sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reflexão Salesiana para o 28º domingo do tempo comum – 9 de outubro de 2011


No Evangelho de hoje Jesus nos diz que as pessoas que aceitam a abundante graça de Deus poderão entrar no Seu reino. São Francisco de Sales nos fala um pouco mais sobre esta resposta que se espera de nós:
A suprema bondade de Deus derramou sobre toda a família humana suas abundantes bênçãos. A vontade de Deus é que todos consigam a salvação por meio do conhecimento da verdade que nosso Salvador veio trazer através do fogo do amor sagrado e deseja que este permaneça aceso em nossos corações.
Com que fervor Deus deseja o nosso amor! Ele demonstra este desejo cumulando-nos de amor divino. Deus, o sol da justiça, nos envia numerosos raios de inspiração, aquece os nossos corações com bênçãos e toca a cada um de nós com o encanto do amor divino. A inspiração de Deus é a força que dá alento a nossa vontade, a ajuda, a reforça e a move com tanta gentileza que ela acaba desejando voar livremente em busca do bem que encontra com a inspiração de Deus.
Deus depositou em seus corações as inspirações sagradas e vocês as receberam. Cooperem com Ele, aceitando-as. A vontade de vocês começou a mover-se livremente ao uníssono da graça celestial e Deus continuou fortalecendo seus corações através de vários movimentos. Até que, finalmente, chegou o momento em que Ele inculcou em vocês o amor sagrado, e este amor converte-se em fonte de vida e saúde perfeita. Não obstante, em todo momento vocês tiveram a liberdade para aceitar ou recusar a divina bondade.
Conta-se que um pequeno peixe possuía o poder para deter um barco navegando em alto mar. No entanto, este peixe não tinha o poder para fazer com que o barco zarpasse. O mesmo acontece como nosso livre arbítrio. Quando o vento favorável da graça de Deus enche nossa alma, temos plena liberdade de escolher se a recebemos ou a recusamos. Porém, quando nosso espírito zarpa, e se encaminha para uma próspera travessia, não somos nós quem fazemos com que os ventos da inspiração nos cheguem. É Deus quem move o barco que é nosso coração. Nós simplesmente recebemos e consentimos este vento proveniente do céu. Bem-aventurados são aqueles que respondem à palavra de Jesus desde o fundo de seus corações, porque o Reino de Deus lhes pertence.

(Adaptação tirada do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Tudo posso naquele que me dá força”.

“Eu tenho a experiência de ter sido pisoteado, mas também sei o que é ter abundância. Aprendi como lidar com todo tipo de circunstâncias: como comer bem ou passar fome, como ter todo o necessário ou não ter nada”.
O que fez São Paulo para lidar com os altos e baixos da vida e de forma tão centrada, equilibrada e com toda confiança? Mais importante ainda, como podemos fazer para lidar com os altos e baixos de nossas vidas de forma centrada, equilibrada e com confiança?
Entre outras coisas, necessitamos uma confiança sólida e profunda em Deus. Nós necessitamos o tipo de confiança que nos permite ver a mão de Deus do mesmo modo, tanto durante os tempos bons como nos tempos difíceis.
Francisco de Sales ofereceu este grande conselho. É um conselho tão relevante hoje para nosso desejo de continuar fazendo as coisas efetivamente, apesar dos obstáculos que a vida nos apresenta em qualquer dia, como o foi em 1603 para a pessoa a quem Francisco dirigiu estas palavras: “Vocês devem ser como as crianças pequenas. Sabem que suas mães as conduzem pela mão e por isso caminham com firmeza e correm por todos os lugares sem deixar que uma pequena queda ou um tropeço as moleste, pois, apesar de tudo são fracos nas pernas. Do mesmo modo, desde o momento em que vocês se dão conta que Deus os está levando com sua mão e  desde que demonstrem vontade em servi-lo, continuem com firmeza e não deixem que os pequenos obstáculos nem as quedas os perturbem. Não há necessidade de deixar-se amedrontar por isso desde que se joguem nos braços de Deus de vez em quando e beijem a Deus com o beijo da caridade. Continuem avançando com alegria e com seus corações tão abertos e tão sabiamente cheios de confiança como lhes seja possível, e se não podem estar sempre felizes, ao menos sejam valentes e confiem” (Stopp, cartas Seletas, páginas 45-46).
Noutra carta, Francisco fez a seguinte observação a respeito de nossa confiança em Deus e na nossa habilidade em lidar com as adversidades da vida. “É muito melhor levantar nossos olhos para as montanhas onde pode nos chegar ajuda, é melhor ter esperança no Senhor e glorificar voluntariamente nossas enfermidades para que a força de Cristo faça morada em nós... pois aqueles que depositam sua confiança no Senhor conseguirão asas como as das águias. Mas aquele que perde sua força de coração não conseguirá nada e se desvanecerá como a fumaça. O soldado que deixa o campo de batalha tremendo de medo, possivelmente sentirá um descanso, mas não terá mais a segurança daquele que continua lutado”. (Stopp, Cartas Seletas, página 121)
Existem muitas experiências na vida que podem deixar-nos cheios de medo ou talvez frustrados. Aquilo que diferencia as pessoas felizes, saudáveis e santas das pessoas que somente tratam de passar pela vida, é a habilidade e a vontade de confiar em Deus que nos ama igualmente durante os altos e baixos da vida. Como disse Jó, aqueles que confiam no Senhor sabem que o Senhor dá e também tira, e bendito seja o nome do Senhor.
E benditos, sempre, são todos aqueles que confiam e que creem em Deus, sem se importar com mais nada.

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

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