quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Reflexão Salesiana para o vigésimo quarto domingo do tempo comum – 11 de setembro de 2011


As leituras de hoje nos desafiam a aprendermos a perdoar uns aos outros. Por isso apresentamos alguns ensinamentos de São Francisco de Sales sobre o perdão:

O perdão é algo difícil de conseguir. Muitas vezes quando desejamos perdoar, permitimos que sentimentos de ira nos dominem. Se desejarmos que a ira reine em nossos corações, esta passará de um broto, convertendo-se em um grande ramo. O principal motivo pelo qual não devemos hospedar a ira dentro de nossos corações, é que esta não nos permite florescer como seres humanos sadios e alegres. O perdão, ao contrário, nos conduz à plenitude em Cristo, cujo espírito inunda nosso interior com o amor eterno.

Mesmo assim, as feridas que se abrem uma ou outra vez, nos recordam que nunca poderão ser eliminadas completamente, pois justamente quando acreditamos que triunfamos e alcançamos o perdão, descobrimos que a ira retornou em nossos corações. Mesmo quando tivermos fechado a porta da frente, a raiva, como uma ventania, entra novamente por qualquer janela de trás que ficou sem ser reparada.

Não obstante, em nenhum lugar está escrito que devemos permitir que nossas fraquezas controlem nossas vidas. Deus não exige que impeçamos a ira entrar em nossos corações. O que Ele deseja é que não toleremos que a ira domine nossos corações. Pouco a pouco devemos aprender a perdoar, à medida que vamos depositando novamente e com gentileza, nosso coração nas mãos de Deus e lhe pedimos que o cure. Digamos a Deus que desejamos perdoar do mesmo modo como Jesus perdoou. Porque é a Jesus que devemos confiar todos os nossos afetos.

Se alimentarmos o amor sagrado em nosso coração, por meio da oração e da prática dos sacramentos, seremos mais receptivos ao poder do perdão. O perdão se manifesta de modo total quando concordamos que nosso Salvador entre em nossos corações e que examine todos os ambientes que precisam de reparação. Não devemos deixar que nossos sofrimentos nos perturbem, ao contrário, devemos encontrar o esplendor oculto neles para que o poder de Deus possa brilhar através do nosso. Nossa dor mais profunda nos recorda nossas fraquezas e nossa necessidade de ser mais compassivos frente às fraquezas dos outros. Ali reside o verdadeiro poder do perdão.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las... Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura?” (Eclo, 27, 33-28, 3)

Alguma vez ficaram desgostosos? Alguma vez ficaram furiosos? Alguma vez ficaram irados? Certamente que sim! A ira (com suas muitas faces) inevitavelmente faz parte da vida... Algumas vezes. De fato, constitui uma parte muito volúvel da vida. Como qualquer outra emoção, não se pode negar nem reprimir.

Referindo-se as emoções, a ira não é um pecado, como não se consideraria pecado a felicidade, o medo, ou o êxito. No entanto, do modo como controlamos nossa ira – ou nosso fracasso na hora de administrá-la – determinará se ela se transformará em virtude ou em vício, se no final transformar-se-á em algo construtivo ou em algo destrutivo.

Muito poucas pessoas planejam irar-se. A ira é uma resposta ou uma reação intensa que se desencadeia diante de uma injustiça ou de uma ferida, seja real ou percebida. É por isso que na maioria das vezes nos pega de surpresa. Eis aqui a dificuldade que gera esta emoção tão “molesta”: é precisamente devido a sua espontaneidade e intensidade, que a ira muitas vezes leva a vantagem... e com muito mais rapidez pode sair fora do nosso controle. A ira, por assim dizer, pode chegar a converter-se em inquilino a quem convidamos e que de repente se converte em dona da casa. Francisco de Sales faz a seguinte observação: “Uma vez que admitimos a ofensa é muito difícil voltar a expulsá-la. Começa com um pequeno broto e em tempo recorde torna-se uma viga”. Francisco de Sales nos dá o seguinte conselho: “É melhor que intentemos encontrar formas de viver sem ofender, do que fingir que podemos administrar discreta e moderadamente. Na medida em que reine a razão e que manifestamos nossa reprovação e correções com calma, as pessoas as aprovarão e as aceitarão. Mas se fazemos isso com raiva e ira, nossas reprovações, nossas aprovações serão recebidas com medo em vez de amor”.

Joana de Chantal, por sua vez, sugere o seguinte: “Tratem de apaziguar suas paixões e vivam de acordo com a razão e a sagrada vontade de Deus”. É melhor dar uma folga a nossa ira antes de tomar decisões importantes ou de embarcarmos num curso de uma ação determinada.

Acima de tudo não devemos alimentar nem nutrir nossa ira. Consentir repetidamente na ira pode ter resultados desastrosos para nós. Quando nos apegamos exageradamente em nossas feridas, quando repetimos dores passadas, quando nos aferramos no ressentimento, deixamos de ser pessoas que ocasionalmente se enfurecem para gradualmente nos tornarmos pessoas amargas. Ser viciado na fúria é como beber veneno, mas esperar que os outros pereçam. Mesmo que, por fora nossa ira realmente ocasione danos aos outros, o veneno que eventualmente produz nos mata a partir de dentro.

Prestem atenção nas palavras do livro do Eclesiástico: “o rancor e a raiva são coisas odiosas; até o pecador procura dominá-las. Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? Do mesmo modo que uma pedra atirada para cima irá cair sobre quem a lançou, o golpe dado com raiva vai ferir mais de um. Perdoem as injustiças cometidas por seus semelhantes; e assim, quando vocês orarem seus próprios pecados serão perdoados” (Eclo 27, 33-28, 3)

Evitem sustentar e esbaldar-se na ira; recordem que esta é uma emoção e que não deve converter-se numa forma de vida.

Texto - P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução - P. Tarcizio Paulo Odelli, sdb

Leituras do 24º domingo:

Eclesiástico 27, 33-28, 9
Romanos 14, 7-9
Mateus 18, 21-35

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