sexta-feira, 11 de abril de 2014

Reflexão Salesiana para o domingo de Ramos - 13 de abril de 2014






















Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje caminhamos com Jesus rumo ao Monte Calvário. Pela sua morte na Cruz, todos nós experimentamos o amor abnegado que Ele sente por nós. Somos também chamados a imitá-lo. São Francisco de Sales diz: 

Contrariando a sabedoria da cultura, os verdadeiros cristãos que buscam a santidade depositam toda a sua perfeição na loucura da cruz. Todos os santos foram sábios na sua loucura de seguir a Jesus. Eles sofreram humilhação e desprezo dos estudiosos, conhecedores da cultura.  Mesmo assim, eles lavaram os pés e as mãos nas águas sagradas do perdão. Nós também devemos limpar nossas obras e os nossos afetos, para glorificar a Deus. 

Assim como os Santos, devemos ir ao Monte Calvário com Nosso Senhor, passar trabalho e suportar perseguições. Quando os problemas externos e internos tomam conta de vocês, façam bons propósitos e, como faria uma mãe que resgata o seu filho do perigo, depositem-nos sobre as feridas do nosso Senhor e peçam que os protejam, tanto a vocês como a eles. Fiquem ai, no abrigo sagrado, e esperem até que a tempestade passe. Com a ajuda de Deus irão progredir bastante. Jesus mostra que não temos poder pelo fato de pecar. Pelo contrário, significa que ficamos indefesos. Mesmo as perseguições que Jesus teve que suportar nas mãos de seus inimigos, não foram suficientemente poderosas para destruir o amor constante e incomparavelmente forte que nosso Salvador sente por todos nós. Este deve ser o amor que devemos ter uns pelos outros: firme, fervoroso, sólido e perseverante.

Quando começamos a amar de modo divino, livramo-nos da nossa vontade, nós nos tornamos como aves migratórias. Então, migramos de um mundo invernal, no qual encontramos corações frios, gelados, para a primavera, onde o amor de Deus é o sol que aquece os corações humanos. Este Fogo Sagrado nos enche de um amor infinito e totalmente entregue. Esse amor nunca vai dizer: "Basta". Nosso Salvador nos amou com um amor tão sincero e perseverante que até mesmo a morte não conseguiu esfriá-lo. O amor divino é mais forte que a morte. Que você possa sempre permanecer ao pé da cruz de nosso Salvador para se alimentar de Seu amor abnegado, ao qual fomos chamados a imitar.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales, especialmente Sermões) 

Destaque: "A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo..."

Perspectiva Salesiana

Santa Joana de Chantal, disse o seguinte sobre a paixão de Jesus Cristo: "A Igreja propõe o domingo da Paixão para lembrar os sofrimentos de nosso Salvador... através do qual a nossa redenção foi obtida. Nossa redenção começou desde o instante da adorável concepção do Verbo eterno no ventre da virgem, sua santa Mãe, e foi concluída com a paixão do Salvador. Este domingo lembra que devemos nos preparar, recordando as tribulações e os sofrimentos do nosso Salvador... considerando o que Deus fez por nós, e dando-nos ânimo para que possamos imitá-lo. E, como diz a Escritura, o Filho de Deus entrará na sua glória e em seu reino, depois de passar por uma infinidade de provas e tribulações. E nós estamos enganados se pensamos que poderemos chegar lá de outra forma. Amemos. Amemos nossos pequenos sofrimentos e preparemo-nos considerando os sofrimentos de Nosso Senhor... Lutemos para deixar o nosso amor próprio, as nossas inclinações, tudo o que corrompe a nossa natureza e assim Deus nos permitirá viver uma vida nova, em Sua graça e amor neste mundo e, em seguida, em sua glória para sempre, dando-se a si mesmo como recompensa por nossos pequenos trabalhos. " ( Conferências, XI Exortação, página 117-118)

Santa Joana também nos ajuda a ver que a paixão de Jesus não foi apenas sofrimentos. Mostrou que Ele foi obediente, de mente aberta, e teve confiança na Providência Divina. "É um ponto verdadeiro e da mais elevada e sublime perfeição quando nos entregamos inteiramente, quando abrimos a nossa mente e obedecemos aos eventos da Divina Providência. Nós nos sentiremos felizes se nos entregarmos a Providência, aqui ou a cem milhas. E ainda mais, na Providência teremos mais do prazer de Deus e menos da nossa própria satisfação. Não teria nenhuma consequência se fossemos exaltados ou humilhados, se fossemos guiados por uma mão ou por outra, se sofrêssemos uma seca, ou aridez, ou lamentação, ou privação ou se fôssemos consolados pela Divina Providência e desfrutando Deus. Na verdade, deveríamos manter-nos nas boas mãos do grande Deus como tecido nas mãos de um alfaiate que corta de cem formas para usá-los como quiser, à medida que projeta e sem que nada o distraia ou impeça. Portanto, devemos suportar que a mão poderosa de Deus nos corte, nos esculpa e nos martele de acordo com a sua vontade e desejos, e, assim, tornar-nos pedras dignas para decorar a sua construção ". (Conferência XLI, pp 280 - 281) 

Refletindo sobre a paixão de Jesus, a generosidade de Jesus, a obediência de Jesus, a entrega de Jesus teremos a oportunidade de examinar nossa própria paixão pela justiça, a nossa própria generosidade para com os outros, nossa própria obediência à vontade do Pai e a nossa própria disposição para entregar-nos e para que os nossos corações, nossas mentes e nossas ações possam refletir mais fielmente o amor de Deus que nos convida todos os dias para continuar o ministério de Jesus neste momento no qual estamos vivendo.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

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