sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quarto Domingo do Tempo Comum - 30 de janeiro de 2011


O Evangelho de hoje procura nos mostrar como se pode ser feliz através das bem-aventuranças. Se analisarmos a palavra bem-aventurança, descobriremos que ela se refere a um estado de felicidade, uma atitude positiva, que permeia todos os aspectos de nossa vida interior, de modo que se manifeste em todas as nossas ações, louvando e agradecendo a Deus. Quando somos bem-aventurados, podemos não ter todas as coisas materiais que nós queremos, mas temos tudo que precisamos. Em nossa condição atual reina a ventura e a felicidade. Tudo aquilo que chega a nossa vida nos ajuda a amadurecer em nosso amor pela vida e por Deus. As bem-aventuranças são parte do plano de Deus para nós neste momento. A bem-aventurança é uma atitude espiritual que nos permite reconhecer que todos nós temos é puro dom. A bem-aventurança é a atitude de uma pessoa amorosa, que confia plenamente em Deus, sem se preocupar com interesses pessoais. As pessoas que possuem o dom das bem-aventuranças depositam todos os seus interesses em Suas mãos.

São Francisco de Sales fala das bem-aventuranças como um dom de amor que nos faz maleá-veis, dispostos a ouvir os mandamentos, os conselhos e as inspirações de Deus. No entanto, é claro em dizer que mesmo que o ensinamento de Nosso Senhor diz: "Bem-aventurados os pobres," queremos e procuramos ser tão ricos sem nunca perdermos nada. Jesus também disse: "Bem-aventurados os mansos," mas cada um de nós quer governar sobre os ou-tros. "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça," mas buscamos a vingança, e tentamos evitar ter que suportar qualquer coisa por medo de sermos despreza-dos. "Bem-aventurados os que choram, e ainda assim todo mundo quer viver feliz nesta vida mortal e passageira, como se a nossa verdadeira felicidade fosse encontrada aqui.

A Sabedoria das bem-aventuranças é totalmente contrária à dos sábios terrestres que não podem aderir a elas. Submetamo-nos aos ensinamentos que nos foram dados sobre a vontade de Deus para a nossa perfeição e nosso crescimento espiritual. Para não se perder no meio das coisas do mundo, é preciso ser perseverante na verdade, viver de acordo com ela e adquirir a capacidade de entendê-la. Quem guarda a Palavra de Deus é declarado bem-aventurado por Nosso Senhor.

(Adaptado do V.3 Sermões. Fiorelli L.)

Destaque

"Tratem de conseguir a justiça, tratem de alcançar a humildade... não façam o mal, não min-tam ao falar"

Perspectiva Salesiana

Viver com humildade é viver na verdade: a verdade sobre Deus, a verdade sobre nós mesmos, e também para os outros. A verdade é que Deus nos criou no amor, em Cristo nos redime e nos inspira, nos enche de vida através do Espírito Santo. A verdade é que somos chamados a viver de um jeito que comprove a nossa dignidade e nosso destino. A verdade é que nós devemos reconhecer a sagrada dignidade e o destino dos outros.

Na medida em que vivemos em, por, e como resultado dessa verdade, estamos dando a Deus e aos outros, o que lhes é devido. Em outras palavras, realmente vivemos na humildade quando buscamos e promovemos a justiça.

Há muitas maneiras de dar a Deus e aos outros, o que lhe é devido. Há muitas maneiras de promover a justiça. Um dos mais poderosos meios de promover esta justiça - e que está ao nosso alcance - é a maneira como usamos o poder da palavra ... porque como todos sabe-mos, a palavra é uma habilidade muito poderosa.

Francisco de Sales reconheceu o poder das palavras. Ele dedicou nada menos do que cinco capítulos da terceira parte de sua Introdução à vida devota ao tema da conversa e do papel que desempenha na promoção - ou subversão - da justiça. Aqui está um exemplo de seus pensamentos e sentimentos sobre este tema:

"Se um homem não ofende com as suas palavras, é um homem perfeito, diz São Humber-to. Tenha cuidado para nunca deixar escapar uma palavra indecente seus lábios."

"Assim como os venenos entram no corpo através da boca, o que envenena o coração entra pelos ouvidos e faz com que a língua que as diz se converta em assassina."

"Nada é mais contrário à caridade e, sobretudo, a devoção, do que o desprezar e falar mal dos nossos vizinhos. Os teólogos consideram um dos piores crimes de que uma pessoa pode ser culpada contra os seus vizinhos."

A mais comovente declamação feita por Francisco de Sales que diz respeito à ligação entre a humildade, a justiça e a palavra é o capítulo trinta, parte III: "Sua linguagem deve ser leve, franca, sincera, honesta e natural. Fique atento contra a ambigüidade ou o engano. Embora nem sempre seja aconselhável dizer tudo o que é verdade, nunca é permitido falar contra a verdade. Portanto, vocês não devem se acostumar a dizer mentiras deliberadamente seja para se desculpar ou para quaisquer outros fins, lembrando que Deus é "Deus da verdade.” Se por acaso chegarem a dizer uma mentira, corrijam imediatamente oferecendo uma explicação e peçam as desculpas necessárias. Oferecer uma explicação honesta como desculpa tem mais poder e mais graça do que uma mentira. "

Na verdade, existem circunstâncias em que as palavras, sem dúvida não valem nada. Mas quando se trata de viver humildemente nossas palavras tornam-se um tesouro inestimável: tornam-se uma fortuna que Deus espera que usemos de forma a promover e colocar em pratica a justiça e verdade.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

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