sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Reflexão Salesiana para a FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA - 29 dezembro de 2013


























Destaque:  "Honra teu pai e tua mãe"

Perspectiva Salesiana

No texto do livro do Eclesiástico de hoje ecoa o mandamento que diz: "Honra teu pai e tua mãe". Isso significa que a verdadeira religião envolve obrigações morais para com os outros, que por sua vez evoluem em obrigações morais para com nossos pais. Nossos relacionamentos com os outros, especialmente com aqueles com quem partilhamos tanto tempo, com quem estamos em contato diário, são a principal expressão da disposição de nossos corações, nossas mentes, nossas emoções e nossas atitudes.
A carta de São Paulo aos Colossenses nos fala do presente, e do desafio, de criar este "espaço" que chamamos de "família", um espaço em que aprendemos principalmente algo do que significa sermos filhos e filhas de Deus. Como os escolhidos de Deus, santos e amados, devemos revestir-nos de compaixão, com bondade, humildade, mansidão e com paciência. Na medida em que uma vida santa não é o mesmo do que uma vida livre de estresse e problemas (observem como a vida de Jesus, Maria e José no início), todos nós devemos praticar essas virtudes o tempo todo e com a esperança de podermos estabelecer, manter e fortalecer a família. Deus queira que não briguemos, nos distraiamos ou nos decepcionemos uns aos outros.
Francisco de Sales nos convida a viver uma vida espiritual condizente com as exigências e responsabilidades do estado de vida de cada um e com o momento atual em que vivemos. O que significa viver uma determinada vida espiritual? (Vida devota, como se dizia no seu tempo) Não é a vida mais difícil, mas muito exigente, pois temos que fazer o que é correto aos olhos de Deus, e em relação aos outros, ter frequentemente cuidados e diligência. É na vocação em que nos encontramos, especialmente nos papéis básicos, como ser mãe, pai, irmão, irmã, esposa, marido, filho ou filha, que devemos praticar a espiritualidade. 
Francisco de Sales nós diz: "As pequenas virtudes, imperceptíveis, aquelas em que quase nunca nos apercebemos, que são exigidas de nós, em nossas casas, em nosso trabalho, com amigos, com estranhos, a todo instante e em todos os momentos, estas são as virtudes para nós. " (IVD, Parte III, Capítulo 2).  Claro que o mais importante é a prática do amor, pois este não só contribui para a reconciliação, mas também para a purificação, e, ouso dizer, que contribui para a glorificação das relações humanas. Quando nos relacionamos entre nós mesmos, devemos praticar as pequenas virtudes, as virtudes do cotidiano, ajudando a criar uma vida melhor aqui na terra, e também para preparar-nos para a vida eterna que nos é prometida no céu. 
Ao celebrarmos a festa da Sagrada Família, percebemos que realmente muito pouco se sabe sobre as interações diárias entre Jesus, Maria e José. Mas se considerarmos cuidadosamente a fidelidade e a consistência de Jesus na sua luta pela justiça, pela paz, pela reconciliação e pela liberdade, podemos realmente começar a intuir que foi na pobre casa de Nazaré que ele aprendeu estes valores que depois colocou em prática no seu ministério.
Afinal, caridade, paz, justiça, perdão - como muitas outras coisas, começam em casa.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa da Sagrada Família. No Evangelho ouvimos que a Divina Providência guiou a Sagrada Família, no meio de suas angústias. São Francisco de Sales observa: 
O Evangelho de hoje conta como o anjo ordenou a José para pegar o menino e sua mãe e ir embora com eles para o Egito. Como a Sagrada Família, é preciso ir a um mundo onde estamos rodeados por inimigos. Podemos nos inquietar quando as coisas não saem como queríamos. Para evitar os naufrágios, que muitas vezes ocorrem durante a nossa navegação pelas águas deste mundo, lembremo-nos da grande paz e serenidade de espírito que tinha a Sagrada Família. Com plena confiança na Divina Providência eles permaneceram sempre em calma e em paz, mesmo quando tiveram que enfrentar situações inesperadas. Deus vai nos proteger também pelo mar da vida, quando a confusão se apoderar não só no nosso entorno, mas também no nosso interior. 
Contudo, independentemente da direção que o nosso barco tomar, o nosso coração, a nossa mente, a nossa vontade, que é a nossa bússola, devem apontar para o amor e a paz de Deus, porque Deus espalha a sua paz num coração que está calmo. Quando um lago está calmo numa noite calma, as estrelas no céu são refletidas na água. Se observarmos atentamente estas águas plácidas, vemos que a beleza do céu refletida nelas é tão nítida que parece que estamos vendo o próprio céu. Também acontece o mesmo quando a nossa alma está perfeitamente calma. Quando não permitimos que os ventos das preocupações supérfluas ou a intranquilidade de espírito ou a incerteza a perturbem, adquire a capacidade de refletir a imagem de nosso Senhor.
A Sagrada Família nos ensina como embarcar no mar da Divina Providência. Se tivermos confiança na boa providência de Deus não devemos surpreender-nos nem preocupar-nos se aparecerem problemas semelhantes a aqueles que a Sagrada Família teve que enfrentar. Tentem fazer o bem hoje, sem pensar no amanhã. Se de alguma forma parecerem pequenos, não desanimem. O coração do nosso Salvador é grande, e deseja que o nosso coração encontre sua morada nele.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

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