quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sétimo Domingo do Tempo Comum (20 de fevereiro de 2011)


se levado pela ira, cometeste alguma falta, repara-a sem delongas, por um ato de mansidão e brandura...

Destaque:

"Vós ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo..."

Perspectiva Salesiana

No Evangelho de hoje Jesus retoma as palavras do último domingo, acrescentando alguns aspectos a mais. Jesus proclama que não é suficiente certificar-se de que as represálias que fazemos são justas. Simplesmente não devemos fazer qualquer tipo de retaliação. Não basta amar os nossos vizinhos e, ao mesmo tempo, odiarmos nossos inimigos. Devemos também amar nossos inimigos, orar por aqueles que nos atormentam. Quando alguém nos pede para andar certa distância, devemos tentar ir ainda mais longe. Quando alguém nos pede ajuda, temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance sem esperar nenhuma compensação, pela nossa generosidade. Se alguém nos atinge numa face, ofereçamos a outra também.

Mesmo assim, seria um erro que chegássemos a interpretar as palavras de Jesus como um convite para sermos fracos, para sermos objeto de decoração, ou tapetes onde todos pisam. Há certos momentos na vida de uma pessoa (como aconteceu com Jesus durante sua vida) que - mesmo com todas as nossas tentativas para sermos pessoas corajosas diante do mal, devemos apenas defender o que é certo. O desafio é aprender a defender os outros, mas sem permitir que isto gere ódio em nossos corações em relação a eles. Como nos recorda o livro do Levítico: "Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. Não procures vingança nem guardes rancor dos teus compatriotas".

Em sua Introdução à Vida Devota Francisco de Sales observa: "Nada pode aplacar tão facilmente um elefante irritado do que ver um cordeirinho (nota do escritor:! Você em primeiro lugar). Nada diminui a força de um canhão tão facilmente como a lã. Não demos muito valor para as correções que surgem da raiva, mesmo quando não têm um pingo de razão, como as correções  que são o resultado da razão. Quando os príncipes visitam com suas famílias os seus Estados em tempo de paz, os povos julgam-se muito honrados com a sua presença e dão largas à sua alegria; mas quando passam à frente de seus exércitos, esta marcha muito lhes desagrada, porque, embora lhes seja de interesse, sempre acontece, por mais disciplina que reine, que um ou outro soldado mais licencioso cause danos a muitos particulares. Do mesmo modo, se a razão procura com mansidão seus direitos de autoridade por meio de algumas correções e castigos, todos aprovarão e a estimarão, ainda que seja com exatidão e rigor ". (Parte III, cap. 8)

Se formos obrigados a nos defender, não o façamos derrubando os outros. Se precisarmos corrigir, repreender ou censurar os outros, façamos sem permitir que o ressentimento nos corrompa. Se trabalharmos em prol da paz, façamo-lo, mas sem usar qualquer meio injusto. Sabemos por experiência, que isso às vezes é mais fácil dizer do que fazer. Quando a justiça exige realmente que impeçamos que alguém nos bata, ou que bata em outra pessoa, na outra face, é mais provável que, involuntariamente, batamos neles em primeiro lugar! Francisco Sales dá o seguinte conselho para aqueles momentos quando fazemos a coisa certa da maneira errada:  "Logo que mostrares que, levada pela ira, cometeste alguma falta, repara-a sem delongas, por um ato de mansidão e brandura para com aquela pessoa contra quem te irritaste. Pois, se é uma precaução salutar contra a mentira retratá-la mal a houvermos pronunciado, também, contra a ira, é um remédio eficacíssimo repará-la imediatamente por um ato de brandura: as feridas recentes são, como se afirma sempre, mais fáceis de curar do que as antigas”. (Ibid)

Como temos visto claramente na vida de Jesus, vivendo um "amor maior", muitas vezes não é tanto o que fazemos - ou não fazer "para os outros. Tem mais a ver com a forma como o fazemos - ou não - com os outros.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.

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