Na liturgia deste final de semana somos convidados a dar
nossa resposta à pergunta feita por Jesus: "Quem dizem os homens que Eu
sou?" Neste caso não dá para procurar a resposta no google... pois a resposta
é pessoal e inédita. São Pedro deu uma resposta cheia de muita fé. E mesmo
dando esta resposta, minutos depois fraquejou... A reflexão salesiana de hoje
vai nesta linha: somos santos e pecadores. Temos imperfeições e qualidades. E
assim vamos seguindo o Mestre na nossa vida cheia de altos e baixos...
Destaque: "Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas
como Deus, e sim como os homens".
Os santos são heróis da nossa tradição de fé. São pessoas que
admiramos e queremos seguir seus exemplos. Eles nos lembram de que Deus pode
realizar em nós o mesmo tipo de coisas que Ele fez para eles. Mas as histórias
dos santos são mais do que apenas uma consideração da promessa de força,
coragem, fidelidade, ou tenacidade humana. Suas histórias lembram a realidade
da fragilidade humana, da fraqueza e da infidelidade. Num sermão pregado por
Francisco de Sales no domingo de Ramos, março de 1622, ele observou que "todas
as criaturas são uma mistura de perfeição e imperfeição. Por esta razão, eles
podem ser utilizados como símbolos de um ou de outro. Cada pessoa, não importa
quão santa seja, tem imperfeições. Feita à imagem de Deus, cada pessoa reflete
algo da bondade de Deus e, ao mesmo tempo, esta mesma imagem carrega algumas
imperfeições." (Púlpito e Banco)
Considere o exemplo de São Pedro no Evangelho de hoje. Quando
Jesus perguntou aos apóstolos: "Quem dizeis que eu sou?", Pedro foi o
primeiro a proclamar: "Tu és o Messias!" Alguns momentos depois de
fazer esta manifestação pública de fé, Pedro fica ofendido com a previsão que
Jesus faz sobre sua negação, morte e ressurreição, e é humilhado publicamente
quando Jesus se vira para ele e proclama; "Vai para longe de mim, satanás!
Tu não pensas como Deus, e sim como os homens".
Parece que até mesmo os santos tiveram seus altos e baixos.
No caso de São Pedro, este não seria o último ato de suas perfeições e
imperfeições. No Tratado do Amor de Deus, Francisco comentou: "Quem não se
maravilha diante do coração de São Pedro, tão valente diante dos soldados
armados. Somente ele toma a espada em suas mãos e a usa? Mesmo assim, pouco
tempo depois, entre pessoas desarmadas, ele é tão covarde que nega e odeia seu mestre
diante de uma servente. "( TAD, Livro X, capítulo 9)
Francisco Sales acreditava que temos muito a aprender dos
santos: tanto os percalços como os seus sucessos. "É bom ver os defeitos na
vida dos santos. Isto não somente mostra a bondade de Deus para perdoá-los, mas
também nos ensina a imitar os santos e os seus esforços para superar suas
falhas e fazer penitência por eles. Nós estudamos as virtudes dos santos para
imitá-los e estudamos as falhas para evitá-las." ( ibid. )
Esta forma de ver os santos pode ser muito útil em nossas
tentativas diárias de "viver Jesus." Ver os defeitos dos santos serve
como uma vacina contra a falta de entusiasmo que experimentamos quando
enfrentamos nossos pecados, nossas falhas e imperfeições. Da mesma forma, ao
olhar as virtudes dos santos podemos impedir que cresça em nós a soberba ou nos
sentirmos satisfeitos com as nossas imperfeições. Os santos são companheiros
para a viagem. Eles têm muito a nos ensinar sobre como seguir uma vida de
devoção: superar nossos pecados e falhas, fortalecer nossa prática da virtude.
Francisco de Sales (sendo um santo) nos desafia a ver os santos como pessoas
reais, e perceber que podemos aprender com suas tragédias como com seus
triunfos.
Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução e adaptação do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli
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