sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Reflexão Salesiana para o 1º Domingo da Quaresma - 26 de fevereiro de 2012


O Evangelho de hoje nos apresenta o momento em que Jesus foi tentado no deserto. São Francisco de Sales faz a seguinte observação a este respeito:
Jesus não foi em busca da tentação. O Espírito Santo o levou ao deserto para que fosse tentado. Se o Espírito Santo nos guia até um lugar onde encontramos a tentação, devemos confiar plenamente que Deus nos dará a força necessária para resistir a esta tentação , sem se importar quão forte pareça. Mesmo acreditando que somos santos ou generosos, jamais devemos confiar na nossa própria força e coragem e sair em busca da tentação acreditando que poderemos derrotá-la. Devemos nos preparar para conseguirmos vencer as tentações. Como Jesus, devemos armar-nos com a verdade de Deus. Esta verdade é a fé, a qual nos protege da tentação. Quando dizemos "Eu creio" em Deus Todo-poderoso  estamos depositando toda nossa confiança no poder de Deus, não na nossa própria força.
No momento que vocês percebem que a tentação os está enganando, façam o mesmo que fazem os meninos quando enxergam um lobo ou um urso no bosque: eles correm imediatamente para os braços de seus pais e pedem ajuda e proteção. Se a tentação persiste, apegue-se com força na Sagrada Cruz, voltem-se para Nosso Senhor e foquem seus pensamentos numa atividade que seja produtiva e construtiva. Nossas tentações são como cachorros acorrentados: se não nos aproximarmos deles não nos farão nenhum mal, mesmo que procurem assustar-nos com seus latidos.  
As vezes acontece que ao enfrentarmos uma tentação, no inicio nos sentimos como se tivéssemos sido feridos por uma emoção que se torna preocupante. Até pode ser que cheguemos a pensar que se torna impossível servir a Deus em santidade. Não nos deixemos amedrontar por medos infundados. Armemo-nos com a verdade da Palavra de Deus. Ele os fortalecerá e lhes dará a graça para perseverar e cumprir tudo o que pede a glória de Deus, o bem estar e a felicidade de todos nós.
(Adaptação dos Escritos de São Francisco de Sales, principalmente "Os sermões de São Francisdo de Sales para a quaresma" das edições L. Fiorelli)

Destaque: "O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias e aí foi tentado por satanás".

Perspectiva Salesiana

O Evangelho nos mostra em detalhes a prova que Jesus experimentou no deserto: ser um Messias diferente, encontrar uma forma mais rápida ou mais espetacular de conquistar as pessoas, empregar uma tática única e rápida para fazer a Vontade de Deus e que assim fizesse todo mundo feliz.
Noutras palavras, Jesus foi tentado a ser outra pessoa, distinta daquela que Deus o tinha chamado a ser.
Esta prova no deserto era somente o começo. A tentação afastava Jesus a cada dia de seu ministério. As vozes vinham de diferentes formas e tamanhos - dos demônios, dos Fariseus e Saduceus, da família, dos amigos, inclusive alguns de seus discípulos mais próximos. Gritando, murmurando ou gritando, as vozes da tentação trataram de dissuadir Jesus para que não fosse o mesmo, para que perdesse sua concentração, abandonasse sua missão, se afastasse de sua função no plano de salvação de Deus. Inclusive na hora de sua morte no Gólgota,  Jesus ainda ouvia vozes da tentação burlando-se "Tu salvaste a outros, salva-te a ti mesmo. Desça da cruz."
Todos nós somos tentados para sermos alguém diferente daquele que Deus nos chamou a ser. As vozes ao nosso derredor, as vozes dentro de nós mesmos nos querem convencer de que seríamos mais felizes, saudáveis, bem-sucedidos, poderosos  e persuasivos se fossemos alguém - qualquer pessoa - diferente de quem somos.
Somos como Jesus quando nos esforçamos para sermos fiéis ao plano de Deus para conosco. Somos como Jesus quando somos  fiéis a nossa função única no plano de salvação de Deus para conosco. Somos mais como Jesus quando refutamos a tentação de conformar-nos com algo menor, com realizar menos do que poderíamos fazer, de buscar um caminho mais curto. Nos encantamos com o mais fácil, mais conveniente, ou a forma mais popular de fazer o que está bem, ou tratar de fazer o correto, ou o que é justo?
São Francisco de Sales nos aconselha: "Não deves semear teus desejos no jardim de outra pessoa. Cultiva o teu da melhor maneira possível. Não tentes ser alguém que não és, mas deseja ser profundamente quem tu és."
Com a ajuda de Deus e o apoio dos outros, sejamos nós mesmos... e o sejamos bem. No meio dos desafios da vida, sejamos verdadeiros para conosco mesmo... e glorifiquemos e louvemos ao Deus que nos criou.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Reflexão Salesiana para o 6º domingo do tempo comum – 12 de fevereiro de 2012


Hoje São Paulo nos diz que “tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus”. São Francisco de Sales nos fala mais sobre este assunto:

Como conseguir que “tudo o que fazem seja em nome de Deus” para que possam viver melhor? Primeiro vocês devem purificar suas intenções ao máximo. Devem fazer o firme propósito de aproveitar o dia da melhor maneira e que sua intenção seja dar glória a Deus e não a si mesmos. Devem antecipar as oportunidades, as tarefas e obrigações que tem para fazer hoje e pensar como podem servir a Deus através delas. Quais são as tentações que podem ter? Poderá ser a ira, o egoísmo ou qualquer outro tipo de defeitos. Prepare-se com muito cuidado para evitar, resistir e superar qualquer coisa que possa entorpecer a legitimidade de seus esforços para viver em Jesus.

Para conseguir fazer bem todas as coisas, primeiro você deve demonstrar que tem determinação para crescer e seguir o exemplo de amor que Jesus nos ensinou. Se desejar colocar em prática esta determinação, peça a Nosso Salvador para o ajude a usar todos os meios que tem a sua disposição da melhor maneira possível, para que assim possa crescer no amor sagrado e servi-lo. É preciso admitir que por si mesmo você não possa cumprir estes propósitos de evitar o mal e fazer o bem do modo como Deus deseja que você faça. Coloque seu coração em suas mãos e ofereça a Nosso Salvador todos os desejos que tenha. Peça que Ele proteja seu coração e que os fortaleça, para que possa crescer em Seu autêntico amor.

Acostume-se a rezar e assim conseguirá que tudo o que fizer seja para dar glória a Deus. Receba os sacramentos com frequência. A medida que você cumprir com as obrigações próprias de sua vocação jamais se esqueça de colocar em prática a humildade, a gentileza, a paciência e a simplicidade, todas as virtudes que crescem como flores aos pés da cruz.

Enquanto se dedica ao cuidado da sua família com toda a diligência requerida, ajudem-nos a aproximar suas almas do amor de Deus e inculquem em seus corações as boas inspirações. As oportunidades extraordinárias para servir a Deus aparecem raramente, mas as oportunidades pequenas aparecem com frequência. Quando você aproveita o cumprimento de suas responsabilidades para dar glória a Deus, todas as suas atividades incluindo o comer, beber, dormir ou divertir-se, tudo o que faça será em nome de Deus, que o guiará até a plenitude autêntica através de Jesus Cristo.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: “Se queres tens o poder de curar-me”.

Movido por compaixão, Jesus estendeu sua mão, o tocou e lhe disse: “Eu quero, fica curado!”

São Francisco de Sales escreveu na Introdução à Vida Devota: “Não existe ninguém que não tenha uma ou outra imperfeição”. Normalmente nós conhecemos bem as imperfeições, os vícios, as reações e inclusive os pecados das pessoas com quem trabalhamos, com quem nos divertimos, dos nossos vizinhos com os quais convivemos todos os dias. Na maior parte destes dias deixamos que estas coisas passem por cima. Alguns dias temos que suportá-las. Outros dias, talvez, até cheguemos a desculpar-nos. Ocasionalmente, nos focamos nelas, inclusive as exageramos.

Algumas vezes é necessário dirigir a atenção para as coisas que vemos nas outras pessoas, estas coisas quem ofuscam seu potencial para serem felizes, sua saúde ou santidade. Algumas vezes devemos arriscar-nos a falar de seus pecados, suas faltas e estas feridas que as impedem de serem mais como Deus as chamou a ser. Algumas vezes devemos ajudar os outros para que reflitam sobre estas dores sociais, espirituais, psicológicas ou relacionais que estão roubando sua cidadania como filhos e filhas do Deus vivente, amante e redentor.

As Escrituras apresentam um contraste entre os modos muito diferentes que temos para concluir este trabalho. Um modo é focar a atenção nos pecados dos outros para isolá-los, excluí-los ou distanciá-los da comunidade. O outro modo, o modo de Jesus, é aproximá-los ainda mais da comunidade, criar um espaço em que os “impuros” possam experimentar a cura, a força e assim estabelecer um novo modo de vida.

Quando vocês focam a atenção nas imperfeições, nas manchas ou pintas dos outros, porque o fazem? Para distanciá-los do meio? Para envergonhá-los? Para humilhá-los? Ou, pelo contrário, estão tratando de aproximá-los ou entrar nos coraçções dos outros? Acaso seu objetivo é gerar um espaço de verdade naqueles que possam experimentar a cura, o perdão, a reconciliação e a força? Ou sua intenção é ajudá-los para que tenham a oportunidade de um novo começo?

Concluindo, existe uma coisa a mais a considerar: antes de dirigir a atenção para as imperfeições, os pecados ou as manhas nos outros, sigam as seguintes regras:

Sejam claros e explícitos naquilo que respeita aos próprios pecados e fraquezas.
Sejam claros e explícitos sobre a necessidade de serem curados e perdoados.
Sejam claros sobre a necessidade de ter amigos que não somente irão dizer o que vocês querem escutar, mas que algumas vezes também terão a coragem de dizer-lhes aquilo que vocês precisam escutar.

Padre Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Reflexão salesiana para o 5º domingo do tempo comum – 05 de fevereiro de 2012


Destaque: “O nosso tempo na terra é algo monótono?”

Perspectiva Salesiana

Sejamos sinceros. Apesar de querermos ver apenas o lado positivo da vida, cada um de nós passa por momentos em que responderíamos a pergunta que Jó faz com um enfático “sim”.
Os problemas da vida são reais. Os impedimentos na vida são dolorosos. As dores de cabeça, e as do coração, fazem parte do ser humano. Temos que ser honestos. Temos que identificar e enfrentar aquelas coisas em nossas vidas que nos fazem sentir oprimidos e estressados pelo peso de nossas cargas. Mesmo assim, ficarmos perdidos ou enrolados na negatividade pode ser muito mais perigoso e debilitante para nossa saúde espiritual, emocional, psicológica, social e mental, dos que os problemas em si.
Francisco de Sales nos diz que ficar focados nos problemas da vida “transtorna a alma, desperta medos excessivos, gera repúdio à oração, oprime e idiotiza o cérebro, priva a mente de sua prudência, sua determinação, seu juízo e sua coragem e destrói sua força. Numa palavra, essa dor é como um inverno severo que estropia toda a beleza do campo e enfraquece os animais. Despoja a alma de toda sua doçura e a deixa paralisada”.
Qual é o melhor remédio para a melancolia, para a tentação de ficarmos focados somente em coisas ruins, nas coisas que estão estragadas, nas coisas dolorosas? A oração, as boas obras e os bons amigos:
A oração – “A oração é um remédio soberano, já que eleva a alma a Deus que é nossa alegria e nosso consolo”.
As boas obras – “O maligno trata de enfraquecer-nos para que não façamos o bem se valendo da nossa dor, mas se ele vê que não nos dermos por vencidos, então deixará de molestar-nos”.
Os bons amigos – “Revelem a outros, humilde e sinceramente todos os sentimentos, as afeições e as sugestões que lhes ocasionam suas tristezas. Tratem de conversar com seus amigos espirituais e de passar com eles tanto tempo como lhes seja possível durante este período”.
São Francisco de Sales afirma que “o maligno se compraz com nossa tristeza e melancolia, porque ele mesmo é um ser triste e melancólico e o será por toda a eternidade. É por isso que Satã deseja que todos sejam como ele”. Quando precisarmos enfrentar os problemas e as dificuldades da vida, façamos da melhor maneira para privar Satanás de nossa companhia.

O P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb