sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para a Festa de Cristo Rei - 24 de novembro de 2013





























Destaque: "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado". "Eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso ".

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales nos diz na Introdução à vida devota: "Considere o amor eterno que Deus te deu. Antes que Nosso Senhor Jesus Cristo feito homem sofresse na cruz por ti, Sua Divina Majestade por meio de Sua bondade soberana já tinha concebido tua existência e te amava muito." (Introdução, Parte V, Capítulo 14) 
Jesus passou seus últimos momentos, os últimos que lhe restavam, fazendo o bem aos outros, embora estivesse sendo tentado pelas vozes ao seu redor a usar seu poder real para sua própria libertação ou benefício. Foi com amor que prometeu o paraíso ao bom ladrão que tinha lhe falado com humildade e contrição.
Nesta festa da realeza de Cristo, a Igreja nos apresenta duas imagens: Davi, o pastor-guerreiro, que foi designado pelo seu povo para ser rei, e Jesus, o único e verdadeiro rei, rejeitado pelo povo, crucificado e ridicularizado. Com Davi o reinado de Israel foi estabelecido para que dele saísse o Redentor de todos os povos. Mas, como Jesus viveu seu chamado para ser rei?  De acordo com São Francisco de Sales foi para "a perfeita entrega nas mãos do Pai celestial e sua perfeita indiferença diante de tudo aquilo que fosse sua vontade divina." (São Francisco de Sales Sermões para a Quaresma, sexta-feira, 1622) 
Para Jesus, ser o rei significava ser um com seu Pai. Ele vivia em perfeita união com Deus. Como Paulo nos diz na carta aos Colossenses: "Ele é a imagem do Deus invisível." Para Jesus, ser rei significava dar-se todo para os outros. Ele deu tudo o que tinha a cada pessoa em todos os momentos. Vemos isso em suas palavras ao criminoso arrependido na cruz: Jesus só falava de misericórdia e de aceitação. 
Somos chamados a fazer o mesmo. Como cristãos, nossa primeira preocupação deve ser a união com o nosso Deus: "Senhor, para mim é bom estar contigo, mesmo se tu estiveres na cruz ou na tua glória." (IVD, Parte IV, Capítulo XIII) São Francisco de Sales diz no Tratado do Amor de Deus : "O Calvário é o monte dos amantes" (Livro XII, Capítulo XIII) Seguindo o exemplo de nosso Rei, devemos falar de misericórdia e de aceitação. Assim como Jesus, nós não somos chamados a condenar ou rejeitar, mas apenas amar. 
Lembramos aqui nossos santos da Família Salesiana que praticaram o amor e a misericórdia para as pessoas com as quais conviveram. De modo especial recordamos Dom Bosco, que dizia: "até o meu último suspiro será em favor destes amigos meus" (os jovens). Santa Leonia Aviat viveu uma vida humilde e inteiramente entregue àquilo que se fala nas Leituras de hoje. Como jovem fundadora de uma comunidade religiosa, as Irmãs Oblatas de São Francisco de Sales, a Madre Aviat comprometeu-se a 'trabalhar pela felicidade dos outros, a esquecer-se completamente de si". Todos os nossos santos reconheceram e experimentaram o sentido da lealdade autêntica, do poder real: de passar toda a vida com Deus para os outros.  O chamado para seguir a Cristo ressoava em cada uma das suas palavras e das suas ações, enquanto trabalhavam para dar às pessoas aqui na terra uma amostra do paraíso que Cristo promete a todos aqueles que seguem seu exemplo.
Talvez seja esse o ponto principal. Existe algo melhor do que pedir a Deus para que sempre se lembre de nós, em cada dia, cada hora e minuto?  Existe melhor maneira para acompanhar a Cristo rumo ao paraíso do que nos aproximarmos dos outros aqui na terra, amando e fazendo o bem? 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa de Cristo Rei. São Francisco de Sales nos exorta a servir no Reino de Cristo: 
Sem uma rainha as abelhas ficam inquietas. Mas quando a rainha nasce se reúnem em volta e se dedicam a satisfazer todos os seus desejos. O mesmo acontece quando os nossos sentidos vagam sem parar, arrastando consigo o nosso interior, desperdiçando tempo e nos causando ansiedade e inquietação, destruindo a paz que é tão necessária ao nosso espírito humano. Nossos sentidos, nossa mente e nossa vontade são como abelhas místicas. Até que não tenham um governante, quer dizer, até que não escolham Nosso Senhor como seu rei, continuarão inquietos. 
No entanto, uma vez que elegemos Nosso Senhor como nosso Rei devemos colocar-nos sob seu comando. Nossa Majestade é excelente no exercício da misericórdia e da justiça. A misericórdia faz com que aceitemos o bem, enquanto a justiça de Deus nos faz afastar-nos do mal. Nosso Senhor usa a misericórdia e a justiça para arrancar pela raiz qualquer coisa que nos impeça experimentar os efeitos da sua bondade. A Justiça de Nossa Majestade é como uma pequena picada em nossas consciências, que gera entendimento e que produz mudanças que nos levam ao bem-estar. Durante o processo de conversão do nosso novo eu em Cristo, despojar-nos do nosso antigo eu, pode resultar-nos em algo doloroso. Mas a misericórdia incomparável de Nosso Senhor abre nossos corações e restaura a nossa saúde por meio do Espírito Santo que nos enche com o amor santo. 
Onde o Senhor é o Mestre, haverá paz. Para que possamos preservar a nossa paz, é necessário ter a intenção pura de querer a glória de Deus em todas as coisas. Façamos o pouquinho que pudermos fazer com esse objetivo em mente, e deixemos Deus lidar com o resto. Devemos ser fiéis suficientemente para seguir obedecendo à vontade do nosso Rei, da mesma forma que as abelhas são leais à sua rainha, para que possamos começar nesta vida a obra que, com a ajuda do amor de Deus, continuaremos eternamente nos Céus. Vive Jesus! 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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