sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 4º domingo do Advento - 23 de dezembro de 2012


Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje ouvimos Isabel afirmando que Maria foi abençoada por ter sido escolhida para ser a mãe de Nosso Senhor. São Francisco de Sales diz:
Quando Isabel chama sua prima de bendita, Maria diz que realmente foi abençoada, porque toda a sua felicidade vem de Deus. Deus vê a humildade de Maria e a exalta. Maria, em sua humildade, sente-se bem acolhida diante da maravilha que Deus fez tornando-a mãe de Jesus.
Um amor cheio de exaltação para Deus e para os outros, tendo ao mesmo tempo uma profunda humildade, estes são os sentimentos que povoam de modo especial o coração de Maria. A Humildade permite que Maria experimente a imensa e inesgotável bondade de Deus. Depois de experimentar a grandeza do amor de Deus, percebe o quão pequena é diante da majestade de Deus. Então age imediatamente impulsionada por seu amor para com Ele, dizendo: Faça-se em mim segundo a tua palavra. Ao dar o seu consentimento para a vontade de Deus, Maria nos dá uma amostra do maior ato de caridade concebível. Porque no momento em que ela concorda, o Verbo Divino se faz carne. E Maria, cheia de graça infinita, deseja o amor de Deus para o mundo todo.
Tal como no caso de Maria, o primeiro fruto que nos dá a graça de Deus é a humildade. A humildade nos permite experimentar o amor infinito de Deus. Ao mesmo tempo, a humildade nos faz perceber quão limitada é a nossa capacidade de amar a Deus e os outros. Enquanto a graça faz-nos curvar diante da excelência do amor divino de Deus, a humildade nos permite ver quão profundamente Seu amor purifica os nossos corações diante D'Ele e de suas criaturas. Como no caso de Maria, o amor de Deus em nós nos leva a amar os outros.
Que bom sinal é a humildade de coração na vida espiritual! Se formos humildes e aceitarmos que a vontade de Deus aconteça em nossas vidas, poderemos também dar à luz ao Menino Jesus em nossos corações. Colocar de lado os desejos da nossa vontade é doloroso. Mas vale a pena colocar a nossa plena confiança no trabalho que Deus realiza em nós, para assim podermos dar à luz a Cristo em nossos corações. Com toda a certeza o nosso Divino Salvador, com o nosso consentimento, irá abençoar-nos eternamente e introduzir-nos na vida eterna.
(Sermões de São Francisco de Sales, L. Fiorelli, Ed.; São Francisco de Sales, Oeuvres.)

Destaque: "Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia".

Perspectiva Salesiana
A saudação do Anjo Gabriel a Maria continha duas mensagens distintas, porém relacionadas: (1) Maria seria a mãe do Messias tão esperado, e (2) a sua prima Isabel tinha concebido um filho.
Assim que Maria disse "sim" ao convite que lhe foi feito para ser a mãe do Messias, ela foi "às pressas" para visitar sua prima.
De uma forma real, muito antes que ela trouxesse a criança que redimiria o mundo da desesperança e do desespero do pecado, Maria já estava dando à luz o Messias através de sua vontade e de sua disposição para servir as necessidades do outro, neste caso, uma parente dela que, por causa de sua idade avançada, poderia ser considerada como uma mulher com uma gravidez de "alto risco".
À primeira vista não se nota nada de diferente na ação de Maria, pois quem de nós não faria o mesmo por um parente necessitado? O que admiramos na atitude de Maria é a pressa com que ela o fez. Ela é verdadeiramente um modelo de virtude, um modelo que demonstra claramente com sua própria vida que a melhor maneira de dizer "obrigado" a Deus por Sua bondade, é ser a fonte desta bondade para os outros.
​​São Francisco Sales observou que "Maria não acreditou que estivesse perdendo tempo ao visitar sua prima Isabel. Não, porque a sua atitude era um ato de cortesia amorosa". (Stopp, cartas selecionadas, p. 159) Em sua "pressa" para servir a Isabel, Maria nos mostra o caminho para a verdadeira devoção. Francisco de Sales continua: "Deus nos recompensará de acordo com a maior dignidade. O que eu estou dizendo é que devemos treinar-nos nas pequenas virtudes primeiro, porque sem elas as maiores são muitas vezes falsas e enganosas".
O Advento nos recorda que devemos construir a esperança sobre o fundamento das coisas simples, pequenas e comum: cortesia, gentileza, paciência, honestidade, hospitalidade e compaixão. Maria nos mostra que mesmo as manifestações mais originais do amor de Deus por nós, nos desafiam, em primeiro lugar, a reconhecer as oportunidades que surgem em nossas vidas cotidianas e comuns para que dediquemos nossas energias na promoção do bem-estar dos outros.
Assim como Maria, que possamos reconhecer a nossa vontade para fazer pequenas coisas com um grande amor pelos outros, e com grande amor e entusiasmo, demonstrar "cortesia amorosa". Este é o primeiro passo para a nossa maior vocação: dar à luz a grande promessa do amor de Deus para todas as pessoas - Jesus Cristo.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual De Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

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