sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o Primeiro Domingo do Advento - 1 de dezembro de 2013





















Destaque: abandonar as "ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  

Perspectiva Salesiana

O grande plano de Deus é trazer toda a criação para a unidade e a perfeição em Seu amor. O Advento é um tempo que temos para podermos entrar em contato com a história do plano salvífico de Deus, para que possamos celebrar a vinda de Deus entre nós em Jesus, e renovar-nos à medida que trabalhamos para tornar realidade o plano de Deus. Durante o Advento, vamos ouvir as visões de restauração que os profetas predisseram muitos séculos antes da vinda de Jesus. Hoje ouvimos Isaías proclamar que chegará um momento em que todas as pessoas virão ao Senhor: "para que Ele nos mostre os seus caminhos e nos ensine a cumprir os seus preceitos." 
São Paulo faz um apelo urgente no texto da carta aos Romanos: um apelo urgente para "abandonar as ações das trevas" e se vestir com as "armas da luz".  Paulo é bastante específico ao descrever as chamadas "ações das trevas ". O comentarista bíblico William Barclay argumenta que a leitura destas descrições fornece material suficiente para examinar e avaliar o que somos e o que fazemos. Nota-se que este tempo é muito propício para comer e beber exageradamente, participar de orgias sexuais e imoralidades, brigas e rivalidades.
São Francisco de Sales diz que não é suficiente abandonarmos estas ou outras coisas ruins. Também devemos deixar nossa afeição ou a nossa atração pelas mesmas: "Todos os israelitas deixaram o Egito fisicamente, porém, muitos deixaram preso lá o seu coração; por isso é que no deserto muitos lamentaram a falta de alimento e locais de entretenimento lascivos que tinham no Egito. Da mesma forma existe penitentes que dão às costas ao pecado, mas não descartam sua atração pelo mesmo." (IVD Parte I, Capítulo 7) 
Por que devemos abandonar nossa atração pelo pecado, nossa tendência a seguir o caminho errado?  "Além disso, corremos o risco de cair perigosamente de novo nestas vis tendências que podem enfraquecer nosso espírito terrivelmente e podem se converter num fardo que nos impeça de fazer prontamente e frequentemente boas obras."(Ibid ) 
Advento é o tempo da esperança: a esperança de que a promessa feita a nós pela vinda de Cristo será cumprida. Essa mesma esperança requer que examinemos seriamente se o trabalho que fazemos e/ou deixamos de fazer nos estão ajudando para que a esperança se torne uma realidade em nossas vidas, e nas vidas dos outros. Até onde estamos dispostos a ir em nosso desejo de viver uma vida piedosa, ou seja, para fazer boas obras prontamente, de forma diligente e frequentemente? Não podemos apenas dar as costas ao pecado, mas ao mesmo tempo temos que descartar nossa atração pelo mesmo. Só assim iremos longe.
No tempo de Noé, como diz Jesus no Evangelho, as pessoas estavam tão preocupadas com as coisas do dia a dia que se esqueciam do Plano de Deus e da tarefa que cada um tem dentro dele. Precisamos estar atentos e vigilantes, não por medo, mas porque nós não queremos perder as oportunidades que a graça de Deus coloca em nosso caminho para ajudar ainda mais o seu plano, através das coisas amorosas que esta graça será capaz de fazer para os outros e para nós mesmos. Advento é um tempo de expectativa vigilante, pois o Senhor entra em nossas vidas de muitas maneiras. É um tempo para podar os pensamentos e atitudes que não nos deixam ficar no caminho da graça. É um momento para estarmos mais atentos às necessidades dos outros. Eles nos dão oportunidades para amar de uma forma real. É um tempo para abrirmos os lugares escuros do nosso coração para a luz do amor de Cristo, e, desta maneira, iluminar com a sua luz o coração dos outros. 

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje, no primeiro domingo do Advento, as leituras nos convidam a caminhar na luz do Senhor. Somos chamados a responder ao amor de Deus, com uma mudança de coração. São Francisco de Sales observa:
Com um coração inigualável, Maria deu sua mente, coração e alma a Deus sem reservas. Mais perfeitamente do que qualquer outra criatura, sua vontade foi se conformado com a vontade de Deus. Maria teve um crescimento na virtude porque tomou a resolução de pertencer inteiramente a Deus. 
No entanto, por causa das contínuas vicissitudes da vida e da nossa disponibilidade para mudar constantemente nossos afetos para com os outros, devemos frequentemente renovar as promessas que fizemos para abraçar e viver a palavra de Deus. Como podemos afirmar continuamente que pertencemos a Deus? Se realmente cuidarmos do nosso coração.
Todas as manhãs e à noite, vamos consagrar a nossa mente, coração e corpo ao serviço do amor de Deus. A primeira coisa a fazer pela manhã: prepare o seu coração para estar em paz. Em seguida, procure relembrar ao seu coração, durante todo o dia, para que esteja em paz. Felizes são aqueles que andam no caminho do amor de Deus. Seus corações serão mudados! 
Mas você vai me perguntar, como posso agora dar a Deus o meu coração, uma vez que ainda é tão cheio de imperfeições? Como poderia ser agradável a Deus, pois tenho tão pouco me conformado com a vontade de Deus? Você não está ciente de que Deus converte tudo para o bem? Deus não disse: "Dá-me um coração puro como os anjos ou como o de Maria", mas sim, "Dá-me o teu coração." Então, dê a Deus o seu coração, como é.  Vamos buscar o amor que Deus deseja nos dar. Assim como os veados ao serem perseguidos pelo caçador redobram a sua velocidade parecendo voar, da mesma maneira devemos executar no nosso caminho aquilo que Deus deseja para nós. Vamos não só correr, mas pedir a Deus que nos dê as asas de uma pomba, não só para voar para cima nesta vida, mas também para encontrar descanso na eternidade. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Perspectivas Salesianas - 24 - Ferramentas... de trabalho


Meu pai era um construtor. Ele montava carros para a Chrysler. Ele construiu helicópteros para a empresa Boeing Vertol. Mas, o que mais recordo são todas as coisas que construía em casa, como armários, prateleiras, cortinas, molduras  e acessórios, entre outras coisas.
Ele era apaixonado por construção e era realmente muito bom.
Como criança, às vezes eu me sentava num banco por horas seguidas e observava como criava coisas em sua mesa de trabalho. Ele tinha ferramentas, muitas ferramentas. Cada uma tinha sua própria e única finalidade e função.
Nos anos em que eu o vi construir, aprendi três coisas: (1) existe uma ferramenta para cada tipo de trabalho, (2) existe um trabalho para cada ferramenta, e (3) não existe uma única ferramenta que pode fazer todos os trabalhos ao mesmo tempo.
Eu não herdei o dom de meu pai para trabalhar com madeira, mas mesmo agora, conforme vou me aprofundando no coração da Espiritualidade Salesiana, mais eu aprecio a sabedoria que guiou meu pai naquilo que procurava fazer. Na Introdução à vida Devota, Francisco de Sales diz: "Muitas vezes, a grande falta daqueles que estão envolvidos na prática da virtude, é insistir, de modo especial, na utilização de uma única ferramenta para todas as circunstâncias."
Por mais útil que seja o serrote, você não pode pregar pregos com ele. Por mais sofisticado que seja uma broca, você não poderia cortar madeira com ela. O martelo é tão simples que você não o usa para cortar vidro.
A arte e a disciplina da Espiritualidade Salesiana consiste em adquirir e dominar tantas virtudes quantas sejam possíveis. Também nos desafiam a aprender como combinar cada virtude com a situação, relações ou circunstâncias do momento. Devemos resistir à tentação de apegar-nos ou deixar-nos fascinar com uma virtude favorita e tentar aplicá-la a cada tarefa ou trabalho na vida.
Afinal, se tudo o que você carrega é um martelo, eventualmente tudo na vida poderá parece ser um prego.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, o mestre artesão, o mestre construtor. Somos chamados a construir o reino de Deus aqui na terra, precisamente nesse estado, etapa e determinado lugar em que nos encontramos. Através da inspiração e da guia do Espírito Santo, devemos ser artífices que promovem a justiça e a paz, a reconciliação e a cura, o amor e a vida em nossos relacionamentos, famílias e comunidades.
Na medida em que buscamos as ferramentas e os conhecimentos necessários para viver uma vida de virtude, olhamos o humilde, gentil, compassivo e paciente Jesus, nosso mestre, guia e companheiro. Não podemos forçar somente uma ferramenta para fazer tudo. Precisamos usar as ferramentas certas como requer cada situação, e assim praticar uma disciplina que requer a maior flexibilidade. "Devemos manter nossas mentes em tranquilidade para fazer tudo no seu devido tempo", observou Santa Joana de Chantal. Existe um momento para cada ferramenta.
Quatro virtudes são absolutamente essenciais para ajudar a construir o reino de Deus: (1) Humildade. Seja suficientemente humilde para saber que existem muitas ferramentas para viver, que podemos aprender de Deus e um com o outro. (2) Cortesia. Precisamos deixar que as ferramentas que adquirimos façam o trabalho: não devemos forçá-las. (3) Flexibilidade. Precisamos selecionar a ferramenta adequada para o trabalho, o trabalho apropriado para a ferramenta: não podemos nos apegar somente à favorita. (4) Paciência. Criando coisas que valem a pena fazer com o tempo que temos na terra. Se Roma não foi construída num só dia, imagine o tempo necessário para construir algo que vai durar para sempre no Céu!
No espírito de São Francisco de Sales e de Santa Joana de Chantal, sigamos o exemplo de nosso Salvador, que é Filho de Deus e que, coincidentemente, é filho de um carpinteiro.

Para refletir:
1. Neste ponto da minha vida, quais as virtudes que pratico melhor?
2. Em que situações elas são úteis e eficazes?
3. Em que situações foram mais difíceis ou problemáticas para se adaptar a elas?
4. Quais as virtudes em que me sinto menos preparado ou especialista?
5. Neste momento da minha vida, quais as virtudes que Deus poderia me chamar para
                adquirir e praticar?
6. Neste momento da minha vida, para que coisas Deus poderia me chamar para traba-
                  lhar ou construir? Quais são as ferramentas que parecem ser necessárias e apropria-
                 das para executar estas tarefas?

Para rezar:

“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que possa encontrar no meu caminho.”

Textos bíblicos

Ecl 3, 1-9; 11a

1 Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: 2 tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; 3 tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir; 4 tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para  dançar; 5 tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se. 6 Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora; 7 tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar; 8 tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz. 9 Que proveito tira o trabalhador de sua obra? 11 todas as coisas que Deus fez são boas, a seu tempo.

1 Cor 9, 19-22

19 Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível.
20 Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, fiz-me como se eu estivesse debaixo da lei, embora o não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da lei. 21 Para os que não têm lei, fiz-me como se eu não tivesse lei, ainda que eu não esteja isento da lei de Deus - porquanto estou sob a lei de Cristo -, a fim de ganhar os que não têm lei. 22 Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos.

Mt 5, 3-10

3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para a Festa de Cristo Rei - 24 de novembro de 2013





























Destaque: "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado". "Eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso ".

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales nos diz na Introdução à vida devota: "Considere o amor eterno que Deus te deu. Antes que Nosso Senhor Jesus Cristo feito homem sofresse na cruz por ti, Sua Divina Majestade por meio de Sua bondade soberana já tinha concebido tua existência e te amava muito." (Introdução, Parte V, Capítulo 14) 
Jesus passou seus últimos momentos, os últimos que lhe restavam, fazendo o bem aos outros, embora estivesse sendo tentado pelas vozes ao seu redor a usar seu poder real para sua própria libertação ou benefício. Foi com amor que prometeu o paraíso ao bom ladrão que tinha lhe falado com humildade e contrição.
Nesta festa da realeza de Cristo, a Igreja nos apresenta duas imagens: Davi, o pastor-guerreiro, que foi designado pelo seu povo para ser rei, e Jesus, o único e verdadeiro rei, rejeitado pelo povo, crucificado e ridicularizado. Com Davi o reinado de Israel foi estabelecido para que dele saísse o Redentor de todos os povos. Mas, como Jesus viveu seu chamado para ser rei?  De acordo com São Francisco de Sales foi para "a perfeita entrega nas mãos do Pai celestial e sua perfeita indiferença diante de tudo aquilo que fosse sua vontade divina." (São Francisco de Sales Sermões para a Quaresma, sexta-feira, 1622) 
Para Jesus, ser o rei significava ser um com seu Pai. Ele vivia em perfeita união com Deus. Como Paulo nos diz na carta aos Colossenses: "Ele é a imagem do Deus invisível." Para Jesus, ser rei significava dar-se todo para os outros. Ele deu tudo o que tinha a cada pessoa em todos os momentos. Vemos isso em suas palavras ao criminoso arrependido na cruz: Jesus só falava de misericórdia e de aceitação. 
Somos chamados a fazer o mesmo. Como cristãos, nossa primeira preocupação deve ser a união com o nosso Deus: "Senhor, para mim é bom estar contigo, mesmo se tu estiveres na cruz ou na tua glória." (IVD, Parte IV, Capítulo XIII) São Francisco de Sales diz no Tratado do Amor de Deus : "O Calvário é o monte dos amantes" (Livro XII, Capítulo XIII) Seguindo o exemplo de nosso Rei, devemos falar de misericórdia e de aceitação. Assim como Jesus, nós não somos chamados a condenar ou rejeitar, mas apenas amar. 
Lembramos aqui nossos santos da Família Salesiana que praticaram o amor e a misericórdia para as pessoas com as quais conviveram. De modo especial recordamos Dom Bosco, que dizia: "até o meu último suspiro será em favor destes amigos meus" (os jovens). Santa Leonia Aviat viveu uma vida humilde e inteiramente entregue àquilo que se fala nas Leituras de hoje. Como jovem fundadora de uma comunidade religiosa, as Irmãs Oblatas de São Francisco de Sales, a Madre Aviat comprometeu-se a 'trabalhar pela felicidade dos outros, a esquecer-se completamente de si". Todos os nossos santos reconheceram e experimentaram o sentido da lealdade autêntica, do poder real: de passar toda a vida com Deus para os outros.  O chamado para seguir a Cristo ressoava em cada uma das suas palavras e das suas ações, enquanto trabalhavam para dar às pessoas aqui na terra uma amostra do paraíso que Cristo promete a todos aqueles que seguem seu exemplo.
Talvez seja esse o ponto principal. Existe algo melhor do que pedir a Deus para que sempre se lembre de nós, em cada dia, cada hora e minuto?  Existe melhor maneira para acompanhar a Cristo rumo ao paraíso do que nos aproximarmos dos outros aqui na terra, amando e fazendo o bem? 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa de Cristo Rei. São Francisco de Sales nos exorta a servir no Reino de Cristo: 
Sem uma rainha as abelhas ficam inquietas. Mas quando a rainha nasce se reúnem em volta e se dedicam a satisfazer todos os seus desejos. O mesmo acontece quando os nossos sentidos vagam sem parar, arrastando consigo o nosso interior, desperdiçando tempo e nos causando ansiedade e inquietação, destruindo a paz que é tão necessária ao nosso espírito humano. Nossos sentidos, nossa mente e nossa vontade são como abelhas místicas. Até que não tenham um governante, quer dizer, até que não escolham Nosso Senhor como seu rei, continuarão inquietos. 
No entanto, uma vez que elegemos Nosso Senhor como nosso Rei devemos colocar-nos sob seu comando. Nossa Majestade é excelente no exercício da misericórdia e da justiça. A misericórdia faz com que aceitemos o bem, enquanto a justiça de Deus nos faz afastar-nos do mal. Nosso Senhor usa a misericórdia e a justiça para arrancar pela raiz qualquer coisa que nos impeça experimentar os efeitos da sua bondade. A Justiça de Nossa Majestade é como uma pequena picada em nossas consciências, que gera entendimento e que produz mudanças que nos levam ao bem-estar. Durante o processo de conversão do nosso novo eu em Cristo, despojar-nos do nosso antigo eu, pode resultar-nos em algo doloroso. Mas a misericórdia incomparável de Nosso Senhor abre nossos corações e restaura a nossa saúde por meio do Espírito Santo que nos enche com o amor santo. 
Onde o Senhor é o Mestre, haverá paz. Para que possamos preservar a nossa paz, é necessário ter a intenção pura de querer a glória de Deus em todas as coisas. Façamos o pouquinho que pudermos fazer com esse objetivo em mente, e deixemos Deus lidar com o resto. Devemos ser fiéis suficientemente para seguir obedecendo à vontade do nosso Rei, da mesma forma que as abelhas são leais à sua rainha, para que possamos começar nesta vida a obra que, com a ajuda do amor de Deus, continuaremos eternamente nos Céus. Vive Jesus! 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sábado, 16 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 33º domingo do Tempo Comum - 17 de novembro de 2013


























Destaque: "Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas".

Perspectiva Salesiana

Sentir temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Salmo 110, 10). Mesmo assim, o salmista nos lembra de que este temor do Senhor (que está diretamente relacionado com a aquisição de sabedoria) é apenas o começo: deve levar-nos a "seguir os preceitos de Deus", deve levar à ação.
Em outras palavras, sentir medo do nome do Senhor deve nos levar a fazer as obras do Senhor!
Como ouvimos na segunda leitura de hoje, São Paulo certamente sabia disso: "bem sabeis que deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade... Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém... Quem não quer trabalhar também não deve comer". 
Esse temor do Senhor, esse medo do nome de Deus, não tem como objetivo paralisar-nos.  Não, seu propósito é motivar-nos claramente, de mover-nos, de fazer que trabalhemos individual e coletivamente na busca dos preceitos do Senhor, para construir o Reino de Deus. Dito de outra forma, o temor do Senhor não nos deve tornar-nos passivos, pelo contrário, deve tornar-nos ativo.
Isso deveria ser óbvio. No entanto, a mensagem oposta pode ser transmitida (sem intenção), quando consideramos as vidas e legados dos santos, que, entre outras coisas, claramente sentiam temor do nome do Senhor: "Quando pensamos em homens e mulheres santos através dos tempos, muitas vezes nos lembramos de esculturas, desenhos e pinturas em que os santos aparecem de todas as maneiras, menos ativos. Nossos santos mais ativos muitas vezes não estão fazendo nada mais enérgico do que segurando um lírio ou olhando piedosamente o céu. E mesmo que essas imagens pudessem mover-nos e inspirar-nos, e mesmo se, por vezes, fossem úteis em momentos de contemplação, se alguém estiver procurando modelos de ação e energia, estas imagens não são tão atraentes" (James Martin, SJ  em Padroeiros e Protetores: Mais Ocupações por Michael O'Neill McGrath) 
É com esta visão que James Martin escreve que "Jesus trabalhou e talvez seja este o fato que a maioria de nós esqueceu. Podemos facilmente imaginar Jesus sendo instruído por São José, o carpinteiro.  Na oficina de José, em Nazaré, Jesus aprendeu sobre os materiais de sua arte... José ensinou ao seu aprendiz a pregar um prego de modo correto com o martelo, a talhar um buraco na madeira, ou como nivelar uma prateleira". (Ibid) 
E quem teria temido o nome do Senhor e seguido os preceitos de Deus de forma mais clara e convincente do que Jesus? Gregory Pierce sugere que precisamos ver e experimentar o trabalho como "todo o esforço (remunerado ou não) que fazemos para que o mundo seja um lugar melhor, um lugar que se assemelhe mais a maneira que Deus quer que as coisas aconteçam" (Espiritualidade@Trabalho, página 18) 
O trabalho, o trabalho de Deus é verdadeiramente a nossa carga na vida, a nossa razão de ser, a finalidade para a qual vivemos. Olhemos para a vida de Jesus e vejamos como este trabalho pode ser árduo, laborioso e frustrante. Mesmo assim, o que poderia ser mais gratificante do que usar todas as nossas energias para fazer de todos os nossos pequenos cantos do mundo, lugares em que o "sol da justiça" pode surgir nos corações e mentes de nossos irmãos e irmãs?  O temor do Senhor é, em última análise, um convite - não uma exigência - para fazermos a obra do Senhor.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos do São Francisco de Sales

No evangelho de hoje Jesus nos diz que, independentemente da situação em que nos encontramos, devemos continuar a segui-lo. Francisco de Sales nos diz algo similar: 
Existe alguma sociedade, religião, instituição ou estilo de vida que tem tanta certeza de que ele está livre de todo o mal? Dado que esta ameaça afeta a todos nós, é arriscado viver num mundo de malfeitores. Quando nos confrontamos com o mal devemos saber distinguir a realidade dos medos imaginários. Deus não nos dará força para enfrentar um conflito imaginário, mas certamente nos dará a coragem necessária quando surgir uma verdadeira necessidade. Muitos dos servos de Deus estavam se assustaram e quase perderam a sua coragem diante de um perigo imaginário. No entanto, quando o verdadeiro perigo surgiu mostraram sua coragem. 
Se nos entregarmos a nossos medos imaginários certamente perderíamos a nossa coragem e não faríamos nada para vencer o mal. Precisamos trabalhar. Nosso Senhor quer que sejamos lutadores e conquistadores da maldade. Se sentirmos que não temos coragem, digamos com confiança: "Salve-me Senhor". Se o nosso desejo de servir a Deus é bom e verdadeiro, mas falta-nos a força para colocar o desejo em prática, devemos oferecê-lo a Deus que nos permitirá alcançar o que queremos. Ele renovará as nossas aspirações quantas vezes for necessário fazer para que perseveremos. Somente será necessário ter o desejo de lutar bravamente e com perfeita confiança para que o Espírito nos ajude. 
Na medida em que formos perseverantes no cumprimento da vontade de Deus, Ele vai nos ajudar a sair vitoriosos durante os tempos turbulentos. Entreguemos nossa vontade a Nosso Senhor que a renovará para que possamos ter a coragem suficiente para o resto da nossa vida mortal. As crianças se sentem seguras quando estão nos braços de suas mães. Sentem que nada poderá machucá-las quando estão de mãos dadas. Embora os tempos de conflito produzam medo, temos que dar a mão ao nosso "Deus Todo-Poderoso", que nos protege e nos faz sentir-nos seguros. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 32º Domingo do Tempo Comum - 10 de Novembro de 2013
























Destaque: "Alguns saduceus se aproximaram de Jesus para perguntar..."

Perspectiva Salesiana

Na vida teológica, religiosa, política e cultural dos judeus era muito importante fazer perguntas. O chamado "Método rabino" presumia que a melhor maneira de conhecer a verdade era aprender a fazer as perguntas certas. 
A pergunta tem sempre um poder, uma promessa, uma possibilidade. 
Este é o contexto para entendermos o texto do Evangelho de Lucas neste final de semana.  Os saduceus fazem uma pergunta sobre o casamento e vida após a morte. Nos versículos anteriores, o sumo sacerdote e os escribas fizeram uma pergunta semelhante, a respeito do imposto a ser pago para o imperador César. Talvez a pergunta não fosse feita simplesmente para fazer Jesus tropeçar ou para desacreditá-lo: também pode ter sido um desejo legítimo para encerrar uma disputa que havia há muito tempo entre os saduceus e fariseus (líderes religiosos e em ambos os grupos) que estavam em desacordo sobre uma variedade de questões, entre elas a que aparece no evangelho de hoje.
No entanto, como nas outras vezes que isso aconteceu, não gostavam, não entendiam ou não aceitavam as respostas de Jesus. 
Eis a tragédia. Os escribas, os sacerdotes, os saduceus e os fariseus foram criados numa cultura que via nas perguntas um caminho para a verdade mística. Ironicamente, eles foram as pessoas que mais tiveram encontros com Jesus. Outros grupos não tiveram esta chance. É triste dizer, mas parece que eles sempre fizeram as perguntas erradas: perguntas de pouca visão, perguntas egocêntricas, perguntas pouco genuínas ou pouco sinceras, todas com uma resposta predeterminada em mente.
Quando perguntado por que ele orava todos os dias, o mentor de Elie Wiesel disse: "Eu rezo dentro de mim para que Deus me dê a força para fazer as perguntas certas." 
Que pedimos, que desejamos, que respostas exigimos em nossas vidas diárias com Jesus e com os outros? Quanta energia gastamos querendo chegar ao fundo de um assunto? Mesmo assim, com todos os nossos esforços, estamos mais perto de saber as coisas que verdadeiramente importam, as preocupações da terra que nos guiam para as coisas do céu? Por que nossa compreensão sobre a vontade de Jesus para conosco, o seu desejo para conosco, o seu amor nos parecem tão difíceis? 
Será que nós também, estamos falhando na hora de fazer as perguntas certas?
"Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo", diz São Paulo na segunda leitura.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje, Jesus nos revela que os filhos de Deus ressuscitarão. Vamos ressuscitar porque o nosso Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. São Francisco de Sales nos diz o seguinte: 
Nesta vida mortal não devemos buscar nada que seja incomparavelmente perfeito. Nossos corações têm uma sede que não pode ser satisfeita pelos prazeres desta vida mortal. Mesmo moderados, os prazeres mais apreciados e apetecíveis não nos satisfazem. Se forem demasiados, nos sufocam e se tornam prejudiciais. Somente a água da vida eterna, que é o amor de Deus, pode satisfazer a nossa sede e acalmar nossos desejos.
Dado que o amor de Deus é maior do que o nosso, Ele deseja tornar-se um de nós para nos mostrar o que devemos fazer para viver para sempre. Depositar o nosso amor em Jesus Cristo é depositar nossas vidas Nele. O fruto do cacho depende da cepa à qual está ligado. Portanto, a nossa vida em Cristo nos anima e nos encoraja através de um amor saudável. Através do amor sagrado que o Espírito Santo derrama em nossos corações, somos capazes de realizar obras sagradas que levam à glória imortal. 
Mas nesta vida mortal o exemplo de Jesus nos mostra que a nossa salvação é uma jornada em direção à plenitude em Cristo. Suportar ultrajes, contradições e desconfortos de maneira pacífica como Jesus suportou, é o que nos garante a eternidade. Um pingo de paciência adquirida ao longo de um período de prova vale mais do que muita paciência ganha de outro modo. Se sentirem  que seu coração está perturbado, reflitam sobre a paciência e obriguem-se a praticá-la fielmente. Se sentirem neste momento que o seu coração está inquieto, segure-o com a ponta dos dedos e coloque-o de volta no seu lugar. Em seguida, digam: "Alegra-te, meu querido coração."  As grandes obras são o resultado da paciência e do tempo de duração. Tenham coragem. O Deus dos vivos sempre nos acompanha para que possamos voltar nos levantar-nos em Cristo.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Reflexão Salesiana para o dia de TODOS OS SANTOS – 03 de novembro de 2013





















Destaque: “Esses são os que vieram da grande tribulação...”

Perspectiva Salesiana

Domingos Sávio, um adolescente muito simpático de 13 anos, dizia, no tempo de Dom Bosco, para os adolescentes e jovens que entravam no Oratório de São Francisco de Sales em Turim: “nós aqui fazemos consistir a santidade em estarmos sempre alegres e na presença de Deus, e em cumprirmos os nossos deveres.” Esta fórmula de santidade ele aprendeu de Dom Bosco, um grande mestre da santidade salesiana. E hoje é São Domingos Sávio, o primeiro fruto da espiritualidade e pedagogia de São João Bosco. Sabemos que Bosco se inspirou e viveu a espiritualidade de São Francisco de Sales. Para São Francisco de Sales, a alegria “é como o palpitar do coração”, algo vital na vida. Só que não é a alegria que o mundo propõe! E a Família Salesiana, com esta fórmula, “produziu” muitos santos! É uma pena que não podemos neste momento elencar todos eles.
“Unamos nossos corações com os corações destas almas celestes e benditas. Assim como os rouxinóis jovens aprendem a cantar em companhia dos velhos, assim também nós, associando-nos aos santos, aprendemos a melhor maneira de rezar, cantar e louvar a Deus.” (Introdução à Vida Devota, Parte II, Capitulo 16)
Estamos amparados sobre os ombros de gigantes. Durante os últimos dois mil anos muitos homens, mulheres e crianças de várias eras, lugares e culturas, dedicaram sua vida ao serviço das Boas Novas de Jesus Cristo. Dentre estes tantos, um grupo menor de pessoas foram distinguidos e conhecidos como “santos.”
Eles são pessoas reais, e nós queremos seguir seus exemplos. Eles são pessoas reais que nos inspiram. Olhamos para eles como pessoas reais para que nos animem e nos encham de graça. Foram pessoas reais que iniciaram seu caminho no meio de provas e dificuldades durante o tempo em que viveram, e proclamaram o Evangelho. Hoje, olhando para eles, somos desafiados a viver a santidade no dia a dia.
Cada um de nós é chamado a viver uma vida de santidade! Uma vida centrada em Deus, uma vida de entrega. E isso deve ser realizado no lugar onde a gente mora, onde a gente ama, trabalha e se diverte todos os dias. Francisco de Sales escreveu: “Olhe o exemplo dos santos em cada caminho de suas vidas. Tudo o que fizeram foi amar a Deus, sendo seguidores devotos de Deus... porque então, não fazemos o mesmo de acordo com nossa posição e vocação de vida e para cumprir as resoluções e as santas promessas (do batismo) que um dia fizemos?” (IVD, Parte V, Capitulo 12)
Que significa ser um santo? Surpreendentemente é algo muito mais terreno e possível do que pensamos. Francisco de Sales observou: “Devemos amar tudo o que Deus ama, e Deus ama nossa vocação. Assim também, amemos a nossa vocação, e não desperdicemos nossa energia sonhando com uma vida diferente, mas, façamos o trabalho que nos corresponde. Seja fiel e feliz fazendo aquilo que foste chamado a ser...” (Stopp, Cartas Selectas, Pagina 61)
Do ponto de vista de São Francisco de Sales, a santidade é medida pela nossa vontade e habilidade para aceitar o estado de vida em que nos encontramos no momento. Os santos foram pessoas que aceitaram a vida como era sem desperdiçar tempo. Não ficaram desejando ou esperando outra oportunidade para viver de maneira diferente. A santidade está marcada pela decisão de aceitar a vontade de Deus como se manifesta nos altos e baixos da vida diária.
De que modo estás sendo chamado a ser santo no dia de hoje? Como, no meio de tantas provações podemos viver o amor no dia de hoje? Podemos, segundo a escola salesiana, ser santos estando sempre alegres, sempre na presença de Deus e cumprindo os próprios deveres?