sexta-feira, 30 de março de 2012

Reflexão Salesiana para o domingo de Ramos - 1º de abril de 2012


Destaque: "Coloquemos em prática nossa paciência, humildade e responsabilidade para que possamos ultrapassar nossos sofrimentos paixões e assim chegar ao ponto de nossa ressurreição e nossa Ascensão..."
Perspectiva salesiana

     O domingo de Ramos oferece aos cristãos uma dramática introdução para a celebração da última semana da vida de Cristo. Ao redor do mundo as obras teatrais da paixão mostram uma cena onde Cristo, sentado num jumento, vai passando no meio de uma multidão de pessoas que levam ramos de palmas nas mãos. Francisco de Sales, que viveu no século 17 captou também o drama desta cena do Evangelho. Francisco acreditava que Cristo tinha vindo para ensinar-nos quem era seu Pai, não somente em base daquilo que disse, mas também pelo modo como Ele interagia com as pessoas, o modo como as tocava, as curava e se dirigia a elas assim como se dirigiu a elas no domingo de ramos.
     Nesta dramática cena da entrada em Jerusalém, Francisco dá destaque ao animal no qual Cristo Rei estava montado. Ele dizia que o uso de um jumentinho, e não de um cavalo garboso era um detalhe que mostrava claramente quem era Cristo e quem era o Pai em cujo nome ele tinha vindo e também dizia algo acerca do seu reino.
     "Esta é uma cena realmente comovedora. Vejamos algumas das razões pelas quais o Salvador escolheu este animal. Em primeiro lugar pela sua humildade. O jumento é um animal verdadeiramente pesado, lento e preguiçoso. No entanto possui uma grande humildade, não é orgulhoso nem vaidoso. Isto o diferencia do cavalo que tende a ser altaneiro. O cavalo não somente dá coice, mas também morde e pode chegar a possuir tal fúria que ninguém se atreve a aproximar-se dele. Levanta sua cabeça, sacode sua crina e seu rabo até o ponto que pode chegar a despertar a vaidade de quem o monta! Tão logo escute o ruído dos cascos do seu cavalo contra o chão, o ginete se endireita cheio de orgulho, levanta seu rosto e observa ao redor para ver se alguma mulher aparece na janela para admirá-lo. Quem é realmente o mais vaidoso, o cavalo ou seu ginete? Quanta bobagem e infantilidade nisso tudo! Nosso Senhor, que foi humilde e veio para destruir o orgulho, escolheu não usar o orgulhoso cavalo para que o transportasse. Escolheu o animal mais simples e mais humilde de todos.
     A segunda qualidade é a paciência. O jumento não é somente humilde, mas também excessivamente paciente. Não se queixa, não morde e nem dá coices. Tudo suporta com grande paciência. Nosso Senhor amava tanto a paciência que quis converter-se num reflexo, num modelo da mesma. Ele suportou açoites e maus tratos com uma paciência invencível. Ele suportou incontáveis blasfêmias e incontáveis calúnias sem dizer uma só palavra.
     A terceira razão é porque o jumento permite que o carreguemos com tanto peso quanto queiramos, sem opor resistência. Ele leva a carga com uma responsabilidade excepcional. Tanto amava nosso Divino Mestre a responsabilidade que escolheu dar-nos um exemplo da mesma. Ele carregou a pesada carga de nossas injustiças e sofreu pelas mesmas tudo o que nós merecíamos sofrer".
     Francisco de Sales (cujo padroeiro foi Francisco de Assis, amante da natureza de Deus, especialmente dos animais) escolheu enfocar a atenção no humilde jumento durante a cena do domingo de ramos. Ele nos convida na leitura da Paixão que hoje é lida nas igrejas para que sigamos Cristo humilde, paciente e confiante ao longo desta encenação até a consumação com sua morte amorosa e em seguida através da liturgia da Páscoa e do tempo pascal até a última cena da Ressurreição e da Ascensão. Ele nos convida a praticar a humildade, a paciência e a responsabilidade para conosco também, humildemente, para que possamos avançar em meio dos nossos sofrimentos e assim chegar o momento de nossa própria ressurreição e ascensão.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales. 
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb

sexta-feira, 23 de março de 2012

Imagem de São Francisco em Barbacena


De 17 a 20 de março participei do Seminário Salesiano de Historiografia em Cachoeira do Campo, no Retiro das Rosas em MInas Gerais. No dia 20 tivemos a oportunidade de ir à Barbacena para visitar o Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa. Lá eu vi esta imagem de São Francisco de Sales. Abaixo estão os detalhes sobre ela.

Reflexão Salesiana para o 5º domingo da quaresma


Destaque: "Todos me reconhecerão, do menor ao maior"
                     "Senhor, gostaríamos de ver Jesus"

Todos nós gostaríamos de ver Jesus.
Onde o buscamos? No céu? Em lugares remotos? Em pessoas especiais? Em experiências extraordinárias? Em eventos que acontecem somente uma vez?
Francisco de Sales sugere que devemos começar no lugar mais próximo a nós mesmos: "Deus está em todas as partes e em todas as coisas. Não existe lugar ou coisa neste mundo onde Deus não esteja realmente presente. Deus está não somente no lugar em que te encontras, Deus se encontra, de modo especial, no profundo do teu coração". (IDV II, 2)
Se quisermos ver Jesus, primeiro deveremos reconhecê-lo em nós mesmos: antes de tudo, fomos criados à imagem e semelhança de Deus, Cristo e do Espírito. Cristo habita em nossa mente, em nossos corações, nossos afetos, atitudes e ações. Cristo mora no meio de nossas responsabilidades diárias, em nossos êxitos e tropeços. Cristo mora em nossos esposos, filhos, pais, famílias, amigos, vizinhos, companheiros de trabalho e de aula. Onde quer que estivermos ali está Jesus.
A quaresma é um tempo para aguçar nossa vista, para clarear nossa visão, para focar nossa percepção de que Deus está conosco, sempre e de todas as formas!
A quaresma é também um tempo que nos recorda um lugar muito especial no qual podemos ver e experimentar Jesus: no ato de pedir, receber e dar perdão. Jesus mora dentro de nós não só simplesmente e poderosamente pelo que somos, mas também Jesus está presente de um modo muito sensível e real na experiência do perdão, da reconciliação e da redenção.
Peça a graça para ver Jesus mais claramente dentro de ti mesmo. Peça para ver Jesus nos eventos, circunstâncias e nas relações de cada dia. Peça a sabedoria para reconhecer Jesus no dom da vida e na beleza da criação, com todos os seus altos e baixos. Peça a fé para reconhecer a presença de Deus no presente do perdão.
Querem ver Jesus? Abram seus olhos! Abram seus ouvidos! Abram seus corações! Abram suas mentes! Abram suas atitudes! Abram suas vidas!
Deixe que outras vejam em ti Aquele que tu buscas nos outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução e adaptação do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quinta-feira, 15 de março de 2012

Reflexão Salesiana para o quarto domingo da quaresma - 18 de março de 2012


Destaque: "Deus é rico em misericórdia... que foi manifestada para conosco em Cristo Jesus"
"Nós fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos".

Perspectiva Salesiana

A quaresma é um tempo para celebrar a misericórdia, a generosidade e a bondade de Deus.
Podemos ouvir o eco da carta de São Paulo aos Efésios nas observações feitas por São Francisco de Sales no seu Tratado do Amor de Deus (II,5) quando escreve: "Quem poderá duvidar agora de nossos abundantes modos de salvação, quando temos um Salvador tão grandioso, pelo qual fomos criados e redimidos pelos seus méritos?"
Francisco continua: "O pecado de Adão não chega a sobrepujar a generosidade de Deus. Ao contrário, o pecado de Adão excitou e provocou a generosidade de Deus ainda mais e a revigorou em presença do adversário!"
A quaresma nos convida a admitir a verdade que diz que, quando estamos diante da generosidade de Deus, muitas vezes nos mostramos mesquinhos, de mente pouco aberta, de coração pequeno. Isto se torna mais evidente quando pecamos. Ironicamente, só quando aceitamos a generosidade de Deus somos capazes de arrepender-nos de nossas atitudes, nossos afetos e nossos atos pecaminosos. Francisco de Sales pergunta: "Sabes que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?"
A quaresma nos convida a "ter uma vida com boas obras". O arrependimento não é somente manter-nos longe do pecado. O arrependimento é também acolher a virtude de fazer o que Deus nos mandou e aconselhou fazer, de modo "diligente, frequente, pronto e com entusiasmo e alegria" (IVD 1, 1)
Neste final de quaresma és convidado a dedicar-te ao agradecimento. Agradece a misericórdia, a generosidade e a bondade de Deus para contigo! Aceite a salvação que Cristo conquistou para ti! Afaste-se dos pecados que não te permitem experimentar e aceitar a generosidade na tua vida. Dá testemunho da bondade de Deus e de teu arrependimento, exercitando a bondade, a generosidade e a misericórdia em teus relacionamentos com os outros. Ao fazer isso, te converterás no "trabalho feito por Deus, criado em Jesus Cristo para viver a vida das boas obras" que Deus preparou para ti, sim, para ti, desde a criação do mundo.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


sexta-feira, 9 de março de 2012

Reflexão Salesiana para o terceiro domingo da quaresma - 11 de março de 2012

Cartoon Vendilhões do Templo [ Publicado em Mero Cristianismo] Trabalho do designer Diego D. Carrion 

A lei de Deus foi deixada para promover a vida e a religião não pode, de forma nenhuma, explorar as pessoas. Promovendo a vida, promovemos a saúde, tanto espiritual como material. Este é o tema deste domingo. Achei interessante publicar esta imagem, atualizando... 

Perspectiva Salesiana

Destaque: "Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão."

Os dez mandamentos tinham dois objetivos na vida dos Israelitas: recordavam para eles a experiência da escravidão passada nas mãos dos Egípcios e lhes ofereciam preceitos para evitar a escravidão do pecado no futuro e em todas as suas formas.
Jesus nos trouxe um novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei". Sem anular a lei e os profetas, Jesus manda amar-nos uns aos outros e mostra claramente que não devemos cumprir os mandamentos somente por cumprir. Sabemos que Jesus criticava os Escribas e Fariseus por irritar os outros com a interpretação servil que eles deram a lei de Moisés.
Francisco de Sales entendia que mesmo que observemos retamente os mandamentos e conselhos de Deus, sem exceção, isto não é suficiente para quem deseja seguir o exemplo de Jesus. Fomos chamados a viver a vida espiritual.
Francisco explicou: "Vida espiritual é esta agilidade espiritual, esta vivacidade que nos permite fazer o que é correto com entusiasmo e amor". A perfeição cristã nos desafia a cumprir os mandamentos e os conselhos de Deus de um modo que promovam "uma alegria e um entusiasmo para a realização de atos caritativos."
Resumindo, é este modo alegre, entusiasta e vivaz que nos impele a fazer bem e que nos permite "cumprir a lei e os profetas" e tronar realidade o novo mandamento de "amar-nos uns aos outros" na vida dos outros.
Muitas pessoas "deixam de fazer certas coisas na quaresma". Este é um tempo perfeito para libertar-nos da escravidão de fazer o mínimo necessário! Este é o tempo perfeito para deixar atitudes e afetos que não nos deixam fazer o bem de forma positiva, alegre e entusiasta! Este é o tempo perfeito para lembrar-nos novamente que precisamos adotar a liberdade dos filhos e filhas de Deus, vivendo, cada dia, a nova lei do amor de Cristo.
Seja santo! Tenha saúde! Seja feliz, para o bem de Deus, o teu e dos outros! Fazer o bem não deve converter-se numa carga para nós. Fazer o bem é uma forma de progredirmos! 

Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução: Tarcizio Paulo Odelli - SDB
 

Dos sermões de São Francisco de Sales, para a quaresma, fazemos uma síntese daquilo que dizia naquele tempo e que serve para nós hoje.

São Francisco de Sales falou muitas vezes que Jesus nos chamou para nos libertar-nos da escravidão do pecado e comprometer-nos a uma vida de santidade que nos conduz à eterna felicidade.
Muitas pessoas aspiram alcançar a santidade, mas poucas a conseguem porque não caminham como deveriam, fervorosamente, cheios de serenidade, cuidadosamente e seguros de si mesmos. Isto quer dizer que devemos depender mais da Divina Bondade e Providência do que de nós mesmos e de nossas boas obras. Devemos ser completamente fieis, porém, sem deixar-nos levar pela ansiedade nem pela impaciência.
Deus quer que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance. Isto significa que Deus deseja que usemos os meios comuns e corriqueiros para alcançar a santidade. Devemos usar os dons que nos foram dados de acordo com a nossa vocação e manter-nos em paz naquilo que se refere ao resto. Se isso falhar, sabemos que Deus jamais irá deixar-nos desamparados, enquanto estivermos dispostos a cumprir a vontade divina. Embarcamos nesta travessia tendo a Deus como nosso guia e por isso devemos confiar plenamente Nele que está sempre atento para prover tudo aquilo que precisarmos. Portanto, quando a ajuda humana falhar, a providência especial de Deus assumirá o comando e se encarregará de cada um de nós. Deus prefere fazer milagres para não nos deixar desamparados, seja espiritual ou materialmente, a todos os que confiam totalmente na Providência de Deus.
Muitas vezes achamos que este sentimento de agradar a Deus não continuará ao longo da nossa vida. Mesmo assim, não nos preocupemos. É bom mostrar sempre nossa boa vontade, continuamente. Coloquemo-nos em suas mãos. Coloquemos nossas preocupações e Ele nos renovará sempre que necessário. Uma vez terminada esta vida mortal, não teremos mais razão para sentir temos, já que estaremos num lugar seguro.
(L. Fiorelli, ed., Sermões para a Quaresma de São Francisco de Sales.) 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Reflexão Salesiana para o 2º domingo da quaresma - 04 de março de 2012


"Mal o homem pensa um pouco, com atenção, na divindade, logo sente uma certa doce emoção de coração que testemunha que Deus é Deus do coração humano".

Destaque: "E transfigurou-se diante deles".

Perspectiva Salesiana

Algo extraordinário aconteceu naquela montanha.
Considera a possibilidade de que não foi Jesus quem mudou, mas Pedro, Tiago e João é que foram transformados. Imagina que este fato do Evangelho de Marcos documenta a experiência de Pedro, Tiago e João enquanto seus olhos estavam abertos, sua visão aumentava, ajudando-os a ver sem impedimento algum, a luz deslumbrante do amor de Jesus que emanava de cada fibra de seu ser.
Verdadeiramente, cada dia da vida de Jesus revelou uma parte deste esplendor extraordinário, desta paixão extraordinária, desta glória extraordinária a pessoas de todas as idades e estados de vida. Os pastores e os reis magos, os anciãos e as pessoas viram; os convidados das bodas viram; uma mulher acusada de adultério viu; um menino possuído por demônios viu; um homem que tinha nascido cego viu; um bom ladrão viu.
Se tantos outros puderam reconhecê-lo com uma palavra, com um olhar, com um toque, por que Pedro, Tiago e João precisaram de esforço extra que os ajudasse a ver a glória de Jesus? Talvez fosse porque estavam próximos de Jesus, talvez porque estivessem com ele todos os dias, talvez até porque, sob certo ponto de vista, tinham deixado passar longe.
E nós? Nós reconhecemos a presença desta mesma glória divina em nós, nos outros, na criação, inclusive nas coisas mais simples e ordinárias, nas experiências da justiça de cada dia, na verdade, na cura, no perdão, na reconciliação e na compaixão?
Ou deixamos passar longe?
São Francisco de Sales viu a Transfiguração como uma "espiadinha no céu". Durante este tempo da quaresma, que nossos olhos, nossas mentes e nossos corações sejam transfigurados e transformados. Que vejamos mais claramente a glória de Deus que nos ama sempre, que nos redime, que nos cura, que nos perdoa, que nos desafia, que nos busca, que nos dá forças e que nos inspira.
Que cresçamos na habilidade, através da qualidade de nossas vidas, para fazer que esta "olhadela do céu" se torne mais visível e disponível aos olhos e as vidas dos outros.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb