sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Reflexão Salesiana para o 30º domingo do tempo comum – 23 de outubro de 2011

                                                                                              Foto: Tarcizio Paulo Odelli


No evangelho de hoje escutamos Jesus dizendo que devemos amar a Deus e aos nossos irmãos. Estes mandamentos são a base da Espiritualidade cristã e estão presentes em todos os escritos de São Francisco de Sales:

Para demonstrarmos quanto é ardente o desejo de Deus por nosso amor, Ele nos exige este amor em termos maravilhosos: “Amarás o Senhor com todo o teu coração, com toda tua alma e com toda a tua mente. Este é o primeiro e maior de todos os mandamentos”. Muitas vezes nós acreditamos que Deus é tão grande e nós tão pequenos que seremos incapazes de amá-lo. Então, para que não desanimemos e nos afastemos do amor de Deus, Ele nos diz que somos sumamente capazes de amá-lo com toda nossa força, apesar do pecado, inclusive.

Amar a Deus acima de todas as coisas significa que devemos colocar Deus sobre todos os nossos ídolos. Porque nossos corações tendem a buscar, de modo demasiado, coisas materiais e consolos espirituais. Mas ainda, tão logo as conseguimos, logo o nosso desejo se agita para começar a buscá-las novamente. Nunca nada satisfaz o nosso coração. A vontade de Deus é que os ídolos não encontrem em nosso coração morada permanente. Que ele seja livre para voltar para Ele, de quem provém. As abelhas somente podem pousar sobre as flores que floresceram. O mesmo acontece com nosso coração. Nosso coração somente pode encontrar descanso no amor de Deus. Porque então queremos interferir com este desejo que sentimos pelo amor de Deus e nos dedicamos a buscar outros amores?

O mandamento que nos diz que devemos amar a Deus é muito mais importante do que o mandamento de amar nossos semelhantes. Porém, nossa natureza resiste com mais força a amar os outros. No entanto, quando depositamos nossa confiança no amor de nosso Salvador, nós nos enchemos de coragem para amar a imagem de Deus que está nos outros, e que frequentemente está oculta a nossos olhos. Então aprendemos a reconhecer a semelhança com o Criador presente em nós e nos outros. Porque amar a Deus plenamente é amar todo aquilo que é de Deus e que está presente em todas as criaturas. Imitemos Jesus, que nos ensinou muito mais através de suas obras do que com suas palavras. Ensinou-nos como amar nosso Deus com todo o coração, nossa alma e nossa mente e a amar nosso próximo como a nós mesmos.

(Adaptação tirada dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente do Tratado do Amor de Deus).

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!... e amarás ao teu próximo como a ti mesmo!”

Francisco de Sales é o autor do Tratado do Amor de Deus. Não viveu o suficiente para poder escrever o tratado do amor ao próximo, como ele queria. O fato comum entre estas duas coisas, o amor de Deus e do próximo, é a caridade. A caridade era, e é, na mente e no coração de Francisco de Sales, a virtude entre todas as virtudes. Nós fomos chamados a amar o nosso Deus do modo como amamos o próximo e também fomos chamados a amar o próximo como amamos a Deus.

Francisco de Sales tem muito a partilhar conosco a respeito da natureza e da prática da caridade.

“Assim como Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, da mesma forma Deus ordenou para nós um amor à imagem e semelhança do amor que se deve a divindade de Deus... por que amamos a Deus? A razão porque amamos a Deus é Deus mesmo... por que amamos uns aos outros na caridade? Seguramente porque fomos feitos a imagem e semelhança de Deus... como todas as pessoas tem a mesma dignidade, nós também as amamos como nos amamos a nós mesmos, isto é, em sua condição de santidade e de serem imagens viventes da divindade... A mesma caridade que produz atos de amor a Deus produz também atos de amor ao nosso próximo... amar o próximo na caridade é amar a Deus nos outros e os outros em Deus”. (Tratado do Amor de Deus, Livro 10, cap. 11)

Para São Francisco de Sales, o amor de Deus e o amor ao próximo não são duas experiências distintas, mas são duas expressões da mesma realidade, dois lados, como se fossem a mesma moeda. (Recordem o mandamento de Jesus no evangelho do domingo passado, de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.)

“O grande Santo Agostinho diz que a caridade inclui todas as virtudes e opera de todos os modos em vocês”, escreveu São Francisco de Sales. Estas são suas palavras: “o que se diz da virtude dividida em quatro – ele está se referindo as quatro virtudes cardeais – em minha opinião se diz por causa dos diferentes afetos que procedem do amor. Pois bem, eu não duvido quando se trata de definir estas quatro virtudes da seguinte maneira: a temperança é o amor que se entrega completamente a Deus. A fortaleza é o amor que voluntariamente suporta todas as coisas por amor a Deus. A justiça é o amor que serve unicamente a Deus e por isso dispõe com justiça de tudo o que está sujeito aos seres humanos. A prudência é o amor que escolhe o que é útil para unir-se a Deus e recusa tudo o que é daninho”. (TAD, XI, 8)

Aquele que possui a caridade tem uma alma revestida com as roupas das bodas que, como José, leva implicitamente em si todas as virtudes. Além disso, a caridade tem uma perfeição que contém a virtude de todas as perfeições e as perfeições de todas as virtudes”. (Ibid)

Na caridade encontramos o lugar onde se encontram o amor de Deus, o amor a nós mesmos e o amor aos outros. Como partilhamos este amor multifacetado com todos aqueles que conhecemos cada dia? Dito de outra maneira, estamos bem preparados para dar o seu a César e a Deus em nós e nos demais?

P. O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução do texto espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Nenhum comentário:

Postar um comentário