Destaque: "Vós ouvistes o
que foi dito... Eu, porém, vos digo...
Perspectiva Salesiana
No Evangelho de
hoje Jesus retoma as suas palavras do domingo passado, acrescentando mais
coisas. Diz que não devemos assegurar-nos de que as represálias que fazemos são
justas, mas, que não devemos fazer nenhum tipo de represália. Não é
suficiente amar os nossos vizinhos enquanto nós odiamos nossos inimigos. Também
devemos amar os nossos inimigos, orar por aqueles que nos perseguem. Quando
alguém nos pede para andar uma certa distância, tentemos ir além. Quando nos
solicitarem para ajudar, devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance, sem
esperar qualquer retribuição por nossa generosidade. Se alguém nos bate
numa face, ofereçamos a outra.
No entanto,
seria errado se interpretássemos as palavras de Jesus como um convite para sermos fracos, para ser objetos
de decoração, ou tapetes onde todo mundo pisa: há certos momentos a vida de uma
pessoa que ela deve fazer o que é certo, mesmo que se mostre com uma cara de
brabo. Isso também aconteceu com Jesus durante a sua vida. O desafio é, então,
aprender a nos defender dos outros, mas sem permitir que se gere ódio em nossos
corações para com eles. Como nos recorda o livro do Levítico: "Embora às
vezes tenham que reprovar seus concidadãos, não se permitam incorrer em pecado
por causa deles. Não sejam vingativos, e não guardem qualquer rancor
contra seu povo."
Em
sua Introdução à Vida Devota Francisco de Sales observa: "Não há
nada que acalme um elefante enfurecido mais rapidamente do que ver um
cordeirinho (nota do escritor: Vocês em primeiro lugar! ). Nada
diminui a força de uma arma tão facilmente como a lã. Não atribuamos
grande valor para as correções decorrentes da raiva, mesmo quando elas têm um
toque de razão. Atribuamos valor as que resultam da razão. Quando os
príncipes visitam seus povos nas delegações de paz, o povo os honra e isso hes
dá grande alegria. Mas quando se apresentam encabeçando os exércitos,
mesmo se eles fazem isso para o bem comum, são desagradáveis, inclusive
contraproducentes. Da mesma forma, embora seja a razão quem reina, repreendam
pacificamente, corrijam e advirtam, mesmo que se torne grave e em tempo-todo, todos
amarão e aceitarão." (Parte III, cap. 8)
Se formos
obrigados a nos defender, devemos evitar derrubar os outros. Se devemos corrigir,
repreender ou criticar os outros, façamos sem permitir que o ressentimento nos
corrompa. Se devemos trabalhar no interesse da paz, vamos fazê-lo sem o
uso de quaisquer meios desleais. Por experiência própria, sabemos que isso
às vezes é mais fácil dizer do que fazer. Francisco de Sales oferece o seguinte
conselho para aqueles momentos em que você faz a coisa certa da maneira errada:
"quando perceberem que são culpados de ter se deixado levar pela raiva,
corrijam a falta imediatamente com um gesto de bondade para com a pessoa da
qual estavam com raiva. Assim como o remédio soberano contra a mentira é contradizer
a mentira no mesmo instante em que falamos, temos de aprender a reparar erros
cometidos por causa de nossa raiva com um ato instantâneo de
humildade. Como diz o ditado, são as feridas frescas as que se curam mais
rapidamente." (Ibid)
Jesus viveu um "amor
maior" na sua vida. Muitas vezes não se trata tanto sobre o que
fazemos ou não para os outros. Tudo tem muito mais a ver como o fazemos ou
não, para os outros.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de
Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
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