terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Reflexão Salesiana para o 8º domingo do Tempo Comum - 02 de março de 2014

(Love Painting by Larry Cole) - Escolhi esta imagem para este final de semana, pois acho muito significativa e que ilustra o tema da liturgia. Às vezes pensamos que Deus se esqueceu de nós... no entanto, ele está sempre pronto para nos puxar para cima... Ele nunca nos esquece!

Destaque: "Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto do seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei".

 Perspectiva Salesiana

Escusado será dizer que todos nós já passamos por momentos em nossas vidas quando nos sentimos totalmente identificados com as palavras de hoje, tiradas do capítulo quarenta e nove do Livro do profeta Isaías: "O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!"  Todos nós, provavelmente, já nos perguntamos alguma vez se não desaparecemos da tela do radar divino de Deus em meio às circunstâncias da vida, da perda de um emprego, de uma doença grave, da morte de um ente querido ou do fim de um relacionamento. No entanto, o que nós experimentamos em tempos difíceis e conturbados não é esquecido por Deus. Ironicamente, pode acontecer que, de fato, nós O esquecemos.
Na Introdução à Vida Devota de São Francisco de Sales nos diz: "Deus está em todas as coisas e em todos os lugares. Não existe um só lugar ou objeto neste mundo onde Deus não esteja realmente presente. Todos nós conhecemos essa verdade, mas nem todos a mantemos presente em nossas mentes. Os cegos não têm nenhuma maneira de saber quando um príncipe se encontra entre eles, portanto, não demonstram nenhum tipo de respeito que exibem, uma vez que são informados de sua presença. No entanto, como não podem vê-lo facilmente, se esquecem da sua presença, e uma vez que esqueceram, deixam de lado o respeito e reverência que é lhe é devida. Infelizmente, não podemos ver a Deus, mesmo quando Ele está presente no meio de nós: mesmo que a fé garanta sua presença constante, como não podemos ver com nossos próprios olhos, muitas vezes esquecemos-nos Dele, e nos comportamos como se estivesse completamente longe de nós..."(Parte II, cap. 2). 
Não esquecemos intencionalmente de Deus. Diz o ditado: "longe da vista, longe do coração". É isso que acontece na maioria das vezes. É verdade que os tempos difíceis e as preocupações aguçam nossa percepção do que interpretamos como a ausência de Deus. Mas o que realmente acontece, e muitas vezes, especialmente nos momentos da vida diária, é que nos esquecemos de que Sua presença é real e constante. Dito isto, a realidade é que as coisas ruins que acontecem na vida são duras para afrontar, para que também nos sintamos abandonados por Deus. Francisco de Sales nos aconselha: "lembre-se que Deus não está presente apenas onde você está, mas também está presente de uma maneira especial em seus corações, no centro de seu próprio espírito... Isto não é de maneira nenhuma um produto da imaginação, é a verdade absoluta. Mesmo não podendo vê-lo, a realidade é que Deus está nos contemplando desde as alturas." (Ibid)
Durante tempos difíceis, durante os bons tempos, lembrem que Deus não se esqueceu de nós: Ele nunca irá esquecer-se de nós. Mesmo que nós não possamos vê-lo com nossos próprios olhos, Deus sempre mantém os olhos em nós, por assim dizer. Mais importante ainda, Deus permanece em nós, de maneira muito íntima, em nossas mentes e em nossos corações, em nossos corpos, em nossas almas, em nossos espíritos. Deus está sempre conosco, em nós e entre nós...
Tente lembrar-se disso, sempre.

P.Michael S. Murray - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
  
Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje, Jesus nos desafia a evitar as preocupações e ansiedades, quando temos que enfrentar os problemas cotidianos. Jesus nos convida a ter plena confiança e confiança Nele, diante dos altos e baixos, perdas e ganhos de cada dia. São Francisco de Sales nos diz por que devemos confiar em Deus como se fôssemos crianças: 
O sol toca todas as coisas com o seu calor vivificante e, como um amante universal, lhes proporciona vigor que precisam para crescer. Deste mesmo modo o amor de Deus anima o coração humano. Nenhuma pessoa pode esconder-se do amor de Deus. Ele deseja amar-nos e, por sua vez, deseja o nosso amor.
É o amor fiel e eterno de Deus que nos leva a uma vida plena de fé. Deus está à porta, não só batendo na porta, mas chamando nossa alma e acordando-a: "Venha, levante-se, apresse-se."  Deus, inclusive, clama nas ruas: "Volte para mim!  Vivam!" Nosso Divino Salvador nos demonstra com fé que a sua misericórdia excede sua justiça, e que sua redenção é abundante. Ele quer que todos nós sejamos plenos e que nenhum pereça. "Eu vos tenho amado com um amor eterno e vou levantá-los novamente." Estas são as verdadeiras palavras de Deus: a promessa que Ele nos criou e que nosso Salvador veio a este mundo para estabelecer um novo reino através da sua Igreja. 
No entanto, o Espírito Santo, uma fonte de água viva que flui em cada parte nossos corações para impregná-lo completamente com o amor de Deus, não deseja entrar em nós, a não ser com o consentimento do nosso coração. Nós nunca seremos privados do amor de Deus, mas nós somos os únicos que podemos negar o amor de Deus em nosso favor. Deus nunca tira os dons que Ele nos deu. Somos nós que afastamos nossos corações para longe de Deus. Portanto, devemos estar atentos para o progresso do amor que devemos a Deus. Porque o amor que Deus nos dá, nunca nos faltará. Respondamos a esse amor divino com que o Espírito de Jesus quer encher nossos corações. Então experimentaremos uma nova vida no Espírito que nos ajudará a enfrentar as realidades da vida, sem nos preocuparmos excessivamente e sem deixar-nos levar pela ansiedade. 

(Do Tratado do Amor de Deus por São Francisco de Sales) 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Imagens de São Francisco no Brasil - Campo Grande

Viajando pelo Brasil vou tirando fotos de imagens de São Francisco de Sales. Hoje apresento duas: 
Vitral da Paróquia São José de Campo Grande 


Estátua que se encontra na capela dos salesianos na Chácara São Vicente em Campo Grande

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Reflexão Salesiana para o 7º domingo do Tempo Comum - 23 de Fevereiro de 2014

Destaque: "Vós ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo... 
 Perspectiva Salesiana

No Evangelho de hoje Jesus retoma as suas palavras do domingo passado, acrescentando mais coisas. Diz que não devemos assegurar-nos de que as represálias que fazemos são justas, mas, que não devemos fazer nenhum tipo de represália. Não é suficiente amar os nossos vizinhos enquanto nós odiamos nossos inimigos. Também devemos amar os nossos inimigos, orar por aqueles que nos perseguem. Quando alguém nos pede para andar uma certa distância, tentemos ir além. Quando nos solicitarem para ajudar, devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance, sem esperar qualquer retribuição por nossa generosidade. Se alguém nos bate numa face, ofereçamos a outra.
No entanto, seria errado se interpretássemos as palavras de Jesus como um  convite para sermos fracos, para ser objetos de decoração, ou tapetes onde todo mundo pisa: há certos momentos a vida de uma pessoa que ela deve fazer o que é certo, mesmo que se mostre com uma cara de brabo. Isso também aconteceu com Jesus durante a sua vida. O desafio é, então, aprender a nos defender dos outros, mas sem permitir que se gere ódio em nossos corações para com eles. Como nos recorda o livro do Levítico: "Embora às vezes tenham que reprovar seus concidadãos, não se permitam incorrer em pecado por causa deles.  Não sejam vingativos, e não guardem qualquer rancor contra seu povo."
Em sua Introdução à Vida Devota Francisco de Sales observa: "Não há nada que acalme um elefante enfurecido mais rapidamente do que ver um cordeirinho (nota do escritor: Vocês em primeiro lugar! ). Nada diminui a força de uma arma tão facilmente como a lã. Não atribuamos grande valor para as correções decorrentes da raiva, mesmo quando elas têm um toque de razão. Atribuamos valor as que resultam da razão. Quando os príncipes visitam seus povos nas delegações de paz, o povo os honra e isso hes dá grande alegria. Mas quando se apresentam encabeçando os exércitos, mesmo se eles fazem isso para o bem comum, são desagradáveis, inclusive contraproducentes. Da mesma forma, embora seja a razão quem reina, repreendam pacificamente, corrijam e advirtam, mesmo que se torne grave e em tempo-todo, todos amarão e aceitarão." (Parte III, cap. 8)
Se formos obrigados a nos defender, devemos evitar derrubar os outros. Se devemos corrigir, repreender ou criticar os outros, façamos sem permitir que o ressentimento nos corrompa. Se devemos trabalhar no interesse da paz, vamos fazê-lo sem o uso de quaisquer meios desleais. Por experiência própria, sabemos que isso às vezes é mais fácil dizer do que fazer. Francisco de Sales oferece o seguinte conselho para aqueles momentos em que você faz a coisa certa da maneira errada: "quando perceberem que são culpados de ter se deixado levar pela raiva, corrijam a falta imediatamente com um gesto de bondade para com a pessoa da qual estavam com raiva. Assim como o remédio soberano contra a mentira é contradizer a mentira no mesmo instante em que falamos, temos de aprender a reparar erros cometidos por causa de nossa raiva com um ato instantâneo de humildade. Como diz o ditado, são as feridas frescas as que se curam mais rapidamente." (Ibid)
Jesus viveu um "amor maior" na sua vida. Muitas vezes não se trata tanto sobre o que fazemos ou não para os outros. Tudo tem muito mais a ver como o fazemos ou não, para os outros. 

P. Michael S. Murray, OSFS  - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Reflexão Salesiana para o 6º Domingo do Tempo Comum - 16 Fevereiro 2014
























Destaque: "Vós ouvistes o que foi dito aos antigos... Eu, porém, vos digo..."

Perspectiva Salesiana

Considere isso, deve haver um amor maior,
Seja no fundo do coração ou escondido nas estrelas.
Sem este amor a vida é um desperdício de tempo.
Olhe dentro de seus corações, eu vou olhar para dentro do meu. 
As coisas parecem estar tão ruins em todos os lugares. 
O que existe neste mundo que é justo?
Todos caminham cegamente tentando ver, 
Ficamos sempre um passo atrás do que pode ser. 
Dê-me um amor maior, dê-me um amor maior
Dê-me um amor maior, onde está este amor maior no qual penso o tempo todo? (Canção de Steve Winwood)

No evangelho de hoje Jesus nos chama ao amor "maior." Jesus pede que evitemos reduzir ao mínimo a vida espiritual, que nos limitemos a cumprir os requisitos mínimos para tudo o que fazemos. Pede para não viver a vida seguindo o método "está tudo bem assim!". Jesus coloca claramente como padrão aquilo que diz a seus ouvintes: não é suficiente que evitem matar seus vizinhos, mas, devem evitar ficar com raiva deles, ou guardar rancor contra eles. Na verdade, vocês devem reconciliar-se com os outros. Não é suficiente evitar o adultério, devemos também evitar tratar os outros de forma que os desumanizam, que os rebaixam, apenas para satisfazer-nos ou para aproveitar-nos deles. Às vezes perdemos muito tempo fixando-nos nos outros. Seria muito mais útil se usássemos o tempo para examinar a nós mesmos. Não é suficiente tratar de não jurar falsamente, devemos evitar de nos envolvermos em qualquer situação onde somos forçados a jurar qualquer coisa. Basta simplesmente dizer o que pensam, e certifiquem-se de que o seu comportamento seja consistente com o que dizem.

O "amor maior" de Jesus é realmente equivalente ao núcleo da noção de "devoção" (espiritualidade) desenvolvida por São Francisco de Sales. Ele escreveu: "A vida e a devoção (espiritualidade) genuína pressupõe o amor de Deus, e por isso simplesmente se traduz em verdadeiro amor por Ele. Embora nem sempre seja amor como tal. Na medida em que o amor divino adorna a alma, o chamamos de graça, a qual nos torna gratos ante à Divina Majestade. Chamamos de caridade a medida em que o amor de Deus nos fortalece para fazer o bem. Quando tivermos alcançado um grau de perfeição que não só nos leve a fazer o bem, mas também a fazê-lo com cuidado, com frequência, e sem demora, é então que chamamos de devoção... Este amor também exorta-nos a fazer tantas boas obras, com tanta prontidão e com tanto carinho quanto pudermos; e não apenas aquelas obras que nos foram confiadas, mas mesmo aquelas que fazemos por inspiração ou conselho." (IVD, parte 1, cap. 1) 

São Francisco de Sales, entretanto, também nos desafia a evitar cair no minimalismo espiritual. Não é suficiente que deixemos de não dizer mentiras, temos que ser honestos. Não é suficiente que evitemos a gula, precisamos ser disciplinados. Não é suficiente evitar ser mesquinhos, devemos ser generosos. Não é suficiente evitar ferir os outros, mas, devemos curar os outros. 

Senhor Deus, ajude-nos a chegar a esse amor maior. Ajude-nos a não deixar a vida passar por nós. Ajude-nos a entender o que realmente significa estarmos vivos... e a amar plenamente.

P. Michael S. Murray - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

O salmo responsorial de hoje nos diz: "Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo!"  A respeito disso, São Francisco de Sales explica o seguinte: 
Como seguir a "lei do Senhor" para viver melhor? Primeiro, devemos purificar todas as nossas intenções, tanto quanto pudermos. Devemos fazer o firme propósito de aproveitar o dia da melhor maneira para que a nossa intenção de viver bem, seja de acordo com os desígnios de Deus. Devemos antecipar aquelas tarefas, interações e sucessos que farão parte do nosso dia, e que representam oportunidades de servir a Deus. A qual tipo de tentações estarão expostos? À raiva, ao amor egoísta ou a outros caprichos? Preparem-se com cuidado para evitar, resistir e superar qualquer obstáculo que os impeçam de viver verdadeiramente Jesus. 
Para que possam seguir a lei do Senhor, a primeira coisa que devem fazer é ter um santo propósito de crescer no amor que Jesus nos ensinou. A fim de preparar-se para colocar em prática este propósito, peçam ao nosso Salvador que os ajude a usar os meios à sua disposição para crescer no amor santo e servir da melhor maneira possível. Admitam que vocês sozinhos não podem levar a cabo a decisão de afastar-se do mal e de fazer o bem, como Deus deseja que o façam. Tomem seus corações nas mãos e ofereçam-nos ao nosso Salvador com todas as suas boas intenções. Peçam-lhe para ter o cuidado de proteger e fortalecer seus corações para que assim vocês possam andar em seu verdadeiro amor. 
Para que possam seguir a lei do Senhor devem aprender a orar. Devem receber os sacramentos com frequência. À medida que se dedicam a realizar as tarefas próprias de suas vocações, nunca se esqueçam de praticar a humildade, a mansidão, a paciência e a simplicidade; virtudes que crescem como flores ao pé da cruz. 
À medida que se dedicam ao cuidado de suas famílias com a devida diligência, semeiem nestas almas o amor por Deus infundindo inspirações positiva em seus corações. As grandes oportunidades para servir a Deus raramente ocorrem, mas as pequenas oportunidades para fazê-lo não faltam. Enquanto cumprem suas responsabilidades, glorifiquem a Deus, em todas as atividades, incluindo comer, beber, dormir ou divertir-se. Estas serão levadas a cabo em nome de Deus que, por meio de Jesus Cristo, leva-nos a verdadeira plenitude.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Reflexão Salesiana para o Quinto Domingo do Tempo Comum - 09 de fevereiro de 2014

























Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje recordam a cada um de nós que somos a luz do mundo. Isto significa, para São Francisco de Sales, compartilhar a nossa vida em Cristo com os outros, a fim de dar glória a Deus. 
Como Jesus iluminou o mundo com o brilho de Sua vida, devemos fazer o mesmo com nossas vidas. Vocês devem sentir-se honrados por terem sido escolhidos para esta missão. Considerem a nobreza e a excelência que implica o fato de serem humanos. Vocês receberam o dom do entendimento, que lhes permite conhecer este mundo visível, mas também saber que existe um Deus que é muito bondoso e indescritível. Vocês sabem que a eternidade existe. Também sabem qual é o melhor modo de levar uma boa vida neste mundo visível, para que assim possam desfrutar de Deus por toda a eternidade. Além disso, vocês possuem uma vontade extremadamente nobre que lhes permite amar a Deus e ao próximo. Olhem em seus corações e reconheçam como eles são generosos. O amor de Deus em vocês faz um chamado para amar os outros. 
Amar nossos semelhantes demais é algo que nunca vai acontecer enquanto o amor de Deus ocupar o lugar central em nossos corações. A imagem de Deus em todos nós é o motivo mais poderoso que temos para amar-nos uns aos outros. O amor por nossos semelhantes nos dá a oportunidade de fazer muitas coisas para Deus. Nunca digam: "Eu não sou suficientemente virtuoso" ou, "eu não tenho talento suficiente para expressar-me bem." Nada disso importa. Simplesmente façam, façam o que tem a fazer. Deus lhes indicará o que devem dizer e o que devem fazer. Se alguma vez sentem medo, digam para si mesmos: "O Senhor proverá." O nosso coração encontra descanso em Deus, que cuida de nós. 
Não se preocupem quando perceberem que não estão produzindo os frutos pretendidos. No final só será perguntado se vocês cultivaram fiel e sabiamente estas terras secas e áridas. Haverá outros que terão uma vida mais abundante, graças ao exemplo que vocês estão dando. Continuem então, simplesmente e cheios de coragem. Nosso Salvador vai estar com vocês para sempre, enquanto engajados no trabalho para a glória de Deus. Como as estrelas permanecem ocultas quando o sol brilha, "nossa vida permanece escondida em Cristo com Deus." Caminhando pelo caminho da Luz de Deus, e compartilhando a abundância do amor de Deus em nós, é assim que nós seremos a luz do mundo. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo"

Perspectiva Salesiana

Jesus proclama a todos os que desejam segui-lo, que devem ser a luz do mundo e sal da terra. Estas imagens são muito poderosas, tão poderosas hoje como quando Jesus falou delas pela primeira vez. Para aqueles que foram discípulos ao longo do tempo e nos vários lugares, essas imagens significam mais do que um elogio a seus egos. Significam um desafio constante para que se atrevam a converter-se para Deus e para os outros, como o próprio Jesus estava disposto a ser tão claramente. 
Ser luz para o mundo significa iluminar os outros com a verdade e misericórdia de Deus. Da mesma forma, a mesma luz deve expor os pecados do orgulho, da inveja, da malícia, da indiferença, da injustiça, e tudo o que nos impede de ver a verdade e a misericórdia de Deus que Cristo conquistou para nós. O pecado é tudo aquilo que nos impede de ver em nós e nos outros a luz e o amor de Jesus Cristo. Quando resolvemos tirar este pecado, não estamos apenas liberando a obscuridade, mas isto também oportunizando maior capacidade de agir bem, de forma revigorante. 
Na luz de Jesus observamos a fonte de toda a luz. Podemos ver o amor criador de Deus, podemos receber o amor redentor de Jesus, podemos experimentar o amor inspirador do Espírito. Ainda assim, não é o suficiente deixar que esta luz brilhe só para os outros: devemos também permitir que a luz penetre e permeie todas as fibras do nosso ser. O maior estímulo que podemos dar aos outros é quando mostramos como a luz que Deus nos deu nos está, de fato e principalmente, nos transformando. 
Ser sal significa aceitar o fato de que os nossos esforços - ou falta de esforços - para seguir a Cristo, têm um impacto direto sobre os outros, mesmo se estamos conscientes ou não desse fato. Há momentos em nossas vidas em que perdemos o gosto por Deus e/ou pelas coisas de Deus: frequentemente isto fica evidenciado em nossos sentimentos de incompetência, e/ou na nossa indiferença para com a prática das virtudes. Todos temos momentos em que nos sentimos tentados a acreditar que os esforços que fazemos todos os dias para seguir a Cristo simplesmente não têm qualquer impacto positivo sobre a vida dos outros, muito menos no plano geral de Deus para a salvação. No entanto, ao contrário do sal, podemos recuperar o gosto pela boas e corretas obras através da oração, dos sacramentos, e talvez até melhor, se dobramos e até mesmo triplicamos os nossos esforços para implementar essas mesmas virtudes que somos tentados a deixar de lado. 
Quando sentimos a tentação de questionar a nossa eficácia como testemunhas do poder e da promessa do amor criador, redentor, inspirador, curador e desafiador de Deus em nossa vida diária e imperfeita, busquemos consolo e encorajamento numa verdade que vale tanto para luz, quanto para o sal: a menor quantidade nos atinge tanto que podermos fazer muita coisa.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e Adaptação - P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB