Dificilmente será um elogio chamar
alguém de "ingênuo" na linguagem comum. Nós usamos a palavra "ignorante"
como um insulto, indicando a inferioridade intelectual do objeto de nossa
crítica. O antônimo de "simples" deveria ser algo como "complexo".
Quanto mais sofisticada ou inteligente for a pessoa mais condições terá, em
relação à uma pessoa simples, para lidar com profissionalismo numa infinidade
de tarefas.
Nossa
cultura valoriza a produtividade, a tecnologia, os dispositivos e a eficiência.
Portanto, os sucessos mundanos exigem certa complexidade de habilidades e
competências. Por que, então acreditamos na espiritualidade Salesiana, que
professa um amor e aceitação do mundo como ele é, e continuamos afirmando que a
virtude da simplicidade é muito importante?
São
Francisco de Sales diz que a simplicidade ocupa uma posição de complexidade, mas
não nas áreas da inteligência ou da habilidade. A simplicidade é uma forma de motivação
ou intenção. Se a nossa motivação concentra-se ou é determinada (por exemplo,
não enrolada), então a nossa ação prova ser simples.
A espiritualidade
Salesiana diz que a nossa intenção para qualquer ação deve ser o amor de Deus e
o amor ao nosso próximo. O que comprarmos ou vendermos em nosso local de trabalho,
a quem amarmos ou como vivermos deveria ser sempre guiado pelo forte desejo de crescer
à imagem e semelhança de Deus e não por uma multiplicidade de razões difusas ou
confusas.
Muitas
pessoas parecem estar motivadas para amar a si mesmas, amar as coisas, o poder,
etc. e isto é demonstrado em suas ações. Ainda assim, não é razoável esperar que
alguém possa eliminar completamente seus motivos confusos: buscar os primeiros lugares
é certamente fácil para a maioria de nós.
Uma saudável
simplicidade espiritual se preocupa por purificar a intenção de nossas ações. Uma
boa pergunta que devemos fazer vez ou outra: "Por que faço o que estou
fazendo?". Note-se que não se faz nenhuma menção de sentimentos ou desejos,
apenas a intenção de agir. A consciência deliberada deste porque nos ajuda a
realizar atos virtuosos.
São
Francisco de Sales deu as Irmãs da Visitação uma ferramenta que ele herdou de
seus professores Jesuítas: o exame de consciência como uma "verificação
simples". Dedique alguns minutos várias vezes no dia para rever suas ações
e interações e, desta maneira, pergunte-se se seu objetivo foi ou não, o amor a
Deus e ao seu próximo. Santa Joana de Chantal diz que se isso foi observado,
produzirá uma simplicidade pura que nos tornará calorosos e amigáveis com
todos.
O grande
dom da simplicidade é a clareza com que você vê a vida. As pessoas simples têm
uma base forte de fé que ajuda a tomar decisões: "Por essa ação mostro o
meu amor a Deus?"
Nisto
eles conseguem o poder e a promessa de realizar mesmo o mais comum e as ações
aparentemente insignificantes da civilidade, gentileza e caridade. Resumindo, a
simplicidade é como ter uma navalha afiada de conhecimento não só daquilo que
alguém realiza, mas do porque está fazendo.
Oh,
santa simplicidade! Nós aceitamos de bom grado a ignomínia e o poder de sermos
pessoas simples num mundo complexo. O que fazemos é ampliar ou diminuir o que
fazemos. Lembre-se: "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles
verão a Deus..." no mundo, no deles mesmos e no dos outros.
Para refletir
1. Por que eu faço o que eu sou está fazendo?
2. Quando, durante o dia tomo alguns minutos para
fazer uma "simples verificação" das minhas ações?
3. O amor de Deus é uma motivação para minhas ações
e decisões? ou é algo mais?
4. Como minha vida poderia se beneficiar ao
simplificar minhas motivações?
5. A conversa é outra maneira de praticar a
simplicidade. Sou sincero e honesto quando falo com os outros?
6. Existem coisas na minha vida que substituem a
minha necessidade de Deus? Como poderia simplificar minha vida concreta?
Para rezar:
“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a
graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te
ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que possa
encontrar no meu caminho.”
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