Destaque: "Alguns saduceus
se aproximaram de Jesus para perguntar..."
Perspectiva Salesiana
Na vida
teológica, religiosa, política e cultural dos judeus era muito importante fazer
perguntas. O chamado "Método rabino" presumia que a melhor maneira de
conhecer a verdade era aprender a fazer as perguntas certas.
A pergunta tem sempre
um poder, uma promessa, uma possibilidade.
Este é o contexto
para entendermos o texto do Evangelho de Lucas neste final de semana. Os
saduceus fazem uma pergunta sobre o casamento e vida após a morte. Nos
versículos anteriores, o sumo sacerdote e os escribas fizeram uma pergunta
semelhante, a respeito do imposto a ser pago para o imperador César. Talvez a
pergunta não fosse feita simplesmente para fazer Jesus tropeçar ou para desacreditá-lo:
também pode ter sido um desejo legítimo para encerrar uma disputa que havia há
muito tempo entre os saduceus e fariseus (líderes religiosos e em ambos os grupos)
que estavam em desacordo sobre uma variedade de questões, entre elas a que
aparece no evangelho de hoje.
No entanto,
como nas outras vezes que isso aconteceu, não gostavam, não entendiam ou não aceitavam
as respostas de Jesus.
Eis a tragédia.
Os escribas, os sacerdotes, os saduceus e os fariseus foram criados numa
cultura que via nas perguntas um caminho para a verdade mística. Ironicamente,
eles foram as pessoas que mais tiveram encontros com Jesus. Outros grupos não
tiveram esta chance. É triste dizer, mas parece que eles sempre fizeram as perguntas
erradas: perguntas de pouca visão, perguntas egocêntricas, perguntas pouco genuínas
ou pouco sinceras, todas com uma resposta predeterminada em mente.
Quando perguntado
por que ele orava todos os dias, o mentor de Elie Wiesel disse: "Eu rezo dentro
de mim para que Deus me dê a força para fazer as perguntas certas."
Que pedimos,
que desejamos, que respostas exigimos em nossas vidas diárias com Jesus e com
os outros? Quanta energia gastamos querendo chegar ao fundo de um assunto? Mesmo
assim, com todos os nossos esforços, estamos mais perto de saber as coisas que verdadeiramente
importam, as preocupações da terra que nos guiam para as coisas do
céu? Por que nossa compreensão sobre a vontade de Jesus para conosco, o
seu desejo para conosco, o seu amor nos parecem tão difíceis?
Será que nós também,
estamos falhando na hora de fazer as perguntas certas?
"Que o
Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo",
diz São Paulo na segunda leitura.
P. Michael S. Murray, OSFS -
Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de São Francisco de
Sales
No Evangelho de
hoje, Jesus nos revela que os filhos de Deus ressuscitarão. Vamos ressuscitar
porque o nosso Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. São Francisco de
Sales nos diz o seguinte:
Nesta vida
mortal não devemos buscar nada que seja incomparavelmente perfeito. Nossos
corações têm uma sede que não pode ser satisfeita pelos prazeres desta vida mortal. Mesmo
moderados, os prazeres mais apreciados e apetecíveis não nos satisfazem. Se
forem demasiados, nos sufocam e se tornam prejudiciais. Somente a água da
vida eterna, que é o amor de Deus, pode satisfazer a nossa sede e acalmar nossos
desejos.
Dado que o amor
de Deus é maior do que o nosso, Ele deseja tornar-se um de nós para nos mostrar
o que devemos fazer para viver para sempre. Depositar o nosso amor em Jesus
Cristo é depositar nossas vidas Nele. O fruto do cacho depende da cepa à qual
está ligado. Portanto, a nossa vida em Cristo nos anima e nos encoraja
através de um amor saudável. Através do amor sagrado que o Espírito Santo
derrama em nossos corações, somos capazes de realizar obras sagradas que levam
à glória imortal.
Mas nesta vida
mortal o exemplo de Jesus nos mostra que a nossa salvação é uma jornada em
direção à plenitude em Cristo. Suportar ultrajes, contradições e desconfortos
de maneira pacífica como Jesus suportou, é o que nos garante a eternidade. Um
pingo de paciência adquirida ao longo de um período de prova vale mais do que
muita paciência ganha de outro modo. Se sentirem que seu coração está perturbado, reflitam
sobre a paciência e obriguem-se a praticá-la fielmente. Se sentirem neste
momento que o seu coração está inquieto, segure-o com a ponta dos dedos e coloque-o
de volta no seu lugar. Em seguida, digam: "Alegra-te, meu querido
coração." As grandes obras são o resultado da paciência e do tempo
de duração. Tenham coragem. O Deus dos vivos sempre nos acompanha
para que possamos voltar nos levantar-nos em Cristo.
(Adaptado a partir dos escritos
de São Francisco de Sales)
Nenhum comentário:
Postar um comentário