sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Reflexão Salesiana para o XXI Domingo do Tempo Comum - 26 de agosto de 2012

Nascer do sol em Veranópolis - Foto TPO

Destaque: "Daí ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias".

Perspectiva Salesiana

     Estas palavras do início da oração de abertura da Missa de hoje contêm uma mensagem significativa e profunda para todos nós. Nossos mundos mudam e, em alguns casos, constantemente. Às vezes, temos a tendência de interpretar o "mundo em mudança" como algo que não nos diz respeito ou que está além da nossa compreensão. Mas às vezes o mundo que achamos difícil de entender com todas as suas mudanças é o mundo interior, o mundo que está cheio de confusão e vicissitudes que ninguém mais pode ver - exceto nós mesmos.
     Hoje falamos de decisões e escolhas. Todos nós desejamos ser livres. Certamente Deus deseja que possamos gozar desta liberdade, porque este é o presente mais significativo e espetacular que ele nos deu. Na primeira leitura de hoje Josué fala diretamente sobre esta liberdade: "escolhei hoje a quem quereis servir." Esta mensagem que ouvimos hoje é muito simples e ao mesmo tempo muito atual. "O que desejam? Decidam!". A proposta de Josué não leva a indecisão. Também não deixa nenhuma dúvida sobre qual foi a sua postura: "Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor".
     Paulo enfrenta o mesmo problema em sua carta sobre o casamento: "Vós que temeis a Cristo, sede solícitos uns para com os outros." Esta afirmação inicial é crítica, porque sem ela seu conselho posterior de serem submissos, pode parecer humilhante ou mesmo horrível. A "submissão" à qual o cristão é chamado, sempre ocorre dentro e por causa do amor, o amor de Cristo. É por isso que servimos aos outros e nos colocamos, ao menos, no segundo lugar, se não literalmente, no último lugar. Cristo nos amou e nos mostrou o caminho para a vida. Colocar os outros em primeiro lugar, especialmente num relacionamento, ou numa família é a única maneira de partilhar a vida e a vida em abundância.
     Amar é também a única maneira de fazer algo que verdadeiramente produz a vida.
     Este ensinamento de Deus pode ser "duro" e os primeiros seguidores de Cristo assim o sentiram, mas como Pedro no Evangelho, quando tudo estiver dito e feito, "a quem iremos?" Uma e outra vez, as perdas e as provações da vida nos mostram que só Ele tem "palavras de vida eterna."
     Francisco de Sales nos lembra a instabilidade é inevitável na vida, e que é a nossa incapacidade de reconhecer a verdade que nos torna instáveis, e que faz com que o nosso humor seja variável. Ele nos encoraja a nos mantermos firmes e inquebrantáveis em nossas resoluções. O desafio para o nosso mundo "interno" e em constante mudança, é a constância. E esta constância só é alcançada através da fidelidade às decisões que tomamos a cada dia de amar e de servir ao Senhor e aos outros, a mesma resolução com a qual encerramos cada liturgia.

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales: 

     No Evangelho de hoje, Jesus nos exorta a permanecermos fiéis a Ele e a continuarmos a viver no "espírito que nos dá vida." Sobre isto, São Francisco de Sales observa o seguinte:
     Nosso Salvador veio ao mundo para recriar a humanidade. Quando vivemos no Espírito de Jesus transcendemos de nossa vida comum para começar a viver uma vida mais sublime. O amor divino nos enche de tal modo que somos como estrelas, cujo brilho foi ofuscado completamente pela luz solar. Deus vive em nós, e o nosso único desejo é unir nossa vontade à Sua vontade.
      Para continuar progredindo no Espírito de Jesus, cada um de nós deve se aceitar a si mesmo e com todas as suas imperfeições. Não devemos desistir, sejamos pacientes. Devemos ter esperança e devemos continuar cumprindo nossas atividades diárias, cheios de alegria. Façamos tudo o que foi ensinado com um espírito de gentileza e de fidelidade. Desenvolvamos o espírito de compaixão. A partir do momento em que semeamos e regamos, deveremos compreender que o desenvolvimento destas árvores, que representam nossas boas inclinações e hábitos, está nas mãos de Deus. É por esta razão que devemos esperar e colocar nas mãos da Divina Providência a colheita dos frutos dos nossos desejos e dos nossos trabalhos.
    Não fiquemos chateados se percebermos que não conseguimos progredir como desejamos. No momento em que tomarmos a decisão de viver uma vida santa, toda a nossa existência se converterá num teste prático. Permaneçamos em paz, lutemos para conseguirmos que a paz reine nos nossos corações. Depende de cada um de nós assegurarmos que nossas almas possam crescer bem, e devemos ajudá-las fielmente nesta empreitada. Mas quando se trata de ter uma colheita abundante, deixemos aos cuidados de Nosso Senhor. O trabalhador nunca será responsável por uma má colheita, a menos que ele ou ela não tenha semeado o campo com o cuidado necessário. Nossa contínua dependência de Deus nos assegura que estamos firmemente plantados onde Ele quer que estejamos.
     Não tenho dúvidas de que Nosso Salvador sempre nos conduz pelas mãos. Se em algum momento tropeçamos, é apenas um lembrete para que na próxima vez não nos soltemos de Sua mão. A fraqueza de alguém que ama e têm esperança em Deus, nunca será tão grande quanto a Sua misericórdia.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales) 

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