Aos 18 anos, sendo estudante em Paris, teve que enfrentar a tempestade de uma severa crise espiritual, ao sofrer a tentação de desespero referente à predestinação. Achava que seu destino era o fogo do inferno.
Estes temíveis problemas se alastravam pelas escolas. Duas teologias se confrontavam: a teologia pessimista de Lutero, Calvino, Baius e a teologia otimista do humanismo cristão de Erasmo, Maldonado e Molina.
Lia, consultava sábios e amigos, saia para passear, divertir-se, porém nada. Na cabeça um pensamento fixo; “estou condenado. Estou predestinado para o inferno eternamente”. Isto se transformou numa obsessão angustiante.
Diz a Madre Chantal no processo de beatificação do santo: “Ele caiu em grandes tentações e em extrema angústia de espírito. Parecia-lhe que estava absolutamente condenado... O que o fazia tremer, sobretudo à lembrança da incapacidade que os condenados encontram de amar a Deus e de ver a Santíssima Virgem.”
O primeiro remédio que veio a devolver grande parte de sua paz foi o de repetir esta oração a Nosso Senhor: “Oh meu Deus, se por tua infinita justiça tenho que ir ao inferno para sempre, concede-me que lá possa seguir-te amando. Não me interessa que me mandes todos os suplícios que queiras, contanto que me permitas seguir-te amando para sempre”.
O REMÉDIO DEFINITIVO
Ao terminar esta bela oração Francisco sentiu algo inesperado e emocionante. Foram-se, como que por milagre, todos os pensamentos de tristeza e de desespero e em vez dos amargos pensamentos de que ia condenar-se, voltou-lhe a segurança de que “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado”
Jovem ainda fez voto perpétuo de castidade e colocou-se debaixo da proteção da Virgem Santíssima.
NOSSA SENHORA DA BOA SALVAÇÃO
A Virgem negra de Paris é uma estátua da Virgem e o Menino, do século XIV em pedra pintada, (calcáreo policromado) tendo sido atualmente restaurada. Ela estava na capela do célebre Colégio da Igreja de Saint-Etienne-des-Grès (rue Saint-Jacques, em frente do grande convento dominicano, os Jacobinos). Dizem que o Colégio tinha sido fundado por St. Denis, o primeiro bispo de Paris. As partes mais antigas da igreja estão localizadas próximo da biblioteca da Faculdade de Direito. A torre com os sinos e a Capela de Nossa Senhora da Boa Salvação remontam ao século XI, e esta estátua substituiu uma mais antiga. O culto de Nossa Senhora da Boa Salvação foi forte no tempo das lutas contra os huguenotes e ela foi invocada como vencedora de todas as heresias. Foi organizada, por decreto do Cardeal Jean Du Bellay (1492-1560), bispo Paris de 1532 a 1551, a Irmandade da Caridade de Nossa Senhora da Boa Salvação que, em breve tornar-se-ia uma Confraria Real, no domingo, 20 de abril de 1533.
Em 1692, se erigirá uma capela dedicada a São Francisco de Sales na igreja de Saint-Etienne-des-Grès. Mais tarde por causa das querelas entre os cônegos de Saint-Etienne des Grès e os mestres da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Salvação o Parlamento suprimiu, sem oposição, a procissão e a Confraria, no dia 7 de fevereiro de 1737. No dia 16 maio 1792 a estátua foi colocada à venda com todo o mobiliário e objetos de culto da igreja de Saint-Etienne-des-Grès e a Igreja demolida. A imagem foi comprada pela Condessa de Carignan-Saint-Maurice que a guardou em sua casa (hotel Traversière) na rua Notre-Dame-des-Champs, onde hoje é o Colégio Estanislau. Durante o período do “Terror”, na Revolução Francesa, 18 de setembro de 1793, a Condessa de Carignan-Saint-Maurice que estava na prisão, confiou a preciosa estátua as Irmãs de Santo Tomás de Villanova, onde se encontra atualmente, em Neuilly sur Seine.
Durante a famosa viagem a Paris de 1883, Dom Bosco quis fazer uma peregrinação "salesiana". Sabendo da existência da famosa estátua da Senhora Negra de Paris, diante da qual o jovem Francisco gostava de rezar, foi à igreja onde ela estava e escreveu em francês no registro das Missas: "Abbé Jean Bosco, superior da Pia Sociedade Salesiana, recomenda a São Francisco de Sales todas as obras da quais S. Francisco é o Patrono".
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