sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 2º Domingo do Advento – 04 de dezembro de 2011



No Evangelho de hoje escutamos “uma voz no deserto” que nos chama a preparar os caminhos do Senhor. São Francisco de Sales nos diz como poderemos conseguir isso.

Os caminhos que vão e vem somente desgastam e desorientam os viajantes. Para poder preparar bem os caminhos de Deus em nossos corações, o único propósito que devemos ter é o de agradar a Deus. Nós devemos ser como o marinheiro que enquanto navega o barco mantém seus olhos fixos na agulha da bússola. Devemos manter nossos olhos fixos num objetivo: adquirir boa disposição que é a melhor virtude da vida espiritual. Devemos orientar nossos sentimentos, emoções e inclinações permanentemente na direção do amor de Deus, que os transforma para que possamos adquirir um bom caráter.

Quando nossos corações se debatem constantemente entre nosso amor por Deus e nosso amor próprio, sucumbimos a um estado de medo, de ansiedade e de confusão. O enfrentamento de nossas grandes faltas pode nos ocasionar certo medo ruim que coloca o coração num estado de estresse e que muitas vezes nos conduz ao desânimo. É por esta razão que ao longo de nossa vida devemos exercitar nossa confiança em Deus e nos encomendarmos à bondade de Deus que nos ama.

Mesmo assim o temor sagrado nos ajuda a empregar os meios apropriados para evitar os problemas. O temor sagrado e a esperança devem existir sempre juntos um com o outro. A esperança nos exorta a almejar a alegria sagrada que encontraremos na bondade suprema de Deus. Ele faz uso destas duas virtudes para levar a cabo a nossa cura espiritual.

Nossa vida está cheia de caminhos tortuosos que somente podem ser endireitados por meio de uma mudança de atitude. Quando dirigimos nosso coração para o amor de Deus, experimentamos um verdadeiro amor próprio. Quando o amor sagrado reina em nossos corações, abranda todos os demais amores. O amor divino submete todas as nossas emoções e nossos afetos naturais ao plano de Deus e ao seu serviço. Todos os nossos movimentos encontram repouso neste amor sagrado. Os corações daqueles que possuem abundante amor sagrado estão cheios de confiança e de esperança, já que eles caminham pelas veredas que os levarão diretamente à plenitude de Deus.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente os Sermões, L. Fiorelli, Ed.)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Enquanto esperais com anseio a vinda do dia de Deus... Vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz” (2 Pr 3, 12.14)

Hoje, nas Escrituras, encontramos novamente um sentimento de expectativa sobre o cumprimento da justiça de Deus e a necessidade de estarmos alertas e vigilantes. Certamente é a continuação da reflexão do domingo passado. A melhor maneira de antecipar a justiça de Deus é “ser santo na conduta e na prática da devoção. “Que devoção”? “Esta agilidade espiritual e a vivacidade que faz com que o amor trabalhe em nós. Ou a ajuda com a qual trabalhamos rápida e amorosamente... não somente nos faz rápidos, ativos, diligentes para fazer o que Deus quer, mas também nos leva a fazer todo o bom trabalho que podemos fazer de forma rápida e amorosa” (IVD, Parte i, Cap. 1). Lembro que no tempo de São Francisco não usavam a palavra “espiritualidade”, mas devoção. A devoção procura aproveitar as oportunidades diárias para fazer o bem. Verdade seja dita, não temos tempo para “esperar” quando se trata de praticar a espiritualidade. O “esperar” sugeriria que existem momentos em nossas vidas nos quais Deus quer que descansemos para amá-lo, para amar-nos a nós e aos outros.  Um olhar mais de perto em nossa relação conosco mesmos e com os outros revela que achamos que basta ocupar apenas uma hora durante a semana e que é suficiente para mantermo-nos ocupados com a espiritualidade enquanto antecipamos o dia em que a justiça e a paz do Reino de Deus se torne realidade.

Esperar não é ficar passivo, mas, trata-se de reconhecer que a prática da espiritualidade nos momentos e circunstancias particulares de nossa vida diária é importante. Isto, na tradição Salesiana, é a essência do estar “em paz”. Praticar a espiritualidade deve ser algo intencional, deliberado e consciente. “Devemos viver pacificamente em todas as coisas e em todos os lugares. Se aparecerem problemas exteriores ou interiores devemos recebê-los pacificamente. Se a alegria chega, devemos recebê-la pacificamente, sem que o coração bata mais do que o necessário. Se tivermos que tirar o mal, devemos fazê-lo de forma pacífica, sem alterar os outros. Se é preciso praticar a paz, devemos fazê-lo pacificamente. De outra maneira poderemos cometer muitas faltas por apressar-nos. Inclusive nosso arrependimento deve ser pacífico...”

Que melhor forma de mantermo-nos livres das “manchas do pecado” do que lutarmos para fazer o que é correto e bom aos olhos de Deus, e esforçar-nos para ser fontes de justiça de Deus nas nossas vidas e nas dos outros. Não existe melhor maneira de evitar o pecado do que dedicar-nos a prática da virtude.

Quem estamos esperando?

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