quinta-feira, 9 de setembro de 2010

24 Domingo do Tempo Comum - 12 de setembro de 2010


As leituras de hoje nos lembram do desejo de Deus que, motivado pelo seu grande amor, vai nos buscar quando nos extraviamos. Aqui estão algumas reflexões feitas por S. Francisco de Sales sobre o amor misericordioso de Deus:

O vinho que encanta e fortalece o coração representa toda a alegria e os prazeres terrestres. Por outro lado, o amor de Deus possui uma força e um poder incomparável sobre todos os prazeres terrenos para restaurar e revigorar o coração humano. Somente o amor divino é capaz satisfazer de felicidade perfeita o coração humano. Nosso Divino Amante não se contenta apenas em proclamar publicamente o seu desejo intenso de ser amado. Nosso Salvador vai de porta em porta, batendo, repreendendo e, proclamando: Retorne a mim e viva!  Eu vos tenho amado com um amor que é eterno.

Nosso Salvador não cessa de nos mostrar que a Sua misericórdia está acima de todas as suas obras, mesmo quando nos afastamos demais do caminho do amor de Deus. Quando o Senhor vê uma alma mergulhada no mal, corre em seu auxílio. Ao acolhermos o amor de Deus que vem nos salvar da nossa miséria, somos como plantas quase murchas e debilitadas pelo inverno, mas que agora crescem verdes e vigorosas. Então, nós recuperamos nossas forças e a nossa vida, graças ao "vinho" do amor celestial que alegra o coração humano. Deus em Sua infinita misericórdia deseja que todos alcancem a vida eterna e que ninguém pereça.

Mesmo assim, todos nós mantemos um ou dois amores falsos.  Estes amores nos afastam da nossa inclinação natural para amar a Deus. Mas, se formos fiéis a esta inclinação, a misericórdia de Deus nos ajudará a progredir no amor sagrado. Então, coloquemos na presença de Deus todos estes amores desordenados que possuímos e permitamos que Ele nos transforme completamente. Tentemos manter seu desejo firmemente enraizado no desejo de encontrar o bem que Deus nos mostrou, e assim, nosso Senhor nos ajudará a progredir no exercício do amor divino.  Deus dispôs que a cura supere sempre a doença. A Divina Providência mais de uma vez fez com que dois pedaços retorcidos de madeira se transformassem em obras de arte.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: “E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo.”

Perspectiva Salesiana

As leituras bíblicas do dia de hoje expressam fortemente suas opiniões ao descrever o grupo de pecadores entristecidos.  O povo a quem Deus derramou seu amor preferencial tornou-se “depravado e de cabeça dura,” deixando de adorar o único Deus verdadeiro para adorar um bezerro de metal. Diante da fraca criação de suas próprias mãos, eles se curvam em adoração e em sacrifício.

O autor do Salmo 51 admite sua culpa e seu pecado perante um Deus de bondade e de compaixão. São Paulo fala abertamente sobre a maneira como ele era e como ele viveu a sua vida antes de acreditar em Jesus. Ele foi, admite candidamente, um blasfemo, perseguidor do povo santo de Deus. Sua arrogância espiritual não tinha paralelo. Finalmente, o Evangelho narra a história familiar de um filho pródigo que desperdiçou sua herança numa vida despreocupada e dissoluta, e no desenrolar, fere o coração de seu pai.

Qual é o propósito desta ladainha do pecado, da culpa, da fraqueza humana e da falha? Este é o lado obscuro da boa notícia do evangelho, o fundo sombrio contra o qual a beleza e a graça esplendorosa da obra redentora de Jesus brilham com todo o seu esplendor. É o reconhecimento humilde de nossa total falta de poder e perda, como resultado de ter pecado contra um Deus bom e compassivo. Esta humildade, esta verdade sobre nós mesmos, é a condição necessária para poder ouvir o chamado às boas novas da fé e para receber em gratidão o poder da graça da cura.

Hoje em dia evitamos falar de pecados, especialmente do pecado pessoal. Nós não gostamos de reconhecer que rejeitamos a Deus ou que nos afastamos do caminho que ele nos indicou na Escritura, nos exemplos e palavras de Jesus e nos ensinamentos da Igreja. E ainda assim, é este reconhecimento, com humildade e verdade, que nos prepara para uma experiência libertadora da doce graça e do perdão de Deus.

Os santos são pecadores convertidos. Isto é o que as Escrituras proclamam hoje em voz alta e clara. A graça penetra nos fracos, penetra inclusive nos pecadores mais duros e os transforma em heróis e santos.

São Francisco de Sales tinha um grande respeito pelo exemplo dos santos, mas queria que as pessoas vissem os santos de uma forma realista, ou seja, como pessoas fracas e pecadoras que através do poder transformador da graça, tornaram-se heróis. São Pedro foi um herói para Francisco. Ele sentiu-se cativado por este homem. Em muitos aspectos Pedro foi um herói e sempre teve boas intenções, mas em outros teve falta de coragem ( "Eu não conheço o homem ") ou foi fraco na tentativa de compreender a quem Jesus realmente defendia ("Afasta-te de mim , Satanás"), e a quem mais uma vez traiu. Ainda assim, este homem se tornou um gigante pela graça! Em São Pedro, Francisco Sales descobriu que era útil para a espiritualidade, falar de um homem que cometeu pecados, com os quais outras pessoas poderiam se identificar, e também falar sobre um santo cuja santidade poderiam imitar. Seu herói tinha verrugas. Ao mostrá-las, ele estava, com efeito, animando a outros na busca da santidade.

Finalmente falemos do hino de louvor exuberante de São Paulo na segunda leitura. Isto marca o triunfo da graça sobre o pecado e a fraqueza humana, "Ao rei dos séculos, ao único Deus, imortal e invisível, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!".

Padre Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales. 

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