quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 26º domingo do tempo comum – 25 de setembro de 2011


No Evangelho de hoje Jesus nos diz que se acreditamos Nele e se vivemos seus ensinamentos, poderemos entrar no reino de Deus. A respeito disso, Francisco de Sales diz o seguinte:

Jesus veio para ensinar o que devemos fazer para amar de modo divino. Sua mensagem confunde a cultura que nos incita a conseguir êxitos falsos, uma cultura que constantemente nos vende ideias como “que felizes são as pessoas endinheiradas!” Aos olhos de Jesus, os bem-aventurados são aqueles que vivem a vida com plena confiança em Deus. Eles conseguirão paz e tranquilidade para sempre. Eles escutam a palavra de Deus, a recebem e se beneficiam dela.

Existem duas razões com as quais as pessoas não se beneficiam da palavra de Deus. Num primeiro momento, pode ser que a escutem verdadeiramente e que esta remova algo de seu interior. No entanto, decidem não fazer nada a respeito, até o dia seguinte. Nossa vida é o hoje que estamos vivendo. Quem pode prometer a si mesmo um amanhã? Nossa existência consiste no momento presente, que vivemos agora. Somente contamos com a certeza deste instante que estamos desfrutando, sem se importar quão breve seja.

Segundo, existem pessoas que possuem uma grande quantidade de conhecimentos, que se dedicam a acumular todo tipo de conselhos espirituais e de informação, mas jamais os põem em prática. Só aprendemos realmente algo dos ensinamentos de Jesus quando os tornamos parte da nossa vida diária. Para viver Jesus devemos dar-nos a oportunidade de desfazer-nos de nossas emoções, hábitos e afetos desordenados.

Devemos transformar nossas emoções e afetos para que nos ajudem a converter-nos em pessoas que amam de modo divino. Somente poderemos fazer isso, quando deixarmos tudo aquilo que em nós não provém de Deus. Para poder deixar nossos vícios, devemos por em prática as virtudes que nos ajudam a opor-nos aos vícios dos quais queremos nos livrar. Por exemplo, se nossa ira está fora de controle, devemos por em prática a gentileza e a paciência. Não se preocupem com nada que não seja seguir os ensinamentos de Jesus. Confiem na bondade de Deus. Ele, sem dúvida alguma, dará tudo o que necessitam para poder entrar em Seu reino.

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Nada façais por competição ou vangloria, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro...”

Viver com humildade, como dizia Santo Agostinho, é viver com a verdade: a verdade de Deus, a verdade de nós mesmos, a verdade dos outros. Viver na verdade não é somente um exercício intelectual: é algo que deve fazer uma diferença profunda no modo como a vivemos em nossas vidas.

São Francisco de Sales via Jesus Cristo como o modelo perfeito da humildade. Qual era a verdade de Jesus? Primeiro, ele possuía a divindade. Segundo, Cristo não se apegava egoisticamente a sua natureza divina. Terceiro, Cristo partilhava generosamente e livremente seu poder (conforme a vontade do Pai) individualmente com homens, mulheres e crianças num tempo particular, num espaço particular e num lugar particular da história humana. Quarto, Cristo nos amava tanto que partilhou sua divindade conosco ao tornar-se completamente humano: experimentando o nascimento, celebrando a vida e acolhendo a morte.

O mistério do potencial de Cristo para libertar-se de tudo somente pode ser entendido quando se olha na ótica de seu poder divino. O significado de sua humildade é ainda maior quando se aprecia como uma expressão de sua absoluta generosidade. Seu serviço para conosco é ainda mais extraordinário quando consideramos que nós é que deveríamos servir a Ele.

Ser humilde é viver na verdade, como Jesus viveu. Primeiramente, como Cristo, nós devemos reconhecer que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, e, portanto, nós também somos bons. Segundo, temos que reconhecer que a dignidade que Deus nos outorgou não foi destinada para satisfazer somente as nossas necessidades. Ao contrário, nos fomos criados para “ver pelos outros em vez de ver por nós mesmos”. Terceiro, devemos reconhecer que sem se importar o quanto seja bom, belo e sagrado à ordem criada, nossa glória última é viver para sempre no céu. Quarto, devemos acreditar que somente aqueles que entregam sua vida no serviço cada dia, serão elevados na hora do juízo final.

Nossa glória não se encontra em nos apegarmos na dignidade e no destino que Deus nos deu. Não, nosso poder é glorificado e poderosamente vivido quando usamos esta dignidade e este destino para aproximarmo-nos dos demais no amor. Assim como Cristo nós somos mais poderosos quando nos dedicamos a buscar a saúde, a santidade e a felicidade dos outros.

Assim como Cristo, os servos humildes sabem que podem ser verdadeiramente felizes somente quando concentram os seus esforços, todos os dias, para fazer que a felicidade dos outros “seja completa”. Ao deixar o que somos de lado, abrimos mais espaço para os outros... e neste processo chegamos a conhecer a plenitude da felicidade por nos termos feito completamente humanos no modo em que Deus o dispôs para nós.

Para concluir, cada joelho deve dobrar-se no céu, na terra e debaixo da terra diante da presença do Todo poderoso. Mesmo assim, nós que caminhamos na presença de Deus devemos também erguer-nos e viver na verdade: por Deus, por nós e muito especialmente, pelos outros.

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli, SDB

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