sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o Primeiro Domingo do Advento - 1 de dezembro de 2013





















Destaque: abandonar as "ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  

Perspectiva Salesiana

O grande plano de Deus é trazer toda a criação para a unidade e a perfeição em Seu amor. O Advento é um tempo que temos para podermos entrar em contato com a história do plano salvífico de Deus, para que possamos celebrar a vinda de Deus entre nós em Jesus, e renovar-nos à medida que trabalhamos para tornar realidade o plano de Deus. Durante o Advento, vamos ouvir as visões de restauração que os profetas predisseram muitos séculos antes da vinda de Jesus. Hoje ouvimos Isaías proclamar que chegará um momento em que todas as pessoas virão ao Senhor: "para que Ele nos mostre os seus caminhos e nos ensine a cumprir os seus preceitos." 
São Paulo faz um apelo urgente no texto da carta aos Romanos: um apelo urgente para "abandonar as ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  Paulo é bastante específico ao descrever as chamadas "ações das trevas ". O comentarista bíblico William Barclay argumenta que a leitura destas descrições fornece material suficiente para examinar e avaliar o que somos e o que fazemos. Nota-se que este tempo é muito propício para comer e beber exageradamente, participar de orgias sexuais e imoralidades, brigas e rivalidades.
São Francisco de Sales diz que não é suficiente abandonarmos estas ou outras coisas ruins. Também devemos deixar nossa afeição ou a nossa atração pelas mesmas: "Todos os israelitas deixaram o Egito fisicamente, porém, muitos deixaram preso lá o seu coração; por isso é que no deserto muitos lamentaram a falta de alimento e locais de entretenimento lascivos que tinham no Egito. Da mesma forma existe penitentes que dão às costas ao pecado, mas não descartam sua atração pelo mesmo." (IVD Parte I, Capítulo 7) 
Por que devemos abandonar nossa atração pelo pecado, nossa tendência a seguir o caminho errado?  "Além disso, corremos o risco de cair perigosamente de novo nestas vis tendências que podem enfraquecer nosso espírito terrivelmente e podem se converter num fardo que nos impeça de fazer prontamente e frequentemente boas obras."(Ibid ) 
Advento é o tempo da esperança: a esperança de que a promessa feita a nós pela vinda de Cristo será cumprida. Essa mesma esperança requer que examinemos seriamente se o trabalho que fazemos e/ou deixamos de fazer nos estão ajudando para que a esperança se torne uma realidade em nossas vidas, e nas vidas dos outros. Até onde estamos dispostos a ir em nosso desejo de viver uma vida piedosa, ou seja, para fazer boas obras prontamente, de forma diligente e frequentemente? Não podemos apenas dar as costas ao pecado, mas ao mesmo tempo temos que descartar nossa atração pelo mesmo. Só assim iremos longe.
No tempo de Noé, como diz Jesus no Evangelho, as pessoas estavam tão preocupadas com as coisas do dia a dia que se esqueciam do Plano de Deus e da tarefa que cada um tem dentro dele. Precisamos estar atentos e vigilantes, não por medo, mas porque nós não queremos perder as oportunidades que a graça de Deus coloca em nosso caminho para ajudar ainda mais o seu plano, através das coisas amorosas que esta graça será capaz de fazer para os outros e para nós mesmos. Advento é um tempo de expectativa vigilante, pois o Senhor entra em nossas vidas de muitas maneiras. É um tempo para podar os pensamentos e atitudes que não nos deixam ficar no caminho da graça. É um momento para estarmos mais atentos às necessidades dos outros. Eles nos dão oportunidades para amar de uma forma real. É um tempo para abrirmos os lugares escuros do nosso coração para a luz do amor de Cristo, e, desta maneira, iluminar com a sua luz o coração dos outros. 

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje, no primeiro domingo do Advento, as leituras nos convidam a caminhar na luz do Senhor. Somos chamados a responder ao amor de Deus, com uma mudança de coração. São Francisco de Sales observa:
Com um coração inigualável, Maria deu sua mente, coração e alma a Deus sem reservas. Mais perfeitamente do que qualquer outra criatura, sua vontade foi se conformado com a vontade de Deus. Maria teve um crescimento na virtude porque tomou a resolução de pertencer inteiramente a Deus. 
No entanto, por causa das contínuas vicissitudes da vida e da nossa disponibilidade para mudar constantemente nossos afetos para com os outros, devemos frequentemente renovar as promessas que fizemos para abraçar e viver a palavra de Deus. Como podemos afirmar continuamente que pertencemos a Deus? Se realmente cuidarmos do nosso coração.
Todas as manhãs e à noite, vamos consagrar a nossa mente, coração e corpo ao serviço do amor de Deus. A primeira coisa a fazer pela manhã: prepare o seu coração para estar em paz. Em seguida, procure relembrar ao seu coração, durante todo o dia, para que esteja em paz. Felizes são aqueles que andam no caminho do amor de Deus. Seus corações serão mudados! 
Mas você vai me perguntar, como posso agora dar a Deus o meu coração, uma vez que ainda é tão cheio de imperfeições? Como poderia ser agradável a Deus, pois tenho tão pouco me conformado com a vontade de Deus? Você não está ciente de que Deus converte tudo para o bem? Deus não disse: "Dá-me um coração puro como os anjos ou como o de Maria", mas sim, "Dá-me o teu coração." Então, dê a Deus o seu coração, como é.  Vamos buscar o amor que Deus deseja nos dar. Assim como os veados ao serem perseguidos pelo caçador redobram a sua velocidade parecendo voar, da mesma maneira devemos executar no nosso caminho aquilo que Deus deseja para nós. Vamos não só correr, mas pedir a Deus que nos dê as asas de uma pomba, não só para voar para cima nesta vida, mas também para encontrar descanso na eternidade. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

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