sexta-feira, 13 de agosto de 2010

15 de agosto: Assunção de Nossa Senhora



Neste final de semana lembramos a Assunção de Nossa Senhora. Abaixo coloco algumas idéias referentes a teologia mariana elaborada por São Francisco de Sales. 

A mais amante e a mais amada das criaturas

São Francisco de Sales inicia sua obra “Tratado do Amor de Deus” com uma oração dedicada a Virgem Maria, “Rainha do amor soberano”, “a mais amável, a mais amante e a mais amada de todas as criaturas”.
A devoção mariana de São Francisco de Sales tem raízes profundas. Provém de uma profunda fé, viva, enraizada no mistério de Cristo e de Maria. Para ele Maria é a criatura mais amada de Deus: Ele colocou nela suas complacências desde toda a eternidade, escolhendo-a e destinando-a para ser a mãe de seu único Filho. Por ser a amada de Deus, é a amante por antonomásia do Filho de suas entranhas: o ama com ternura maternal, da mesma maneira que amou o Pai.
J. P. Camus diz que ele desde seus mais tenros anos a honrou e se alistou nas confrarias e congregações a ela dedicadas. Aprendeu desde os sete anos a rezar o rosário que para ele era verdadeira oração contemplativa, que fazia devagar, lentamente, saboreando os mistérios que contempla. Ainda estudante fez o voto de rezar todos os dias de sua vida o rosário. No Colégio Clermont de Paris fazia parte da Congregação de Maria. Depois veio o combate, a crise. É a Maria que recorre, rezando diante do seu altar(Virgem negra) na Igreja de Santo Estevão de Gres o “Lembrai-vos...” Ali faz o voto de castidade que é renovado em Loreto.  Maria o conduz e guia ao sacerdócio. Está presente no seu trabalho missionário no Chablais, como o está depois em sua pregação e ensinamento como Bispo. “Recebi a consagração episcopal no dia da Concepção da Virgem Maria, Nossa Senhora, em cujas mãos coloquei a minha sorte”.  Depois funda (6/6/1610) a Ordem da Visitação de Santa Maria.

1.       Superior a toda criatura, inferior a Deus

São Francisco de Sales apresenta dois princípios claros: Maria é infinitamente inferior a Deus e ao Verbo encarnado, a Jesus; Ela é criatura, mas ao mesmo tempo é extremamente superior a qualquer criatura, incluídos os anjos e os santos. É Mãe de Deus e, portanto, inigualável a todos os demais seres criados. A escolha de Deus e sua incomparável vocação a ser a Mãe de seu Filho, a situam num lugar único na vida da Igreja. São Francisco de Sales é testemunho preclaro do equilíbrio que a Igreja manifesta no culto que tributa a Virgem Maria. Mostra-se em desacordo com aqueles que, movidos Poe um excesso de devoção, “oferecem um sacrifício” a Maria, bem como com os que, por defeito, “recusam a honra que lhe tributam os católicos”.
Escreve neste sentido: “A uns, a Igreja mostra que a Virgem é criatura, mas tão santa, tão perfeita, tão perfeitamente aliada e unida a seu Filho, tão amada e querida por Deus, que não se pode amar ao Filho mais do que pelo amor dela... e aos outros ela lhes diz que: o sacrifício e o culto supremo de latria só pode ser dado ao Criador...” (Sermão da festa da Assunção, 1602, OEA VII, 458)
Nestes princípios básicos se assenta a teologia e a espiritualidade salesiana. O magistério pontifício se baseou em seus textos para declarar alguns dos dogmas marianos, como o da Imaculada Conceição e o da Assunção. Duzentos e cinquenta anos antes da promulgação do dogma, a doutrina salesiana defende com clareza: que Maria, em consideração dos méritos de seu Filho, Jesus Cristo, foi revestida desde o primeiro instante de sua existência com a graça santificante e que, por conseguinte, foi preservada de todo o pecado; foi concebida sem mancha, sem pecado original. Desde o começo de sua existência possuiu a vida divina da graça para que assim pudesse chegar a ser a Mãe do Redentor, tal como Deus mesmo quis. Uma vez consumada sua carreira terrena, foi elevada em corpo e alma a glória dos céus. Também aqui, unido a uma firma tradição eclesial, o Bispo de Genebra se adianta no ensinamento do dogma católico.

2.       Mãe amantíssima

“Maria já não é mais do que amor”. A prova definitiva do amor da Mãe para com seu filho se encontra no Calvário, “o monte dos amantes”, “a verdadeira academia da caridade”. (TAD, XII, 13) Ali o amor se empapa de dor, e a dor, de amor. O maravilhoso intercâmbio: “Filho, eis ai tua mãe”. “Mãe, eis ai teu filho”. Não se trata de uma substituição, mas de uma incorporação real. Maria que está oferecendo e entregando seu Filho ao Pai, tem que renunciar ao Filho amado e aceitar, em seu lugar, toda a humanidade, representada em João.



3.       Na escola de Maria

Na devoção e na espiritualidade mariana trata-se de chegar a viver em plenitude o amor que Deus tem por nós, como o viveu Maria. Trata-se de buscar e cumprir a vontade de Deus como Ela. De tentar chegar a perfeição.
Para São Francisco de Sales Maria é a “mestra da santidade”. Na escola de Maria aprenderemos a amar a Deus de todo o coração como ela o fez. “É a particular auxiliadora das almas que se dedicam a Nosso Senhor.” (Sermão da festa da Anunciação, Obras seletas de SFS, I, 360)
A atitude amante de Maria infunde e inspira as atitudes de confiança amorosa. A espiritualidade mariana é sempre missionária. Maria está vinculada à missão da Igreja, porque no centro de toda a atividade apostólica está Cristo. Toda a ação missionária orienta para Cristo: para conhecê-lo e para fazê-lo conhecer, para anunciar seu amor e testemunhá-lo no meio das pessoas.  E neste caminho se encontra Maria.

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