sexta-feira, 2 de maio de 2014

Reflexão salesiana para o terceiro domingo de Páscoa - 4 de maio de 2014



























Destaque: "Eles contaram como se conheceram durante a distribuição do pão."

Perspectiva Salesiana

Dois discípulos estavam viajando a caminho de uma aldeia chamada Emaús. Em meio à conversa agradável que faziam, Jesus aproximou-se e começou a caminhar ao lado deles.

Sabemos que durante os quase sete quilômetros de estrada que Jesus andou com os dois discípulos, eles não foram capazes de identificar o viajante que os acompanhava. Não o foi até que eles se sentaram à mesa com ele, e até o momento em que Jesus partiu o pão e partilhou com eles. Então, seus olhos finalmente se abriram para a realidade.

O que aconteceu naquele ato simples que permitiu aos dois discípulos reconhecerem a Jesus?  Sem dúvida, este ato fez com que relembrassem a Ultima Ceia, o momento tão poderoso que viveram imediatamente antes da traição de Judas contra Cristo. Além disso, este ato deve ter recordado as muitas experiências de comunhão e de fraternidade que viveram à mesa com Jesus e com os outros discípulos. Oportunidades simples, pessoais e íntimas que tiveram para chegar a entender mais sobre Jesus e sobre si mesmos. Esse ato à primeira vista simples e comum, mas tão significativo, de partir e partilhar o pão, abriu para eles uma porta que os levou a experimentar o divino em cada momento de suas vidas diárias. Analisando o mesmo numa escala maior, este ato deve ter lembrado para eles a experiência de comunhão e de comunidade que experimentaram com Jesus e seus companheiros ao longo do caminho; dos momentos bons, maus e os intermediários que se passaram enquanto viveram, aprenderam e amaram juntos agora.

Conectando esta história com o eventual entendimento da Igreja sobre o que á a comunhão que São Francisco de Sales salientou em seu livro sobre o Pregador e Pregação: "É verdade que, como nosso Senhor está verdadeiramente conosco, nos ilumina, porque Ele é a luz. Depois que os discípulos se comunicaram em Emaús, seus "olhos se abriram". (Página 26) Reunidos em torno da mesa com o Senhor, em nossa celebração e recepção como comunidade, somos desafiados a ver como Cristo está presente na Eucaristia e como Cristo está presente dentro de nós. 

Ainda assim, precisamos ampliar nossa noção de comunicação, a fim de compreender mais profundamente o significado desta cena do Evangelho.  Jesus se torna especialmente presente em cada mesa onde as pessoas se reúnem em fraternidade. Jesus está personificado sempre que as pessoas permitem serem partidas e partilhadas com e pelos outros. Jesus pode ser visto sempre que as pessoas estão mais focadas nas coisas que unem e menos em coisas que podem vir a separá-las. 

Ao partir o pão com os outros, literalmente ou de modo figurado, o poder e a promessa de Cristo ressuscitado se manifesta em nós. Quando decidimos "repartir" para alimentar os outros, estamos personificando neste instante, neste momento de nossas vidas, algo de Jesus, que acompanhou os dois discípulos tanto tempo. 

A pergunta é: reconhecemos Jesus em nossas tentativas para alimentar os outros?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje os discípulos de Jesus experimentam o amanhecer da fé em Jesus ressuscitado, quando o encontram na estrada para Emaús. São Francisco de Sales faz a seguinte observação: 
Jesus, vestido como um peregrino, encontra-se com dois de seus discípulos na estrada de Emaús. Ele faz-lhes perguntas relacionadas às conversas que faziam sobre a Sua ressurreição. Mas eles não o reconhecem. Depois de confessar as dúvidas que experimentavam sobre sua ressurreição, Jesus os instrui e os ilumina com Suas palavras. Então, no momento em que Jesus está prestes a partir o pão com eles, finalmente, reconhecem o Salvador ressuscitado e n'Ele creem.
Quando uma pessoa ouve a palavra de Deus com prazer, isto é um sinal muito bom. Estamos em constante comunicação com Deus, que nunca deixa de falar aos nossos corações através das inspirações e dos movimentos sagrados. Deus dá a cada um de nós o necessário para viver, trabalhar e manter as nossas vidas nas inspirações espirituais.
Quando Deus nos dá a fé, Ele entra em nossas almas, e simpaticamente nos leva a acreditar através da inspiração. Mas nossa alma, na escuridão e penumbra, apenas vislumbra um lampejo dessas verdades. É como quando a terra está coberta de nevoeiro. Nós não podemos ver o sol, mas chegamos a um vislumbre de sua luz. Esta luz obscura da fé entra em nosso espírito, e passo a passo nos leva a amar a beleza da verdade de Deus encarnado em Jesus Cristo, e acreditar nela. 
A fé é a melhor amiga do nosso espírito humano. A fé garante a infinita bondade de Deus, e, portanto, nos dá motivos suficientes para amá-lo com todas as nossas forças. Devemos tomar muito cuidado com o que ouvimos dentro de nós e ao nosso redor, sobre a palavra divina, para que ela nos fortaleça. Sejam, então, dedicados à Palavra de Deus, seja ouvindo em conversas familiares, seja com os amigos espirituais, ou durante os sermões. Sigam o exemplo dos discípulos. Permitam, com alegria, que as palavras de nosso Salvador alimentem seus corações como se fosse uma pomada de cicatrização valiosa, cheia de esperança.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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