sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Reflexão Salesiana para o 24º domingo do tempo comum - 16 de setembro de 2012


Na liturgia deste final de semana somos convidados a dar nossa resposta à pergunta feita por Jesus: "Quem dizem os homens que Eu sou?" Neste caso não dá para procurar a resposta no google... pois a resposta é pessoal e inédita. São Pedro deu uma resposta cheia de muita fé. E mesmo dando esta resposta, minutos depois fraquejou... A reflexão salesiana de hoje vai nesta linha: somos santos e pecadores. Temos imperfeições e qualidades. E assim vamos seguindo o Mestre na nossa vida cheia de altos e baixos...

Destaque: "Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens".

     Os santos são heróis da nossa tradição de fé. São pessoas que admiramos e queremos seguir seus exemplos. Eles nos lembram de que Deus pode realizar em nós o mesmo tipo de coisas que Ele fez para eles. Mas as histórias dos santos são mais do que apenas uma consideração da promessa de força, coragem, fidelidade, ou tenacidade humana. Suas histórias lembram a realidade da fragilidade humana, da fraqueza e da infidelidade. Num sermão pregado por Francisco de Sales no domingo de Ramos, março de 1622, ele observou que "todas as criaturas são uma mistura de perfeição e imperfeição. Por esta razão, eles podem ser utilizados como símbolos de um ou de outro. Cada pessoa, não importa quão santa seja, tem imperfeições. Feita à imagem de Deus, cada pessoa reflete algo da bondade de Deus e, ao mesmo tempo, esta mesma imagem carrega algumas imperfeições." (Púlpito e Banco)
     Considere o exemplo de São Pedro no Evangelho de hoje. Quando Jesus perguntou aos apóstolos: "Quem dizeis que eu sou?", Pedro foi o primeiro a proclamar: "Tu és o Messias!" Alguns momentos depois de fazer esta manifestação pública de fé, Pedro fica ofendido com a previsão que Jesus faz sobre sua negação, morte e ressurreição, e é humilhado publicamente quando Jesus se vira para ele e proclama; "Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens".
     Parece que até mesmo os santos tiveram seus altos e baixos. No caso de São Pedro, este não seria o último ato de suas perfeições e imperfeições. No Tratado do Amor de Deus, Francisco comentou: "Quem não se maravilha diante do coração de São Pedro, tão valente diante dos soldados armados. Somente ele toma a espada em suas mãos e a usa? Mesmo assim, pouco tempo depois, entre pessoas desarmadas, ele é tão covarde que nega e odeia seu mestre diante de uma servente. "( TAD, Livro X, capítulo 9)
Francisco Sales acreditava que temos muito a aprender dos santos: tanto os percalços como os seus sucessos. "É bom ver os defeitos na vida dos santos. Isto não somente mostra a bondade de Deus para perdoá-los, mas também nos ensina a imitar os santos e os seus esforços para superar suas falhas e fazer penitência por eles. Nós estudamos as virtudes dos santos para imitá-los e estudamos as falhas para evitá-las." ( ibid. )
     Esta forma de ver os santos pode ser muito útil em nossas tentativas diárias de "viver Jesus." Ver os defeitos dos santos serve como uma vacina contra a falta de entusiasmo que experimentamos quando enfrentamos nossos pecados, nossas falhas e imperfeições. Da mesma forma, ao olhar as virtudes dos santos podemos impedir que cresça em nós a soberba ou nos sentirmos satisfeitos com as nossas imperfeições. Os santos são companheiros para a viagem. Eles têm muito a nos ensinar sobre como seguir uma vida de devoção: superar nossos pecados e falhas, fortalecer nossa prática da virtude. Francisco de Sales (sendo um santo) nos desafia a ver os santos como pessoas reais, e perceber que podemos aprender com suas tragédias como com seus triunfos.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução e adaptação do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli

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