Destaque: "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado". "Eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso ".
Perspectiva Salesiana
São Francisco
de Sales nos diz na Introdução à vida devota: "Considere o amor
eterno que Deus te deu. Antes que Nosso Senhor Jesus Cristo feito homem
sofresse na cruz por ti, Sua Divina Majestade por meio de Sua bondade soberana
já tinha concebido tua existência e te amava muito." (Introdução,
Parte V, Capítulo 14)
Jesus passou
seus últimos momentos, os últimos que lhe restavam, fazendo o bem aos outros,
embora estivesse sendo tentado pelas vozes ao seu redor a usar seu poder real
para sua própria libertação ou benefício. Foi com amor que prometeu o paraíso
ao bom ladrão que tinha lhe falado com humildade e contrição.
Nesta festa da
realeza de Cristo, a Igreja nos apresenta duas imagens: Davi, o
pastor-guerreiro, que foi designado pelo seu povo para ser rei, e Jesus, o
único e verdadeiro rei, rejeitado pelo povo, crucificado e
ridicularizado. Com Davi o reinado de Israel foi estabelecido para que
dele saísse o Redentor de todos os povos. Mas, como Jesus viveu seu chamado
para ser rei? De acordo com São Francisco de Sales foi para "a perfeita
entrega nas mãos do Pai celestial e sua perfeita indiferença diante de tudo aquilo
que fosse sua vontade divina." (São Francisco de Sales Sermões
para a Quaresma, sexta-feira, 1622)
Para Jesus, ser
o rei significava ser um com seu Pai. Ele vivia em perfeita união com
Deus. Como Paulo nos diz na carta aos Colossenses: "Ele é a
imagem do Deus invisível." Para Jesus, ser rei significava dar-se
todo para os outros. Ele deu tudo o que tinha a cada pessoa em todos os
momentos. Vemos isso em suas palavras ao criminoso arrependido na cruz:
Jesus só falava de misericórdia e de aceitação.
Somos chamados
a fazer o mesmo. Como cristãos, nossa primeira preocupação deve ser a
união com o nosso Deus: "Senhor, para mim é bom estar contigo, mesmo
se tu estiveres na cruz ou na tua glória." (IVD, Parte IV, Capítulo
XIII) São Francisco de Sales diz no Tratado do Amor de Deus : "O
Calvário é o monte dos amantes" (Livro XII, Capítulo XIII) Seguindo o
exemplo de nosso Rei, devemos falar de misericórdia e de aceitação. Assim
como Jesus, nós não somos chamados a condenar ou rejeitar, mas apenas
amar.
Lembramos aqui
nossos santos da Família Salesiana que praticaram o amor e a misericórdia para
as pessoas com as quais conviveram. De modo especial recordamos Dom Bosco, que
dizia: "até o meu último suspiro será em favor destes amigos meus"
(os jovens). Santa Leonia Aviat viveu uma vida humilde e inteiramente entregue àquilo
que se fala nas Leituras de hoje. Como jovem fundadora de uma comunidade
religiosa, as Irmãs Oblatas de São Francisco de Sales, a Madre Aviat comprometeu-se
a 'trabalhar pela felicidade dos outros, a esquecer-se completamente de si".
Todos os nossos santos reconheceram e experimentaram o sentido da lealdade autêntica,
do poder real: de passar toda a vida com Deus para os outros. O chamado
para seguir a Cristo ressoava em cada uma das suas palavras e das suas ações, enquanto
trabalhavam para dar às pessoas aqui na terra uma amostra do paraíso que Cristo
promete a todos aqueles que seguem seu exemplo.
Talvez seja
esse o ponto principal. Existe algo melhor do que pedir a Deus para que
sempre se lembre de nós, em cada dia, cada hora e minuto? Existe melhor maneira
para acompanhar a Cristo rumo ao paraíso do que nos aproximarmos dos outros
aqui na terra, amando e fazendo o bem?
P. Michael S. Murray, OSFS -
Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli
Dos escritos de São Francisco de
Sales
Hoje celebramos
a festa de Cristo Rei. São Francisco de Sales nos exorta a servir no Reino
de Cristo:
Sem uma rainha
as abelhas ficam inquietas. Mas quando a rainha nasce se reúnem em volta e
se dedicam a satisfazer todos os seus desejos. O mesmo acontece quando os
nossos sentidos vagam sem parar, arrastando consigo o nosso interior,
desperdiçando tempo e nos causando ansiedade e inquietação, destruindo a paz
que é tão necessária ao nosso espírito humano. Nossos sentidos, nossa
mente e nossa vontade são como abelhas místicas. Até que não tenham um governante,
quer dizer, até que não escolham Nosso Senhor como seu rei, continuarão
inquietos.
No entanto, uma
vez que elegemos Nosso Senhor como nosso Rei devemos colocar-nos sob seu
comando. Nossa Majestade é excelente no exercício da misericórdia e da justiça. A
misericórdia faz com que aceitemos o bem, enquanto a justiça de Deus nos faz
afastar-nos do mal. Nosso Senhor usa a misericórdia e a justiça para
arrancar pela raiz qualquer coisa que nos impeça experimentar os efeitos da sua
bondade. A Justiça de Nossa Majestade é como uma pequena picada em nossas
consciências, que gera entendimento e que produz mudanças que nos levam ao
bem-estar. Durante o processo de conversão do nosso novo eu em Cristo,
despojar-nos do nosso antigo eu, pode resultar-nos em algo doloroso. Mas a
misericórdia incomparável de Nosso Senhor abre nossos corações e restaura a
nossa saúde por meio do Espírito Santo que nos enche com o amor santo.
Onde o Senhor é
o Mestre, haverá paz. Para que possamos preservar a nossa paz, é necessário
ter a intenção pura de querer a glória de Deus em todas as coisas. Façamos
o pouquinho que pudermos fazer com esse objetivo em mente, e deixemos Deus
lidar com o resto. Devemos ser fiéis suficientemente para seguir obedecendo
à vontade do nosso Rei, da mesma forma que as abelhas são leais à sua rainha,
para que possamos começar nesta vida a obra que, com a ajuda do amor de Deus,
continuaremos eternamente nos Céus. Vive Jesus!
(Adaptado a partir dos escritos
de São Francisco de Sales)
Nenhum comentário:
Postar um comentário