quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Reflexão Salesiana para o 27º Domingo do Tempo Comum - 03 de outubro de 2010


As leituras e o Evangelho de hoje nos lembram que não é suficiente pertencer a uma comunidade de fé. Para que a nossa fé seja viva, temos que partilhá-la através do nosso serviço. São Francisco de Sales diz o seguinte:

A fé viva produz frutos de boas obras em qualquer tempo. Quando nos abrimos para receber as verdades da Palavra de Deus, vivemos de acordo com o Seu amor, e não segundo a nossa natureza.  Assim, a nossa fé no amor divino nos eleva para unir nosso espírito com Deus e nos leva a amar a imagem de Deus nos outros.

O servo atento deve demonstrar ter uma fé inquebrantável em nosso Salvador, especialmente quando confrontados com problemas internos e externos. Não devemos perder a nossa coragem, muito menos quando tentamos ajudar aqueles que se recusam aceitar o amor de Deus.  Pelo contrário, devemos orar e ajudar tanto quanto sua desgraça nos permita. Utilizemos todos os meios ao nosso alcance para prevenir o começo, o desenvolvimento e o domínio do mal. Imitemos Nosso Senhor neste sentido. Ele nunca deixa de exortar-nos, prometer-nos, proibir-nos, ordenar-nos e inspirar-nos para que afastemos nossa vontade do mal, mas sem privar a nossa liberdade.

Ainda assim, não busquemos um amor que tenta ultrapassar a perfeição nesta terra. Nosso progresso no caminho do amor sagrado pode ser comparado ao pássaro mítico chamado de Fênix.  Uma vez que a Fênix ressurge das cinzas, acabado de sair da casca do ovo, não possui mais do que algumas penas fracas e pequenas que apenas lhe permitem pular, em vez de voar. À medida que vai adquirindo força, planeia livremente pelo ar, mas não permanece no ar por um longo tempo, e desce ao chão para descansar. Uma vez que sua força e espírito foram renovados, a ave permanece no topo da montanha. Quando chegarmos ao céu, possuiremos um coração e um espírito totalmente livre das contradições e dos conflitos. Como ainda não temos nem o espírito nem a força dos bem-aventurados, por agora é suficiente que amemos com todo nosso coração. Isto significa simplesmente amar com um coração bom e sem reserva. Coragem irmãos!  Acendamos nossa fé novamente, reavivamo-la usando os dons que Deus nos deu para realizar boas obras, através do amor sagrado. Sem dúvida isto está em nosso poder.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

“Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus... Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”
“Senhor, até quando devo gritar a ti: Violência!” Por que me fazes ver iniquidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente.”

Perspectiva Salesiana

Nas primeiras horas dos atos terroristas de 11 de setembro de 2001 estas antigas palavras do profeta Habacuc foram sentidas como se tivessem sido escritas especificamente para nós. Vimos o rosto do mal. Testemunhamos muitos atos de ódio e violência. Restos catastróficos - humanos, materiais, espirituais e emocionais através dos quais, ainda hoje, se procuram formas de lutar e vencer o terrorismo em todo o mundo e lidar com os casos que, em parte, contribuem para que haja terroristas.

O que devemos fazer?

Devemos não somente reconhecer a ameaça do terrorismo que envolve os Estados Unidos, mas também as pessoas de todas as raças, credos e culturas que buscam a paz, a liberdade, a justiça e a reconciliação. Devemos tomar medidas para livrar nosso mundo daqueles que promovem suas próprias queixas e programas à custa de vidas humanas.

Estes eventos são, ao mesmo tempo, uma chamada de advertência a um nível mais profundo e fundamental. Fomos desafiados a ver mais claramente a face menos evidente e mais sutil da violência e da destruição em nossas próprias vidas e nas vidas de nossas famílias, de nossos parentes e colegas. Temos que encarar o ressentimento, o abuso, o vício, o ódio, as fofocas e outras atitudes/ações que estão destruindo nossas mentes, nossos corações, nossas atitudes e nossas ações. Temos que enfrentar todos os tipos de pecados e males que dilaceram o tecido daqueles que, como nós, são filhos e filhas de Deus, como comunidade, igreja, país, como cidadãos globais.

Devemos identificar, enfrentar e conquistar tudo o que aterroriza a dignidade e o destino que Deus nos deu.

Para ter certeza, é preciso revolver as chamas de justa indignação em nós mesmos e nos outros. Este reavivamento do nosso espírito deve tornar-nos fortes e ao mesmo tempo deve tornar-nos amorosos e sábios. Não podemos permitir que nossos métodos para enfrentar a violência e o ódio se transformem num ciclo contínuo de violência e de destruição. Temos que responder, não reagir.  Precisamos ser sábios e não nos apressarmos. Devemos ser prudentes, não discriminadores. Acima de tudo, a dor que nós e outros, possamos experimentar na batalha para enfrentar o ódio em todas as suas formas, deve ser motivada e converter-se numa visão de justiça, de liberdade, de paz e de reconciliação que seja profunda, maior, tanto para nós como para todos.

Acima de tudo, o espírito que deve ser aceso para arder dentro de nós e entre nós não deve ter sua origem no medo. Francisco de Sales recorda-nos que agora, mais que nunca, devemos "Fazer tudo por amor e nada por medo."

Que Deus aumente e inflame seu espírito dentro de nós. À medida que enfrentamos as muitas faces do terrorismo (que são óbvias e que são mais obcuras) que Deus faça de nós - e nos mantenha - "fortes, amorosos e sábios.”

O P.Michael S. Murray , OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales. 

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