sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 23º Domingo do Tempo Comum - 8 de setembro de 2013























Destaque: "Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor?"

Perspectiva Salesiana
Às vezes vivemos nossa vida de uma maneira tão frustrante que podemos torná-la pior. Tudo isso acontece porque nós nem sempre temos a capacidade de olhar para frente. Quantas vezes voltamos para uma loja, porque não fizemos a lista daquilo que era necessário comprar? Quantas vezes corremos três, quatro, ou cinco vezes ou mais durante o dia, para um supermercado, porque simplesmente não paramos para considerar, em primeiro lugar, tudo o que seria necessário para a nossa casa? Quantas viagens de férias apresentaram problemas porque não sentamos para fazer a lista das coisas necessárias e percebemos que esquecemos uma série de coisas que deveríamos ter trazido?
 Qualquer coisa que tem valor, não importa quão simples ou complexa que seja, vale a pena fazer bem. E a primeira coisa que devemos fazer é planejar tudo muito bem, com antecedência. 
Escutamos os ecos desta verdade na parábola do Evangelho de Lucas, que ouvimos neste final de semana. Jesus chama a atenção do seu público, dizendo-lhes que a primeira coisa que se deve fazer é determinar aquilo que se precisa para realizar uma tarefa importante, antes de por as mãos à obra. São Francisco de Sales recomenda: "Seja cuidadoso e atento a todos os assuntos que Deus te confiou. Como Deus te confiou, Deus quer que prestes bastante atenção." 
Claro, nós sabemos que a tradição salesiana nos adverte que não devemos ficar obcecados sobre como fazer planos antes do tempo, a ponto de nos tornamos ansiosos ou compulsivos.  No entanto, esta mesma tradição nos adverte que não devemos começar a fazer coisas ou projetos perigosamente e sem cuidado. Nossa própria experiência mostra claramente que quando deixamos de planejar nossas ações, muitas vezes elas falham. 
Tome uma página da vida do próprio Jesus. Antes de começar o seu ministério público, ele foi para o deserto, onde sem dúvida ele fez um inventário de todas as coisas que precisava para levar a cabo o grande plano de Deus para ele: a salvação da família humana. Jesus não começou o seu ministério de forma desordenada, ele não inventava coisas à medida que avançava. Ele era deliberado. Ele era prudente. Antes de iniciar seu ministério, primeiramente ele considerou com seriedade tudo o que precisava, com o amor do Pai, para redimir toda a criação, através de sua vida, seu amor, sua paixão, morte e ressurreição. 
Deus nos confiou o mais importante de todos os projetos: continuar a obra de Cristo na terra, para sermos fontes de paz, justiça, reconciliação, verdade, esperança, carinho e amor de Deus para os outros. Assim como a torre no Evangelho de hoje, a realização deste objetivo pode ser realmente algo muito difícil de fazer. Contudo, muitos de nós nos damos ao luxo de parar quarenta dias no deserto para determinar o que nós precisamos, a fim de seguir a vontade de Deus e ser o tipo de pessoa que Deus nos chamou a ser. Calculamos o que precisamos para ter sucesso, para sermos fiéis em nossa busca, para o maior de todos os projetos? 
Que tal se o fizéssemos nos primeiros minutos de cada dia? 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 


Dos escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje recorda-nos que, se nós realmente apreciamos o fato de sermos discípulos de Jesus, devemos ser determinados, e nossa mente deve estar focada apenas nas coisas que nos levam para os caminhos do amor a Deus e ao amar dos nossos semelhantes. São Francisco de Sales diz que é possível que este trabalho requeira uma reorientação de nossas afeições: 
O verdadeiro amante não se deleita em quase nenhuma outra coisa que não seja o objeto de seu amor. Assim acontece com nossas amizades, quer boas, quer excelentes. Essas amizades são inteiramente para Deus, e de Deus. O amor e a amizade que temos em Deus vai durar toda a eternidade, já que seu fundamento, que é sólido e permanente, é o amor divino. 
Como resultado do nosso desejo de amar a Deus sobre todas as coisas, pouco a pouco, vamos nos desprendendo de todas as afeições que são insignificantes, que não têm valor diante Dele, já que não há garantia de que irão durar para sempre. Além disso, sentir amor pelas coisas e amigos cujo núcleo não é o amor de Deus, somente nos levará para um caminho vazio. Contudo, não podemos ficar muito tempo privados de qualquer tipo de afeto. Devemos aceitar esses sentimentos que são dignos de nosso serviço ao amor de Deus. Se estamos despojados de nosso velho amor por nossos pais, nosso país, nossa casa, nossos amigos e nossas coisas, agora temos que retomar esse carinho por eles, mas de uma nova maneira. Agora, este afeto que sentiremos não será para o nosso próprio benefício, mas que fará parte do nosso serviço para a glória de Deus. 
O pescador tece uma rede sólida e bem amarrada, de forma que esta possa flutuar sobre as ondas do mar. Da mesma forma, mesmo que haja coisas transitórias que rodeiam nossos corações devemos mantê-los sempre à tona, acima de tudo, para que eles possam presidi-los. Seus corações devem estar abertos somente para o céu. Uma vez que deixamos tudo pelo amor de Deus, adquirimos a liberdade para praticar as virtudes de acordo com o amor divino. Amemos, pois, nossos queridos amigos,  amemos nossos relacionamentos e nossas coisas, mas somente por meio do amor e da amizade sagrada, que irão perdurar em toda a eternidade.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

Sobre a cruz de cada dia:

Para São Francisco de Sales o mérito de carregar a cruz não está no seu peso, mas no modo como se leva. É preciso que o discípulo siga cada dia seu mestre tomando a própria cruz, mas “as cruzes que nós fazemos ou que inventamos que sempre são polidas pelo que tem de cada um de nós e por isso sempre são menos mortificantes. Humilhai-vos, pois, e recebei alegremente as que nos impõem contra nossa vontade”.

“Preferiria levar uma cruz pequena que me fosse colocada nos ombros a ir cortar madeira com grande trabalho e levá-la com grande fadiga. Eu creio realmente que agrado mais a Deus com a cruz de palha que Ele me envia, do que com uma lavrada com sacrifícios e suores, feita por mim. Esta eu levaria para satisfazer meu amor próprio, que se compraz em tais invenções, pois não concorda em deixar-se conduzir e governar com simplicidade”

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