No evangelho deste final de
semana, somos convidados e desafiados a ter o coração hospitaleiro de Maria e
as mãos laboriosas de Marta. São Francisco de Sales escreveu na Introdução à
Vida Devota: "Quando Nosso Senhor repreende Santa Marta, diz: 'Marta,
Marta, estás solícita e te perturbas com muitas coisas'. Vede, se ela fosse
simplesmente cuidadosa, não se teria perturbado. Mas como estava cheia de inquietações
e ansiedades, ela se apressa e se perturba, e é disso que Nosso Senhor a repreende".
(IVD Parte 3, cap. X)
Destaque: A história de Marta e Maria
Salesiana Perspectiva
Estamos todos bem familiarizados
com este Evangelho de Lucas. Muito familiar, porque é muito fácil ver neste
trecho do Evangelho como ele minimiza a ação e a atividade em relação à oração
e à contemplação.
Precisamos rever essa
interpretação. Precisamos entender como o Evangelho fala de Marta e
Maria. É importante considerar qual é a mensagem que queremos dar a este trecho
do Evangelho.
Jesus não critica Marta por se
preocupar tanto com os detalhes da hospitalidade. Em vez disso, Jesus
critica o fato de que Marta fique ansiosa por causa destas atividades. Da
mesma forma, Maria não é exaltada por causa de sua inatividade, mas porque ela
não sente o peso da ansiedade. Resumindo, Marta está chateada e nervosa,
enquanto Maria é calma e focada.
Tanto Marta como Maria nos ensina
algo a respeito da hospitalidade. Em Marta, podemos ver a importância de
atender aos detalhes quando recebemos pessoas em nossas casas. Em Maria,
podemos ver a importância de chegar às pessoas em nossas vidas, em nossos corações,
nas profundezas do que somos.
Não se trata de escolher entre a
atividade e disponibilidade. Trata-se de incorporar, integrar as duas coisas.
Francisco de Sales certamente
sabia disso quando ele descreveu as duas grandes faces do amor: amor por
complacência e amor por benevolência. A complacência é o amor que se encanta
apenas ao estar na presença da pessoa amada. A benevolência é o amor que se
deleita em expressar essa complacência fazendo coisas para a pessoa amada.
Ser e Fazer. Fazer e
ser. Esta é a dança da hospitalidade. Esta é a dança do amor... uma dança
que desafia-nos a ser livres, tanto quanto pudermos, da ansiedade, da autoabsorção
e preocupação.
Para estarmos verdadeiramente
abertos, para sermos verdadeiramente hospitaleiros, temos que ter algo de Marta
e de Maria em nós. Precisamos estar igualmente em paz com os detalhes do
fazer e com as demandas do ser.
Como estão as nossas tentativas
de fazer - e de ser ao mesmo
tempo?
Padre Michael S. Murray,
OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB -
Tradução e adaptação.
TAREFAS HUMILDES...
Aproveito a oportunidade para publicar um pequeno trecho do livro "Às fontes da alegria com São Francisco de Sales" do Con. F. Vidal.
Ao falar de tudo o que São Francisco de Sales fez em prol da Madre Chantal, ela nunca quis se dispensar das tarefas humildes que se faziam no Convento. Mas fazia como Francisco tinha ensinado... sem pressa, com amor, com docilidade... ao contrário da Marta do evangelho.
"Ensinou-lhe o preço da moderação que mortifica a atividade natural, e o valor das coisas pequenas a que se aplica o esforço com amor. Formou-se na renúncia à vontade própria e à prática da obediência. Nunca, consequentemente, quis ela dispensar-se destas tarefas humildes em que as Irmãs se revezavam, nas comunidades. Ela tem quase 70 anos e no seu mosteiro de Annecy, que deixará dois dias depois para visitar as suas casas e para onde não regressará mais, está ocupada em varrer. O seu nome está nesse dia, escrito no quadro que designa a cada uma o seu ofício. Enquanto desempenha sua tarefa, não percebe uma irmã que "a esperava à porta para algumas cartas urgentes". Esta a vê acabar de ajuntar o pó, "mas com tanto cuidado e tempo para fazer isso direito" que se espanta e logo se impacienta: "Minha Madre, exclama ela, parece que achais pérolas, tal o cuidado com que ajuntais o lixo". Madame de Chantal lhe responde docemente: "Ajunto mais que isso, minha filha, e se soubéssemos o que é a eternidade, gostaríamos mais de ajuntar o lixo na casa de Deus que pérolas na do mundo".
Aproveito a oportunidade para publicar um pequeno trecho do livro "Às fontes da alegria com São Francisco de Sales" do Con. F. Vidal.
Ao falar de tudo o que São Francisco de Sales fez em prol da Madre Chantal, ela nunca quis se dispensar das tarefas humildes que se faziam no Convento. Mas fazia como Francisco tinha ensinado... sem pressa, com amor, com docilidade... ao contrário da Marta do evangelho.
"Ensinou-lhe o preço da moderação que mortifica a atividade natural, e o valor das coisas pequenas a que se aplica o esforço com amor. Formou-se na renúncia à vontade própria e à prática da obediência. Nunca, consequentemente, quis ela dispensar-se destas tarefas humildes em que as Irmãs se revezavam, nas comunidades. Ela tem quase 70 anos e no seu mosteiro de Annecy, que deixará dois dias depois para visitar as suas casas e para onde não regressará mais, está ocupada em varrer. O seu nome está nesse dia, escrito no quadro que designa a cada uma o seu ofício. Enquanto desempenha sua tarefa, não percebe uma irmã que "a esperava à porta para algumas cartas urgentes". Esta a vê acabar de ajuntar o pó, "mas com tanto cuidado e tempo para fazer isso direito" que se espanta e logo se impacienta: "Minha Madre, exclama ela, parece que achais pérolas, tal o cuidado com que ajuntais o lixo". Madame de Chantal lhe responde docemente: "Ajunto mais que isso, minha filha, e se soubéssemos o que é a eternidade, gostaríamos mais de ajuntar o lixo na casa de Deus que pérolas na do mundo".
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