sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Reflexão salesiana para o domingo da Sagrada Família - 30 de dezembro de 2012


Hoje lembramos 390 anos da morte de São Francisco de Sales, ocorrida em Lião, na França, no dia 28 de dezembro de 1622. 


Destaque: Ser santo, "viver na casa de Deus, não nos impede de experimentar as dificuldades da vida."

Perspectiva Salesiana

O coração de cada pai simpatiza com a experiência de Maria e José no Evangelho de hoje. Notando que Jesus estava perdido, um dia depois de deixar Jerusalém, podemos imaginar este breve, mas angustiante diálogo: "Ele não está comigo. Eu pensei que ele estava com você. Quer dizer que não está?"
Esta não foi a primeira vez que ocorreu um problema na Sagrada Família. Aliás, eles tiveram desafios desde o início. São Francisco de Sales diz: "Considere as vicissitudes e mudanças, alternâncias entre alegria e dor" que encontramos na história da Sagrada Família. "Que alegria, que júbilo para Nossa Senhora ao receber a notícia de que ela daria à luz o Verbo Eterno!" Em contraste, considere São José. Vendo que ela estava grávida e sabendo que não era dele deve ter sentido um sofrimento e uma angústia muito grande"!
Outro fato: "Quando Nossa Senhora deu à luz ao seu Filho, os anjos anunciaram o seu nascimento, os pastores e os sábios vieram para adorá-lo: que felicidade e conforto em meio a tudo isso. Mas espere: um pouco mais tarde, o anjo do Senhor disse a José, em sonho: leve a criança e sua mãe e foge para o Egito! Oh, que grande coisa deve ter sido isso para Nossa Senhora e São José". (Conferências III, Sermão da Oitava dos Santos Inocentes).
Apesar dos altos e baixos, das alegrias e das tristezas de Jesus, Maria e José têm algo para nos ensinar, a verdadeira lição para nós, que tentamos ter e manter "famílias sagradas". Como a Sagrada Família enfrentou estas tribulações? "Devemos considerar a grande paz e serenidade da mente e do coração que a Virgem Santíssima e São José demonstraram em sua constância, mesmo em meio a eventos inesperados que enfrentaram" (Ibid.).
Uma "sagrada família" não se mede pelas coisas que acontecem, ou que não acontecem para os membros. A "sagrada família" é aquela que demonstra certa graça e confiança quando têm que lidar com eventos da vida cotidiana, especialmente aqueles que são inesperados. Francisco de Sales nos exorta: "Considere se é justificável que nos surpreendamos e nos preocupemos quando encontramos incidentes semelhantes na casa de Deus... devemos repetir várias vezes, para imprimir esta verdade mais profunda em nossa mente. Qualquer evento inesperado deve fazer com que nossos corações e nossas mentes não se tornem instáveis, porque o temperamento irregular procede de nossas paixões e preferências".(Ibid)
Imitamos mais a Sagrada Família em nossos relacionamentos quando nos lembramos em nossas mentes e em nossos corações que o mundo não gira em torno de nós, que as coisas nem sempre saem do jeito que queremos, que nossos planos muitas vezes não são a última palavra. Nem sempre podemos controlar o que acontece conosco. Ao contrário, podemos escolher como reagir diante do inesperado em nossas vidas, de maneira que promova a fé, a tranquilidade, a força e a coragem.

Dos Escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje ouvimos Jesus dizer a Maria e José que o seu lugar é na "casa do Pai", embora ele continue obedecendo a eles, seus pais. São Francisco de Sales observa:
Deus se aproxima de nós por meio de atrações especiais. Se a atração vem de Deus, nos conduzirá no caminho da "obediência amorosa". A obediência amorosa nos faz assumir uma incumbência com amor, sem nos importarmos quão difícil seja em conformidade com a vontade de Deus. Então, queremos que Deus assuma nossos afetos e nossas ações, e que o molde. Com toda a certeza colheremos bênçãos se seguirmos por este caminho.
Nas escrituras Jesus nos diz que Ele veio ao mundo não para fazer a Sua vontade, mas para cumprir a vontade do Pai. Durante a sua vida mortal Jesus obedeceu a seus pais e a outros com amor. Nosso Salvador agora nos pede que imitemos esta mesma obediência amorosa que Ele provou, não só para com a vontade divina, mas também para com seus pais na terra. José e Maria receberam uma grande alegria que o ajudaram, e porque permaneceram constantemente em Sua presença.
O que faz com que nosso estado de ânimo mude e que não seja constante na hora de servir e amar a Deus? É a diversidade de nossos desejos. Constantes mudanças no nosso humor são o resultado dos excessos dos nossos desejos. O amor sagrado só tem um desejo: amar e servir a Deus, que deseja que nosso espírito esteja tranquilo e que possamos experimentar neste mundo um pouco do que será a felicidade eterna.
A virtude que mais precisamos ter é equilíbrio em nosso coração e equilíbrio mental para alcançarmos a estabilidade do nosso espírito. Isto nos conduzirá à santidade. Uma maneira de conseguir o equilíbrio mental e de nossos corações em nossas vidas é criar uma rotina de oração mental e outras atividades que contribuem para manter o nosso bem-estar: comer, dormir e fazer exercício. Cumprir fielmente os desejos e ordens de Deus, assim como as abelhas fazem com sua rainha. Assim, firmes e inabaláveis poderemos cumprir a ordem de amar a vontade de Deus como Jesus fez: constantemente, com coragem, com força e com ardor.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, a obra especial: Entretiens)


P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 4º domingo do Advento - 23 de dezembro de 2012


Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje ouvimos Isabel afirmando que Maria foi abençoada por ter sido escolhida para ser a mãe de Nosso Senhor. São Francisco de Sales diz:
Quando Isabel chama sua prima de bendita, Maria diz que realmente foi abençoada, porque toda a sua felicidade vem de Deus. Deus vê a humildade de Maria e a exalta. Maria, em sua humildade, sente-se bem acolhida diante da maravilha que Deus fez tornando-a mãe de Jesus.
Um amor cheio de exaltação para Deus e para os outros, tendo ao mesmo tempo uma profunda humildade, estes são os sentimentos que povoam de modo especial o coração de Maria. A Humildade permite que Maria experimente a imensa e inesgotável bondade de Deus. Depois de experimentar a grandeza do amor de Deus, percebe o quão pequena é diante da majestade de Deus. Então age imediatamente impulsionada por seu amor para com Ele, dizendo: Faça-se em mim segundo a tua palavra. Ao dar o seu consentimento para a vontade de Deus, Maria nos dá uma amostra do maior ato de caridade concebível. Porque no momento em que ela concorda, o Verbo Divino se faz carne. E Maria, cheia de graça infinita, deseja o amor de Deus para o mundo todo.
Tal como no caso de Maria, o primeiro fruto que nos dá a graça de Deus é a humildade. A humildade nos permite experimentar o amor infinito de Deus. Ao mesmo tempo, a humildade nos faz perceber quão limitada é a nossa capacidade de amar a Deus e os outros. Enquanto a graça faz-nos curvar diante da excelência do amor divino de Deus, a humildade nos permite ver quão profundamente Seu amor purifica os nossos corações diante D'Ele e de suas criaturas. Como no caso de Maria, o amor de Deus em nós nos leva a amar os outros.
Que bom sinal é a humildade de coração na vida espiritual! Se formos humildes e aceitarmos que a vontade de Deus aconteça em nossas vidas, poderemos também dar à luz ao Menino Jesus em nossos corações. Colocar de lado os desejos da nossa vontade é doloroso. Mas vale a pena colocar a nossa plena confiança no trabalho que Deus realiza em nós, para assim podermos dar à luz a Cristo em nossos corações. Com toda a certeza o nosso Divino Salvador, com o nosso consentimento, irá abençoar-nos eternamente e introduzir-nos na vida eterna.
(Sermões de São Francisco de Sales, L. Fiorelli, Ed.; São Francisco de Sales, Oeuvres.)

Destaque: "Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia".

Perspectiva Salesiana
A saudação do Anjo Gabriel a Maria continha duas mensagens distintas, porém relacionadas: (1) Maria seria a mãe do Messias tão esperado, e (2) a sua prima Isabel tinha concebido um filho.
Assim que Maria disse "sim" ao convite que lhe foi feito para ser a mãe do Messias, ela foi "às pressas" para visitar sua prima.
De uma forma real, muito antes que ela trouxesse a criança que redimiria o mundo da desesperança e do desespero do pecado, Maria já estava dando à luz o Messias através de sua vontade e de sua disposição para servir as necessidades do outro, neste caso, uma parente dela que, por causa de sua idade avançada, poderia ser considerada como uma mulher com uma gravidez de "alto risco".
À primeira vista não se nota nada de diferente na ação de Maria, pois quem de nós não faria o mesmo por um parente necessitado? O que admiramos na atitude de Maria é a pressa com que ela o fez. Ela é verdadeiramente um modelo de virtude, um modelo que demonstra claramente com sua própria vida que a melhor maneira de dizer "obrigado" a Deus por Sua bondade, é ser a fonte desta bondade para os outros.
​​São Francisco Sales observou que "Maria não acreditou que estivesse perdendo tempo ao visitar sua prima Isabel. Não, porque a sua atitude era um ato de cortesia amorosa". (Stopp, cartas selecionadas, p. 159) Em sua "pressa" para servir a Isabel, Maria nos mostra o caminho para a verdadeira devoção. Francisco de Sales continua: "Deus nos recompensará de acordo com a maior dignidade. O que eu estou dizendo é que devemos treinar-nos nas pequenas virtudes primeiro, porque sem elas as maiores são muitas vezes falsas e enganosas".
O Advento nos recorda que devemos construir a esperança sobre o fundamento das coisas simples, pequenas e comum: cortesia, gentileza, paciência, honestidade, hospitalidade e compaixão. Maria nos mostra que mesmo as manifestações mais originais do amor de Deus por nós, nos desafiam, em primeiro lugar, a reconhecer as oportunidades que surgem em nossas vidas cotidianas e comuns para que dediquemos nossas energias na promoção do bem-estar dos outros.
Assim como Maria, que possamos reconhecer a nossa vontade para fazer pequenas coisas com um grande amor pelos outros, e com grande amor e entusiasmo, demonstrar "cortesia amorosa". Este é o primeiro passo para a nossa maior vocação: dar à luz a grande promessa do amor de Deus para todas as pessoas - Jesus Cristo.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual De Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Reflexão Salesiana para o Terceiro Domingo do Advento - 16 de dezembro de 2012

                                                                 Giovanni Battista Tiepolo

Destaque: "O que devemos fazer?"

Perspectiva Salesiana

A multidão pediu a João Batista: "O que devemos fazer?" É uma pergunta simples, é uma pergunta desafiadora. É uma pergunta que potencialmente pode mudar nossas vidas.
Você e eu vivemos num mundo em que a vinda de Cristo já aconteceu. No entanto, este mundo em que vivemos é também o lugar onde todas estas possibilidades ainda deevem ser cumpridas.
Que devemos fazer?  Deveríamos tentar fazer isso usando apenas o poder da vontade humana? Devemos sacudir os ombros e esperar que as coisas saiam bem?
A resposta para nós é a pergunta que João disse para a multidão há milhares de anos: "Sejam generosos; sejam justos no seu trabalho; não exija dos outros mais do que se deve ou pode; Resumindo: ao seguir a vontade de Deus, ao seguir o exemplo de Jesus, ao cooperar com as advertências do Espírito, não estamos fazendo nada a mais, nada de extraordinário! Não se trata de ser alguém diferente de quem somos. Trata-se de tentar fazer mais pela vida que vivemos e fazer mais com o que nós somos, para estarmos do lado da vida, da justiça e da paz com os outros.
Francisco de Sales acreditava nisso com firmeza. Ele nos adverte que devemos ser cautelosos e não nos apressarmos em concluir que seguir Jesus, caminhar com Jesus e ser Jesus na vida dos outros exija que façamos coisas extraordinárias. Francisco diz claramente: "Seja quem você é e seja com perfeição." Queremos um mundo que viva a paz, a esperança, a reconciliação, a justiça e justiça do Reino de Deus mais perfeitamente. Queremos um mundo que mais claramente incorpore o cumprimento da promessa que nos foi dada em Jesus. Queremos ocasionalmente desfrutar da festa que nos espera no céu para sempre.
Que devemos fazer? Vamos ser generosos. Façamos nosso trabalho e vivamos nossa vida com retidão. Não tiremos nada dos outros, nem esperemos mais do que deveriam - ou não poderiam dar. Seja quem você é. E isso será muito bom. Seja quem, o que, porque e como Deus te criou, redimiu e inspirou a ser: realizado e feliz para o mundo, consigo mesmo e para com os outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.

Dos escritos de São Francisco de Sales

Na leitura do Evangelho de hoje continuamos a ouvir as palavras de João Batista, que nos impele para a conversão. Ele nos diz que devemos compartilhar nossa riqueza, que devemos dar sentido as nossas atividades diárias e que devemos saber com certeza quem somos e quem é o  nosso Messias. São Francisco de Sales diz:
João Batista ama demais a verdade para deixar-se levar pela ambição. Ele vai avisando a todos aqueles que vinham vê-lo que ele não era o Messias. Ele nos diz que devemos examinar nossas ações e, neste processo, mudar aquelas que não contêm boas intenções e aperfeiçoar aquelas que têm.
João Batista foi uma pedra firme. Ele era um homem com inabalável estabilidade no meio das novas circunstâncias. Ele teve a coragem de admitir quem ele era. Aquele que não se conhece a si mesmo de verdade, nunca fica chateado quando é não valorizado e tratado pelo que é. Quando Deus nos dá luz para que possamos conhecer-nos a nós mesmos como realmente somos, este é um sinal de um grande processo de conversão interior.
Ser cristão é o título mais belo que podemos dar aos outros. Ainda assim, não é suficiente que sejamos chamados de cristãos. Devemos viver de tal modo que se possa reconhecer claramente em cada um de nós uma pessoa que ama a Deus com todo o coração. Alguém que cumpre os mandamentos e que frequenta os sacramentos, alguém que faz coisas que são dignas de um verdadeiro cristão.
Quando sabemos que somos amados, nos sentimos obrigados a corresponder a este amor. O mesmo acontece quando vivemos a nossa vida em Cristo. O amor sagrado de Cristo nos pressiona de forma especial para que possamos partilhar nossa abundância com os outros. A compaixão faz com que partilhemos os sofrimentos, as dores e as tristezas com aqueles que amamos. Mães e pais sofrem com as aflições de seus filhos. Quanto mais aumentar o nosso amor por alguém, mais profunda é a nossa preocupação pelo seu bem-estar. O acompanhamos em seus sentimentos, seja na alegria ou na tristeza. Nosso objetivo é agir com uma única intenção: ajustar-nos a verdadeira imagem de Deus em nós. Jesus veio ao mundo para nos mostrar o nosso verdadeiro eu em Deus.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales) 

Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 2º domingo do advento - 09 de dezembro de 2012


Destaque: "Preparai o caminho do Senhor, com o esplendor da glória de Deus para sempre."

Perspectiva Salesiana

João andou por toda a região proclamando um batismo de arrependimento, como escrito no livro de Isaias: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas."
Assim como João Batista lembrou para as pessoas da região da Jordânia que deveriam preparar o caminho do Senhor, assim também nós somos chamados a fazer o mesmo. Tudo começou com o nosso batismo, quando nos tornamos membros do Corpo de Cristo. Isso acontece por causa de nossas palavras e obras diárias, pelo nosso chamado a "Viver Jesus" a cada momento do dia.
Na 1ª leitura Baruc no recorda que devemos manifestar o esplendor da glória de Deus sempre e o Salmo nos lembra de que Senhor tem feito grandes coisas por nós, e todos nós estamos muito felizes.
Podemos nos perguntar se estamos realmente cheios de alegria enquanto preparamos o caminho do Senhor. Estamos? Isso só acontece se nós trabalhamos em nosso relacionamento com Deus e com os outros. Nós não podemos dar daquilo que não temos. Se Deus não é o centro de nossas vidas, então fracassaremos.
São Francisco de Sales nos diz na Introdução à Vida Devota que a devoção (espiritualidade) deve ser vivida de diferentes formas, e deve ser experienciada pelo cavalheiro, pelo trabalhador, o servo, a viúva, a mulher jovem e casada. Não só isso, mas a prática deve ser adaptada para a força, atividades e responsabilidades de cada pessoa.
São Francisco de Sales sabia que temos que começar conosco mesmos, com nosso interior, com nossa vida de oração. Se trabalharmos para construir um bom relacionamento com Deus, podemos fazer o que São Paulo aconselhou aos Filipenses: "Em cada oração sempre oro com alegria por todos vós."
Se lembrarmos do esplendor da glória de Deus para sempre, teremos a capacidade de preparar o caminho do Senhor com alegria em nossos encontros diários com os outros. Nós vamos ser capazes de "Viver Jesus" em cada momento de cada dia.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


A Imaculada Conceição - 8 de dezembro de 2012

Destaque: "Nada é impossível quando você está com Deus."

Perspectiva Salesiana

Para poder apreciar plenamente os ensinamentos da Igreja sobre a Imaculada Conceição, que Maria foi preservada dos efeitos do pecado original desde o momento da concepção, Francisco de Sales tentou explicar num contexto maior, isto é, a partir do plano de salvação.
Em seu Tratado do Amor de Deus, Francisco escreveu: "Deus demonstra de uma maneira maravilhosa a riqueza incompreensível de seu poder no vasto conjunto das coisas que vemos na natureza, mas Deus também demonstra os infinitos tesouros de sua bondade de maneira ainda mais maravilhosa quando observamos a variedade inigualável de bens que reconhecemos na graça. Num santo excesso de misericórdia, Deus não só se contentou em dar ao seu povo, isto é, a raça humana, uma redenção geral ou universal pela qual todas as pessoas podem ser salvas. Deus diversificou a redenção de várias maneiras para que, enquanto a generosidade de Deus resplandece em toda a sua variedade, a própria variedade dá beleza à sua generosidade."
"Deste modo, destinou primeiramente para sua santíssima Mãe uma graça digna do amor dum Filho, que, sendo a infinita sabedoria, onipotência e bondade, devia preparar uma Mãe digna de Si, e por isso quis que a sua redenção lhe fosse aplicada à maneira de remédio preservativo, para que o pecado, que passava de geração a geração, não a maculasse. Como resultado, ela foi redimida de uma forma surpreendente. No momento designado a torrente do pecado original começou a desencadear suas ondas fatais sobre a concepção desta santa mulher (com a força impetuosa que exerceu no momento da concepção de todas as outras filhas de Adão): então, quando a torrente chegou a esse ponto, não continuou avançando, mas se deteve... Assim, Deus livrou a sua gloriosa Mãe de cativeiro. Deus deu-lhe a bênção dos dois estados da natureza humana: ela possuía a inocência que o primeiro Adão perdeu, e ela gozava da redenção que o segundo Adão obteve para ela. Ela foi como que um jardim escolhido para dar origem ao fruto da vida, ela foi feita a flor de todo o tipo de perfeição." (Livro II, capítulo 6)
Como se manifestou esta libertação dos efeitos do pecado na vida desta mulher singular redimida? Tudo o que ela experimentou na vida "foi usado santamente e fielmente no serviço do santíssimo amor pelo exercício de outras virtudes que, em sua maioria não podem ser praticadas, a menos que seja no meio das dificuldades, a oposição e a contradição... A gloriosa Virgem experimentou todas as misérias humanas (exceto aquelas que tendem diretamente a cair em pecado), porém ela as utilizou proveitosamente para o exercício e o aumento das sagradas virtudes da fortaleza, temperança, justiça e prudência, pobreza, humildade, paciência e compaixão. Assim, pois, estas coisas não impediram o amor celestial, mas muitas vezes ajudaram no fortalecimento do exercício contínuo e do progresso..."(Tratado do Amor de Deus , Livro VII, capítulo 14)
Uma vez que somos pecadores ou sem pecado, todos nós temos uma coisa em comum: todos nós somos chamados a assumir cada dia plenamente com todas as inúmeras oportunidades que se apresentam para praticar a "fortaleza, temperança, justiça, prudência, pobreza, humildade, paciência e compaixão." Ao fazer isso, não só experimentamos a liberdade que Deus nos dá quando nos redime, mas podemos ser instrumentos de Deus mais livremente na vida dos outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Reflexão Salesiana para o Primeiro Domingo do Advento - 02 de dezembro de 2012



Destaque: "Sejam vigilantes em todos os momentos."
Perspectiva salesiana

As leituras de hoje nos transmitem uma sensação de saudade e expectativa. As leituras de hoje falam da expectativa de uma promessa divina que será cumprida: o dia em que a justiça de Deus estará disponível para todos, e não apenas para uns poucos que foram escolhidos. As leituras falam da nossa necessidade de estarmos alertas, para que quando chegar o dia em que a promessa se cumprirá, não estarmos despreparados.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Reflexão Salesiana para o domingo de Cristo Rei - 25 de novembro de 2012


Cristo Rei da Glória Imagem da Igreja Santa Maria Alla Fonte - Milão

Destaque: "Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá."

Perspectiva Salesiana

     Hoje celebramos o reinado de Cristo, o poder de Cristo, o verdadeiro caráter de Cristo. Ao contrário de reis terrenos, o reino de Cristo, como ouvimos na leitura do livro do profeta Daniel, é um reino eterno. Ao contrário de outros reis, o reino de Cristo nunca deixará de existir.
     Que tipo de rei é Deus? Qual é a diferença, comparando com os outros monarcas? Para responder a essas perguntas, lemos as palavras que São Francisco de Sales pronunciou numa conferência sobre "a esperança" para as Irmãs da Visitação em 1620. A ocasião era a celebração da fundação da outra comunidade de Visitação (cerca de 80 comunidades foram criadas até a morte de Santa Joana de Chantal em 1641): "Sempre teremos apenas um e um único rei, nosso Senhor crucificado e debaixo da sua autoridade viverão seguras e a salvo onde quer que estejam. Não tenham medo que possa estar faltando alguma coisa, porque enquanto o escolherem sobre qualquer outro rei, ele sempre estará com vocês. Preocupem-se em crescer no amor e na fidelidade a bondade divina de Cristo, mantendo-se o mais próximo possível que puderem perto Dele e verão que tudo sairá sempre bem. Aprendam com ele o que devem fazer. Não façam nada sem o seu conselho. Este rei é o amigo fiel que irá guiar, governar e cuidar  e peço, com todo o meu coração, que façam isso."
     Ele não é um ditador benevolente. Não é um tirano benevolente. Não é um monarca com poder de subjugar os outros. Não é um líder que só está interessado em si mesmo e que consolidou a sua riqueza e influência, em detrimento dos outros.
     Cristo crucificado é um rei. Ele é um monarca que dá a sua vida para os outros. O objetivo do seu reino é servir as necessidades das pessoas. Seu reino nos provê com conselhos sensatos. Seu estado foi fundado e tem como base a verdadeira amizade e o amor.
     Francisco de Sales (como muitas vezes fez) quando escreveu em sua Introdução à vida devota, que "nada se perde com uma vida generosa, nobre e cortês e com um coração justo e razoável e, como se diz, leal" (Parte III, Capítulo 36).
     Tal como Cristo, somos chamados a usar o poder que Deus nos deu, e com a promessa de atender às necessidades dos outros. Como Cristo, o nosso "direito divino" e real, obriga-nos a amar uns aos outros com "um coração verdadeiro, justo e nobre."
     Como estamos fazendo uso do "direito divino" de filhos e de filhas de Deus?

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb

Dos Escritos de São Francisco de Sales

     Hoje é a Festa de Cristo-Rei. São Francisco de Sales afirmou que foi por inspiração divina que a palavra "rei" foi escrita na cruz de Jesus. Ele acrescentou: Nosso Senhor veio como pastor e como Rei dos Pastores. Pastores são aqueles assumem o compromisso de levar uma vida santa. Neste sentido, todos nós somos pastores e Nosso Senhor deseja que favoreçamos os outros como a si mesmo. Como um bom pastor e pastor amável de nossas almas que são as suas ovelhas, Jesus veio para nos ensinar o que devemos fazer para que tudo possa ser feito por causa Dele.
     Ele veio para recriar o que foi perdido, e ninguém nunca foi traído por ele. Jesus como um rei foi chamado para ser o Salvador e Ele deseja que outros compartilhem a glória de serem líderes, em especial sua Mãe Santíssima. Jesus fez com que a bondade de Deus cresça mais do que a maldade. Ele venceu a morte, a doença, o sofrimento e o abuso de nossos desejos sensoriais. A obra de Jesus é verdadeiramente salutar quando toca nossas misérias e nos torna dignos de amor. Tendo o amor de Deus, estamos capacitados para participar do trabalho de nosso Salvador, que Deus desejou para salvar o povo hebreu, através de Abraão, Isaac, Jacó e outros profetas. Percebemos o prazer e o cuidado de Deus ao enviar Nosso Salvador Jesus Cristo ao mundo.
     Nós plantamos videiras por causa de seus frutos. No entanto, as folhas e os botões precedem a fruta. Da mesma forma, enquanto nosso Salvador foi o primeiro no plano eterno de Deus sobre a criação, a videira (o universo) foi plantada. Por isso, Jesus é chamado de "primogênito de todas as criaturas." Como folhas ou flores, as muitas gerações que precedem Jesus prepararam o caminho para ele. Como somos felizes quando escolhemos Jesus como nosso líder, que nos dá a paz inigualável e a calma que se seguem. Nosso Salvador nos mostra que a majestade de Deus não se deixa vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem: o trabalho de um verdadeiro rei.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, especialmente Sermões, L. Fiorelli, ed.)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 33º Domingo do Tempo Comum - 18 de novembro de 2012


Destaque: "Quanto ao dia exato ou hora, ninguém sabe... senão o Pai".

Perspectiva Salesiana

     As escrituras são claras: o mundo como nós o conhecemos, deixará de existir. A Escritura também deixa claro que não podemos esperar para saber "o dia e a hora exatos" quando esse momento irá chegar.
     No entanto, é bastante natural que algumas vezes sentimos ansiedade quando imaginamos que o mundo que conhecemos, deixará de existir. É ainda mais compreensível que sintamos ansiedade ao considerar a inevitabilidade de nossa própria morte. A este respeito, tampouco sabemos o "dia e a hora exata."
     Francisco de Sales lembra-nos que: "Estamos caminhando nesta vida como se fosse sobre o gelo."
     Como devemos lidar com o fato de que um dia nossa vida terrena chegará ao fim?
     A maneira de lidar com um futuro incerto é tentar viver bem cada um dos nossos momentos no presente. O momento presente é o único tempo que temos à nossa disposição. O momento presente é o único momento em que temos de tomar decisões que podem ajudar - ou prejudicar os esforços que fazemos para nos prepararmos para a eternidade.
     São Francisco de Sales recomenda: "Mantenha seus olhos fixos neste dia maravilhoso da eternidade que nos leva ao longo dos anos que passam, à medida que passam por nós, também de etapa em etapa, até chegar ao fim da estrada. Entretanto, nestes momentos que vão passando atualmente, nota-se uma pequena semente, é a semente da eternidade, e em nossas pequenas e humildes obras de devoção está escondido o prêmio da glória eterna, e nas pequenas provas que suportamos para poder servir a Deus, se encontram indícios desta felicidade que nunca termina". (Stopp, cartas seletas , p. 236)
     Na medida como vivemos cada momento presente, experimentaremos o dom da paz. "Devemos viver pacificamente em todas as coisas e em todos os lugares", diz São Francisco de Sales. "Se aparecer um problema, externo ou interno, devemos recebê-lo de forma pacífica. Se a felicidade vem, devemos recebê-la de forma pacífica, sem que o coração bata mais. Se devemos evitar o mal, devemos fazê-lo pacificamente, sem que isto nos preocupe. Se houver um bom trabalho para fazer, também devemos fazê-lo de forma pacífica".
     Coloque-se nas mãos e no coração de Jesus. São Francisco de Sales nos lembra de que Ele "é o príncipe da paz. Quando o aceitamos como nosso mestre absoluto, tudo é paz." Coloque-se nas mãos do coração de Jesus, que é o mestre de cada momento presente. Se nos acostumarmos a viver cada momento presente, estaremos mais bem preparados para viver o nossa último momento".
     Quando vivemos em paz, quando vivemos com propósitos, podemos lidar com qualquer coisa que a vida nos apresente: tudo, inclusive a própria morte... uma morte que nos leve à vida eterna.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação - P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

     As leituras de hoje nos lembram que não devemos ter medo se colocamos nossa esperança e fé em Deus.
São Francisco de Sales tem muito a dizer sobre a esperança, a fé e a confiança em Deus. Esperança em Deus, pois Deus vai livrá-lo de seus sofrimentos ou dar a força para suportá-los.
     Quando temos fé em Deus, estamos protegidos contra os nossos inimigos e os terrores da noite. Dizer "eu acredito em Deus" significa dizer que não confiamos em nossa própria força, mas na força de Deus. Deus exerce um carinho para conosco quando abandonamos todas as nossas ansiedades e medos à Divina Providência. Contudo, Deus deseja que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para realizar nossas tarefas.
     Vá em frente cheio de coragem, mas com simplicidade. Nós não devemos pensar que não temos talento para fazer o que somos chamados a fazer. Pensar que não somos virtuosos o suficiente não deve nos preocupar. Os apóstolos eram pescadores que receberam talentos e santidade, na medida em estes dons eram necessários para cumprir a missão que Deus confiou a eles.
     Vá em frente sem se preocupar e sem voltar atrás. Se você trabalha para a glória de Deus, Ele sempre lhe dará o que você precisa no momento adequado, e dará o que é necessário, tanto para você e como para aqueles que foram confiados aos seus cuidados. Se você se sentir desanimado, jogue-se imediatamente nos braços de Deus, confiando-se aos cuidados Dele. Nós não devemos ficar chateados se temos ataques de ansiedade e tristeza, pois eles nos dão a oportunidade de praticar melhor as virtudes da confiança em Deus e a gentileza.
    Temos que nos incentivarmos uns aos outros na santa esperança, sem cansar. Devemos caminhar na esperança, tranquilamente, com cuidado, mas com confiança. Vamos escalar o Monte Tabor, onde, em fé, esperança e confiança em Deus, vamos encontrar Jesus quando Ele vier na glória.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, especialmente Sermões, L. Fiorelli, ed.)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 32º Domingo do Tempo Comum - 11 de novembro de 2012


Muito interessante esta imagem que encontrei no site Creia em Jesus Cristo, tudo em todos. Mostra claramente o que a liturgia deste final de semana fala para nós. Não adianta dar do supérfluo, daquilo que não faz falta na vida, só para aparecer. Deus aceita o pouco que temos, quando dado com o coração, como foi o caso da viúva. 

Destaque: Confiar em Deus nos torna generoso com os outros.

Perspectiva Salesiana

     A primeira leitura e o Evangelho de hoje nos contam a história de duas viúvas que são muito semelhantes. Elas, em vez de colocar a confiança em muitas outras coisas, confiaram plenamente em Deus. Posteriormente ambas receberam o reconhecimento e a recompensa por sua confiança e por sua fé Nele.
A primeira viúva é estrangeira para os hebreus. Ela é de Sarepta, uma cidade na costa do Mediterrâneo. Elias viajou por aquela terra em tempos de fome. Como era de se esperar, quando existem situações de fome, os ricos se queixam que os pobres morrem de fome. A mulher era pobre. Quando Elias a conheceu, ela estava recolhendo a última coisa que tinha, antes de que seu filho e ela morressem. Imaginem um estranho se aproximando desta mulher e pedindo algo para comer em o nome do Senhor. Imaginem também esta mulher colocando sua fé em Deus e dando comida para o profeta. Depois de colocar toda a sua confiança em Deus, o profeta anunciou, da parte de Deus, que ela teria comida suficiente "até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra".
     A segunda viúva foi aquela que, de acordo com a leitura do Evangelho, colocou duas moedas no tesouro do Templo. Jesus disse que a sua doação, mesmo que parecesse insignificante era realmente grande, porque ela tinha dado tudo o que possuía. A maior doação que ela fez foi, realmente, o ato de depositar sua fé em Deus para que Ele cuidasse dela.
     O que estas duas viúvas fizeram são coisas que para nós se tornam extremamente difíceis. Não importa quão grande seja a nossa fé. É muito difícil colocar plenamente nossa confiança em Deus. Existe em nós a tentação de encontrar a solução para os nossos problemas fora do âmbito da fé. Há uma grande falácia nos nossos tempos: pensar que o dinheiro pode resolver todos os nossos problemas. O trabalho de anunciantes é vender a ideia de que podemos comprar a felicidade. Paradoxalmente a felicidade para aqueles que foram abençoados com riquezas materiais é, muitas vezes, que eles compartilham livremente os seus sucessos com os outros.
     A mensagem mais importante das leituras de hoje é que coloquemos toda a nossa confiança em Deus, em vez de colocar nas coisas materiais. Isto é difícil para nós, porque exige que coloquemos em prática a virtude perdida da humildade. Somente uma pessoa humilde, reconhecendo a necessidade profunda que tem de Deus, tem a certeza de que a presença de Deus em sua vida é fundamental para a sua felicidade.
     Talvez algum dia tenhamos este grau tão profundo de fé e confiança em Deus, como o tiveram estas duas viúvas que confiaram nele. Também é verdade que esta é a razão fundamental pela qual nos reunimos para adorar, orar e celebrar os Sacramentos: mesmo quando estamos conscientes de que nossa fé pode ser fortalecida, também reconhecemos que não podemos fazer isso sozinhos.
     Precisamos de Deus. Precisamos uns dos outros.

Dos escritos de São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.

     As leituras de hoje nos inspiram a doar-nos algo de nós mesmos, naquilo que somos e temos, num nível mais profundo.
     São Francisco de Sales nos apresenta maneiras simples para realizar isso, estabelecendo prioridades naquilo que é importante na vida: o amor de Deus é encantador, pacífico e tranquilo.
     Nosso amor para ser eficaz, deve fluir deste amor divino. Para amar como Jesus amou, devemos ter um coração generoso que se estende para aqueles que são pobres, materialmente e espiritualmente. Amar os pobres. Seja feliz em vê-los em sua casa e quando visitá-los nas suas casas. Compartilhe seus bens com eles. Deus irá recompensá-lo não só no outro mundo, mas mesmo já neste.
     Nossos corações devem ser abrir primeiro ao reino de Deus. Não se importando com o tanto de riquezas que possuímos, lembremo-nos que somos apenas administradores das coisas da terra. Deus as confia aos nossos cuidados, mas os nossos corações devem estar desprendidos delas de tal forma que não nos preocupemos com elas.
     Quando cuidamos de nossos bens do modo como Deus quer, não perderemos a paz de espírito quando forem tirados ou quando perdemos. Se decidirmos responder aos infortúnios com a paz, mansidão e calma, vamos alimentar o fogo do amor sagrado que está crescendo em nós. Nós não queremos perder nada, mas se acontecer, vamos doar mesmo assim, algo que é nosso para os outros, quando os fatos difíceis nos causam dor. Devemos alegrar-nos em tais ocasiões, pois são oportunidades para colocarmos nossa confiança mais plenamente no amor e na bondade de Deus. Assim, em circunstâncias sobre as quais não temos controle, vamos aceitar com um bom coração, e colocar-nos em clima de paciência, coragem e alegria. Se vivemos dessa forma, seremos muito ricos, porque vamos ter o amor divino, que nos possibilita, como aos santos, doar-nos totalmente algo de nós mesmos para os necessitados.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.) 

P.Michael S. Murray, OSFS  - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Perspectivas Salesianas 10 - Faça cedo, frequente e constante... A prática da devoção (espiritualidade)
























     Somos chamados a viver uma vida devota (espiritual).
   Soa nobre? Verdade? Não parece algo impossível? Talvez porque não compreendemos o verdadeiro significado da devoção. (espiritualidade)
   "Verdadeiro, vivendo a devoção", diz São Francisco de Sales, "não é nada mais do que o amor de Deus." "Na medida em que o amor divino adorna a alma, é chamado de graça. Na medida em nos dá a força para fazer o que bom, ele é chamado de caridade. No medida em que não só nos faz fazer o que é bom, mas nos ajuda a fazê-lo diligente, com frequência e facilmente, é chamado de devoção".
   Em poucas palavras, a devoção é a hábito de fazer o bem aos olhos de Deus diligentemente, muitas vezes e com a maior paixão possível. Deve ser feita com simplicidade, sinceridade, e da melhor maneira que estiver ao nosso alcance.

Com a ajuda de Deus.

     Esta devoção não é para poucos. Isto é, para todos, para ser praticada corretamente no nosso próprio caminho, estado ou momento da vida em particular. São Francisco de Sales afirma: "Na criação, Deus criou plantas que deram seus frutos, cada um segundo a sua espécie. Da mesma forma, Deus manda todos os cristãos, que são plantas vivas da Igreja, que deem fruto da sua devoção, cada um segundo seu caráter e vocação."
     Justamente resulta muito valiosa a consideração do que devoção não deve ser. "Uma pessoa dedicada ao jejum pode pensar que é muito devoto jejuar, embora seu coração esteja cheio de rancor. Ele tem escrúpulos para molhar sua língua no vinho e até na água por sua sobriedade, mas nenhuma dificuldade em beber bastante sangue do outro por tirar-lhe mérito e o caluniar. Outra pessoa considera-se devota por recitar diariamente uma série de orações, embora imediatamente depois ela profira palavras desagradáveis, arrogantes e ofensivas em sua casa e entre seus vizinhos. Ainda outra dá esmolas de sua carteira aos pobres, mas não pode amansar seu coração para perdoar os seus inimigos. Pessoas como estas são geralmente consideradas como devotas, enquanto efetivamente não o são." A devoção não é apenas algo usado por outros, digno de admiração: "Muitas pessoas fazem que o mundo pense que eles são profundamente devotos por estarem envolvidos em ações externas que estão associados com a devoção. A autêntica devoção é o esforço para integrar o interior com o exterior. A legítima devoção é a luta para integrar o amor Deus com amor ao próximo." 
    A autêntica devoção, se você assim deseja, são os dois, "falando o falar e caminhando o caminhar."
   A legítima devoção é ser verdadeiro. Santa Joana escreve: "Faça com que sua devoção seja generoso, nobre, simples e sincera. Trate de fomentar o mesmo espírito naqueles com os quais tem contato, um espírito com base na profunda humildade resultante da sincera obediência; doçura caritativa, a mesma que suporta e perdoa tudo e uma simplicidade ingênua que nos faz calmos e amigáveis com todos."
    Agora, esta é a devoção que vale a pena praticar.

Para refletir:

1. O conceito da devoção salesiana é uma novidade para você?
2. Que aspecto da devoção salesiana é o mais atraente ou promissor para você?
3. Que aspecto da devoção salesiana é você mais controverso ou é um desafio?
4. Que aspectos da sua vida você pode melhorar, vivendo a espiritualidade salesiana?
5. Onde você experimenta maior dificuldade ou frustração para viver uma vida espiritual?
6. E de agora em diante, para onde você está caminhando?

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Reflexão Salesiana para o dia de Todos os Santos - 4 de novembro de 2012


Cúpula da Basílica de Maria Auxiliadora - Turim. 

Existe um caminho de felicidade diferente daquele que é proposto pelo mundo... Jesus propõe as bem-aventuranças. Somos chamados de bem-aventurados quando procuramos viver bem a nossa vida na fidelidade e no amor de Deus.  
Destaque: "Estes são os que vieram da grande tribulação ..."
Perspectiva Salesiana
     "Vamos juntar os nossos corações a estes espíritos celestes e estas almas benditas. Assim como os filhotes de rouxinóis aprendem a cantar com os grandes, nós aprenderemos também, por esta união, a honrar a Deus e a rezar condignamente". (Introdução à Vida Devota, Parte II, Capítulo 16).
     Estamos apoiados nos ombros de gigantes. Ao longo dos últimos dois mil anos inúmeros homens, mulheres e crianças de muitas idades, lugares e culturas passaram as suas vidas a serviço da Boa Nova de Jesus Cristo. Dentre estes tantos, um pequeno grupo de pessoas conseguiu a distinção de ser conhecido como "santos".
     Estas são pessoas reais que servem como exemplos. Estas são pessoas reais que nos inspiram. Estas são pessoas reais nas quais buscamos encorajamento e graça.
     Estes santos, estas pessoas reais, iam abrindo caminho através das provações que enfrentaram, a medida que viviam e proclamavam o Evangelho. O desafio para nós é seguir o seu exemplo de maneira que se encaixem com o estado e a condição de vida em que nos encontramos.
     No caso de você ainda não ter percebido, você também é chamado a viver uma vida santa, centrada em Deus, uma vida de doação, nos lugares onde vive, onde ama, onde trabalha e onde se diverte todos os dias. Francisco de Sales escreveu: "Observe o exemplo que os Santos nos dão em cada etapa de suas vidas. Não há nada que não tenham feito por amor de Deus e para ser dedicados seguidores de Deus... Por que então não deveríamos fazer o mesmo, de acordo com a nossa posição e vocação na vida, para manter essa resolução preciosa e as declarações que fizemos?" (Introdução à Vida Devota, Parte V, Capítulo 12).
     O que significa ser santo? Surpreendentemente, é algo muito mais prático e que está mais em nossas mãos do que supomos. Francisco de Sales observou que: "Devemos amar tudo o que Deus ama, e Deus ama a nossa vocação, portanto, devemos também amar a nossa vocação e não devemos desperdiçar nossa energia desejando ter uma vida diferente. Ao contrário, devemos continuar nosso trabalho. Sejam como Marta e também como Maria, e sintam a alegria de ser como elas... de cumprir integralmente a tarefa que foram chamados a desempenhar... "(Stopp, Cartas Seletas, página 61)
     Aos olhos de São Francisco de Sales a santidade se mede por meio da nossa vontade e capacidade de aceitar o estado e condição de vida em que nos encontramos. Os santos são pessoas que acolheram suas vidas como vieram, desde o mais profundo do seu ser, e sem perder tempo desejando e esperando por uma chance de viver a vida de outra pessoa. A santidade é marcada por nossa disposição de honrar a vontade de Deus como foi-nos mostrado durante os altos e baixos de nossas vidas diárias.
     Já descobristes como Deus te chamou para ser santo nos dias de hoje? Como podes abrir caminhos de amor no meio de tantas provações nos dias de hoje?
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação - P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Reflexão Salesiana para o 30º Domingo do Tempo Comum - 28 de outubro de 2011


     No Evangelho de hoje experimentamos a compaixão de Jesus, curando o cego que mostrou ter fé em seu poder de cura. A este propósito, São Francisco de Sales nos diz o seguinte:
     A mão misericordiosa de Deus sustenta seus corações. Ele nunca os abandonará, mesmo que se encontrem preocupados ou angustiados. Nunca se afastem dele quando se sentem tristes ou atolados em amargura. Ao contrário, voltem-se para Nosso Senhor e Nossa Senhora, cujo amor por você é infinito. A bondade de Deus, com a sua força suave, vem em nosso auxílio, desde que estamos dispostos a aceitar a ajuda que precisamos. De nenhuma maneira devemos desanimar. Se nós cooperamos com cuidado amoroso de Deus por nós, Sua bondade nos ajudará de forma diferente e muito maior. A misericórdia de Deus nos leva de um estado bom para um estado muito melhor para que nós possamos progredir no amor sagrado.
     Se vocês dedicam um momento a cada dia para aproximar seus corações de Deus, reforçarão as suas mentes de tal modo que nunca ficarão perturbados por esses pensamentos habituais e inúteis que os incomodam e atormentam agora. Em tais momentos devem repetir: "Sim, Senhor, eu vou fazer isso porque Tu desejas que eu faça." Escolhendo enfrentar as dificuldades para conseguir o melhor para nós, independentemente das reclamações que fazem nossos próprios sentimentos, temos um poderoso exemplo de oração diante de Deus. Se por algum motivo vierem a falhar em seus esforços não fiquem tristes. Cheio de confiança na misericórdia de Deus, levante-se e continue a caminhar em paz e com calma, como fizeram antes: no caminho da fé. Mesmo sendo fracos, nossa fraqueza jamais será maior do que a misericórdia que Deus demonstra para aqueles que querem amá-lo e colocar nele suas esperanças.
    Conheço muito poucas pessoas que conseguiram vencer na vida sem ter que passar por dificuldades. É por isso que você deve ser paciente. Depois da tempestade, Deus enviará a calma, porque somos Seus filhos. Nosso Divino Salvador sempre demonstrou que sua misericórdia excede Sua justiça, e Seu desejo de perdoar é infinito e que Ele é rico em misericórdia. Por isso, o nosso Redentor deseja que todos sejamos curados através do amor divino. Tenha fé no poder da cura de Deus.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales e Joana de Chantal)

Destaque: Como somos cegos? Como nós precisamos ser curados?

Perspectiva Salesiana

     A primeira leitura de hoje nos lembra da promessa feita pelo Senhor a seu povo de Israel. Deus irá protegê-los e levá-los para sua casa, pois Ele é um "Pai para Israel e Efraim é o meu primogênito." Deus está sempre atento aos fracos, às mulheres com crianças e aqueles que não podem cuidar de si mesmos.
     Tal preocupação demonstrada por um Pai amoroso nos permite dar um breve olhar sobre a relação única entre Deus e Seu povo. São Francisco de Sales lembra-nos continuamente do amor que Deus sente por sua criação. Esta "verdade" certamente faz sentido e é totalmente coerente com a lógica da nossa existência. Afinal, que criança não é amado/a por seus pais gratuitamente?
     A segunda leitura fala do papel do sumo sacerdote. O autor da Carta aos Hebreus deixa claro que o sumo sacerdote tem a capacidade de ser compassivo já que ele é ao mesmo tempo um curador ferido. Aqui, novamente, temos outro exemplo da natureza gratuita do nosso relacionamento com Deus. Deus dá uma vocação, não importa qual seja a nossa condição de vida. Mas esta vocação não é para nós que nos apropriemos dela, mas para que respondamos ao seu chamado.
     O Evangelho relata a história de Bartimeu, o mendigo cego. Essa é uma história maravilhosa para nos ajudar a entender como somos amados por Deus e de forma incondicional. Mesmo assim, embora essa relação seja gratuita, não é passiva.  Bartimeu implora a Jesus que tenha misericórdia dele. Jesus, em resposta devolve a vista ao cego. O cego pediu-lhe para ver e, em seguida, Jesus diz que a sua fé o salvou.
     Nós rezamos para poder obter a fé que precisamos e assim conseguir ver a relação fundamental entre Deus e Seu povo. Nossa cegueira nos impede de ver a bondade única que existe dentro de cada pessoa. Essa incapacidade de ver a bondade nos mantém atolados no pecado e nos nega a capacidade de aumentar os nossos dons e talentos para o nosso bem e para o bem de nossos irmãos e irmãs.
     Francisco de Sales nos desafia a ter a mesma fé do cego, e, ao mesmo tempo, pede que tenhamos bastante confiança no nosso valor intrínseco para que possamos pedir ao Senhor que nos permita ver. Se somos fortes o suficiente para dar esse passo, basta imaginar o quão longe poderemos ir!

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Reflexão Salesiana para o 29º Domingo do Tempo Comum - 21 de outubro de 2012


Nós sempre temos uma grande tentação: buscar o prestígio, o poder, escolhermos ser servidos. Jesus diz que deve ser o contrário. Ele nos dá a lição da doação, da partilha... é o que fazem os missionários. Hoje celebramos o dia das missões. Partilhemos nossa fé!

"Mostramos nosso amor ao próximo fazendo o maior bem para sua alma e para seu corpo, orando por ele e servindo-o de coração em todas as ocasiões. O amor que se reduz a belas palavras não é aquele com o qual Jesus Cristo nos amou. Ele não disse somente que nos amava. Foi muito mais além, fazendo tudo o que já sabemos, para provar seu amor". (São Francisco de Sales - Conversações espirituais, XI - o amor as criaturas)

Destaque: "através de seu sofrimento, meu servo, justificará a muitos"

Perspectiva Salesiana

     Jesus diz no evangelho de hoje que devemos ser servos dos outros. Se não fosse a palavra "sofrimento", até que não seria tão difícil cumprir este mandato do Senhor.
     Jesus é muito claro: servir é sofrer, sofrer é servir. Surge então a questão: será que Jesus serviu porque gostava do sofrimento?
     Consideremos por um momento o significado da palavra "sofrimento" O dicionário Houaiss descreve a palavra sofrimento como "ação ou processo de sofrer - dor causada por ferimento ou doença; padecimento". Certamente Jesus experimentou todas essas coisas neste mesmo sentido. Neste sentido a segunda leitura diz que "temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado". (Hb 4, 15)
     Mas o sofrimento é muito mais do que o fato de sentir dor: significa também carregar, suportar, "dar à luz um filho".
     O sofrimento não é somente a habilidade de sentir dor. Não, o sofrimento é a vontade de se abster, de perseverar, de continuar fazendo o correto e o que é justo, o que é saudável e santo, mesmo quando somos confrontados com a oposição e a resistência dos outros. O sofrimento é dor associada aos esforços que fazemos para gerar vida nas vidas dos outros.
     Esse tipo de sofrimento não é a mesma coisa que uma passividade impotente. Tal sofrimento - este sofrimento divino - é ser pró-ativo. Tal sofrimento - este serviço, é uma escolha: a escolha do amor.
Jesus não amava o sofrimento. Jesus sofreu precisamente porque estava disposto a amar. Jesus sofreu - ele perseverou - no seu compromisso de ser uma fonte de amor na vida dos outros.
     Isso foi o que fez de Jesus um servo. Isto é também o que pode nos tornar verdadeiros servos. Assim como Jesus, mesmo quando o nosso serviço é marcado pelo sofrimento, é muito mais importante que esteja marcado pelo amor.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB



Indico estes links, organizados pelo noviço salesiano Felipe Xavier:

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Reflexão Salesiana para o 28º Domingo do Tempo Comum - 14 de outubro de 2012


Nem a todos Jesus pede o abandono de tudo para segui-lo. Mas mostra a todos que o acúmulo e o enriquecimento ilícito não combinam com os valores do Reino por ele pregado. São Francisco de Sales nos ensina em seus escritos que deixar de lado tudo o que é material, significa por outro lado colocar tudo nas mãos de Deus. Um grande desafio!

   O Evangelho de hoje nos desafia a deixar tudo de lado para seguir Jesus. É Ele quem nos traz a verdadeira riqueza. A este propósito, São Francisco de Sales diz algo semelhante:
     Deixar de lado todos os nossos bens terrenos significa colocarmos tudo nas mãos de Nosso Senhor. Em seguida, pedir que Ele nos conceda o dom de sermos capazes de amá-lo verdadeiramente da maneira que     Ele quer de nós. Vocês podem acumular riquezas desde que sejam limitadas a um lugar em suas casas, e não em seus corações. Vocês podem se concentrar em aumentar suas riquezas e recursos, desde que o façam de uma forma que não seja somente justa, mas também honrada e caridosa. Que através das riquezas possam honrar e glorificar a Deus. Nosso dever é amar a Deus acima de todas as coisas, e depois amar os outros.
     Para poder amar a Jesus, é necessário que também lhe entreguemos as nossas posses imaginárias, como a honra, o afeto, e a fama, para que possamos nos dedicar a buscar a glória de Deus em todas as coisas. Nossos bens não são nossos. Deus deu-nos para que os cultivemos e é Seu desejo que os façamos frutificar para o benefício do Reino na terra. Portanto, nosso dever é cuidar deles e utilizá-los de acordo com a Sua vontade.
     Libertar-nos de nossas posses significa afastar de nossas vidas tudo o que é supérfluo e aquilo que não provêm de Deus. Ainda assim, ninguém iria usar um machado para podar uma vinha num único golpe. A maneira correta de fazer isso é usar uma foice para cortar cuidadosamente os sarmentos um por um. Em nosso caso procedemos da mesma maneira: devemos avançar passo a passo. Não podemos pretender chegar onde queremos num único dia.
     Empreender a busca do cumprimento da vontade de Deus em nossas vidas implica num trabalho enorme, mas será pequeno quando comparado com a magnitude da recompensa que receberemos. Uma pessoa generosa pode conseguir tudo com a ajuda do Criador. Fiquem atentos todos os momentos, para colocar a essência de seus corações nas mãos de nosso Salvador. Então verão que a medida que o divino amante vai tomando lugar em seus corações, o mundo e todas as buscas inúteis irão ficando de lado e vocês poderão viver cheios de alegria e na completa e perfeita liberdade do espírito como filhos de Deus.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Como é difícil entrar no Reino de Deus"

Perspectiva Salesiana

     Nos últimos minutos do filme "Campo dos Sonhos" o personagem Terrence Mann recebe um convite do fantasma de Shoeless Joe Jackson para "sair" com a equipe. É então que o personagem de Ray Concella se enfurece. Por que o fantasma convidou o escritor em vez de Ray? Ray fala um rosário de todas as coisas que ele fez, seguindo as instruções da "voz" e conclui: "Nem uma só vez perguntei o que eu faço com isso?"  Então o fantasma pergunta: "O que é que você está tentando dizer Ray?"  Ray responde: "O que eu quero dizer é, como isso me beneficia?".
     Que honesto. Que Revelador.Que humano.
     Hoje ouvimos ecos desta mesma resposta nas palavras de São Pedro no Evangelho, quando ele diz: "Nós deixamos tudo de lado para seguir-te"  Implicitamente está querendo dizer: que benefício receberemos de tudo isso?
     A verdade é que as Boas Novas nunca abrandam. Mesmo quando vamos amadurecendo em nosso amor por Deus, por nós e pelos outros, as Boas Novas sempre nos chamam para dar mais, para aprofundar, para avançar. A verdade é que, muitas vezes, as Boas Novas não nos fazem sentir muito bem.
     Não é de se surpreender que algumas vezes perguntamos:  'Que queres a mais?" - "Por que eu deveria fazer isso?" - "Como posso beneficiar-me fazendo isso?"
     O benefício para nós encerra uma dupla promessa. Em primeiro lugar chegamos a experimentar a alegria que implica o fato de nos preocuparmos por dar em vez de receber. Podemos também experimentar a liberdade que se sente quando permitimos que Deus penetre tudo o que somos e não apenas uma parte. Em resumo, podemos experimentar esta riqueza que somente é conhecido por aqueles que são generosos.
Em segundo lugar, vivemos cada dia com a crença de que algum dia chegaremos a desfrutar da generosidade de Deus para sempre numa vida que nunca terminará.
     Então como nos beneficia tudo isto? Bem, que benefício maior existe do que dar sentido e direção nesta vida? Ou, que tal, o fato de podermos desfrutar a plenitude destes - e de muitos outros presentes - na vida que está por vir?
     Estas sim que são boas notícias!

Texto: P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Reflexão Salesiana para o 27º Domingo do Tempo Comum - 7 de outubro de 2012


Destaque: "Não é bom que o homem esteja só"

Perspectiva Salesiana

     As leituras de hoje lembram que devemos ter um profundo respeito pelos outros. Falam da reverência que devemos sentir por cada ser humano. As leituras de hoje falam da preocupação e cuidado que devemos ter para com toda a criação. Os seres humanos foram criados para viver em harmonia uns com os outros. O projeto inicial de Deus é o homem e a mulher vivendo o amor e o benquerer.
    Mais importante ainda é que as leituras falam de uma verdade muito mais profunda: Nós, como Deus, cuja imagem e semelhança fomos criados, não fomos feitos para vivermos sozinhos.
Francisco de Sales escreveu: "Ninguém pode ignorar que a vontade de Deus é que nos salvemos tantas e tão diferentes são as maneiras pelas quais no-lo manifestou. Neste intuito e através da criação, Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Através da encarnação, Deus tornou-se nossa imagem e semelhança... a sua bondade leva-O a comunicar-nos com liberalidade os socorros da sua graça, para podermos alcançar a felicidade da sua glória." (Tratado do Amor de Deus, Livro VIII, Capítulo 4)
     Da mesma maneira como Deus se comunica conosco, fomos criados para viver em comunhão entre nós.
     Em suas palestras Francisco explica como nos relacionarmos uns com os outros, sendo nós mesmos. "O vínculo doce e amoroso do amor santo se tornará mais forte e mais estreito à medida que avançamos no caminho da nossa própria perfeição. À medida que nos tornamos mais e mais capazes de nos unirmos a Deus, mais estreita se torna nossa união com os outros...  em comunhão com o que que fazemos, a nossa união se tornará mais perfeita porque para unirmo-nos com Nosso Senhor devemos permanecer sempre muito unidos entre nós. É por isso que a santa recepção deste pão celestial e deste divino sacramento é chamado de Comunhão: que significa união comum." (VI Conferência, sobre a esperança )
     Basicamente o que Francisco de Sales nos diz é que nós nascemos para amar. Somos feitos para nos relacionarmos com os outros. Muito do que somos, muito do que podemos chegar a ser, só será realidade através das relações que construímos e que cultivamos com os outros.
     Além disso, devemos ser fiéis a nós mesmos. Devemos crescer no conhecimento de quem somos e nos aceitarmos como somos. Devemos acolher nossos pontos fortes e fracos. Devemos considerar quais são as coisas que podemos fazer por nossa conta. Temos também que aceitar as coisas que não podemos fazer sozinhos. Mas nada disso poderemos conseguir se nos isolamos: a plenitude daquilo que Deus nos chamou a ser se encontra precisamente nos nossos relacionamentos com os outros.
     Não só não é bom para o homem ficar sozinho, mas só podemos ser verdadeiramente humanos quando vivermos em comunhão com Deus ... e com os outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Perspectivas Salesianas 9 - O poder das palavras...


O poder das palavras...

     "Não é só o que você diz, é o modo como diz." Não é verdade!
As palavras são poderosas. As palavras podem curar e levantar. As palavras podem ferir e destruir. A diferença está no modo como as usamos.
     A Espiritualidade Salesiana faz entender claramente que as palavras podem produzir comunhão (comunicação) ou afastamento. Então, aqui estão alguns conselhos práticos.
São Francisco de Sales nos desafia: "Deixe que sua linguagem seja suave, aberta, sincera, franca, direta e honesta."
     Nunca dê motivos para os outros pensarem que falas mal deles.
     Honestidade, Integridade, Justiça e Imparcialidade deve ser a marca das suas palavras. Mas honestidade não é o mesmo que brutalidade. "Nem sempre é possível dizer tudo o que é certo", observa São Francisco de Sales. Mas "nunca é apropriado dizer algo contra da Verdade."
     A Verdade te dá liberdade.
   Aberto. Ao falar para os outros em um lugar público, esforça-te para ser o mais próximo possível. Quando for necessária a conversa confidencial, fale num lugar reservado. "Nunca dar aos outros motivos para pensarem que se fala mal deles, nos adverte o santo cavalheiresco. Por outro lado, Sales diz: "O mentir, dissimular e concordar duplamente sempre são sinais de fraqueza e de interromper o que se estava falando mal."
   Suave. "Se for necessário contradizer alguém ou opor-se ao ponto de vista do outro, deve-se fazer de tal maneira a não inflamar o temperamento dele", diz São Francisco de Sales. "Com dureza nunca se consegue nada." Ou ainda: "A correção é amarga, naturalmente, mas quando combinada com a doçura da bondade e aquecida com o fogo da caridade,torna-se mais aceitável, amigável, até cordial".
Quando você pratica esta doçura é tão importante quanto "quando você tem necessidade de corrigir alguém. Neste caso é melhor você adiá-la um pouco e fazer a correção em particular e com doçura", diz Santa Joana Francisca de Chantal.  Além disso, "faça sem queixar-se." Seja num conflito ou numa correção, faça-o de forma breve e com doçura.
   Simples. Diga o que você pensa e pense o que você diz. Santa Joana Francisca de Chantal escreve: "Não permita que nada em sua maneira de falar ou de escrever denote um golpe de afeto. Na verdade, eu preferiria vê-lo tranquilo antes que afetado."
Quanto mais simples melhor.
     Sincero. Diga o que precisa ser dito da maneira mais genuína possível. São Francisco de Sales diz: "A fidelidade, a simplicidade e a sinceridade de palavra são, sem dúvida, um grande adorno da vida cristã." Para Santa Joana Francisca de Chantal, você deveria lutar pela "inocência, franqueza e simplicidade, qualidades que o tornam um ser calmo e amigável com todo o mundo."
     Mantenha as coisas simples e fáceis. "A Sabedoria consiste em saber quando e como falar, quando e onde ficar em silêncio."
     Desta forma, você volta novamente a ser uma feliz, saudável e santa pessoa comunicativa. Especialmente reze pelo dom da sabedoria. Sabedoria? Certo!
     Francisco de Sales escreve: A Sabedoria é saber quando e como falar, e quando e como se manter em silêncio. Amém para isso!
     Lembre-se que as palavras não são nunca neutras. Elas fortalecem ou diminuem nossa comunicação com os outros.
     Tudo depende de você. Escolha suas palavras... sabiamente.

Para reflexão:

1. De que você mais gosta de falar: da felicidade, da saúde ou da santidade?
2. E o que você mais odeia?
3. Que dimensão desenvolve melhor?
4. O que você acha que precisa desenvolver mais?
5. Há alguma coisa que você gostaria de acrescentar? Por que ou por que não?
6. Numa escala de um a 10, como você classificaria sua capacidade de comunicar neste momento de sua vida?