sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quarto Domingo do Tempo Comum - 30 de janeiro de 2011


O Evangelho de hoje procura nos mostrar como se pode ser feliz através das bem-aventuranças. Se analisarmos a palavra bem-aventurança, descobriremos que ela se refere a um estado de felicidade, uma atitude positiva, que permeia todos os aspectos de nossa vida interior, de modo que se manifeste em todas as nossas ações, louvando e agradecendo a Deus. Quando somos bem-aventurados, podemos não ter todas as coisas materiais que nós queremos, mas temos tudo que precisamos. Em nossa condição atual reina a ventura e a felicidade. Tudo aquilo que chega a nossa vida nos ajuda a amadurecer em nosso amor pela vida e por Deus. As bem-aventuranças são parte do plano de Deus para nós neste momento. A bem-aventurança é uma atitude espiritual que nos permite reconhecer que todos nós temos é puro dom. A bem-aventurança é a atitude de uma pessoa amorosa, que confia plenamente em Deus, sem se preocupar com interesses pessoais. As pessoas que possuem o dom das bem-aventuranças depositam todos os seus interesses em Suas mãos.

São Francisco de Sales fala das bem-aventuranças como um dom de amor que nos faz maleá-veis, dispostos a ouvir os mandamentos, os conselhos e as inspirações de Deus. No entanto, é claro em dizer que mesmo que o ensinamento de Nosso Senhor diz: "Bem-aventurados os pobres," queremos e procuramos ser tão ricos sem nunca perdermos nada. Jesus também disse: "Bem-aventurados os mansos," mas cada um de nós quer governar sobre os ou-tros. "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça," mas buscamos a vingança, e tentamos evitar ter que suportar qualquer coisa por medo de sermos despreza-dos. "Bem-aventurados os que choram, e ainda assim todo mundo quer viver feliz nesta vida mortal e passageira, como se a nossa verdadeira felicidade fosse encontrada aqui.

A Sabedoria das bem-aventuranças é totalmente contrária à dos sábios terrestres que não podem aderir a elas. Submetamo-nos aos ensinamentos que nos foram dados sobre a vontade de Deus para a nossa perfeição e nosso crescimento espiritual. Para não se perder no meio das coisas do mundo, é preciso ser perseverante na verdade, viver de acordo com ela e adquirir a capacidade de entendê-la. Quem guarda a Palavra de Deus é declarado bem-aventurado por Nosso Senhor.

(Adaptado do V.3 Sermões. Fiorelli L.)

Destaque

"Tratem de conseguir a justiça, tratem de alcançar a humildade... não façam o mal, não min-tam ao falar"

Perspectiva Salesiana

Viver com humildade é viver na verdade: a verdade sobre Deus, a verdade sobre nós mesmos, e também para os outros. A verdade é que Deus nos criou no amor, em Cristo nos redime e nos inspira, nos enche de vida através do Espírito Santo. A verdade é que somos chamados a viver de um jeito que comprove a nossa dignidade e nosso destino. A verdade é que nós devemos reconhecer a sagrada dignidade e o destino dos outros.

Na medida em que vivemos em, por, e como resultado dessa verdade, estamos dando a Deus e aos outros, o que lhes é devido. Em outras palavras, realmente vivemos na humildade quando buscamos e promovemos a justiça.

Há muitas maneiras de dar a Deus e aos outros, o que lhe é devido. Há muitas maneiras de promover a justiça. Um dos mais poderosos meios de promover esta justiça - e que está ao nosso alcance - é a maneira como usamos o poder da palavra ... porque como todos sabe-mos, a palavra é uma habilidade muito poderosa.

Francisco de Sales reconheceu o poder das palavras. Ele dedicou nada menos do que cinco capítulos da terceira parte de sua Introdução à vida devota ao tema da conversa e do papel que desempenha na promoção - ou subversão - da justiça. Aqui está um exemplo de seus pensamentos e sentimentos sobre este tema:

"Se um homem não ofende com as suas palavras, é um homem perfeito, diz São Humber-to. Tenha cuidado para nunca deixar escapar uma palavra indecente seus lábios."

"Assim como os venenos entram no corpo através da boca, o que envenena o coração entra pelos ouvidos e faz com que a língua que as diz se converta em assassina."

"Nada é mais contrário à caridade e, sobretudo, a devoção, do que o desprezar e falar mal dos nossos vizinhos. Os teólogos consideram um dos piores crimes de que uma pessoa pode ser culpada contra os seus vizinhos."

A mais comovente declamação feita por Francisco de Sales que diz respeito à ligação entre a humildade, a justiça e a palavra é o capítulo trinta, parte III: "Sua linguagem deve ser leve, franca, sincera, honesta e natural. Fique atento contra a ambigüidade ou o engano. Embora nem sempre seja aconselhável dizer tudo o que é verdade, nunca é permitido falar contra a verdade. Portanto, vocês não devem se acostumar a dizer mentiras deliberadamente seja para se desculpar ou para quaisquer outros fins, lembrando que Deus é "Deus da verdade.” Se por acaso chegarem a dizer uma mentira, corrijam imediatamente oferecendo uma explicação e peçam as desculpas necessárias. Oferecer uma explicação honesta como desculpa tem mais poder e mais graça do que uma mentira. "

Na verdade, existem circunstâncias em que as palavras, sem dúvida não valem nada. Mas quando se trata de viver humildemente nossas palavras tornam-se um tesouro inestimável: tornam-se uma fortuna que Deus espera que usemos de forma a promover e colocar em pratica a justiça e verdade.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Reflexão Salesiana para o terceiro Domingo do Tempo Comum - 23 de janeiro de 2011


No próximo dia 24 estaremos celebrando São Francisco de Sales, padroeiro da Família Salesiana. Nestes textos do final de semana, vemos Francisco como luz que brilhou nas trevas, indicando caminhos a seguir. Ele o fêz porque estava sempre iluminado pela luz de Cristo e levou esta luz a milhares de pessoas.

No Evangelho de hoje Jesus chama vários pescadores para segui-lo. São Francisco de Sales oferece os seguintes pensamentos sobre o apelo feito a eles, e a nós, para seguirmos nosso Salvador:

Quando nosso Salvador afirma a seus apóstolos que os escolheu, não é por exceção. Até Judas recebeu o convite, mesmo que depois tenha usado abusivamente de sua liberdade e rejeitado os dons que Deus lhe concedera. Temos que estar completamente certos de que quando Deus chama alguém para o cristianismo, seja solteiro ou casado, para ser religioso, seja para padre ou bispo, Ele dá todo o apoio necessário para que possam alcançar a santidade através de sua vocação.

Ainda assim, mesmo após sua conversão, alguns dos apóstolos estiveram sujeitos a certas imperfeições. Tal é o caso de São Pedro, que falhou miseravelmente negando o Senhor. Assim, percebemos que é impossível superar num dia todos os maus hábitos que adquirimos como resultado do pouco cuidado que damos a nossa saúde espiritual. No entanto, nosso Salvador quer que vocês o sirvam tal como são, através de suas orações e ações, de acordo com o estado e a etapa em que se encontram suas vidas. Uma vez que vocês estão convencidos de que devem servir a Deus de seus lugares, continuem fazendo o que estavam fazendo, sintam afeição por seu estado de vida. Sejam bons de coração, cultivem as suas vinhas com o amor divino.

À medida que realizem suas tarefas diárias, coloquem-se nas mãos de Deus, que quer ajudá-los a realizar todos os seus propósitos com êxito. Devem ter fé que Deus vai fazer o que ele acha melhor para vocês, se vocês fizerem a sua parte e se forem diligentes. Não se surpreendam se os frutos de seus trabalhos são lentos para aparecer. Se estiverem satisfeitos com a obra de Deus, com paciência, seus esforços não serão em vão. Nosso Senhor, que faz casa para as tartarugas e os caracóis, vos guiará bem e deixem ele fazer isso. Caminhemos fielmente no caminho de nosso Senhor, e permaneçamos em paz, tanto no inverno da esterilidade como no outono da fertilidade. Caminhemos com felicidade e sigamos nossa vocação com confiança na Divina Providência.

Destaque: "As pessoas que andavam nas trevas viram uma grande luz. Existe uma luz que brilha para aqueles que vivem no meio da escuridão."

Perspectiva Salesiana

Em seu livro intitulado “A União da Perfeição”, Wendy Wright fez a seguinte observação em relação a São Francisco de Sales: "É difícil caracterizar com precisão o estado espiritual de qualquer pessoa durante o curso de sua vida, pois podemos fazer algumas generalizações. A geografia da relação continua de Francisco de Sales com o divino e as visões de si mesmo que ele experimentou, tentando continuar essa relação, pode ser comparada, de alguma forma, e na sua totalidade, com grandes planaltos e prados. Há alguma noção de liberdade, espaço, uma visão de horizontes largos e uma sensação de luz que emana dele" (p. 141)

São Francisco de Sales foi realmente uma luz para o povo de seu tempo, à sua maneira. Através de seus escritos, de sua pregação e do seu toque humano, ele foi uma luz que ampliou os horizontes das pessoas que aliviar suas cargas e os ajudou a buscar uma vida devota de acordo com o estado e na etapa em que suas vidas se encontravam. Ele foi uma luz que dissipou as trevas da ignorância, da ansiedade, do fatalismo e do medo. Ele foi uma luz que deu às pessoas o coração que precisavam para aceitar a vida como ela era... e o sonho de vida, como poderia ter.

Reconhecemos este homem como um santo só porque a sua luz clara reflete a luz de Jesus Cristo. Cristo é a luz que dissipa as trevas. Cristo é a luz que perdoa pecados. Cristo é a luz que fortalece os joelhos fracos e os corações diminutos. Cristo é a luz que dissipa o nevoeiro do pecado e da tristeza. Cristo é a luz que indica o início de uma nova era de alegria e felicidade, de propósito e de promessa.

Os textos do Evangelho de Mateus de hoje e da vida de S. Francisco de Sales nos ofere-cem um poderoso testemunho da natureza da luz divina de Cristo, e esta luz é para ser compartilhada. Assim como Cristo chamou os seus apóstolos para compartilhar a sua luz, como Cristo chamou Francisco para compartilhar sua luz, assim também Cristo nos chama a cada um de nós para sermos fontes de luz para outros. Cada um de nós é chamado para dissipar a névoa de aflição e desespero, quando estão presentes no coração dos outros. Cada um de nós é chamado para aliviar o fardo dos outros. Cada um de nós é chamado a ser uma fonte de esperança para os outros.

Não se enganem, existem certas cargas que estão associadas ao fato de serem uma fonte de luz de Cristo na vida dos outros. Nossa luz deve enfrentar-se com o lado escuro da vida: o pecado, o mal, o cinismo, a hostilidade, a desconfiança, o preconceito e o medo, só para citar alguns. Nossa luz deve iluminar não somente os outros, mas também deve iluminar e purificar as nossas próprias mentes, nossos corações, nossas atitudes e nossas ações. Nossa luz requer que cheguemos a nos conhecer realmente a nós mesmos... e que realmente cheguemos conhecer os outros.

Jesus afirma que o encargo de sermos fontes de Sua luz é, paradoxalmente, mais leve que qualquer outro encargo que decidimos assumir ao longo de nossas vidas. (Mateus 11, 29-30) Como é isto possível? Porque a luz de Cristo nos eleva! Que abençoados, que felizes, que "leves de coração" nos sentimos quando aproveitamos as oportunidades que se apresentam diariamente para levantar-nos... e para ajudar os outros a subir também!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

2º Domingo do Tempo Comum - 16 de janeiro de 2011


Destaque:

"Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos os que, que qualquer lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”.

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales acreditava que todas as pessoas foram chamadas para serem santas. Todos são chamados a ser santos. Ouvimos falar ou lemos isto muitas vezes. Mas algumas coisas, especialmente coisas que são importantes, vale a pena repetir: "O Senhor, criando o universo, ordenou às árvores que produzissem frutos, cada uma segundo a sua espécie; e ordenou do mesmo modo a todos os fieis, que são as plantas vivas de sua Igreja, que produzissem dignos frutos de santidade, cada um segundo o seu estado e vocação”. (Introdução à Vida Devota, Parte I, Capítulo 3)

Aspirar à perfeição - crescer em santidade – “viver em Jesus"- é um desafio formidável. Adotar uma vida virtuosa exige força e coragem. Renunciar ao pecado exige força e coragem. Fazer ouvidos surdos à tentação exige força e coragem. Num determinado dia, o nosso progresso no caminho da devoção pode ser marcado por sucessos ou fracassos.

Mesmo assim, esta aspiração à santidade se torna ainda mais difícil quando tentamos ser santos de um modo que não se encaixa com a etapa ou com o estado em que nossas vidas se encontram: um modo de vida que não tem nada a ver com quem somos. Pelo fato de todos sermos chamados à santidade, isto não significa que somos chamados a ser santos da mesma maneira. Francisco recorda-nos: "Devoção (santidade) deve ser exercida de forma diferente pelo cavalheiro, o trabalhador, o servo, o príncipe, a viúva, o jovem e as mulheres casadas. Eu pergunto, é próprio de um bispo querer viver sua vida na solidão como um monge? Ou que um homem casado não queira ter mais propriedades que têm um monge, ou um artesão passar o dia numa igreja ou um religioso estar constantemente sujeito aos chamados para ajudar os seus vizinhos, que é um trabalhar mais em sintonia com a vida do bispo?  Talvez esse tipo de santidade não estaria sujeita ao riso, confusão ou algo impossível de se viver?" (Ibid)

Francisco de Sales tratou de explicar o mesmo assunto, de outra maneira, numa conferência (sobre as virtudes de São José) para a antiga comunidade da Visitação: "Alguns dos santos sobressaíram em certas virtudes, outros em outras, e mesmo que todos salvaram suas almas, todos eles fizeram de forma muito diferente. Por que existem muitos tipos de santidade assim como existem santos." (XIX Conferência , p. 365)

Uma reflexão contemporânea sobre este assunto foi feita pelo ganhador do Nobel, autor premiado e sobrevivente do Holocausto, Elie Wiesel: "Há mil e uma portas que conduzem para o pomar da verdade mística. Todo ser humano tem a sua própria porta. Nós cometemos o erro de ir para o jardim por uma porta diferente daquela que nos corresponde." (Night, página 3)

Para termos certeza se existe verdadeiramente um modelo de santidade cristã, esse modelo é Jesus Cristo, aquele no qual todos nós fomos consagrados. Mas ser santo - assim como Jesus é santo - não significa ser como todo mundo. Pelo contrário, ser santo é ter a força e a coragem para ser quem e como Deus quer que sejamos, nos mesmos lugares, circunstâncias e relações em que nos envolvemos todos os dias.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor Sênior do Centro Espiritual de Sales.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Reflexão Salesiana para o Batismo do Senhor - 09 de janeiro de 2011


Hoje celebramos o batismo de Jesus. Este evento marca o início de seu ministério. São Francisco de Sales nos diz que Deus nos chamou para servir, apesar dos defeitos presentes em nossa natureza. Nosso Salvador tem maneiras incompreensíveis, mas as vezes encantadoras para chamar-nos a serví-lo. Quando temos uma firme e inabalável determinação de servir a Deus do modo e no lugar em que Ele nos chama, então estaremos demonstrando nossa verdadeira vocação.

Apesar de sermos firmes e constantes em nosso serviço a Deus, nós podemos cometer erros. Podemos também chegar a colocar em dúvida nossa determinação para usar os meios que nos foram dados para servir a Deus. Estamos todos à mercê dos nossos sentimentos e emoções e, portanto, estamos sujeitos a mudanças, a altos e baixos. Não nos preocupemos se às vezes experimentamos sentimentos de desgosto ou de desânimo ao responder ao nosso chamado para servir a Deus. É normal sentir essas emoções. Mesmo não sendo muito virtuosos, ainda estamos aptos para servir a Deus. Mas devemos permanecer firmes frente as mudanças de estado de ânimo.  Existem algumas virtudes que só pode ser implementadas no meio das dificuldades. É nossa vontade, e não as nossas emoções e sentimentos, que atestam o quão forte e firme é o nosso compromisso de amar como Deus quer que amemos. É a luta da vontade de perseverar que determina o nosso compromisso de servir a Deus.

O bom músico tem o hábito de verificar as cordas de seu instrumento com frequência para ver se precisam de afinação. Isso garante que quando for interpretar uma melodia, ela será perfeitamente harmoniosa. Também devemos analisar e considerar todos os afetos de nossa alma, para ver se estão de acordo com os desejos e os mandamentos do nosso Salvador. Fortaleçamos nosso fervor, reafirmando frequentemente nosso compromisso de sermos filhos de Deus, que somos chamados a amar de maneira divina. Viver com coragem, mantendo a nossa fé enraizada na inclinação original do nosso coração para servir a Deus desta forma, nos tornará felizes.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

“Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”.

Perspectiva Salesiana

"Deus é tão bom que nunca deixa de trabalhar em nossos corações para que não nos afastemos de nós mesmos, das coisas vãs e perecíveis em nossas vidas, para que possamos receber a sua graça e nos entregarmos completamente a Ele" (Santa Joana de Chantal)

Hoje estamos celebrando a festa do Batismo de Jesus. O batismo de Jesus marca a inauguração da sua vida pública. Na primeira leitura, Isaías especifica o projeto do ministério de Jesus. Ele escreve: "Porei o meu espírito nele, e ele vai trazer justiça a todas as nações... Eu fiz de ti luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os presos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.

Com base no que foi compilado nas escrituras sobre a vida de Jesus, sabemos que ele cumpriu o projeto que Isaías escreveu. Ele estendeu a mão para aqueles que foram marginalizados, curou os que estavam doentes, tocou as vidas daqueles que acreditavam que eles eram "intocáveis", desafiou os líderes religiosos para "aplicar o que pregava", e viajava constantemente fazendo obras de caridade. Ainda assim, apesar de todo o bem que ele fez para os outros, Jesus foi crucificado. No Evangelho de hoje, ele é o "Filho amado, do quem o Pai se agradou”.

Ao celebrarmos a festa do Batismo de Jesus, também estamos celebrando nosso próprio batismo. Assim como o batismo de Cristo foi a inauguração de sua vida pública, o nosso batismo é a inauguração de nossa vida como cristãos. Cristo nos deu um exemplo em sua vida, o que nos permite ver como são aqueles que foram batizados nele e que devem viver Sua vida. São João nos diz "Deus não cessa de agir em nossos corações para que saiamos de nós mesmos e assim possamos receber a Sua graça e nos entregarmos completamente a ele." A leitura dos Atos nos diz que "Jesus continuou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele”.

Para viver nossas vidas como seguidores de Cristo, também nós devemos "sair de nós mesmos" e ir "fazendo o bem" e levando a presença curadora e a paz de Jesus Cristo para aqueles que o Senhor nos põe em nosso caminho. Como Cristo, também devemos visitar os doentes e nos acercarmos daqueles que foram marginalizados nas nossas comunidades e nas nossas famílias. Deveríamos falar com aqueles que tem sentimentos negativos contra eles ou com aqueles que evocam lembranças dolorosas: aqueles que consideramos "intocáveis", todas essas pessoas em nossas casas, em nossos bairros ou no trabalho, dos quais fugimos, ignoramos, ou mesmo, que detestamos.

Precisamos ser pessoas que agem de acordo com aquilo que professam, pessoas que agem como seguidores de Cristo, e isso exige força e coragem. Da mesma forma que o Pai esteve sempre com o Filho durante sua vida, nós também temos a presença de Cristo em nossas mentes e em nossos corações, e isso nos dá a força e a coragem que precisamos para sermos verdadeiros seguidores Dele.

Saiamos, então, de nós mesmos e de nossos pequenos mundos, para que possamos ver todo o bem que poderemos fazer e como, apoiados pela força de Deus que vive dentro de nós poderemos ser agentes da presença curadora de Cristo para todos aqueles que nos rodeiam.

P. William J. Metzger, OSFS, é pároco da paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho (Nossa Senhora do Bom Conselho), em Viena, Virginia.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Um pensamento sobre o novo ano!

"Estes anos transitórios desaparecem; os meses reduzem-se a semanas, as semanas a dias, os dias a horas, as horas a momentos. Já que esta vida está cheia de aflição, não podemos encontrar aqui um consolo mais confiável do que a certeza de que ela passa para ceder lugar àquela santa eternidade que nos está preparada no Reino da Misericórdia de Deus" (DASal 8,209)

Reflexão domingo Salesiana - Epifania - 2 de janeiro de 2011


A festa da Epifania do Senhor recorda-nos que Deus está disposto a aceitar todos os que vêm a Ele com humildade em seu coração. São Francisco de Sales observa:

O nascimento do Salvador foi marcado por várias maravilhas. A primeira foi o aparecimento da estrela que guiou os Reis Magos. Eles chegaram à pequena estrebaria para homenagear e render tributo ao nosso novo Rei que ali estava. Amemos o Nosso Salvador da mesma maneira, com a simplicidade em nossos corações, tendo um só propósito e objetivo para tudo o que fizermos. A simplicidade não é mais do que um simples e puro ato de caridade que realizamos com um objetivo na mente: conseguir o amor de Deus. Um coração que está cheio de amor, não demonstra menos afeição nos momentos em que deve direcionar sua atenção para o cumprimento de tarefas externas, do que quando imerso na oração. Em tais corações é o silêncio que fala, as suas ações e contemplações, seu trabalho e seu descanso, tudo louva a Deus igualmente. Estes corações realizam todas as suas obras, grandes e pequenas, com um imenso amor. Assim eram as vidas dos santos.

Podemos perguntar "como conseguiremos o amor de Deus?" Existem pessoas que pensam que devemos dominar certa arte para conseguir a realização do amor sagrado. Mas na realidade, não se precisa de nenhuma arte a mais do que decidir-nos trabalhar no amor de Deus, o que significa que devemos dedicar-nos à prática de todas estas coisas que o agradam. Simplesmente, sem problemas ou preocupações. Vocês devem imitar o simples amor que caracteriza as pombas. Elas só formam um par para o qual tudo fazem e querem agradar em tudo. Imitemo-las também na sua simplicidade para demonstrar amor. Elas se alegram apenas com uma brincadeira, em silêncio, na presença uma da outra.

A verdadeira fórmula para que possamos encontrar o amor sagrado, implica que permaneçamos na presença de Deus. Uma vez na sua presença, nos deliciamos com a alegria que ela produz o podemos experimentar as diversas inspirações e afetos que pertencem exclusivamente a Deus. Aproximem-se do berço de nascimento do Menino Jesus, como fizeram os Magos, e enriqueçamo-nos no amor por nosso Salvador, que deseja ensinar-nos como devemos amar.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Eles prestaram-lhe homenagem."

Perspectiva Salesiana

"Eles vieram seguindo a estrela que tinham visto elevar-se nos céus. A estrela continuou seu curso na frente deles até parar sobre o lugar onde estava o menino. Eles se alegraram ao ver a estrela e entraram na casa e encontraram o menino com Maria, sua mãe. Eles se curvaram diante dele, e prestaram homenagem. Eles abriram seus cofres e o presentearam com seus presentes, ouro, incenso e mirra."

Não só hoje, mas todos os dias - a cada hora, a cada momento, recebemos o chamado para seguir a estrela, que é Jesus Cristo, nosso Senhor, nosso Redentor e nosso Salvador. Todos os dias recebemos o convite para seguir o caminho da vida, seguindo as indicações do amor, da reconciliação, da justiça e da paz de Deus, onde quer que cheguemos a experimentá-la. E assim como os astrólogos no Evangelho de hoje, também nós somos chamados a "prestar homenagem".

O tributo: um termo que soa engraçado, algo fora de moda. É definido no dicionário como "uma honra especial e respeito que é demonstrado publicamente.

Hummm, talvez não seja nem uma noção tão curiosa e nem tão estranha ou ultrapassada, depois de tudo!

Como podemos prestar homenagem a Jesus? Como podemos honrar e demonstrar respeito especial em público? Que tipo de presentes damos a Cristo - e por extensão, aos outros - todos os dias? Será que este tipo de demonstrações de respeito se limitam a caminhadas através dos continentes ou a tesouros exóticos que somente ocorrem uma vez na vida?

Francisco de Sales oferece o seguinte conselho: "Não sejamos tão ansiosos quando fazemos o nosso trabalho, porque para poder fazê-lo bem, devemos nos concentrar com cuidado, com calma e tranquilidade no que estamos fazendo, não depositando toda nossa confiança em nosso trabalho, mas sim em Deus e na graça de Deus. As buscas ansiosas do coração para progredir na perfeição e para se esforçar constantemente, para saber se estamos agradando a Deus, somente satisfazem nosso "amor próprio", este tormento sutil que deseja abraçá-lo todo, mas que raramente atinge os seus objetivos. Só uma boa ação feita com a mente tranquila, vale mais do que um trabalho feito com ansiedade e afã."

A homenagem que prestamos a Jesus – demonstrando respeito e uma homenagem especial pública - não é medida em base as grandes obras que fazemos, mas sim em base aos atos simples e comuns que fazemos com grande atenção e intenção. Prestar homenagem a Jesus não é somente fazer uma infinidade de boas obras, mas sim mergulhar totalmente em cada momento de cada dia, à medida que vão chegando. Prestar homenagem a Jesus não significa ratificar o quão importante nós somos, mas aceitar a nossa necessidade de Deus e da ação da graça de Deus em nossas vidas. Prestar homenagem a Jesus não é prostrar-nos diante dele o tempo todo, mas sim uma questão de defender tudo o que é correto, pacífico, libertador e justo.

Vocês acreditam que as experiências deste dia - e especialmente as pessoas envolvidas nestas experiências, estão nos chamando para prestar homenagem a Cristo? Rendam, pois, uma honra especial e um respeito aos outros, fazendo boas obras, uma de cada vez.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.