sábado, 30 de março de 2013

Reflexão Salesiana para o Domingo de Páscoa 31 de março de 2013



















“Ele viu e acreditou” (Jo 20, 8)

Pedro, o jovem João, Maria Madalena e as mulheres se apressaram para ir ao sepulcro. Correram para ver que o Senhor Jesus tinha ressuscitado e acreditaram. Como eles e elas, sintamos alegria de crer e de sentir a presença animadora de Jesus ressuscitado que caminha conosco.
Desejo a vocês uma feliz e santa Páscoa!  E agradeço os votos enviados. Que esta troca seja proveitosa para todos nós!
Um abraço,

Perspectiva Salesiana

"A morte e paixão de Nosso Senhor é a razão mais doce e mais convincente de que o nosso coração pode ser encorajado nesta vida mortal... Os filhos cruz se glorificam nisso. O paradoxo surpreendente que muitos não entendem é que na morte, que devora todas as coisas, surgiu o alimento da nossa consolação. Da morte, que é mais forte do que todas as coisas, veio todo o doce mel do nosso amor." (Tratado do Amor de Deus, Livro 12, capítulo 13)
Verdadeiramente este é o mistério central da nossa fé. Jesus, ao permitir-se a si mesmo ser consumido com paixão e devorado pela morte, ao mesmo tempo, conquistou a morte de uma vez por todas com a paixão que é o poder da vida eterna.
O caminho da paixão, morte e ressurreição de Cristo foi pessoal: foi único. Foi designado pelo Pai desde toda a eternidade. Jesus foi fiel à visão de Deus para ele. Jesus aceitou sua vocação como Messias humilde e gentil. Jesus sofreu a dor da morte. Jesus experimentou o poder da ressurreição.
Deus planejou um caminho pessoal para cada um de nós desde toda eternidade. Cada um de nós tem um papel único a desempenhar na revelação da vida divina, do amor divino, da divina justiça, paz divina e da reconciliação divina do Pai. Ainda assim, o caminho para a ressurreição é o caminho da cruz, o caminho da entrega, o caminho para a libertação, o caminham onde todas as coisas são entregues, os pensamentos, as atitudes e as ações que não nos personificam com a Paixão de Cristo: a paixão por tudo o que é certo e verdadeiro.
Francisco de Sales oferece esta imagem no Livro 9 do Tratado do Amor de Deus: "Deus mandou que o profeta Isaías se despisse completamente. O profeta o fez, e saiu e foi para pregar dessa forma por três dias inteiros (ou, como alguns dizem, por três anos inteiros). Então, quando terminou o tempo que Deus tinha designado, ele colocou suas roupas novamente. Assim, também, devemos tirar todo os afetos, pequenos e grandes, e examinar frequentemente os nossos corações para ver se tudo está realmente pronto para despojar-se de todas as nossas roupas como fez Isaías. Então, no momento apropriado vamos recuperar as afeições que são adequados para o serviço da caridade, para que possamos morrer nus na cruz com nosso Divino Salvador e, em seguida, subir novamente como novas pessoas."
Tenham a certeza de uma coisa: a morte diária em nós mesmos, que faz parte de viver uma vida apaixonada, não se trata da morte em si, nem de nos desfazermos e de deixar certa coisas para o nosso próprio bem-estar. Não, trata-se de que tudo aquilo que pode ser purificado para que possamos viver uma vida de paixão divina de forma mais eficaz e fielmente. Deus não deseja que morramos para nós mesmos como resultado de autodepreciação. Deus quer que morramos para nós mesmos, ironicamente, para que possamos ser mais parecido com aquilo ao qual Deus nos chamou para ser.
"O amor é tão forte quanto a morte, quando se trata de permitirmos o abandono de todas as coisas", escreveu São Francisco de Sales. "É tão magnífico como a ressurreição nos adornar de glória e de honra."
Esta glória e honra não está só reservada para o céu. Na medida em que nós morremos um pouco a cada dia e experimentamos a fidelidade do amor de Deus no meio da adversidade, das provações e das dificuldades, é possível que alguns desses dons possam ser nossos, inclusive aqui na terra.
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor-geral do Centro de Espiritualidade de Sales.


Dos escritos de São Francisco de Sales

Feliz Páscoa! Hoje nós celebramos o momento único na história da humanidade: a ressurreição de Jesus, que triunfou sobre a morte. Hoje congratulamo-nos com os recém-batizados, cuja nova vida em Cristo irá prepará-los para a glória eterna. São Francisco de Sales fala da necessidade de renovar a cada ano o nosso desejo de servir a Deus de viver para Jesus.
Tendo sobrevivido à morte, Jesus continua a existir através de suas obras. Chegará um dia em que nós também ressuscitaremos dos mortos. Então nossos corpos mortais, que estão agora sujeitos à corrupção, se tornarão imortais. Jesus tomou a nossa semelhança e nos deu Sua semelhança, para que pudéssemos ter uma nova vida em abundância.Nosso Deus nos inspira e nos impulsiona a aceitarmos amorosamente conversão. No batismo cada um de vocês se torna filho de Deus, com o compromisso de se formar de acordo com a Lei do Evangelho. Ao sair de seu antigo eu, vocês foram criados de novo em Cristo.
Mas, enquanto estamos vivos devemos renovar e começar de novo. Com os nossos corações acontece o mesmo que com alguns relógios que precisam ser limpos e reparados. Ás vezes é necessário endireitar as peças que foram dobradas e substituir aquelas que já estão desgastados. Façam este exercício todos os anos para confortar os vossos corações, infundir um novo sopro de vida a suas boas resoluções no serviço de Deus, e ajudá-los a florescer com força renovada.
Durante o inverno a terra repousa, descansa e não produz. Quando chega a primavera, a terra se renova, brotam flores que nos enchem de alegria. Como a nossa natureza tende a esfriar facilmente, devemos renovar nossa promessa de amar a Deus acima de todas as coisas, e amar tudo o que é aceitável a Deus, favorável para a honra de Deus, e porque somos destinados para glorificar a Deus. Antes de ir para a glória eterna, o Jardineiro quer plantar muitas flores em nosso jardim. Devemos servir a Deus como Ele quer que façamos. Então vai chegar um dia em que Ele vai fazer o que queremos, e nos dará muito mais do que poderíamos chegar a desejar. Quando criados para conduzir nossas vidas no caminho do amor divino, nós vivemos por nosso Salvador ressuscitado. É o dia que Senhor fez. Alegremo-nos. Aleluia!

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Reflexão Salesiana para o Domingo de Ramos e da Paixão - 24 de março de 2013



Neste domingo, ao preparar esta reflexão, pensei em Dom Bosco, apontando o crucifixo para Mamãe Margarida. Ela estava se queixando porque os meninos destruíam sua horta, correndo por cima dos canteiros e amassando as tenras plantinhas. Ele entendeu muito bem o que significava aquele geste do seu filho, mesmo que não dissesse nenhuma palavra. Se alguém nos machuca, devemos pensar constantemente em Jesus Cristo crucificado, abandonado, subjugado por todos os tipos de angústias. Devemos pensar em todas as pessoas cujas dificuldades são incomparavelmente maiores do que as que estamos experimentando.

Destaque: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito..."

Perspectiva Salesiana

A Paixão de Jesus é, certamente, a descrição do último dia de sua vida na terra. Mas a Paixão de Jesus é também algo que foi vivenciado ao longo de sua vida na terra, todos os dias. Pois Ele teve paixão pela justiça. Ele teve paixão pela justiça divina. Ele teve uma paixão para fazer o que é bom, correto e o que é certo. Ele viveu uma paixão que nos desafia a espalhar estas ideias. Creio que podemos traduzir a palavra "paixão" por zelo, ardor, sentimento, vida.
Em seu Tratado do Amor de Deus (Livro 10, capítulo 16), São Francisco de Sales identifica três níveis desta paixão: Nós podemos corrigir, censurar e reprimir os outros. Talvez esta é a parte mais fácil de fazer, porque não exige daqueles que sentem paixão por justiça que atuem de forma justa. Obviamente, este tipo de zelo é muito atraente porque está focado no que os outros estão fazendo. Por outro lado, pode se tornar um caso clássico de "faça o que eu digo, não o que eu faço" porque não exige que vivamos de forma justa.
Nós demonstramos paixão com "atos de grande virtude para podermos dar bons exemplos e sugerir remédios contra o mal, animando e incentivando os outros a implementá-los, e fazendo o bem em vez do mal, que deve ser erradicado. "Isto é verdade para todos nós", comenta Sales, "mas nem todos esta estamos dispostos a fazê-lo! É verdade: isto requer trabalho e integridade de nossa parte. Nós não podemos apenas falar por falar. Devemos também agir.
"Finalmente, o exercício mais excelente da paixão consiste em sofrer e suportar muitas coisas, a fim de prevenir e impedir o mal. Quase ninguém quer exercitar-se neste tipo de paixão."
Esta paixão está disposta a arriscar tudo pela justiça e pelo direito, inclusive até com a própria vida.
"A paixão de Nosso Senhor aconteceu, principalmente, no momento de sua morte na cruz, com a qual ele destruiu a morte e os pecados da humanidade", escreveu São Francisco de Sales. Imitar o zelo de Jesus pela justiça é "a perfeição da coragem e um fervor incrível de espírito."
Jesus certamente desafiou a injustiça dos outros. Jesus estava disposto a promover a justiça por meio do seu próprio exemplo. O mais importante é que Jesus estava disposto a ir até onde sua paixão pela justiça o levasse, mesmo que isso lhe custasse a própria vida.
O domingo da Paixão, ou melhor, todos os dias, deve fazer-nos pensar: Até que ponto estamos dispostos a ir, por causa de nossa paixão pela justiça?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor geral do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje experimentamos Jesus como o "servo sofredor". O sofrimento de Jesus, culminando na sua morte traz a vida eterna para a família humana. São Francisco de Sales oferece esses pensamentos sobre o assunto: "A razão mais poderosa para a morte de Jesus, é porque, através dela o amor de Deus consegue preencher o espírito humano. Da morte surgiu a vida, o paradoxo maravilhoso que o mundo não entende. Ele não sofreu apenas uma morte cruel para trazer-nos o amor de Deus, mas também sofreu o medo, o terror, o abandono e a depressão, a um grau que ninguém nunca viu ou nunca irá experimentar. Ele fez isso para que nós também pudéssemos perseverar na nossa busca do amor divino."
Os sentimentos humanos que Jesus experimentou, deixaram seu coração totalmente exposto à dor e ao sofrimento. É por isso que o ouvimos gritar: "Pai, por que me abandonaste?" O monte Calvário é o monte do amor, ali se mesclam a morte, a vida e o amor. Foi por amor que Jesus escolheu morrer na cruz, para que pudéssemos viver como filhos de Deus, para que pudéssemos possuir o amor eterno. A sabedoria cristã consiste em saber escolher corretamente. Portanto, devemos descartar todos estes amores e desejos egoístas que existem em nós para podermos ser preenchidos pelo amor de Deus, que dá origem a uma nova vida em nós.
Devemos dedicar cada momento de nossas vidas ao amor de Deus, materializado na morte de nosso Salvador. Se alguém nos machuca, devemos pensar constantemente em Jesus Cristo crucificado, abandonado, subjugado por todos os tipos de angústias. Devemos pensar em todas as pessoas cujas dificuldades são incomparavelmente maiores do que as que estamos experimentando. Então, devemos repetir: as minhas dificuldades não são nada! Mais parecem rosas, se comparadas com as das pessoas sem ajuda, apoio, sem qualquer assistência, que vivem uma morte contínua, suportando a carga das aflições que são infinitamente maiores do que as minhas. Quando tudo nos falha, quando a nossa desolação chegar ao seu ponto alto, repitamos as últimas palavras pronunciadas por Jesus na cruz: "Nas tuas mãos entrego o meu espírito".
Como seremos felizes se confiarmos inteiramente em Deus!
Se em tudo buscarmos dar glórias a Deus, tudo o que fizermos será bem feito.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Reflexão Salesiana para o Quinto Domingo da Quaresma - 17 de março de 2013



















Destaque: "Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais".

Perspectiva Salesiana

Deus nos propõe uma vida melhor, uma vida de santidade. Basta acolher em nós o amor e a misericórdia de Deus. São Paulo nos diz que "considera tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor." Eis ai um programa de vida. São Francisco de Sales nos propõe a nos libertar-nos do pecado, a não ficarmos ligados a ele.
Nos últimos dias temos ouvido muito sobre o genoma humano. Os cientistas estão fazendo uma rápida sequência de descobertas sobre os nossos genes. Alguns estão falando sobre a clonagem humana e outros sobre outras pequenas manipulações genéticas. Estas descobertas podem nos fazer pensar se estamos realmente livres, livres para pecar ou para fazer o bem. Talvez, como a cor dos olhos, os nossos genes determinam nossas ações. Por isso a mulher pega cometendo adultério, que é o tema do evangelho de hoje, realmente não fosse responsável por seus atos e não precisasse ser perdoada.
A questão da responsabilidade humana não é nova. Algumas pessoas sugerem que o que somos é determinado por nossa cultura e pela maneira como fomos criados. O famoso psicólogo B. F. Skinner argumenta que o ambiente nos condiciona. Sigmund Freud enfatizou a importância das relações que formamos na tenra idade.
Os cristãos acreditam que, mesmo quando a família, o ambiente e os genes nos influenciam, eles não determinam quem somos. Nós somos livres. Este quadro reflete as duas coisas, tanto o bom senso como os ensinamentos do Evangelho.
São Francisco de Sales, ao escrever na sua Introdução à Vida Devota, começa com a purificação da alma - a conversa mais profunda da alma com Cristo. Se uma pessoa pensa em ter uma vida espiritual profunda para tornar-se santo, para tornar-se mais livre, ele ou ela deve deixar para trás as racionalizações do passado, deve deixar de recusar aceitar a responsabilidade e envolver-se mais profundamente com Cristo. Não são meus genes, ou meu ambiente, minha família - sou eu dizendo livremente!
Para Sales esta conversão, e este é o ponto crucial, não está somente relacionada com o pecado em si, mas também com a nossa afeição pelo pecado.
"As pessoas que abandonaram o pecado, mas que ainda permanecem ligadas a ele, se parecem como as meninas que são anêmicas. Elas não estão mortas, mas estão sempre pálidas. Elas comem sem apreciar a comida, elas dormem sem relaxar, riem sem alegria e se arrastam em vez de andar. " [Stefan Edition, p. 24-25]
A alma vigorosa convertendo-se para Cristo, substitui este afeto débil por um amor por bens mais profundo. O tempo de oração, a atenção aos outros, os atos de compaixão para com os pobres e o perdão pelo mal que foi feito contra, caracterizam a alma que progride em seu esforço para se tornar discípulo ou discípula de Cristo.

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor-geral do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação - P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos prometem uma vida eterna enquanto vivemos e acreditamos no Espírito de Cristo que habita em nós. São Francisco de Sales oferece a seguinte reflexão sobre estas promessas: "Quando um falcoeiro remove o capuz que cobre a cabeça da ave, esta avista a sua presa e abre suas asas, pronta para voar e para capturá-la. Ao ser retido pelo falcoeiro, o pássaro se esforça para tentar libertar-se. O mesmo acontece conosco quando a fé tira o véu da ignorância e percebemos que o nosso maior bem é Deus. Então decidimos voar na sua direção, mas as condições de nossa vida mortal nos retêm. Isso pode fazer com que o nosso fervor se converta em tristeza".
 No entanto, não devemos vacilar ou deixar que o desespero tome conta. Deus assegurou-nos, através de mil promessas escritas nas Escrituras, de inspiração divina, que colocou em nossos corações, o modo para conseguir uma vida de infinita bondade e que isso é possível. Ainda assim, devemos estar dispostos a usar os meios que Ele nos deu. Se você se dedica a viver de acordo com os ensinamentos de nosso Senhor crucificado, o desejo da bondade de Deus se tornará progressivamente uma esperança alimentada pelo seu amor. Nosso Salvador nunca nos deixará. Basta que o escolhamos para segui-lo. Depois de ter sido curado pelo amor que o Espírito de Jesus derrama em seus corações, poderão continuar a ir adiante e sustentar-se de pé por conta própria, apoiados na virtude de sua nova saúde e do amor sagrado.
É próprio da natureza humana ter certos desejos e pensamentos egoístas. Mesmo assim devemos impedir que eles atrasem a nossa jornada na busca da bondade de Deus e no cumprimento de suas obras. Bem-aventurados são aqueles cujo amor é o serviço abnegado a Deus. Ele jamais permitirá que permaneçam improdutivos e inúteis! Mesmo que o sacrifício que fazemos para Deus seja pequeno, Ele irá derramar sobre nós abundantes bênçãos nesta vida e na próxima. A segurança que Deus infunde em nós através de suas promessas do paraíso, reforça infinitamente nossa vontade de continuar a apreciar a bondade de Deus em Jesus Cristo, cujo Espírito habita em nós.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Reflexão Salesiana para o IV Domingo da Quaresma - 10 de março de 2013



Destaque: "Deixai-vos reconciliar com Deus"

Perspectiva Salesiana

O tempo da Quaresma nos desafia a "nos afastarmos do pecado e a crer na boa notícia." Para usar a linguagem da segunda carta de Paulo aos Coríntios, o tempo da Quaresma nos lembra da nossa necessidade de afastar-nos das trevas e ser uma nova criação, ser "a santidade de Deus."
A mensagem é clara: não é suficiente nos afastarmos do pecado, não é suficiente nos afastarmos da escuridão. Podemos comparar a nova criação com os dois lados de uma moeda: ao mesmo tempo em que nos afastamos da escuridão, também devemos andar e nos aproximarmos da luz.
Devemos ser "embaixadores de Cristo".
São Francisco de Sales escreveu: "Não cometer um homicídio pode ser fácil", mas é extremamente difícil viver de um modo que promova a vida de forma consistente. "É fácil não roubar nossos vizinhos", mas é muito mais difícil cuidar e tratar todas as coisas que Deus nos deu, com respeito. "É fácil não dar falso testemunho no tribunal", mas pode ser muito difícil dizer a verdade numa conversa. "Pode ser fácil não ficar bêbado", mas viver uma vida sóbria é totalmente diferente. "Pode ser fácil não desejar a morte de outra pessoa." Mas desejando felicidade, saúde e sucesso dos outros é outra coisa. "Não caluniar outra pessoa numa conversa pode ser fácil", mas falar de tal maneira que contribua para a formação de tal pessoa pode ser muito difícil.
Nossas práticas durante a Quaresma, a prática de viver cada dia, cada hora, cada momento, deve ser equilibrada: devemos afastar-nos do mal e devemos crescer no bem. Às vezes não nos esforçamos o suficiente para praticar a bondade, justiça e verdade. Anunciar a boa notícia como embaixadores de Cristo pode ser a forma mais eficaz de renunciar as más notícias do pecado.
No Evangelho vemos o quanto Deus está disposto a ir ao nosso encontro para nos ajudar a converter-nos para a própria santidade de Deus. As ações do filho pródigo (isto é, sua extravagância precipitada e desperdício) que provocaram sua queda só podem ser reparadas por ações do pai pródigo. Observem o pai quando ele vai, não uma, mas duas vezes, para mostrar o extraordinário por seu filho. Também em nossas próprias vidas, quer reconheçamos ou não, Deus continua impregnando, inspirando e nutrindo seu amor singular, inspirando-nos a partilhar o mesmo amor extraordinário com os outros. Lembramos nesta Campanha da Fraternidade que este amor extraordinário deve ser vivenciado os jovens. O filho pródigo era jovem e o Pai (Deus) o recebeu com mil atitudes de amor e de carinho quando retornou aos seus braços.
Até onde estamos dispostos a ir? Estamos dispostos para viver um amor extraordinário em nossas vidas e no nosso relacionamento com os outros, principalmente com os mais jovens? Estamos dispostos a ser a ser embaixadores de Cristo e da santidade de Deus?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor geral do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quarta-feira, 6 de março de 2013

Perspectivas Salesianas 11 - Prática ... que leva à perfeição ...

"Sede perfeitos como vosso Pai que está nos céus é perfeito". (Mateus 5,48) Jesus chama cada um de um de nós para ser perfeito, isto é, permitindo-nos purificar-nos e transformar-nos pelo poder e amor salvífico de Deus, tornando-nos fontes deste poder salvador nas vidas de nossos irmãos e irmãs. Em poucas palavras, mostrando em nossas próprias vidas, cada um da sua própria maneira, a imagem e semelhança de Deus a cuja imagem fomos criados, e cuja glória estamos destinados a compartilhar.
Precisamos ser claros sobre aquilo que nos torna perfeitos ou não.
É como um processo. É como uma viagem. É como estar cooperando com a graça do Espírito Santo, para permitir ao Altíssimo penetrar em cada nervo do nosso ser. É como aprender a ser humano de modo completo de tal maneira que demos gloria a Deus e por cada um de nós mesmos. É como "viver em Jesus". Não é perfeccionismo. Não é como estar sem imperfeições. Não se trata de viver como anjos. Não se trata de um destino. A Espiritualidade Salesiana  nos  ajuda a  viver o chamado a sermos perfeitos, a sermos santos.
Seja realista: Estabeleça metas para crescer numa perfeição que seja razoável. "Sua imaginação formou um ideal de perfeição absoluta que é impossível de se conseguir" deixando-a “como se estivesse pesada por gravidez e incapaz de dar a luz num nível maior de vida espiritual", escreveu São Francisco de Sales a uma mulher devota.
Utilize meios simples. Os caminhos elevados nem sempre são os melhores. “Pratique as virtudes do dia a dia: paciência com os outros, trabalho, humildade, bondade de coração, afabilidade, tolerância com nossa própria imperfeição e outras pequenas virtudes similares.”
A perfeição requer que mencionemos nossas imperfeições. "Queridas imperfeições", diz São Francisco de Sales. "Elas nos obrigam a reconhecer nossas falhas e nos fazem praticar a humildade e a paciência. A não sermos egoístas e estarmos alertas. Pois Deus olha a honestidade de nossos corações e vê que é perfeita."
A paciência é o meio mais seguro para alcançar a perfeição. São Francisco Sales diz: "Seja paciente com outros, mas principalmente com você mesmo. Não se preocupe com as suas imperfeições, e tenha sempre coragem para levantar-se sozinho após uma queda. Esteja disposto a começar novamente, tantas vezes quanto for necessário. Não existe melhor maneira de crescer em relação à perfeição na vida espiritual do que iniciar novamente uma e outra vez, e nunca pensar que já conseguimos." 
Ser perfeito é não ser o que acreditamos que devemos ser. A perfeição não é algo parecido como chegar a conhecer a visão de Deus de quem eu sou, e confiar na graça para fazer isso aconteça de acordo com o plano de Deus e não com o meu.
Não se preocupe com sua perfeição. Nem com sua alma. Deus, a quem pertencemos, cuidará dela e a encherá com todas as graças, consolações e bênçãos do amor divino. Deus assegurará a felicidade, nos adverte Santa Joana Francisca de Chantal.
No momento, a prática é o que pode nos tornar perfeitos. Em poucas palavras, como podemos nos tornar perfeitos?
Poderia ser surpreendentemente semelhante ao conselho que se dá aos que esperam algum dia ter fama na Broadway: "Prática, prática, prática. Que é a prática que o torna perfeito."
Para refletir:
1. O que você entende por perfeição?
2. Se você fosse perfeito, como você se veria ou se sentiria?
3. Você já experimentou o perfeccionismo alguma vez?
4. Qual a forma para ser "perfeito" na tradição Salesiana que é mais atraente para você?
 5. Qual das que experimentou é a mais difícil?
6. O que seria mais proveitosa para você neste momento de sua vida?

sexta-feira, 1 de março de 2013

Reflexão salesiana para o terceiro Domingo da Quaresma - 3 de março de 2013



Destaque: "O lugar em que estás é uma terra santa."

Perspectiva Salesiana

Um anjo apareceu a Moisés nas chamas de um arbusto, um arbusto que queimava sem se consumir. Sem dúvida, Moisés não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Mas se ele se surpreendeu com a revelação, imagine sua surpresa quando soube que ele estava na presença de Deus.
Moisés estava em terra santa.
Na verdade estamos sempre de pé e pisando em solo sagrado. Nosso mundo com todas  as pessoas que o habitam, foram criados à imagem e semelhança de Deus. Nosso mundo e todas as pessoas que o habitam, foram salvos pela vida, pelo amor, morte e ressurreição de Jesus. O nosso mundo - e todas as pessoas que o habitam, são inspirados e sustentados pelo Espírito Santo.
Nosso mundo e tudo o que nele existe, é um dom de Deus. Por isso tudo é digno de profundo respeito e reverência.
Porém, temos respeito?  Será que nós tratamos os nossos corpos como um solo sagrado? Por acaso nos relacionamos com o ambiente como se fosse um solo sagrado? Será que vemos os nossos dons e nossos bens materiais como solo sagrado? Reverenciamos os outros e nossos relacionamentos como solo sagrado?  Será que vemos nos jovens um solo sagrado, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo? Em suma, realmente respeitamos e reverenciamos os outros como se fossemos lugares nos quais nos encontramos com o divino?
Moisés tirou suas sandálias na presença de Deus como um símbolo de respeito. Podemos mostrar o nosso respeito e reverência para com a presença do divino em nós e nos outros, removendo as coisas mais importantes em nossas vidas: a inveja, o ciúme, a fofoca, o engano, gula, avareza, ira, preconceito, violência e tudo o mais que não nos permite pagar o devido respeito ao Deus que vive dentro de nós e entre nós.
Mas não é o suficiente remover de nossas vidas esses pensamentos, sentimentos, atitudes ou ações que não nos permitem reconhecer o solo sagrado em nós mesmos e nos outros. Devemos também incorporar as qualidades enumeradas no Salmo 103. Devemos agir com bondade e compaixão, lutar para garantir que se faça a justiça, promover os direitos de todos os oprimidos, ser misericordiosos, tentar controlar nosso temperamento, ser generosos em tudo.
Estamos de pé, caminhamos e vivemos numa terra santa mesmo se não estivermos conscientes disso. Assim como o arbusto da sarça ardente, que os nossos pensamentos, sentimentos, atitudes e ações sejam símbolos convincentes e visíveis desta verdade em nossas vidas e nas vidas dos outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor-geral do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje são dirigidos aos catecúmenos que se preparam para o batismo. As Escrituras revelam como Deus cuida daqueles que, como Moisés e a mulher samaritana, tem fé e esperança, e sabem como vivê-las. Sobre isso, São Francisco de Sales acrescenta: "A fé de Moisés na palavra de Deus foi o que lhe permitiu usar seu cajado para conseguir que a água fluísse da rocha. É preciso prestar atenção à Palavra de Deus para que possamos alimentar-nos dela ao cumprirmos nossas obrigações neste mundo. Toda a nossa bondade consiste em aceitar a verdade que está na Palavra de Deus e perseverar nela. Na Eucaristia, o "Verbo Divino que se fez carne" é quem nos alimenta.
Nosso dever é crescer na Palavra de Deus. Mesmo nos momentos em que não estão orando, se comportam como se estivessem fazendo. Pensem durante o dia na infinita bondade de Deus para que tais pensamentos os renovem. A boa leitura também ajuda a avivar o coração, que, com ela adquire nova força e vigor.
No entanto, também temos que nutrir e fortalecer a Divina Palavra, abrindo nossos corações. Temos que estar vigilantes, e refletir sobre tudo o que Deus tem para revelar nas profundezas de nossos corações. Nosso dever é digerir a palavra divina parar esta possa tornar-se parte de nós, para que nos nutra e nos fortaleça. Então, como Jesus, nós podemos transformar nossas palavras em ação e implementar os ensinamentos que recebemos, com pleno discernimento das necessidades mais imediatas.
O desejo de Nosso Salvador é que confiemos plenamente na Divina Providência. Aqueles que confiam em Deus sempre colherão os frutos de sua fé. Nosso Salvador se encarrega de cuidar de todos aqueles que mostram que realmente estão dispostos a deixar em suas mãos a fadiga e a ansiedade que produz  o empenho para avançar na santidade.
Pode haver momentos em que nos perguntamos se esse desejo de agradar Deus para o resto de nossas vidas vai durar para sempre.
"Porque é verdade que neste mundo não há nada mais fraco, e mais suscetível a mudanças do que nós! Portanto, devemos expressar a nosso Senhor nossas boas intenções. Ele renovará nossa disposição tantas vezes quanto necessário, de modo que assim tenhamos a determinação suficiente para viver a Palavra de Deus nesta vida.

(Adaptaçao dos escritos de São Francisco de Sales)