacerdotes e diáconos para que possam receber nossos serviços criaram-se as “listas de distribuição”, que são listas de endereços de e-mail, divididas por línguas com os usuários se inscrevem para receber tanto os materiais de formação como os de informação.

No momento temos:

+ 20.275 sacerdotes e diáconos

+ 2.503 Bispos

+ 2.544 Dioceses e outros

+ 109 Nunciaturas

+ 66 Conferências Episcopais

As listas estão divididas nas seguintes línguas: italiano, inglês, francês, espanhol, português e alemão.

O Projeto CLERUS envolve a Congregação para o Clero, vale dizer que não é somente uma tarefa da Oficina de Informática, quem coordena os projetos, mas que é uma tarefa empreendida inteiramente pelo Dicastério e se realiza dentro do trabalho cotidiano.

Os Superiores encarregaram alguns oficialmente como responsáveis pelo conteúdo do site para as diversas línguas, mas é responsabilidade dos mesmos superiores traçar a linha geral dos sites, como cada língua em particu-lar. Desta maneira cada língua tem uma vida independente quanto ao conteúdo, dependendo do material que se pode colocar à disposição dos correspondentes diretos com o autor. Portanto, o conteúdo nem sempre está em paralelo, exeto nas coisas fundamentais que se realizam, como as traduções oficiais, sobretudo no que concerne aos documentos do Magistério.

É tarefa dos superiores a relação com as editoras, as universidades e os muitos autores que colaboram com o conteúdo, de maneira que possam realizar os necessários convênios e acordos para encontrar o material adequado, de qualidade e com os direitos do autor que fazem falta para a publicação.

O interesse do atual Prefeito, o Cardeal Cláudio Hummes, é com a Missão, por isso quer que estes sites www.clerus.org e www.annussacerdotalis.org alcancem o maior número possível de presbíteros, dando uma nova dinâmica na apresentação do conteúdo e no mesmo conteúdo, reavivando e estimulando no sacerdote o aspecto missionário, propondo e convidando os presbíteros a ler, a aprofundar e assim formarem-se, para levar adiante a missão.

3. Conclusão

A “era digital”, com sua consequente mudança de paradigma, essencialmente comunicacional e definida es-truturalmente pela “mudança”, nos coloca diante de três grandes desafios: [31]

- primeiro, a tomada de consciência e a assunção da realidade da mudança cultural, com sua nova lógica, suas potências e seus limites. [32]

- segundo, um maior aproveitamento e estudo interdisciplinar (que ponha suas bases na telogia) do núcleo desta nova cultura que é a comunicação. Esta é, definitivamente, profundamente cristã, [33] não somente porque a Igreja nasce de um ato comunicativo de Deus, que dá a Vida e dá a Graça, mas porque a própria Encarnação do Verbo é o ato intrinsecamente comunicativo de Deus. Em Jesus, Deus fala, e é este o protótipo da comunicação humana, porque é comunicação, que nasce da Comunicação Divina e tende à Comunhão divina.

- o terceiro desafio é a missão. [34] Se a característica da cultura contemporânea se apresenta como “era de mudança” e na troca encontra a sinergia do crescimento e sua própria fecundidade – e também seu limite! -, então devemos aceitar que a realidade do homem (no presente e cada vez mais no futuro) é “nômade”. O perfil do homem contemporâneo já não é mais “sedentário” e sua “geografia psicológica” mudou profundamente. Isso implica que o esquema “toquem os sinos e os fiéis vem para a igreja” fica cada vez mais “fora de época”, não porque não se deve tocar os sinos, mesmo que hoje estes continuam soando, mas porque os fiéis já não vem tanto à missa (inclusive em alguns lugares as Igrejas já não podem tocar seus sinos para não incomodar os moradores dos edifícios que foram construídos perto delas). Portanto, existe um chamado fundamental ao mandato original: Ide e anunciem o Evangelho (Mc 16,15). Isto implica de nossa parte conhecer o mundo, conhecer o homem que hoje deve receber a mensagem. A mensagem permanece sempre idêntica, já que é a Mensagem da Vida e da Salvação, mas o homem mudou, sua linguagem mudou, seu pensamento mudou, seu habitat mudou, por isso somos chamados a “... uma evangelização nova. Nova em seu ardor, em seus métodos, em sua expressão”. [35]  O elemento “mudança”que lhe dá impulso “para frente”, não carece de graves inconvenientes, porque numa realidade em permanente estado de mudança se coloca em risco o valor perene da Verdade revelada e da intrínseca natureza do homem. Mas estes graves inconvenientes da mudança não se resolvem ignorando sua existência ou condenando-os a priori, mas Evangelizando-os: Ide e anunciem! Isto implica que entrar na área digital, como dissemos, significa muito mais que “ter um computador”, ter uma página na internet ou uma rádio ou canal de televisão, significa conhecer, assumir a cultura e “transmitir” (tradere) a Mensagem de sempre ao homem de hoje, respondendo a suas perguntas [36] e iluminando sua existência com uma Mensagem, que não somente é do conhecimento da Verdade, mas que é a comunicação do Amor do Pai!

Tradução: Tarcizio Paulo Odelli – SDB

Nota: as citações não foram traduzidas.
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[1] Cfr. De Kerckhove, D., La piel de la cultura: investigando la nueva realidad electrónica, Gedisa Editorial. Barcelona, 1995.


[2] Cfr. Gaudium et spes 22.


[3] Cfr. Benedicto XVI, Discurso del Papa a un congreso organizado por el Consejo Pontificio para las Comunicaciones Sociales, 23 de mayo de 2008, http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2008/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20080523_pccs_sp.html


[4] Cfr. Viloria Rendón, O., Análisis del entorno: un tiempo de cambios, en «Revista venezolana de análisis de coyuntu-ra», enero-junio, año/vol. XI, número 001, Universidad Central de Venezuela, Caracas, Venezuela, 2005, pp. 11-36.


[5] Cfr. Owen, H., El Espíritu del liderazgo, Oxford University Press, México, 2001.


[6] Cfr.Schumpeter, J., La respuesta creadora en la historia económica, Editorial Oikos-Tau, Barcelona (1968).


[7] Cfr. Deming, E., La Nueva Economía para la industria, el gobierno y la educación, Ediciones Días de Santos, Madrid, 1998.


[8] Cfr. Drucker, M., La sociedad poscapitalista, Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1999.


[9] "Los medios de comunicación tienen la capacidad de pesar no sólo sobre los modos de pensar, sino también sobre los contenidos del pensamiento. Para muchas personas la realidad corresponde a lo que los medios de comunicación definen como tal; lo que los medios de comunicación no reconocen explícitamente parece insignificante". Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Instrucción pastoral Aetatis novae, 1992, n. 4.


[10] Cfr. Galvan, J. M., El nacimiento de la tecnoetica, Roma 2001,


www.usc.urbe.it/ html/php/galvan/indextecnoet


[11] Cfr. Delgado, B., Nuevos medios, nueva sociedad. La incidencia de la comunicación publicitaria, en «Retos de la sociedad de la información», Universidad Pontificia de Salamanca, Salamanca, 1997, pp. 121-142.


[12] Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Iglesia & Informática. Congreso Continental. Monterrey (Méxi-co), EDICE - Conferencia Episcopal Española, 2004.


[13] "Porque el ‘mensaje' de un medium o una tecnología está en el cambio de proporciones, de ritmo o de esquemas que introduce en las relaciones humanas. [...] ‘El medium es el mensaje', porque es el medium que controla y plasma las proporciones y la forma de la asociación y la acción humana. Los contenidos, en cambio, de estos medios de comunicación pueden ser diferentes, pero no tienen alguna influencia sobre las formas de la asociación humana". McLuhan, M., Los instrumentos del comunicar, CDE, Milán 1997, pp. 16-17; cfr. McLuhan, M., La luz y el medio. Reflexiones sobre la religión, Armando Editor, Roma 2002; Granados G. M., La cultura digital: posibilidades, fracturas. Ética en el comunicación, en PCCS, Iglesia e informática, op. cit., pp. 55-88; Galvan, J. M., La comunicación entre fe y cultura, en «Era mediática y nueva evangelización» a cura de Stenico, T., LEV, Vaticano 2001, pp. 204-226.


[14] Es abundante la bibliografía sobre el análisis de los cambios provocados en el mundo por desarrollo de la tecnología, especialmente aquel al servicio de la comunicación, y no solamente limitadamente al ámbito del medios de comunicación. Cfr. Soukup, P., Communication and theology: introduction and review of the literature, Avon Litho Ltd., Stratford-upon-Avon, Warwickshire, 1991; Recent work en communication and theology: a guide for the CICS, en «Cross Connections. Interdisciplinary Communications Studies at the Gregorian University» por Srampickal, J. - Maza, G. -Baugh, L., PUG, Roma 2006.


[15] "Una revolución que, modificando el modo de comunicar, acaba también por invertir el modo de pensar y de vivir, induciendo reales cambios antropológicos, sociales y culturales, tanto de legitimar la reflexión sobre una real ‘cultura informática' como factor de pasaje de la era moderna a aquella post-moderna". Panteghini, G.,Messaggio cristiano e cultura informatica, en «Credere oggi » 86 (2/1995), p. 97.


[16] Cfr. Conferenza Episcopale Italiana (CEI), Comunicazione e missione. Direttorio sulle comunicazioni sociali nella missione della Chiesa, LEV, Vaticano 2004.


[17] Bressan, L., La Chiesa come struttura comunicativa, en «Credere oggi» 144 (6/2004), p. 25.


[18] Cfr. Iribarren, J., El derecho a la verdad. Doctrina de la Iglesia sobre prensa, radio y televisión (1831-1968), BAC, Madrid 1968; Metzinger, L., Le Cinema au service de l'Evangelization et du Development, in «Filmis», OCIC (Organizazzione Cattolica Internazionale del Cinema), Roma 1969, p. 22, cit. en Teología y comunicación en los documentos de la Iglesia, en «Iglesia y medios de comunicación social. El Magisterio de la Iglesia Católica. Actas del Congreso Internacional (Murcia, 20 y 21 de octubre de 2000, Auditorio y Centro de Congresos Región de Murcia)», a cura di Navarro Ibáñez, P., Universidad Católica San Antonio (Murcia) y Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Murcia 2002, p. 59.


[19] Corgnali, D., Le nuove frontiere della comunicazione, en «Credere oggi» 86 (2/1995), p. 5.


[20] Cfr. Juan Pablo II, Mensaje para la XXIV Jornada Mundial de las comunicaciones Sociales, 24-1-1990.


[21] Cfr. Pontificio Consejo para la Cultura, ¿Dónde está tu Dios? La fe cristiana ante la indiferencia religiosa, Documento conclusivo de la Asamblea Plenaria del 2004, n. II , Proposiciones Concretas.


[22] Cfr. Saint-Exupéry, A., Terra degli uomini, Mursia, Milano 2000, pp. 53-54.


[23] Pontificio Consejo para la Cultura, ¿Dónde está tu Dios?, op. cit., Proposiciones Concretas, 2.1.


[24] Juan Pablo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 7-12-1990, en EV 12 547-732, 37 c.


[25] Kelly, K., Nuove regole per un nuovo mondo, Ponte alle Grazie, Milano 1999, p. 46.


[26] "Pero mientras este discernimiento se entrena y mientras se busca el modo más adecuado de comunicar el Evangelio al hombre de nuestro tiempo, la atención contextual del teólogo no puede no interrogarse en orden a la profundidad del cambio cultural que se produce en el horizonte mediático contemporáneo, también a causa del estallido comunicativo que no sólo el occidente está viviendo. Las implicaciones gnoseológicas, antropológicas, éticas de este tránsito cultural no parecen indiferentes o irrelevantes al saber de la fe". Lorizio, P., Teologia e comunicazione, en «Era mediatica e nuova Evangelizzazione», por Stenico, T., LEV, Vaticano 2001, p. 213.


[27] Cfr. Saporito, P.P., Líneas para un plano de acción, en «Infopoverty: possible solutions», por Castelli Fusconi, C. - Giagnotti Tedone, F. , Vita e Pensiero, Milano 2002, pp. 131-132; Cfr. Petrella, R., Il "digital divide": analisi e proposte, en «Internet e l'esperienza religiosa in rete», por Arnoldi, P. - Scifo, B., Vita e Pensiero, Milano 2002.


[28] Martini, C. M., Il lembo del mantello. Per un incontro tra Chiesa e mass media. Lettera pastorale per l'anno 1991-1992, Centro Ambrosiano, Milano 1991, p. 11.


[29] "Lo que saben y piensan los hombres y mujeres de nuestro tiempo está condicionado, en parte, por los medios de comunicación; la experiencia humana como tal ha llegado a ser una experiencia de los medios de comunicación". Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Instrucción pastoral Aetatis novae, 22-2-1992, n. 2.


[30] Corgnali, D., Le nuove frontiere della comunicazione, op. cit., p. 9.


[31] Como el mundo contemporáneo, el mundo de los medios de comunicación, incluyendo Internet, ha sido conducido por Cristo, de manera incipiente pero verdadera, dentro de los límites del Reino de Dios y puesto al servicio de la Palabra de Salvación. Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Etica en Internet, 18.


[32] "El uso que la gente hace de los medios de comunicación social puede producir efectos positivos o negativos. Aunque se dice comúnmente -y lo diremos a menudo aquí- que en los medios de comunicación social « cabe de todo », no son fuerzas ciegas de la naturaleza fuera del control del hombre. Porque aun cuando los actos de comunicación tienen a menudo consecuencias no pretendidas, la gente elige usar los medios de comunicación con fines buenos o malos, de un modo bueno o malo". Pontificio Consejo para las Comunicaciones Sociales, Etica en las comunicaciones sociales (2000), n.1; cfr. Pornografía y violencia en las Comunicaciones Sociales. Una respuesta pastoral (1989).


[33] "¿La ‘comunicación' es un tema teológico? [...] Si la ‘comunicación', en efecto, expresa solamente una de las muchas tareas eclesiales y no un aspecto de la Iglesia misma, él buscará en vano el objeto en la teología. Pero, en cambio, la comunicación no expresa solamente un ámbito del la praxis eclesial: es una dimensión del ser y el actuar de la Iglesia misma. No hay nada en la Iglesia que se pueda excluir a una elaboración teorético-teológica desarrollada dentro de esta perspectiva. [...] Se podrá comprender la importancia del tema de la comunicación sólo si será claro que la Iglesia no ‘mantiene relaciones' ni ‘produce efectos' solamente cuando a éstos están en sus intenciones. Su ‘actuar comunicativo' queda definido a través del ‘efecto comunicativo', el cual debe ser reconocido en cada comportamiento humano. Es pues imposible no comunicar. Watzlawick formula, así, el siguiente axioma metacomunicativo: ‘Actuar o no actuar, la palabra o el silencio tienen siempre un carácter comunicativo'. Parece que hasta ahora la Iglesia no haya logrado entrever el carácter ineluctable de esta comunicación permanente". Bartholomäus, W., La comunicazione nella Chiesa. Aspetti di un tema teologico, en «Concilium» (1/1978), p. 165.


[34] cfr. Documento Conclusivo de la V Conferencia General del Episcopado Latinoamericano y del Caribe,Discípulos y Misioneros de Jesucristo para que nuestros pueblos en Él tengan vida, Aparecida 13-31 de Mayo del 2007.


[35] Juan Pablo II, Discurso a la asamblea del CELAM, Port-au-Prince, Haití, 9 de marzo de 1983.


[36] Juan Pablo II, Fides et Ratio, 14-9-98, 1 ;26 ;27.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vida de São Francisco de Sales



Sales de Thorens


Desde 1060 uma antiga estrada construída pelos romanos conduz ao planalto Glières, onde se localiza o castelo de Thorens, a 20 Km de Annecy. Outras cidades importantes estão próximas: La Roche e Genebra. Este Castelo era propriedade da família Compey, (Barões de Thorens) da qual os Sales eram vassalos. Mas aproveitando das faltas e desgraças de seus orgulhosos suseranos, souberam libertar-se pouco a pouco de sua tutela até suplantá-los.

Próximo a este castelo, na parte oriental do rio Filière, sobre abruptas ladeiras inclinadas nas quais ascendem os abetos, se protege a aldeia de Sales (= dos salgueiros): muito próxima, à sombra de tílias seculares, uma capela assinala a situação da “casa-forte” onde vivia a Família dos Sales e que foi destruída em 1630 pelos soldados de Luis XIII. Era um edifício residencial de três peças com seis torres grandes e três pequenas torres. A antiga habitação tinha tomado ares de “castelo”, sinal de ascensão nobiliárquica e que interessa muito para a nossa história. A família Sales pertencia a pequena nobreza saboiana, ao menos desde 1365. O Senhorio de Sales, segundo Léon Ménabréa, parece que teve sua origem no cargo de lugar-tenente de Thorens. A família de Sales tinha sido investida pelos Senhores de Compey, numa época indubitavelmente muito antiga e que, por falta de documentos, não se pode precisar. Para exercer o dito cargo “conseguiram permissão de construir, às portas do castelo de Thorens, uma “casa Sala”, porém não um castelo, Castrum, e nela fixaram sua residência”, lugar de sua jurisdição. Esta jurisdição abarcava a média e baixa Justiça da senhoria.

Os Compey foram se arruinando aos poucos, por causa de dívidas de jogo. E os Sales foram ascendendo, graças a um empréstimo feito por Jordão de Sales (1365-1427). Em 1470 os senhorios foram confiscados dos Compey pelo duque da Sabóia, Carlos I e foram doados à casa de Luxemburgo. Os Sales se ligaram ao serviço desta ilustre família e obtiveram, assim, pelas doações e vendas, a posse do domínio e do castelo de Thorens (1559). O pai de Francisco passou a juventude na corte, em Paris, a serviço dos barões de Thorens. Mas os pais de Francisco não moravam aí. Depois da destruição do castelo de Sales, Luís de Sales, irmão do santo reformou este castelo de Thorens para habitá-lo.

Em 20 de março de 1538, Cristóvão de Sales (1479-1548), bisavô do Santo, recebeu da duquesa de Nemours o título de “Senhor de Sales”. Nestes tempos seu neto, Francisco I de Sales e pai do Santo, chamado então Senhor de Nouvelles, chegou à França como pajem dos Luxemburgo-Martigues. Ali se formará no ambiente da Corte.

A Cristovão de Sales sucedeu João de Sales, que se casou com a nobre Cláudia de Charansonnay. Teve dois filhos: Luis e Francisco. Os dois estiveram, como já foi dito, na França, à serviço da família Luxemburgo e tiveram, portanto, formação francesa. Com a paz de Ardres (1546), os dois irmãos voltam à terra natal, Sabóia, e se estabelecem como senhores de seus territórios. Luís se casa com Janine de Gasquis e teve três filhos: Amadeu, Luís e Gaspar. São os primos de Francisco de Sales. O Pai de São Francisco casou com Francisca de Sionnaz, em 1566. Ela tinha 14 e ele 44 anos. A partir deste casamento tornam-se Senhores de Boisy. Francisca de Sionnaz tinha herdado como dote este senhorio, de sua mãe.


Capela que marca o local onde estava o castelo dos Sales, destruído em 1630.


Fotos do Castelo de Thorens:






(Fotos de Panoramio - Google)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Ducado da Sabóia

     Antes de iniciar a biografia de São Francisco de Sales vamos situar a história e a geografia do país onde ele e Dom Bosco nasceram: o Ducado de Sabóia (em francês Savoie, italiano Savoia). É um antigo Estado cujo território compreendia os atuais departamentos franceses de Sabóia e Alta Sabóia e parte da região italiana do Piemonte. A capital era Turim. Deriva do precedente Condado de Sabóia. Como ducado independente, sob controle da casa de Sabóia, durou de 1416 a 1714. O nome Sabóia deriva do termo latino sapaudia (ou sabaudia) que significa "território de pinheiros". Quem morava neste Ducado é saboiano. Existe certa confusão com o nome do ducado em português, por muitos usam o termo francês ou italiano, “Savoie/a). De acordo com o dicionário Houaiss o termo correto é Sabóia.
     Ao final da Guerra de Sucessão Espanhola com o tratado de Utrecht em 1713, o Duque de Sabóia recebeu o título de rei de Sardenha em 1720 (e se tornaria rei de Itália em 1861).
     O reinado da Casa de Sabóia na Itália terminou no dia 13 de junho de 1946, com um referendo no qual os italianos escolheram a república como a sua forma de Estado. Segundo a Constituição da república italiana, os descendentes titulares da Casa de Sabóia, do sexo masculino, ficavam proibidos de entrar em Itália. Só em 2002 é que se alterou essa disposição e os membros titulares da família foram autorizados a entrar e permanecer no país.
     A família “di Savoia” foi a proprietária do Santo Sudário entre 1453 e 1983. Habitaram vários palácios, que foram denominados como as antigas residências da Casa de Sabóia.


     São Francisco de Sales teve educação francesa e saboiana. Sempre se considerou sabioano e teve um grande amor à sua pátria e aos dois duques que governaram o ducado durante a sua vida: Emanuel Felisberto(1553-1580) e Carlos Emanuel I (1580-1630). Foi muito amigo também do Príncipe herdeiro, Victor Amadeu que governará o ducado depois da morte de seu pai Carlos Emanuel I em 1630. Quando ele se matriculou no curso de Direito, em Pádua, assinou assim no livro de registros da Universidade: “Franciscus Salesius, Sabaudus Gallus”: Francisco de Sales, saboiano e francês. Em 1612 este Duque expediu um decreto declarando que dali em diante quem fosse dono das terras e do Castelo de Sales receberia o Título de Barão de Sales. Neste ano foi investido nesta honraria Bernardo, o irmão de Francisco. E o Duque declarava que concedia esta honraria à Família Sales “pelos grandes serviços prestados pelo Bispo Francisco a Igreja e a Pátria.” Os Sales terão depois os títulos de Marquês e Conde.

Brasão, bandeira e mapa da Sabóia.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dom Bosco e São Francisco de Sales (1)

Vou postar aos poucos, algo que vai mostrando como Dom Bosco foi se aproximando de São Francisco de Sales e de sua espiritualidade. Lembrando que os dois são conterrâneos, da Sabóia. Somente em 1860 uma parte da Sabóia será entregue à França. E em Turim, que era a capital da Sabóia, São Francisco de Sales era um "santo nacional".
1. BOSCO DE SALES – Quando estava no seminário João era chamado de “Bosco de Castelnuovo” para distingui-lo de outro colega que tinha o mesmo sobrenome. Os dois clérigos se perguntavam qual “apelido” deveriam colocar para serem distinguidos quando fossem chamados. Um disse: “eu sou Bosco de Nespola” (ameixa). Com isso indicava ser uma planta com madeira dura, nodosa, pouco flexível. E o nosso Dom Bosco respondeu: e eu me chamo “Bosco de Sales”, isto é (Bosco=bosque) de salgueiro, madeira doce e flexível. Parecia que desde então estivesse prevendo a futura Congregação que teria como padroeiro São Francisco de Sales, e por isso queria imitar a doçura deste santo. (MB 1, 406)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Comentário do Evangelho dominical baseado na Espiritualidade Salesiana

Os Oblatos de São Francisco de Sales escreveram comentários sobre os Evangelhos dominicais baseados na Espiritualidade e nos escritos de São Francisco de Sales. Eu traduzi do espanhol e estarei publicando neste blog.

Terceiro Domingo de Páscoa


18 de abril de 2010

O evangelho de hoje conta a história de como Pedro, para afirmar seu compromisso com o amor de Jesus, foi chamado para cuidar das ovelhas de Jesus. São Francisco de Sales nos convida a sermos discípulos como o foram os apóstolos e a levar a Palavra de Deus para os outros: Jesus perguntou três vezes a Pedro se ele o amava. O coração de Pedro estava com-pletamente cheio de amor pelo seu Mestre. Pedro foi levantado novamente pela Providência de Deus. O amor é o meio universal para a nossa salvação. O amor de Deus sempre deve estar em primeiro lugar nos nossos corações. Não perca tempo, se entregue completamente nos braços da Divina Providência. Como é amorosa a mão de Deus para conosco!

Que mais Deus pode esperar de cada um de nós senão o mesmo que esperou dos Apóstolos? E foi justamente isso que Nosso Senhor veio fazer neste mundo: dar a sua vida por nós, afim de que todos possam ter vida em abundância. E o fez concedendo-nos sua graça. A graça tem o poder de atrair os nossos corações, não de dominar, mas atrair nossos corações e fazer que eles aceitem os movimentos do amor de Deus em nós.

Devemos tocar o coração dos outros como fazem os anjos, de maneira delicada e sem coer-ção. Embora seja nosso dever ajudar e expressar nosso amor a todos igualmente, devemos fazer um esforço maior por aqueles que mais precisam de nós. Encaminhemos a uma vida mais perfeita. Suas vidas serão muito mais plenas quando acreditarem nas palavras de Jesus, que vocês irão explicar. Eles irão viver uma vida de abundância, seguindo o exemplo de vocês.

Avancem com confiança e coragem, e façam a tarefa que lhes foi confiada. Não digam: "Eu não estou preparado para desempenhar esta tarefa". Vão em frente, sem preocupação, sem olhar para trás, porque no momento certo, Deus vai dizer-lhes o que dizer e o que fazer. Preo-cupem-se somente por uma coisa: continuar crescendo no amor e na fidelidade à bondade divina de Deus, e tudo o que fizerem será bem feito.

Estreando...

Nestes últimos anos venho amadurecendo a ideia de lançar um blog para divulgar a pessoa, a ação e a espiritualidade de São Francisco de Sales. Entre nós, Salesianos de Dom Bosco, este santo não é muito conhecido, apesar de ser o nosso Padroeiro. Eu mesmo sabia muito pouco sobre ele, e nem me interessava muito. Dom Bosco é o nosso Pai e Mestre e sempre o estudamos com afinco, pois nos apaixonamos pelo seu modo de ser, tanto como pai, ou, como fundador. Mas, Dom Bosco buscou em Francisco de Sales a inspiração para fundar sua Obra e a espiritualidade dele está na raiz da Sociedade “Salesiana” de Dom Bosco. Então, há mais ou menos cinco anos atrás fui convidado pelos Salesianos Cooperadores de Porto Alegre para falar de São Francisco de Sales. Preparei-me buscando subsídio no audiovisual sobre ele, que o Centro Gaucho de Audiovisuais tinha elaborado na década de 80. Diga-se de passagem, algo muito rudimentar e em alguns aspectos sem nexo histórico. Mas isso eu fui descobrindo depois, pois me apaixonei também por São Francisco de Sales e de lá para cá não deixei mais de ler e estudar sobre ele. Praticamente os únicos livros que leio são sobre ele ou sobre sua espiritualidade. Traduzi um livro do espanhol e estou traduzindo outro, pois a bibliografia sobre S. Francisco de Sales em português é muito pobre.

Assim fiquei pensando bastante e decidi me jogar na água. Irei aprendendo aos poucos a parte técnica do blog. E aproveito para colocar mais dois assuntos neste blog: Comunicação Social e a divulgação da Associação de Maria Auxiliadora, ADMA. Como dizia São Francisco de Sales, faremos “Tudo por amor, e nada por força!”.