quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Reflexão Salesiana para o 22º domingo do Tempo Comum - 02 de setembro de 2012


     As leituras de hoje nos convidam a viver os mandamentos e a Palavra de Deus de uma maneira que demonstremos diante de Deus que o nosso coração é puro e ao mesmo tempo possamos adquirir sabedoria. São Francisco de Sales fala sobre os mandamentos de Deus, tendo como ponto de vista a vivência da Vontade de Deus.
     Existem certos assuntos, como por exemplo, os mandamentos ou os deveres de nossa vocação nos quais estamos plenamente conscientes sobre qual é a vontade de Deus. Amar significa viver de acordo com a Sua vontade. Somente seremos considerados justos se vivenciarmos na nossa vida o amor sagrado, do qual depende a formação de um coração verdadeiramente puro.
     O verdadeiro amor sempre procura agradar a todos aqueles a quem quer bem. A palavra de Deus é muito boa, uma vez que é decretada por amor. Quando vivenciamos frequentemente os mandamentos de Deus, pouco a pouco vamos nos transformando naquilo que Ele quer que sejamos, ao mesmo tempo em que a nossa vontade vai se conformando com a vontade divina. Quanto mais nos deleitamos no cumprimento da vontade de Deus, mais perfeita será a nossa transformação em amor divino, que é a verdadeira e sublime essência da sabedoria. Bem-aventuradas são aquelas almas que não se deixam levar por seus próprios desejos, mas agem de acordo com os desígnios de Deus.
     Para forjar em nós um amor saudável e santo pelos mandamentos de Deus, devemos esmerar-nos para descobrir a sua maravilhosa beleza. Assim como o sol toca todas as coisas com o seu calor vivificante, e fornece a força necessária para a produção de frutos, assim a bondade de Deus toca e anima todos os corações para que possam amar a palavra de Deus. Nosso Pai tem proporcionado recursos mais do que suficientes para que possamos cumprir os mandamentos divinos, dando-nos uma abundante e generosa variedade de métodos para cumprir a vontade divina que foi implantada em nossos corações.
     Os mandamentos são dignos de amor, uma vez que promovem a bondade naqueles que não têm, e aumentam a bondade naqueles que a possuem. Não existe dificuldade naquilo que amamos, e se for o caso, é uma dificuldade de valor que podemos apreciar. É por isso que, ao mesmo tempo em que a lei divina impõe a obrigação de obedecer à vontade de Deus, também converte este compromisso num santo amor, e transforma todas as dificuldades em júbilo.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Recebei com humildade a palavra que em vós foi implantada e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da palavra e não meros ouvintes, enganado-vos a nós mesmos."

Perspectiva Salesiana

     As tradições são coisas poderosas. As tradições são parte integrante da nossa vida. Quando são positivas, as tradições dão um sentido de identidade, estabilidade e valor, especialmente nos momentos em que nossas vidas são confrontadas com muitas mudanças.
     Mas, as tradições também podem ser negativas, especialmente quando se distanciam dos valores que deveriam manter e proteger. Jesus estava bem consciente disto, como sugere a história do Evangelho de hoje. Ele desafiou os fariseus sobre o uso das leis de pureza espiritual. Jesus viu que eles estavam usando tradições para julgar os outros injustamente, e também determinar quem estava "dentro" ou "fora" do círculo da misericórdia e do amor de Deus. Como se fossem eles, e não Deus, quem determinasse a justiça e a dignidade religiosa de pessoas!
     Certamente a Palavra de Deus deste domingo nos desafia a tomar consciência da força da tradição em nossas vidas. Se forem positivas, devemos permitir que continuem sendo parte de nossas vidas. Mas se forem comportamentos ou atitudes negativas que não podemos esquecer, antigas mágoas do passado que não podemos perdoar, padrões de comportamento que implicam fazer escolhas ou que levam a pensamentos destrutivos, dos quais não podemos escapar, então, com a graça de Deus já "presente em nós" devemos fazer algo para mudá-las.
     São Francisco de Sales sugeriu que, quando estas velhas "tradições" negativas nos tornam menos filhos de Deus daquilo que somos chamados a ser, devemos concentrar-nos no "momento presente." O passado não nos define, e não podemos fazer nada para mudá-lo, tudo o que podemos fazer é esquecê-lo. O futuro ainda está para acontecer. Mas o que nós temos é o aqui e agora, o presente, o da graça de Deus neste momento.
     É somente no momento atual que podemos substituir atitudes e comportamentos negativos por novos comportamentos e atitudes que dão novo valor para a nossa vida. Quando nos concentramos em conseguir o amor de Deus, semeado em nós, para assim fazer novas escolhas de "momento atual" para "momento atual", dirigimo-nos para o início de novas "tradições" positivas. Estas serão nossos modos de subsistência no presente e irão moldar-nos para o futuro, tornando-nos indivíduos que "fazem justiça e vivem na presença do Senhor."
     Vamos começar hoje uma nova tradição de viver o "momento presente" com a graça de Deus. Esta é uma tradição que vale a pena manter ao longo do tempo... para o resto de nossas vidas!

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli

domingo, 26 de agosto de 2012

Perspectivas Salesianas 7 - Um tema volátil... raiva!


Certamente a calma da natureza nos ajuda no momentos em que estamos com raiva ou nos deixamos dominar pela ira. (foto tpo)    

 Você já esteve com raiva? Claro que sim! A raiva é uma realidade da vida.  Às vezes a realidade da vida é volátil. Muda com facilidade. Como qualquer outra emoção, a raiva não pode ser negada ou eliminada. Nem deveria ser uma emoção desenfreada. Ela precisa ser compreendida. A Ira não é pecado. De qualquer modo, como a tratamos ou se falamos em tratá-la, pode ter resultados pecaminosos.
     Raramente planejamos aumentar nossa fúria. A raiva é uma forte resposta ou reação a um prejuízo ou injustiça, seja ela real ou percebida. Como tal, muitas vezes nos pega de improviso.
     É aqui que reside a dificuldade. Justamente devido à sua espontaneidade e intensidade, a raiva pode rapidamente aparecer e escapar de nossas mãos. A raiva é e sempre foi um hóspede não convidado que pode tornar-se rapidamente o dono da casa. “Uma vez admitido, é muito difícil tirá-lo fora. Entra como um pequeno ramo e em pouco tempo cresce e se torna uma viga”.
    Francisco de Sales aconselha: "É melhor tentar encontrar uma maneira para viver sem raiva do que pretender fazer uso moderado e discreto dela. Enquanto a razão governe e exercite pacificamente o castigo ou a correção, estes serão sempre bem recebidos e aceitos. No entanto, quando acompanhados pela ira ou pela raiva, esta mesma razão é recebida com temor em vez de amor.”
     Joana Francisca de Chantal sugere: "Tente acalmar suas paixões e viver de acordo com os seus sentidos e à santa vontade de Deus." É melhor deixar a raiva esfriar antes de tomar uma decisão ou fazer alguma coisa.
     Uma ira desenfreada pode ser muito destrutiva. Às vezes, no entanto, o modo como reagimos contra a ira é pior do que ela mesma. "Muitos que culpam os que estão dominados pela ira agem contra eles com fúria. Ao fazê-lo, eles mantêm os seus corações embebidos e envolvidos na raiva." Francisco de Sales continua: "Muitas vezes acontece isso, procurando com violência conter nossa raiva, fomentamos mais problemas em nosso coração, e, assim, agitado, o coração não é mais o dono de si mesmo."
     No caso da raiva, não tente combater fogo com fogo. Todavia, todos falhamos neste aspecto. Apesar de nossos melhores esforços, tomamos decisões, atuamos e dizemos palavras enfadadas, ferindo os outros e a nós mesmos neste processo.
     Que podemos fazer para reparar o dano? “Tão logo nos sentirmos culpáveis por um ato de cólera, reparemo-lo imediatamente, realizando um ato de amabilidade para com a pessoa ou pessoas com as quais estivemos raivosos. Como se diz, as feridas são fáceis de serem curadas quando estão frescas.”
     Muitas vezes ser indulgentes com a raiva pode conduzir-nos a trágicos resultados. Quando damos voltas nas lesões, quando tornamos a recordar as velhas feridas, quando nos mantemos com ressentimento, a ira deixa de ser simplesmente uma emoção e se torna um modo de vida.
     Considere estas palavras do Livro do Eclesiástico: “Ira e raiva são coisas detestáveis, porém do pecador nunca se afastam. Deveria uma pessoa fomentar ira contra os outros e esperar a aprovação do Senhor?       Quem atira uma pedra para cima, atira-a sobre a própria cabeça. Assim um golpe traiçoeiro devolve os ferimentos. Deste modo um golpe de raiva produz outro. Perdoa as ofensas do teu próximo e Deus te perdoará teus pecados quando rezares.” (Ecl 27, 25; 28, 2-3)
     Evite agir com raiva. Evite falar com raiva. Acima de tudo, evite afundar na raiva.

Para refletir:

1. Qual é a sua experiência sobre a raiva?
2. Existem situações ou problemas em sua vida que causam mais raiva do que outras? Se isso acontece, quais são estes problemas?
3. Que passos você pode dar para entender mais facilmente por que essas coisas tendem a irritar mais do que outras?
4. Quais estratégias você utiliza para melhor controlar sua raiva?
5. Alguns de seus relacionamentos foram danificados por sua ira? Você tomou todas as providências para reparar os danos?

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Reflexão Salesiana para o XXI Domingo do Tempo Comum - 26 de agosto de 2012

Nascer do sol em Veranópolis - Foto TPO

Destaque: "Daí ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias".

Perspectiva Salesiana

     Estas palavras do início da oração de abertura da Missa de hoje contêm uma mensagem significativa e profunda para todos nós. Nossos mundos mudam e, em alguns casos, constantemente. Às vezes, temos a tendência de interpretar o "mundo em mudança" como algo que não nos diz respeito ou que está além da nossa compreensão. Mas às vezes o mundo que achamos difícil de entender com todas as suas mudanças é o mundo interior, o mundo que está cheio de confusão e vicissitudes que ninguém mais pode ver - exceto nós mesmos.
     Hoje falamos de decisões e escolhas. Todos nós desejamos ser livres. Certamente Deus deseja que possamos gozar desta liberdade, porque este é o presente mais significativo e espetacular que ele nos deu. Na primeira leitura de hoje Josué fala diretamente sobre esta liberdade: "escolhei hoje a quem quereis servir." Esta mensagem que ouvimos hoje é muito simples e ao mesmo tempo muito atual. "O que desejam? Decidam!". A proposta de Josué não leva a indecisão. Também não deixa nenhuma dúvida sobre qual foi a sua postura: "Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor".
     Paulo enfrenta o mesmo problema em sua carta sobre o casamento: "Vós que temeis a Cristo, sede solícitos uns para com os outros." Esta afirmação inicial é crítica, porque sem ela seu conselho posterior de serem submissos, pode parecer humilhante ou mesmo horrível. A "submissão" à qual o cristão é chamado, sempre ocorre dentro e por causa do amor, o amor de Cristo. É por isso que servimos aos outros e nos colocamos, ao menos, no segundo lugar, se não literalmente, no último lugar. Cristo nos amou e nos mostrou o caminho para a vida. Colocar os outros em primeiro lugar, especialmente num relacionamento, ou numa família é a única maneira de partilhar a vida e a vida em abundância.
     Amar é também a única maneira de fazer algo que verdadeiramente produz a vida.
     Este ensinamento de Deus pode ser "duro" e os primeiros seguidores de Cristo assim o sentiram, mas como Pedro no Evangelho, quando tudo estiver dito e feito, "a quem iremos?" Uma e outra vez, as perdas e as provações da vida nos mostram que só Ele tem "palavras de vida eterna."
     Francisco de Sales nos lembra a instabilidade é inevitável na vida, e que é a nossa incapacidade de reconhecer a verdade que nos torna instáveis, e que faz com que o nosso humor seja variável. Ele nos encoraja a nos mantermos firmes e inquebrantáveis em nossas resoluções. O desafio para o nosso mundo "interno" e em constante mudança, é a constância. E esta constância só é alcançada através da fidelidade às decisões que tomamos a cada dia de amar e de servir ao Senhor e aos outros, a mesma resolução com a qual encerramos cada liturgia.

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales: 

     No Evangelho de hoje, Jesus nos exorta a permanecermos fiéis a Ele e a continuarmos a viver no "espírito que nos dá vida." Sobre isto, São Francisco de Sales observa o seguinte:
     Nosso Salvador veio ao mundo para recriar a humanidade. Quando vivemos no Espírito de Jesus transcendemos de nossa vida comum para começar a viver uma vida mais sublime. O amor divino nos enche de tal modo que somos como estrelas, cujo brilho foi ofuscado completamente pela luz solar. Deus vive em nós, e o nosso único desejo é unir nossa vontade à Sua vontade.
      Para continuar progredindo no Espírito de Jesus, cada um de nós deve se aceitar a si mesmo e com todas as suas imperfeições. Não devemos desistir, sejamos pacientes. Devemos ter esperança e devemos continuar cumprindo nossas atividades diárias, cheios de alegria. Façamos tudo o que foi ensinado com um espírito de gentileza e de fidelidade. Desenvolvamos o espírito de compaixão. A partir do momento em que semeamos e regamos, deveremos compreender que o desenvolvimento destas árvores, que representam nossas boas inclinações e hábitos, está nas mãos de Deus. É por esta razão que devemos esperar e colocar nas mãos da Divina Providência a colheita dos frutos dos nossos desejos e dos nossos trabalhos.
    Não fiquemos chateados se percebermos que não conseguimos progredir como desejamos. No momento em que tomarmos a decisão de viver uma vida santa, toda a nossa existência se converterá num teste prático. Permaneçamos em paz, lutemos para conseguirmos que a paz reine nos nossos corações. Depende de cada um de nós assegurarmos que nossas almas possam crescer bem, e devemos ajudá-las fielmente nesta empreitada. Mas quando se trata de ter uma colheita abundante, deixemos aos cuidados de Nosso Senhor. O trabalhador nunca será responsável por uma má colheita, a menos que ele ou ela não tenha semeado o campo com o cuidado necessário. Nossa contínua dependência de Deus nos assegura que estamos firmemente plantados onde Ele quer que estejamos.
     Não tenho dúvidas de que Nosso Salvador sempre nos conduz pelas mãos. Se em algum momento tropeçamos, é apenas um lembrete para que na próxima vez não nos soltemos de Sua mão. A fraqueza de alguém que ama e têm esperança em Deus, nunca será tão grande quanto a Sua misericórdia.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Reflexão Salesiana para o domingo da Assunção - 10 de agosto de 2012


Imagem de Nossa Senhora na Catedral do México - A Catedral começou a ser construída em 1525 e foi concluída somente em 1813. 

Publico abaixo parte do sermão de São Francisco de Sales para o dia da Assunção. Vale a pena ler e meditar. 

Diz-nos o jovem Bispo em seu grande sermão de 15 de agosto de 1602, falando da Assunção em Saint-Jean-de-Grève. "Nossa senhora morreu pela morte de seu Filho, pois Ela não tem outra vida que a de seu Filho: “não vivia senão a vida do seu Filho, como poderia, pois, morrer de outra morte que da Sua? Na verdade eram duas pessoas, Nosso Senhor e Nossa Senhora, mas um só coração, em uma só alma, em um só espírito, em uma só vida, posto que se o laço da caridade unia tão fortemente os cristãos da primitiva Igreja que São Lucas assegura que não tinham senão um só coração e uma só alma (At 4, 32), com quantas mais razões podemos dizer e crer que o Filho e a Mãe, Nosso Senhor e Nossa Senhora, não eram senão uma só alma e uma só vida”! (VII, 443). Isso fazia São Paulo dizer: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20). Só o amor de Maria era maior que o do apóstolo: porque se viveu de sua vida, também morreu de sua morte” (VII, 443-444).
“Certamente, Nossa Senhora foi ferida e alcançada pelo dardo de dor na paixão de seu Filho no monte Calvário e não morreu naquela hora, mas suportou por longo tempo sua chaga, da qual, por fim, morreu” (VII, 447). O Filho morreu de amor, a Mãe também. Esta chaga de amor a impediu viver na Igreja e trabalhar pela Igreja? Certamente, “seu coração, sua alma e sua vida estavam no Céu".  E como!
"Ela pode continuar vivendo na terra”? (VII, 450). E no entanto, continuou na terra, para que? Cristo era “a luz maior”, a Virgem “a menor”; a grande para presidir o dia, a menor, a noite. Como depois da Ascensão desapareceu a grande luz, “a noite chegou repentinamente, tirando o lugar do dia, porque tantas aflições e perseguições, como tiveram que sofrer os Apóstolos, o que era senão noite fechada? Mas, no meio desta noite havia também uma luz, a fim de que as trevas fossem mais toleráveis, porque a Virgem Maria permaneceu na terra no meio dos discípulos”: “era necessária esta luz, para consolo dos fiéis que se encontravam na noite da aflição e sua permanência aqui, abaixo, lhe deu ocasião de fazer muitas obras boas e por isso podemos dizer: muitas jovens juntaram riquezas, porém Tu superaste a todas” (Pr 31, 29). “Esta Santa Arca da Nova Aliança, pois, ficou no deserto deste mundo, debaixo das tendas e pavilhões, depois da ascensão de seu Filho” (VII, 441-442), para consolar, iluminar e confortar os primeiros cristãos. Sua soberana união mística com seu filho, e por seu Filho de Deus não a impediu atuar e servir a comunidade dos discípulos.

Aproveito a oportunidade para publicar algumas fotos que tirei na viagem feita ao México, por ocasião do 4º Encontro Continental de Comunicação Social (4 a 10 de agosto de 2012). Em Guadalajara existe uma pequena capela (a 1ª construída pelos salesianos na cidade) que foi dedicada a São Francisco de Sales. O Centro Juvenil, que fica ao lado também é dedicado ao bispo de Genebra.





quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Reflexão Salesiana para o décimo oitavo domingo do tempo Comum - 05 de agosto de 2012


Destaque: "Naqueles dias, a comunidade dos filhos de Israel pôs-se a murmurar contra Moisés e Aarão no deserto..."

Perspectiva Salesiana

Se existe alguma coisa pior do que coisas ruins que nos acontecem é gastarmos tempo e esforço para reclamarmos delas.
Pense nisso. Quem de nós algum dia conseguiu, à custa de reclamações, mudar ou melhorar nossa situação de vida? Mesmo assim nos queixamos... e em nosso próprio detrimento.
Os israelitas passaram um tempo muito difícil no deserto? Claro que sim! Apesar de terem uma vida ruim no Egito, ao menos não tinham três refeições e uma cama? Sim! Por outro lado, no deserto, desfrutaram de algum conforto?  Pois bem, aparentemente, além de liberdade, não é realmente!
Mesmo assim, Deus os tinha libertado da escravidão. Deus lhes tinha dado líderes, cuja tarefa era levar os israelitas à Terra Prometida, um lugar onde corria leite e mel. No entanto, alguém se pergunta de onde os israelitas tiraram a ideia de que esta caminhada seria apenas um passeio, ou esta busca seria apenas um mar de rosas? No entanto se queixaram... coisa que mesmo hoje parece algo banal e mesquinho.
Agora analisemos aquilo que concerne a nós mesmos. Quem entre nós não foi tentado pelo desejo de começar a reclamar quando as coisas não vão do jeito que nós esperamos? Quando o nosso trabalho, nosso casamento, nossos relacionamentos tornam-se mais difíceis ou mais exigentes do que supúnhamos ou esperávamos? E para sermos totalmente honestos, quem dentre nós pode dizer que a reclamação muda a nossa sorte ou faz as coisas melhorarem? De fato, as queixas somente tornam nossa sorte mais dolorosamente difícil.
Francisco Sales é muito claro em relação às queixas constantes: "queixem-se o menos possível das coisas ruins que lhes acontecem. Que não haja dúvida de que uma pessoa que se queixa está cometendo um pecado, ao fazer isso, porque o amor próprio sente que as feridas são muito mais graves do que realmente são." (Introdução à Vida Devota , Parte III, Capítulo 3)
Então isso significa que nunca devemos fazer uma pergunta, uma reclamação ou falar de um problema? Não. Mas temos de ser sensatos quanto as pessoas que escolhemos para comentar nossas preocupações. Francisco dizia: "não se queixem com pessoas raivosas ou que gostam de criticar. Se aparecer um momento justo que mereça que nos queixemos com alguém, seja para corrigir uma ofensa cometida, ou simplesmente para restaurar a paz do nosso espírito, devemos fazer com alguém que é equilibrado e ama verdadeiramente a Deus. Caso contrário, ao invés de acalmar nossas mentes eles irão causar problemas piores, e em vez de ajudar a remover o espinho que lhes está fazendo mal o cravarão ainda mais profundamente em seus pés" (Ibid).
Não há dúvidas de que Deus escuta o clamor daqueles que se queixam. Porém, se formos sinceros. Por acaso não existe melhores maneiras de usar a palavra.... e coisas melhores para ocupar nossas vidas?

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


A respeito do dia do padre, que se celebra neste final de semana:


O Papa Paulo VI escreveu uma belíssima carta sobre São Francisco de Sales, em 29 de janeiro de 1967. Nela, o Papa coloca São Francisco de Sales como precursor do nosso tempo. E citando S. Francisco, diz o seguinte a respeito dos padres: "A Igreja no decorrer dos tempos não pode resplandecer em santidade sem a presença de santos sacerdotes. E o sacerdote, mais do que qualquer outro cristão, é outro Cristo, sua santidade se irradia de Cristo, sacerdote eterno e aperfeiçoador da fé, tornando-se assim um sinal vivente da graça de Cristo. A sincera devoção à Mãe de Deus é necessária a todo fiel, mas, sobretudo para o sacerdote, pois ela, além de outros benefícios singulares, é o modelo de nosso amor a Deus, a Cristo e à igreja"