O Evangelho de hoje nos desafia a servir a Deus com a simplicidade de uma criança. A humildade de coração é algo que deixa marca num filho amoroso, e é também uma das "pequenas virtudes". São Francisco de Sales diz que devemos praticar estas pequenas virtudes no dia a dia, pois nos ajudam no crescimento espiritual.
Uma criança
pequena deseja apenas que sua mãe a alimente. Assim o nosso coração demonstra simplicidade
quando seu único desejo é amar a Deus. Quando fazemos isso permitimos que seja
Nosso Senhor quem nos leva no caminho e continuamos a avançar de acordo com a
vontade de Deus, e não nos baseando em nossas preferências individuais. Quando
uma pessoa é verdadeiramente humilde, ele ou ela encontram tempo para estar com
o Senhor. Ele ou ela são como crianças cujo único desejo é descansar nos braços
de sua mãe, porque é o lugar onde se sentem protegidos e amados.
A simplicidade
requer que o nosso "eu" interior coincida com o nosso "eu" exterior.
Isso não significa que somos menos simples nos momentos em que sorrimos apesar
de nos sentirmos mal. É verdade que quando enfrentamos dificuldades, tudo fica
abalado dentro de nós. Isso é natural, já que a nossa miséria tende a adotar recursos
de ação extremos. Mas quando reconhecemos que o sentimento tomou conta de nós,
isso não significa necessariamente que temos de aceitá-lo. Portanto, quando
estamos preocupados com alguma coisa e sorrimos, estamos mostrando que somos capazes
de lidar com as dificuldades de uma maneira boa, saudável e simples, que pode
nos ajudar a prosperar como filhos de Deus.
Se você andar
com humildade, também andará com segurança. Se você está com alguém que muda
constantemente de humor, não se preocupe com o que fazer. Basta mostrar-se
alegre como sempre. Neste momento esta pessoa está triste, mas haverá momentos
em que você se sentirá assim. Ajude esta pessoa, e ajudem-se entre si mesmos,
para aproveitar o tempo que tem de partilhar juntos. Em outro momento será
aquela pessoa que irá ajudar você a se sentir melhor. Assim, você será criança
para os outros servindo a Deus. Quanto mais nos livrarmos de tudo o que nos
impede de amar a Deus e aos outros, mais nos aproximamos de Seu amor. Quem é
simples deixa tudo nas mãos de Deus. Bem-aventurados os que não viajam por seus
próprios meios, ou seja, seguindo os seus próprios pensamentos, desejos,
preferências e inclinações, mas de acordo com a vontade de Deus! Porque na
simplicidade de seus corações encontrarão o Seu amor e a Sua paz.
(Adaptado dos
escritos de São Francisco de Sales)
Destaque: "Os
discípulos, porém, não compreendiam essas palavras e tinham medo de perguntar"
Perspectiva Salesiana
Perspectiva Salesiana
Os primeiros
discípulos, com toda a certeza, aderiram a Jesus como o Messias e perceberam
que ele tinha uma missão muito além daquela que eles esperavam. O Evangelho de
hoje nos mostra, de modo muito real, que eles eram incapazes de aceitar que
Jesus falasse sobre sua morte e ressurreição e sobre o sofrimento que iria
passar neste caminho. Esta previsão encheu os discípulos de medo e confusão. Isso aconteceu porque eles estavam apegados as
suas expectativas, esperanças e sonhos.
No novo reino
que Jesus anunciava queriam ocupar altos cargos e exercer funções de destaque. A
discussão entre eles surgiu por causa da inveja e das rivalidades que existiam
no meio deles. Isso é o que diz São Paulo na segunda leitura deste domingo. Jesus
mostrou claramente a importância de seus papéis e como seriam implementados, de
um modo muito diferente daquilo que eles estavam aspirando. Jesus colocou uma
criança no meio deles como modelo do seu novo reino, modelo de simplicidade e
de humildade. Com este gesto quis dizer que ele os tinha chamado para isso, e
não para as honrarias, invejas ou rivalidades.
São Francisco
de Sales fala da dificuldade natural que temos para cumprir a vontade de Deus. Muitas
vezes nos encontramos na mesma situação dos apóstolos da história do Evangelho
de hoje. Nossas expectativas e desejos não estão de acordo com a vontade de
Deus. No Tratado do Amor de Deus, Livro 9, capítulo 2, Francisco diz: "Um
coração verdadeiramente vivente ama o beneplácito de Deus, não só no tempo de
consolo, mas também durante as aflições.
Porém os ama mais que tudo na cruz, dor e trabalho, porque o principal poder do
amor é habilitar o amante para que sofra por aquilo que ama."
Devemos nos
perguntar hoje se nossas expectativas, esperanças e sonhos não nos impedem de
fazer a vontade de Deus. Por acaso os tempos difíceis que enfrentamos arruínam
nossas tentativas de realizar a vontade de Deus? Será que muitas vezes não desejamos que a
Vontade de Deus seja conforme os nossos desejos e vontades? Nós realmente
apreciamos o dom que é Jesus?
Uma reflexão a
estas perguntas nos dará a oportunidade necessária para cumprir a vontade de
Deus. Esta é realmente uma exigência na nossa caminhada de fé. Na Introdução à
Vida Devota, Livro 2, Capítulo 1, São Francisco de Sales escreveu: "A
oração coloca nossa inteligência no amor divino. É a melhor maneira de limpar
nossas mentes de sua ignorância e nossa vontade de seus afetos malignos ....
Sugiro, acima de tudo, Filoteia, uma oração mental da mente e do coração,
especialmente aquela que está focada na Vida e Paixão de Nosso Senhor. Contemplando-o
ficarás cheia Dele, irás aprender a te contentar em agir como Ele e conformarás
tuas ações as Dele"
P. Michael S.
Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e
adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
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