sexta-feira, 25 de abril de 2014

Reflexão Salesiana para o segundo domingo de Páscoa - 27 abril de 2014

Destaque: "Ele mostrou-lhes as mãos e o lado."

Perspectiva Salesiana

Na véspera da crucificação e morte de Jesus, os apóstolos estavam trancados com medo. Eles temiam sofrer a mesma punição do seu Mestre.

Mesmo trancados, Jesus se encontra com eles: não só no espaço físico em que se refugiaram. Jesus também entrou em suas mentes e corações. Jesus tenta acalmar seus medos, desafia-os a estar em paz; faz isso de uma maneira mais controversa e misteriosa: mostrando-lhes as feridas em suas mãos e do seu lado.

A experiência da ressurreição não removeu as cicatrizes das feridas que Jesus sofreu. As marcas da dor, da decepção, da incompreensão, da negação, da humilhação, do abandono, do sofrimento e da morte. Mesmo assim, apesar das feridas, a ressurreição de Cristo é uma poderosa demonstração de que a dor, tristeza, sofrimento e injustiça, tão reais como foram, não têm a última palavra. 

São Francisco de Sales escreveu: "Devemos lembrar que nosso Senhor nos salvou através de seu sofrimento e resistência, e que devemos trabalhar por nossa salvação através dos sofrimentos e aflições, suportando as feridas, negações e desconfortos que encontramos. "(Introdução à Vida Devota , Parte III, Capítulo 3) 

Todos nós carregamos as feridas do fracasso, decepção, engano e perda. Nossos corações, nossas mentes, nossas memórias - nossas almas - carregam as cicatrizes como prova disso. Como os apóstolos, também nós temos a tentação de nos afastar dos outros, de nos trancar num canto emocional e espiritual, fazendo o "nosso mundinho", vivendo no medo de que uma nova dor ou uma nova decepção possa chegar até nós. Claro que, ao retirar-nos da vida de uma maneira figurativa - às vezes literalmente - morremos. 

Jesus mostra claramente através de sua própria vida, que as nossas feridas não devem desqualificar-nos ou oprimir-nos. Embora essas feridas possam ser permanentes, não devem roubar-nos o nosso poder e a promessa da recuperação, da renovação - da ressurreição - a menos que nos desesperemos, a menos que nos deixemos vencer pelos cravos da negatividade.

As feridas do nosso passado certamente deixaram marcas em nosso momento presente, mas não determinam o curso do nosso futuro. Se entregue ao amor de Jesus que sabe o que significa ser ferido. Ele nos mostra como continuar a caminhar para além daquilo que nossas feridas e cicatrizes deixaram. São Francisco de Sales escreveu: "Volte seu rosto para Cristo crucificado, nu, blasfemado, caluniado, abandonado e oprimido por todo o cansaço, tristeza, dor e trabalho." Jesus triunfou sobre as feridas de sua humanidade. E assim mesmo, com a ajuda de Deus, nós podemos fazer o mesmo. 

Podemos ter certeza de que a vida pode ser difícil. Como foi no caso de Jesus. Mesmo assim, podemos ser muito mais fortes.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje, no momento em que Jesus apareceu aos seus discípulos depois da ressurreição, podemos apreciá-lo ocupando Seu corpo glorioso e imortal. São Francisco de Sales nos diz o seguinte: 

Observe como a fé dos apóstolos de Jesus foi abalada após a Sua crucificação! Todos estão reunidos numa sala a portas fechadas, com medo. Jesus entra, senta-se entre eles e os cumprimenta: A paz esteja convosco. Ele mostra as marcas e os símbolos da reconciliação da humanidade com Deus e diz: observem minhas mãos e o meu lado. Por que faz isso? Para reforçar a sua fé vacilante. Sem a presença de nosso Salvador se sentiriam tímidos, sem forças. É isso que acontece quando você não está com Deus. Eles estavam com medo. Como num navio numa tempestade e sem comandante a bordo; este era o estado deste pobre navio. Nosso Senhor aparece aos discípulos trazendo alívio para os seus medos. 

Que grande alegria, que júbilo experimentaram os Apóstolos quando viram o seu Mestre de novo entre eles. Jesus reafirma sua fé acovardada, reaviva as esperanças apagadas, e ilumina o seu santo amor por Deus. A Fé, a esperança e o amor santo são indispensáveis ​​para nós durante a nossa permanência na terra. Quando estivermos no céu só o amor sagrado irá perdurar. Durante os dias posteriores a Sua ressurreição, especialmente com os seus discípulos e, particularmente, durante a aparição que nos foi narrada no dia de hoje, nosso Salvador se dedica a fazer só uma coisa: mostrar que é preciso crer, ter esperança e amar.

Ele chega para devolver a segurança a este lugar assaltado pelo medo. Ele toma nossas misérias e as enobrece. Precisam de forças?  Aqui estão as minhas mãos. Precisam de um coração? Aqui está o meu. Gentilmente, Seu poder vai nos dando poder. A fé viva reconhece seu poder. Confortados pelo amor sagrado, a fé viva se dedica a servir a Deus com fidelidade. Para permanecermos enraizados na fé, na feliz esperança, e no amor sagrado e fervoroso, no qual poderemos nos alegrar por toda a eternidade.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente Obras: Sermões) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário