Dos escritos de São Francisco de Sales
Hoje caminhamos com Jesus rumo ao
Monte Calvário. Pela sua morte na Cruz, todos nós experimentamos o amor abnegado
que Ele sente por nós. Somos também chamados a imitá-lo. São
Francisco de Sales diz:
Contrariando a sabedoria da cultura,
os verdadeiros cristãos que buscam a santidade depositam toda a sua perfeição
na loucura da cruz. Todos os santos foram sábios na sua loucura de seguir a
Jesus. Eles sofreram humilhação e desprezo dos estudiosos, conhecedores da
cultura. Mesmo assim, eles lavaram os pés e as mãos nas águas sagradas do
perdão. Nós também devemos limpar nossas obras e os nossos afetos, para
glorificar a Deus.
Assim como os Santos, devemos ir ao
Monte Calvário com Nosso Senhor, passar trabalho e suportar perseguições. Quando
os problemas externos e internos tomam conta de vocês, façam bons propósitos e,
como faria uma mãe que resgata o seu filho do perigo, depositem-nos sobre as
feridas do nosso Senhor e peçam que os protejam, tanto a vocês como a eles. Fiquem
ai, no abrigo sagrado, e esperem até que a tempestade passe. Com a ajuda
de Deus irão progredir bastante. Jesus mostra que não temos poder pelo fato
de pecar. Pelo contrário, significa que ficamos indefesos. Mesmo as perseguições
que Jesus teve que suportar nas mãos de seus inimigos, não foram
suficientemente poderosas para destruir o amor constante e incomparavelmente
forte que nosso Salvador sente por todos nós. Este deve ser o amor que devemos
ter uns pelos outros: firme, fervoroso, sólido e perseverante.
Quando começamos a amar de modo divino,
livramo-nos da nossa vontade, nós nos tornamos como aves migratórias. Então, migramos
de um mundo invernal, no qual encontramos corações frios, gelados, para a
primavera, onde o amor de Deus é o sol que aquece os corações humanos. Este
Fogo Sagrado nos enche de um amor infinito e totalmente entregue. Esse
amor nunca vai dizer: "Basta". Nosso Salvador nos amou com um
amor tão sincero e perseverante que até mesmo a morte não conseguiu esfriá-lo. O
amor divino é mais forte que a morte. Que você possa sempre permanecer ao
pé da cruz de nosso Salvador para se alimentar de Seu amor abnegado, ao qual
fomos chamados a imitar.
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de
Sales, especialmente Sermões)
Destaque: "A Paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo..."
Perspectiva Salesiana
Santa Joana de Chantal, disse o
seguinte sobre a paixão de Jesus Cristo: "A Igreja propõe o domingo
da Paixão para lembrar os sofrimentos de nosso Salvador... através do qual a nossa
redenção foi obtida. Nossa redenção começou desde o instante da adorável concepção
do Verbo eterno no ventre da virgem, sua santa Mãe, e foi concluída com a paixão
do Salvador. Este domingo lembra que devemos nos preparar, recordando as tribulações
e os sofrimentos do nosso Salvador... considerando o que Deus fez por nós, e dando-nos
ânimo para que possamos imitá-lo. E, como diz a Escritura, o Filho de Deus
entrará na sua glória e em seu reino, depois de passar por uma infinidade de
provas e tribulações. E nós estamos enganados se pensamos que poderemos chegar
lá de outra forma. Amemos. Amemos nossos pequenos sofrimentos e preparemo-nos considerando
os sofrimentos de Nosso Senhor... Lutemos para deixar o nosso amor próprio, as
nossas inclinações, tudo o que corrompe a nossa natureza e assim Deus nos permitirá
viver uma vida nova, em Sua graça e amor neste mundo e, em seguida, em sua
glória para sempre, dando-se a si mesmo como recompensa por nossos pequenos trabalhos.
" ( Conferências, XI Exortação, página 117-118)
Santa Joana também nos ajuda a
ver que a paixão de Jesus não foi apenas sofrimentos. Mostrou que Ele foi obediente,
de mente aberta, e teve confiança na Providência Divina. "É um ponto
verdadeiro e da mais elevada e sublime perfeição quando nos entregamos inteiramente,
quando abrimos a nossa mente e obedecemos aos eventos da Divina Providência. Nós
nos sentiremos felizes se nos entregarmos a Providência, aqui ou a cem milhas. E
ainda mais, na Providência teremos mais do prazer de Deus e menos da nossa própria
satisfação. Não teria nenhuma consequência se fossemos exaltados ou humilhados,
se fossemos guiados por uma mão ou por outra, se sofrêssemos uma seca, ou aridez,
ou lamentação, ou privação ou se fôssemos consolados pela Divina Providência e
desfrutando Deus. Na verdade, deveríamos manter-nos nas boas mãos do grande
Deus como tecido nas mãos de um alfaiate que corta de cem formas para usá-los
como quiser, à medida que projeta e sem que nada o distraia ou impeça. Portanto,
devemos suportar que a mão poderosa de Deus nos corte, nos esculpa e nos martele
de acordo com a sua vontade e desejos, e, assim, tornar-nos pedras dignas para
decorar a sua construção ". (Conferência XLI, pp 280 - 281)
Refletindo sobre a paixão de
Jesus, a generosidade de Jesus, a obediência de Jesus, a entrega de Jesus teremos
a oportunidade de examinar nossa própria paixão pela justiça, a nossa própria
generosidade para com os outros, nossa própria obediência à vontade do Pai e a
nossa própria disposição para entregar-nos e para que os nossos corações, nossas
mentes e nossas ações possam refletir mais fielmente o amor de Deus que nos
convida todos os dias para continuar o ministério de Jesus neste momento no
qual estamos vivendo.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de
Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli -
SDB
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