sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Reflexão Salesiana para o 30º Domingo do Tempo Comum - 27 de outubro de 2013


Destaque: "O Senhor ouve o clamor dos pobres". 

Perspectiva Salesiana

Pode acontecer que os pobres não desfrutem de muitas coisas na vida. Mesmo assim, ocupam um lugar especial no coração e na mente de Deus. Nisto levam uma grande vantagem sobre qualquer riqueza terrena. 
A Escritura é clara e inequívoca: Deus tem uma preocupação especial pela situação dos pobres e necessitados, pelas carências dos desesperados e por aqueles que têm o coração dilacerado, pela angústia dos perdidos e abandonados, pelo espírito daqueles que foram esmagados, pela vida dos solitários, pelas almas dos pecadores. 
Jesus encarna o amor pelos pobres. Ele se aproximou das pessoas de todas as classes sociais, econômicas, étnicas e culturais. Mas, Jesus investiu uma quantidade significativa de seu tempo, sua energia, o seu ministério e de seu amor para com os pobres, com aqueles que foram difamados e maltratados no seu tempo. Jesus parece ter gozado de maior sucesso com os pobres, da mesma forma, ele parece ter se sentido mais à vontade com eles. 
Isto é observado em sua totalidade por São Francisco de Sales. Na Introdução à Vida Devota, ele escreveu: "Devemos praticar a verdadeira pobreza no meio de todos os bens e riqueza que Deus nos deu. Muitas vezes, devemos nos livrar de certas propriedades e entregá-las com um coração generoso para os pobres. Dar um tanto do que se possui é empobrecer outro tanto e quanto mais se dá, mais pobres seremos... Amem os pobres e amem a pobreza, pois é por meio deste amor que nos convertemos em verdadeiros pobres... alegrem-se por vê-los em suas próprias casas e por visitá-los nas deles. Sintam-se felizes em falar com eles e felizes por tê-los em torno de suas igrejas, nas ruas e em todos os outros lugares. Sejam pobres quando conversarem com eles... porém, sejam ricos quando se trate de assisti-los, partilhando algo de seus abundantes bens com eles." (IVD III, 15)
Vale a pena explorar três aspectos das observações feitas por Francisco de Sales. Em primeiro lugar, na medida em que nos aproximamos dos pobres passamos a conhecer a nossa própria pobreza, as nossas próprias necessidades, o nosso próprio desespero e o nosso próprio infortúnio. Francisco observou: "Nós nos convertemos nas coisas que amamos." 
Em segundo lugar, a situação dos pobres é um desafio para nós, para que sejamos generosos: para que doemos alguma coisa de nossa abundância e, ainda mais difícil, para que doemos algo de nossas próprias necessidades e carências.
Em terceiro lugar, devemos reconhecer as formas mais sutis de pobreza em nossas casas, em nossos bairros, em nossas salas de aula, no nosso local de trabalho, e não somente reconhecer a pobreza nas esquinas, ou nos pontos de ônibus. Devemos reconhecer as riquezas celestes das quais todos carecemos: o cuidado, a bondade, o perdão, a amizade, a verdade, o companheirismo, a cura, a compreensão, a reconciliação, a honestidade, a fé, a esperança... e o amor. 
Claramente, fielmente, carinhosamente, de forma convincente o Senhor ouve o clamor dos pobres. 
Nós escutamos este clamor? 

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB. 


Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos lembram de que Deus responde prontamente aos gritos daqueles que se arrependem dos erros que fizeram. São Francisco de Sales observa: 
Deus, em sua misericórdia incomparável, abre a porta para o coração do penitente. Esta alma teria se perdido se Ele não a tivesse ajudado. Para que nosso arrependimento seja genuíno, por que não vivemos de acordo com a imagem de Deus em nós, devemos primeiro despojar nosso coração de qualquer outra coisa para permitir que Nosso Senhor o encha de Si Mesmo. Cada canto, cada esquina de nossos corações está repleto de milhares de coisas indignas de serem vistas na presença de nosso Salvador. Então, é como se tivéssemos amarrados pelas mãos, e lhe estivéssemos impedindo de conceder-nos os dons e a graça que Ele sempre está disposto a dar-nos, sempre e quando nos encontre preparados para recebê-los. 
Quando nos arrependemos damos lugar à maravilhosa humildade de nosso querido Salvador para que entre em nosso coração. A humildade coração nos torna conscientes da bondade de Deus, que é digna de um amor supremo. A humildade de coração também nos permite entender a nossa incapacidade para amar perfeitamente, e por isso necessitamos de Nosso Salvador, que nos tirará de nossa miséria até nos tornar-nos um com Sua grandeza. 
O valor que tem a virtude da penitência é que nos leva para a plenitude. Devemos ser como o arqueiro que, quando vai atirar uma flecha grande, puxa a corda do seu arco de um ponto mais baixo, dependendo de quanta altura deseja que a flecha alcance. Para poder unir-nos a Deus devemos apontar o mais alto possível. Portanto, devemos rebaixar-nos muito mais, deixando de lado a autossuficiência e abrindo-nos para receber a ajuda de Deus. Devemos deixar todos os nossos problemas nas mãos de nosso Salvador, que sempre cuida de nós, para que possamos entregar-nos totalmente a Ele. Quando damos nosso consentimento a Deus para que nos ame do jeito que deseja fazer, Ele nos receberá em sua misericórdia, e também avivará e restaurará completamente nossa verdadeira saúde espiritual, que é o amor sagrado.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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