sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Santíssima Trindade (Ciclo C) 30 de maio de 2010



     Hoje é o domingo da Santíssima Trindade. São Francisco de Sales enfatiza que devemos buscar a união no amor com os outros de uma maneira que reflita o amor que existe entre as três pessoas divinas.

     Os atos de bondade de Deus para com a família humana são atos das três Pessoas. Sua bondade transborda sobre a saúde espiritual de toda a família humana porque fomos feitos a imagem e semelhança de Deus. O Pai provê todos os meios necessários para que nós glorifiquemos a bondade divina de Deus. O Filho, que veio a este mundo, elevou nossa natureza acima dos anjos. Ao tornar-se humano, Nosso Senhor se tornou semelhante a nós e nos fez a sua Semelhança para que pudéssemos desfrutar o tesouro que é a nossa vida eterna. O Espírito, que veio avivar os Apóstolos que formaram a Igreja continua outorgando-nos vida por meio do amor divino.

     Ninguém pode chegar a imaginar ou a entender a união que existe entre as Três Pessoas da Trindade. É por isso que Jesus nos chamou para nos unirmos ao amor sagrado da melhor maneira possível e não para que nos unamos de forma idêntica à da Trindade. Porque através de Cristo participamos do amor divino da Trindade, que nos torna filhos de Deus.

     Os filhos do mundo estão todos separados uns dos outros já que seus corações se encontram em lugares distintos. Por outro lado, os filhos de Deus que tem seus corações “no lugar onde se encontra seu tesouro”, somente tem um tesouro que é o próprio Deus. Sempre permanecem juntos e unidos pelo amor de Deus. Nosso Salvador nos restaurou em igualdade de condições e sem exceção alguma nos fez à Sua semelhança. Portanto, não deveríamos sentir um amor ardoroso e genuíno por esta mesma semelhança nos outros? Não fomos chamados a amar nada que seja ruim nos outros, somente a imagem e semelhança de Deus. Apreciemos, então, o fato de sermos filhos de Deus que buscam unir-se de modo similar ao das Três Pessoas da Trindade, cujo amor divino e transbordante alimenta e transforma toda a família humana.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana da festa da Santíssima Trindade


     Deus se revela diante de nós como Pai criador e amoroso, um Filho que nos nutre e nos redime e um Espírito que nos desafia e nos inspira. Fomos criados à imagem e semelhança da Trindade; somos chamados a viver uns com os outros nesta terra a imagem e semelhança da Trindade. O fato de estarmos destinados para a glória dos céus é a imagem e semelhança da Trindade.

     A Trindade nos fala da plenitude criativa; a Trindade nos fala da abundância da cura; a Trindade nos fala da generosidade que inspira.

     O Espírito Santo, a Sabedoria de Deus, é a fonte dos dons que necessitamos para poder experimentar e personificar este Deus Trino em nossa vida do dia a dia. São Francisco de Sales escreveu no Tratado do Amor de Deus: “Nós necessitamos de temperança para aplacar as inclinações rebeldes da sensualidade; justiça para fazer o que é correto na relação com Deus, com nossos vizinhos e conosco mesmos; fortaleza para que possamos permanecer fiéis a nosso compromisso de fazer o bem e para poder evitar o mal; prudência para descobrir as formas mais apropriadas para que possamos buscar o que devemos aspirar e recusar tudo aquilo que é o verdadeiro mal; entendimento para penetrar nos primeiros e mais importantes fundamentos ou princípios da beleza e da excelência da virtude e finalmente, sabedoria, para contemplar a natureza divina, a primeira fonte de tudo o que é bom” (Tratado do Amor de Deus, Livro 11, Cap. 15)

     Soa familiar? Deveria: nós conhecemos isso como os “sete dons” do Espírito Santo.

     O amor que vem deste Deus trino, este amor que é uma parte fundamental daquilo que nós somos, contém todos estes dons. Francisco de Sales descreveu este amor como “uma açucena esplêndida que tem seis pétalas mais brancas do que a neve e em cujo centro se encontra os pequenos e formosos pistilos dourados da sabedoria que trazem a nossos corações o sabor amoroso da bondade do Pai, nosso Criador, a misericórdia do Filho, nosso Redentor, a doçura do Espírito Santo, nosso Santificador”. (Ibid)

     Tão misteriosa como é a Trindade existem duas coisas que são realmente claras: nós somos chamados a personificar a plenitude criativa de Deus, a abundância da cura de Deus e a generosidade inspiradora de Deus e nós fomos agraciados com os dons necessários para tornar este chamado uma realidade.

     O Deus Trino – Pai, Filho e Espírito nos ajudem a refletir – clara e convincentemente – sua imagem em nossas mentes, nossos corações, nossas atitudes e nossas ações. Dá-nos a graça para ser o deleite nas vidas dos outros no dia a dia.

(P. Michael S. Murray, OSFS é Reitor do Centro de Espiritualidade Sales)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Domingo de Pentecostes




O grande amor e os cuidados de Deus se manifestam novamente na Festa de Pentecostes. O fato de que o Espírito Santo vive em nós é algo essencial na espiritualidade de S. Francisco de Sales.

O amor é o que dá vida ao coração. O Espírito Santo, que nos foi concedido, derrama o amor divino em nossos corações. O Espírito é como uma fonte de água viva que flui em cada parte de nossos corações e espalha a sua graça. A Graça tem o poder de atrair os nossos corações. Através do Espírito Santo, Deus desperta e anima os nossos corações para que se tornem conscientes da sua bondade. Muitas vezes temos a necessidade de que nos desperte e nos conduza pela mão, para que façamos uso apropriado de nossa força e de nossos talentos.

Se queremos sentir a presença do Espírito Santo em nós, devemos nos livrar de nossos caprichos e nossa acomodação para acolher a vontade de Deus. Devemos ser como o barro nas mãos do oleiro, para que Deus possa nos moldar e nos levar ao caminho da verdadeira saúde espiritual. Embora não possamos impedir que Deus inspire nossos corações, todos nós possuímos o poder de rejeitar o desejo que Deus tem de amar-nos. Da mesma forma, o Espírito Santo não tem nenhum desejo de trabalhar em nós sem o nosso consentimento. Mas se permitirmos, mesmo minimamente, as inspirações de Deus, que felicidade conseguiremos!

O fruto único do Espírito Santo é o amor divino que nos enche o interior de conforto, ao mesmo tempo que enche nossos coração de uma paz que perdura até mesmo no meio da adversidade, através da paciência. O amor sagrado nos torna amáveis e gentis, e na hora de ajudar os outros, o faremos com uma bondade sincera para com eles. Esta bondade que vem do Espírito Santo, é constante e perseverante e nos dá uma coragem duradoura que nos faz gentis, simpáticos e atenciosos para com os outros. Isto faz com que supor-temos as mudanças de humor e as imperfeições. Levaremos uma vida simples, que será o testemunho de nossas palavras e ações. O amor divino é a virtude de todas as virtudes. Apreciemos e cultivemos o Espírito que habita dentro de nós, para que o amor de Deus possa reinar ai também.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales e de Santa Joana de Chantal).


Destaque sugerido:

"Cada um de nós os ouve falar em nossa própria língua, sobre as maravilhas que Deus tem operado."

Perspectiva Salesiana

Independentemente do fato de que eles falaram com pessoas diferentes, com línguas e culturas diferentes, os apóstolos foram compreendidos por todos os que ouviram quando proclamaram as maravilhas que Deus tinha feito.

Como isto foi possível?

Incendiados com o amor do Espírito Santo, os apóstolos estavam falando a linguagem do coração. Eles estavam falando com entusiasmo. Eles estavam falando com gratidão. Eles estavam louvando e dando graças. Eles estavam falando das profundezas de seu ser. Eles estavam falando desde sua alma.

Em suma, eles estavam falando a linguagem universal - a linguagem do coração.

Nós somos muito humanos – somos muito divinos - quando falamos a linguagem do coração, quando falamos a linguagem do amor, quando falamos e ouvimos com a alma, quando estamos baseados no Verbo feito carne.

Como bem sabemos, por experiência, a comunicação é mais do que encontrar dos o-lhos... ou da língua ou do ouvido. Comunicar-se é algo mais fácil de dizer do que de fazer. Muitas vezes compreendemos mal. Frequentemente presumimos que sabemos o que as outras pessoas estão pensando ou sentindo. Muitas vezes usamos as mesmas pa-lavras, embora tenham significados diferentes. Muitas vezes temos maneiras diferentes de dizer a mesma coisa. Ouvimos com frequência, mas muitas vezes não conseguimos ouvir. Estamos sempre falando, mas falar não é o mesmo que comunicar-se.... O coração fala ao coração.

São Francisco de Sales nos diz que o Espírito Santo vem para acender os corações dos crentes. Quando falamos e ouvimos com o coração ardendo de alegria, verdade e grati-dão, o conflito encontra um caminho para a compreensão, a confusão é a clareza, o dis-tanciamento encontra o caminho para a intimidade, a dor encontra uma maneira de curar, a frustração encontra o perdão, a violência encontra a paz, o pecado encontra a salvação.

Francisco de Sales oferece o seguinte conselho: "Fala sempre de Deus como Deus, isso significa que, com reverência e devoção, sem ostentação ou maneirismos, mas com um espírito de caridade, manso e humilde. Deixe que o mel da devoção, e das coisas divinas que são imperceptíveis ao ouvido de uma e de outra pessoa, fluam mais do que possam fluir. Ore em tua alma para agradar a Deus, e que ele faça com que este abençoado orvalho penetre no coração daqueles que te ouvem. É maravilhoso como uma proposta doce e amigável atraia os corações dos ouvintes."

Como precisamos falar, ouvir, ou praticar a linguagem do amor nos dias de hoje?

Padre Michael S. Murray, OSFS é o Diretor Principal do Centro Espiritual de Sales.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dom Bosco e São Franciso de Sales (4)


S. FRANCISCO PATRONO DO ORATÓRIO – Por que S. Francisco de Sales foi declarado Patrono do Oratório – Dom Bosco imitador da doçura deste Santo.

“O nome de São Francisco de Sales se tornava familiar entre os jovens, e Dom Bosco estabeleceu que a festa deste amável santo fosse celebrada com toda solenidade. Alguém poderia perguntar: - como é e por que o referido Oratório foi dedicado em honra ao Bispo de Genebra e começou a chamar-se de São Francisco de Sales? – Dom Bosco estando ainda no Convito Eclesiástico tinha já colocado no seu coração a decisão de pôr todas as obras sobre a proteção do Apóstolo do Chablais, mas aguardava que primeiro o P. Cafasso lhe manifestasse sua opinião sobre este seu pensamento. E o P. Cafasso pronunciou a sua palavra. Encontrando-se num daqueles dias com o Teólogo Borel, discorrendo sobre as dificuldades que Dom Bosco estava encontrando, da paciência que ele manifestava em todas as suas ações, e da contínua prosperidade do Oratório, notou que até este momento este não estava sob a proteção especial de um santo patrono. Depois de breve discussão o P. Cafasso nomeou São Francisco de Sales, e o Teólogo Borel louvou a proposta. D. Bosco aceitou e três foram as principais razões desta escolha. Primeiramente porque a Marquesa Barolo, para ajudar Dom Bosco, tencionava estabelecer no “Refúgio” uma congregação de sacerdotes sob este título, destinada a cuidar espiritualmente não somente dos seus muitos Institutos já existentes, mas também daqueles que tencionava fundar no futuro, entre os quais um Colégio de jovens estudantes em Barolo; e um laboratório dedicado a São José em Turim no Refúgio, para ai manter e educar diariamente mais de cem jovens abaixo de doze anos de idade. Com esta intenção tinha feito executar, sob o muro da entrada do novo local destinado para os sacerdotes capelães, uma pintura de São Francisco (de Sales). Em segundo lugar, porque como Dom Bosco tinha escolhido a juventude para exercer o seu ministério e o que requeria grande calma e mansidão; e por isso ele queria colocar-se sobre a especial proteção de um Santo, que nesta virtude foi modelo perfeito. O confortava uma terceira razão. “Naquele tempo muitos erros, especialmente o protestantismo, começavam a insinuar-se insidiosamente nos nossos lugares, sobretudo em Turim entre o povo simples.” Pois bem, Dom Bosco quis tomar este santo como patrono para que lhe obtivesse do céu a graça especial de ganhar almas para o Senhor. De receber dele a luz e o conforto para combater com êxito aqueles mesmos inimigos, que ele tinha, em sua vida mortal, tão esplendidamente triunfado, para a glória de Deus e da Igreja e em vantagem de inúmeros cristãos. Enfim, julgava que o espírito de São Francisco de Sales fosse o mais adaptado aos tempos para a educação e instrução popular. Deste admirável apóstolo, ele conhecia minuciosamente a vida e os escritos. Agora e depois ia recordando nas suas falas, ora um dito, ora um fato. Procurava vivenciar em si mesmo, sobretudo a doçura do seu coração, a qual tinha reconduzido tantos hereges para o seio da Igreja. “Descrevia-nos, escreveu o P. João Bonetti alguns anos depois, São Francisco de Sales na sua juventude, dizendo que o caráter suave e manso, ele não o tinha por natureza, mas tinha-lhe custado grandes sacrifícios para conquistá-los. Nós, com estas palavras, formávamos uma idéia do ânimo do próprio Dom Bosco. Quando ele era jovem, bem o sabemos, pela sua confissão, era por natureza, de espírito ardente, pronto, forte, intolerante por resistência. E o víamos como modelo de mansidão e respirando sempre paz. De tal maneira era dono de si mesmo que parecia que nada tivesse que fazer. Víamos seus contínuos atos de virtude para frear-se e o fazia de um modo tão heróico que parecia tornar-se uma cópia viva e falante da caridade de São Francisco de Sales.” Assim na capela do grande Bispo de Genebra, o Oratório recebia um ótimo começo. (MB 2,252-254)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Batismo de São Francisco de Sales

No dia 22 de agosto de 1567 recebeu o batismo de emergência, por estar muito fraco. No dia 28 de agosto de 1567 foi batizado solenemente na igreja paroquial de Thorens, sendo padrinhos o Padre Francisco de la Fléchère (superior do convento de Sillingy) e a baronesa Boaventura Monthoux, sua avó. Puseram o nome dos padrinhos: Francisco Boaventura.
 Nesta mesma Igreja foi consagrado bispo em 8/12/1602. Diziam dele no dia do batizado:
“Era incomparavelmente simpático este menino. Seu rosto tão amavelmente gracioso maravilhava a todos que o contemplavam. Seu olhar era tão amoroso e doce que parecia um anjinho vindo do céu. Era impossível contemplá-lo e não amá-lo...”
 
 

Nesta pia batismal ele foi batizado

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dom Bosco e São Francisco de Sale (3)

     Ao iniciar a sua obra, Dom Bosco notava que muitos meninos que vinham do interior para Turim, em busca de emprego não se apresentavam aos párocos e nem praticavam os deveres do bom cristão. Via um campo vastíssimo, aberto ao seu zelo; mas recordando a máxima prudente de São Francisco de Sales: “Seguir e não preceder os passos da Divina Providência” com um pouco de santa impaciência, esperava a hora de poder estabilizar-se. (MB 2, 60).



Igreja de Thorens, onde São Francisco de Sales foi batizado

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sexto Domingo da Páscoa (Ciclo C) 9 de maio de 2010

     As leituras de hoje nos recordam que amar a Deus significa cumprir Sua Palavra. São Francisco de Sales ressalta nossa necessidade de aprender a cumprir a Palavra de Deus e de viver em Jesus, levando uma vida de oração e de virtude.

     A oração enfoca nossa mente na luz brilhante de Deus, e expõe nossa vontade ao calor do amor de Deus. A oração é uma torrente de água bendita que faz com que estas plantas, que representam nossos bons desejos, cresçam frondosos, verdes e que floresçam. Tirem um tempo, todos os dias, para meditação. Se possível, bem cedo, pela manhã, já que nesta hora suas mentes são menos susceptíveis às distrações e estão atentas, depois do descanso da noite. Peçam a Deus que os ajude a orar, do mais profundo do seu coração, para que possam viver em Jesus.

     Quando vocês meditam sobre a vida de Jesus, ao mesmo tempo em que vão aprendendo sobre suas atitudes e seu modo de ser, poderão moldar suas ações tendo como modelo Seu modo de vida. Acostumem-se, pouco a pouco, a passar da oração ao cumprimento de suas obrigações diárias, com calma e com facilidade, mesmo que as obrigações sejam totalmente diferentes dos afetos que estavam recebendo quando estavam orando. O advogado deve aprender a passar da oração para a apresentação de arrazoados, o comerciante a seu comércio, os pais de família ao cuidado de seus filhos. Devemos aprender a fazer esta transição com fluidez; a passar de nossa experiência na meditação ao cumprimento de nossas tarefas diárias, e isto requer uma vida de virtude.

     Cada pessoa deve pôr em prática, de forma especial, as virtudes necessárias para poder levar o tipo de vida para a qual foi chamada. Na hora de praticar as virtudes deveríamos preferir aquelas que melhor encaixam com nossas obrigações, no lugar de escolher aquelas que mais se acomodam a nosso gosto. Regra geral, os cometas se veem muito maiores que as estrelas, já que se encontram muito mais perto de nós. É só por isso que parecem maiores. Da mesma forma existem algumas virtudes que consideramos melhores somente porque nos parecem muito mais significativas. Mas o que devemos fazer é escolher as virtudes necessárias para opormos aos nossos fracassos e às nossas debilidades habituais, e poder, assim, avançar pelo caminho do amor sagrado. Dou-lhes um exemplo: quando a ira vos assalte, ponha em prática a doçura. Não importa quão pequeno pareça este ato virtuoso. A verdadeira virtude não tem limites. Se atuarmos com boa fé e reverenciarmos a Deus, Ele nos elevará as alturas verdadeiramente grandiosas para que possamos viver em Jesus.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

“Nasci antes do tempo normal, porque tinha muita pressa para começar a amar e louvar a Deus”.

Diante do Santo Sudário

     Como sabemos, o Santo Sudário, na época de São Francisco de Sales era propriedade da Casa Real da Sabóia e assim permanecerá até 1983, quando passou a ser propriedade do Vaticano.

     Em 1566, para celebrar a entrada da duquesa de Nemours, Ana De Este, em Annecy , como esposa do duque de Genevois, Jacques de Nemours, o duque da Sabóia concedeu que o Santo Sudário fosse trasladado para veneração na cidade de Chambéry. Os Sales fizeram a peregrinação para venerar o Sudário. Francisca de Sionnaz, Senhora de Boisy, estava grávida e consagrou o menino “já concebido” ao Senhor, diante do Santo Sudário. Isso é assegurado pelo confessor do Santo, Miguel Favre e pelo bispo de Bellay, João Pedro Camus, amigo do santo e que conhecia estes fatos por suas confidências. E diz que Francisco de Sales tinha uma grande devoção ao santo Sudário porque apreciava muito que sua mãe, “pela veneração que tinha a esta santa relíquia tinha tido um parto de maneira muito mais feliz do que se esperava.” Esta convicção o inspirava a uma grande devoção pela dita manta, que então se acreditava, sem dúvida alguma, tingida no sangue do Senhor: “a tinha consigo de diversas formas: bordada, pintada, ao óleo, em prancha ao buril, em miniatura, em relevo, gravada. E a colocava em seu quarto, na capela, no oratório, em seu escritório, na sala, na galeria, em todas as partes”. E por que tanta devoção? Ao que ele respondia: “porque minha mãe me dedicou a Nosso Senhor quando ainda eu estava em suas entranhas, diante desta santa relíquia de salvação.”



“Nasci antes do tempo normal, porque tinha muita pressa para começar a amar e louvar a Deus”.

     O nascimento de Francisco de Sales foi muito perigoso para sua jovem mãe. A senhora de Boisy teve um parto “com muito mais trabalho” e "foi maravilha não ter perdido a vida.” Francisco de Sales nasceu no dia 21 de agosto de 1567 no castelo de Sales. Primogênito de Francisco e Francisca de Boisy: o pai tem 44 anos e a mãe 15. Terá 12 entre irmãos e irmãs, cinco dos quais morrerão pouco depois do nascimento. A família na qual vai crescer era totalmente francesa de espírito e de cultura. Falava-se o mais puro francês. A família dos Sales era firmemente católica. Calvino quis converter o Sr. de Boisy (nome que se dava ao pai de Francisco depois do casamento). O menino nasceu de sétimo mês e seu estado era tão delicado que tiveram que colocá-lo “num berço de seda e envolvê-lo com algodão”. Dava muita lástima ver certas “comichões nesta carne tão tenra”. Um detalhe digno de ser notado é esta finura de sua epiderme, que o fará ruborizar-se fortemente à menor emoção, e sua sensibilidade sempre será das mais delicadas. Esta emotividade parece ter sido herdada de sua mãe, cujo sono era interrompido por tremendos pesadelos, até o ponto de que os médicos temerem por sua vida. Uma noite despertou sobressaltada, impaciente para ter o seu filho em seus braços. Pedia angustiosamente, porque tinha sonhado que ele tinha morrido e que o iriam enterrar.

     Como sua mãe estava muito fraca, procuraram por uma ama-de-leite, uma camponesa muito robusta chamada Petremonde Puthod. E isso foi providencial, porque esta mulher que era forte de corpo e muito santa de alma, o foi fazendo crescer e progredir de tal maneira em robustez e santidade que ninguém esperava tanto. Ela ainda vivia no tempo do 1º processo de canonização. Eis o seu depoimento sobre Francisco: “Francisco era um menino grandemente gracioso, belo de rosto, afável, doce e familiar... jamais conheci uma criança mais fácil de alimentar e de melhor índole”.

sábado, 1 de maio de 2010

Quinto Domingo da Páscoa – Ano C 02/05/2010

     As leituras de hoje nos recordam que para poder entrar no Reino de Deus devemos perseverar na fé em Jesus Cristo. São Francisco de Sales enfatiza a necessidade de perseverar no amor a Deus. A perseverança é o dom mais desejável que podemos aspirar nesta vida.

     Toda nossa felicidade está baseada na perseverança e é por isto que eu insisto que vocês perse-verem até o fim. Nosso bem-estar não consiste somente em aceitar a verdade da Palavra de Deus, mas também perseverar nesta verdade. O Espírito de Deus nos mostra como começamos para que, assim, possamos chegar ao fim. O Espírito faz com que nos alegremos com as flores da primavera, com a expectativa de que poderemos saborear os frutos no verão e no outono.

     O objetivo da vida cristã é transformar nosso espírito egocentrista no Espírito de Cristo. Ao longo de nossas vidas sempre despertam em nós certos interesses egoístas, aos quais devemos renunciar. Quanto mais nos distanciarmos de nossos desejos egoístas e aceitarmos o que Deus deseja para nós, nosso espírito humano irá se enchendo de mais paz, e pouco a pouco, se liber-tará da intranquilidade interior.

     O verdadeiro amor gosta de agradar aqueles que amamos. O exemplo que nos dão as pessoas que amamos, exerce um poder imperceptível sobre nós. Se nos deleitamos com frequência em Deus, nos amoldaremos a Ele, e nossa vontade será transformada na divina vontade de Deus. A adaptação de nosso coração ao amor de Deus ocorre quando depositamos todos os nossos afe-tos nas mãos de Deus para que Ele os modele e para que seja ele quem guie nosso espírito. Por sua vez, responderemos ao amor de Deus por meio do amor dos demais.

     A fé nos ensina que tudo o que é verdadeiro e bom em nós, provém de Deus. Por isso devemos ter suficiente coragem e uma confiança muito firme na ajuda de Deus. Ele, que nos leva pela mão, nos ajudará a suportar as dificuldades que, de outra maneira, seriam insuportáveis para nós. Se continuarmos respondendo ao amor e à misericórdia de Deus, Ele consumará a obra de nossa salvação.

(adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)