Destaque: "Combate o bom
combate da fé".
Perspectiva Salesiana
Tanto a leitura
do profeta Amós como a parábola do Evangelho de Lucas nos adverte em relação à
despreocupação, ou seja, ao fato de estarmos satisfeitos com o tipo de vida sossegada que estamos
vivendo. Inclusive satisfeitos com os
nossos defeitos, com a autossatisfação e a falta de preocupação. Estas leituras
sugerem que aqueles que são complacentes com isso são os que estão em maior
perigo de sofrer um desastre pessoal.
Poucas pessoas
decidem estar satisfeitas o tempo todo com seus defeitos. De forma lenta e
sutil nós permitimos que os bons momentos e as experiências nos deem uma falsa
sensação de segurança. Então, começamos a acreditar que, de certa forma, estamos
acima das provas e das tribulações das outras pessoas. Então achamos que já "chegamos" mesmo
quando lembramos que a jornada da vida, com suas responsabilidades, demandas e
desafios estão longe de terminar.
São Paulo
certamente reconheceu a tentação de sentir-se satisfeito com seus defeitos. Qual
o remédio que ele apresentou? "Combate
o bom combate da fé. Procure a justiça, a piedade, o amor, a fé, a firmeza, a
mansidão".
Justiça -
a adesão ao código moral ou ético.
Piedade -
a devoção religiosa ou reverência a Deus e aos outros.
Fé - a
crença na verdade, valor e confiança em uma pessoa, ideia ou coisa.
Amor - uma
emoção profunda, doce, carinho inefável e solicitude para com os outros, um sentido
de ser alguém.
Firmeza -
lealdade, a perseverança, algo imutável.
Mansidão -
considerar-se doce, sem severidade.
Combater o bom
combate exige um esforço constante. Requer energia. Requer vigilância.
Preocupar-se continuamente. Ouvimos os ecos disto na compreensão de São
Francisco de Sales sobre a devoção: "Fazer o que é certo e bom de maneira
cuidadosa, muitas vezes e prontamente."
Posto de forma
simples, a vida espiritual é um processo que dura toda a vida. Não importa
quanto progresso fazemos num determinado momento do caminho. Devemos evitar
tornar-nos despreocupados, ou tornar-nos "satisfeitos com os nossos
defeitos". Não importa o quanto temos conseguido individualmente e
coletivamente, no amor de Deus e do próximo. Sempre há muito mais coisas boas
que devemos fazer.
Cuidadosamente,
com frequência e prontamente.
P. Michael
S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e
adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de São Francisco de
Sales
As leituras de hoje lembram que devemos estar continuamente abertos para receber o amor de Deus e trabalhar por este amor que ainda lhe devemos. São Francisco de Sales observa o seguinte:
Ricos e pobres
são chamados a cumprir o serviço devido a Deus. No Evangelho de hoje,
vemos como Lázaro, através do sofrimento, persevera no amor fiel a Deus e morre
feliz. Enquanto o rico se agarrou com tanta força a sua riqueza, que esta se
tornou o seu deus.
Tal como o
rico, podemos ficar obcecados com as nossas posses. Quando isso acontece,
oramos para que Deus faça a nossa vontade, em vez de rezar para que
façamos a vontade de Deus. Em outras palavras, tentamos usar Deus como um
meio para atingir nossos objetivos, o que é uma ilusão. Deus é o nosso
verdadeiro fim.
A avareza não é
a única inclinação desordenada que podemos experimentar. Há outras,
incluindo o egoísmo, a raiva, o orgulho ou inveja. Mas, se nos abrirmos
para receber o amor de Deus, nem nosso temperamento ou nossas inclinações irão atrapalhar
nossos contínuos esforços para viver uma vida santa. Ainda assim, não
importa quão abundante seja uma fonte de água. A energia com que esta água irrigará
as plantas do jardim será diretamente proporcional ao tamanho do canal que a transporta. O
Espírito Santo é como uma fonte de água viva que flui dentro de nossos corações
tentando encharcá-los com a sua graça, sempre e quando aceitamos que isso
aconteça.
Depois de sua
conversão São Paulo, que por natureza era astuto, descortês e severo, se abriu
completamente para receber a graça de Deus. Então, o amor de Deus apoderando-se
da severidade de Paulo o converteu num homem decidido e invencível a fazer o
bem, para que pudesse enfrentar toda sorte de sofrimentos e trabalhos. Será que o amor de Deus não está acima da
natureza? Sejam perseverantes e, com a ajuda de Deus poderão reestruturar
todas as suas inclinações de forma racional. Então vocês se tornarão mais
conscientes do amor que devemos a Deus e todas as suas boas obras darão frutos
que vêm do Espírito de Deus que é a fonte de nosso próprio espírito.
(Adaptado a
partir dos escritos de São Francisco de Sales)
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