quinta-feira, 21 de outubro de 2010

30º Domingo do Tempo Comum - 24 outubro de 2010

As leituras de hoje nos lembram que Deus responde prontamente aos apelos daqueles que se arrependem dos erros cometidos. São Francisco de Sales observa:

Deus em sua inigualável misericórdia abre a porta ao coração do penitente. Este se perderia caso Deus não o ajudasse. Para que nosso arrependimento, por não conseguirmos viver como imagem de Deus, seja verdadeiro, devemos primeiramente libertar nossos corações de qualquer outra coisa para deixá-lo se encher do próprio Nosso Senhor. Cada canto, cada esquina de nosso coração está cheio de milhares de coisas ultrajantes de serem vistas na presença de nosso Salvador. Então é como se tivéssemos as mãos amarradas, e estivéssemos impedindo-o de dar-nos os dons e a graça que Ele sempre está disposto a nos dar, desde que estejamos preparados para recebê-los.

Quando nos arrependemos deixamos que a humildade maravilhosa do nosso querido Salvador entre em nossos corações. A humildade de coração nos torna conscientes da bondade de Deus que é digno de um grande amor. A humildade de coração também nos permite entender a nossa incapacidade de amar perfeitamente. Por isso precisamos de nosso Salvador. É Ele que vai nos tirar de nossa miséria para nos tornamos grandes.

A virtude da penitência tem como valor nos elevar ao máximo. Devemos ser como o arqueiro que, quando vai atirar uma flecha, puxa a corda de seu arco de um ponto baixo, dependendo da altura que deseja que a seta chegue. Para poder chegar até Deus, devemos apontar para o mais alto possível. Portanto, devemos rebaixar-nos muito mais, deixando de lado o ego e nos abrirmos para receber a ajuda de Deus. Devemos deixar todos os problemas nas mãos de nosso Salvador, que sempre cuida de nós, para que possamos nos entregar completamente a Ele. Quando damos o nosso consentimento a Deus para que nos ame do jeito que Ele quiser, Ele nos receberá em sua misericórdia e também avivará e restaurará completamente nossa verdadeira saúde espiritual, que é o amor sagrado.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

"O Senhor ouve o clamor dos pobres".

Perspectiva Salesiana

Os pobres não têm muitas coisas na vida. Mesmo assim, as coisas que possuem - um lugar especial no coração e na mente de Deus tem uma clara vantagem sobre qualquer riqueza da terra.

A Bíblia é clara e inequívoca: Deus tem uma preocupação especial para com a luta dos pobres e necessitados, para as deficiências dos desesperados e para aqueles com o coração partido, pela angústia dos perdidos e abandonados, pelo espírito dos que têm sido esmagados, para a vida do solitário, pela alma dos pecadores.

Jesus personifica o amor pelos pobres. Mesmo tendo se aproximado de todas as classes sociais, econômicas e étnicas, Jesus passou parte significativa do seu tempo, da sua energia, do seu ministério, do seu amor com os pobres, com aqueles que foram caluniados e maltratados. Jesus parece ter gozado de maior sucesso com os pobres, da mesma forma que ele parece ter se sentido mais confortável com eles.
São Francisco de Sales observou isso de um modo geral na Introdução à Vida Devota. Ele escreveu: "Nós devemos praticar a verdadeira pobreza no meio de todos os bens e riquezas que Deus nos deu. Muitas vezes temos que nos livrar de certas propriedades e entregá-las com um coração generoso para os pobres. Desfazer-se do que temos é empobrecer-nos na proporção daquilo que damos e quanto mais dermos, mais pobres seremos... Amem os pobres e amem a pobreza, porque é através deste amor que nós nos tornamos verdadeiramente pobres ...alegrem-se em vê-los em suas próprias casas e visitem-nos. Sintam-se felizes em falar com eles e alegrem-se em tê-los em torno de suas igrejas, nas ruas e em outros lugares. Sejam pobres quando conversarem com eles... mas sejam ricos quando se trata de assisti-los, partilhando algo  dos seus bens com eles em abundância " (Intro III, 15)

Vale a pena explorar três aspectos das observações feitas por Francisco Sales de Sales. Primeiro, ao nos aproximamos dos pobres, vamos conhecer a nossa própria pobreza, as nossas próprias necessidades, o nosso próprio desespero e a nossa própria desgraça. Francisco observou: "Nós nos tornamos semelhantes aos que amamos." Nosso desejo de servir os pobres aproxima os pobres de nós mesmos.

Em segundo lugar, a luta dos pobres é um desafio para nós, para que sejamos generosos: para que doemos um pouco da nossa riqueza e ainda algo mais difícil, doar um pouco de nossas próprias necessidades e desejos.

Terceiro, precisamos reconhecer as formas mais sutis da pobreza em nossas casas, nossos bairros, nossas salas de aula, nosso local de trabalho. Não apenas reconhecer a pobreza nas esquinas, ou nas estações de ônibus. Temos que reconhecer as riquezas celestiais que todos possuímos: o cuidado, a bondade, o perdão, a amizade, a verdade, o companheirismo, a cura, a compreensão, a reconciliação, a honestidade, a fé, a esperança e... o amor.

Claramente, fielmente, com amor, de forma convincente o Senhor ouve o clamor dos pobres.

E nós? Ouvimos?

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

Nenhum comentário:

Postar um comentário