quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Reflexão salesiana para o 24º Domingo do Tempo Comum - 15 de setembro de 2013


Destaque: "E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo". 

Perspectiva salesiana

As leituras bíblicas de hoje expressam fortemente suas ideias ao descrever o grupo de pecadores entristecidos. As pessoas sobre as quais Deus tinha derramado seu amor preferencial tornaram-se "depravadas e rígidas", deixaram de adorar o único Deus verdadeiro e agora adoram um bezerro de metal. Diante da débil criação de suas próprias mãos, eles se curvam em adoração e sacrifício. 
O autor do Salmo 50 facilmente admite sua culpa e seu pecado diante do Deus de bondade e compaixão. São Paulo fala abertamente sobre a maneira como ele era e como ele vivia a sua vida antes de chegar a ter fé em Jesus. Ele era, admite ingenuamente, um blasfemador e perseguidor do povo santo de Deus. Sua arrogância espiritual foi inigualável. Finalmente, o Evangelho narra a história familiar de um filho pródigo que desperdiçou sua herança em uma vida despreocupada e dissoluta e, no processo, ele rompe o coração de seu pai. 
Qual é o objetivo desta ladainha de pecado, de culpa, de fraqueza humana e de fracasso? Este é o lado obscuro da boa notícia do evangelho, o fundo sombrio contra o qual a beleza brilhante e a graça transparente da obra redentora de Jesus brilha em todo o seu esplendor. É o humilde reconhecimento de nossa total falta de poder e perda como resultado de ter pecado contra um Deus bom e compassivo. Esta humildade, esta verdade sobre nós mesmos, é a condição necessária para poder escutar o chamado das boas novas da fé e para receber com gratidão o poder curador da graça.
Atualmente hesitamos, muitas vezes, em falar de pecado, especialmente do pecado pessoal. Nós não gostamos de admitir que rejeitamos a Deus ou que nos desviamos do caminho que Ele nos mostrou na Bíblia, no exemplo e nas palavras de Jesus, e nos ensinamentos da Igreja. Ainda assim, este é o reconhecimento, na humildade e na verdade, que nos prepara para a experiência libertadora da doce graça e do perdão de Deus. 
Os santos são pecadores convertidos. Isto é o que as Escrituras proclamam alto e em bom som hoje. A graça toma os fracos, toma inclusive os pecadores mais difíceis, e os transforma em santos e heróis. 
São Francisco de Sales tinha um grande respeito pelo exemplo dos santos, mas ele queria que as pessoas vissem os Santos realisticamente, isto é, como pessoas fracas e pecadoras que, através do poder transformador da graça, tornaram-se heróis. 
Francisco de Sales considerava São Pedro um herói. Ele foi cativado por este homem. Embora fosse muitas vezes herói e tendo sempre boas intenções, faltou frequentemente com a coragem ("Eu não conheço esse homem"), ou fraco para tentar entender que era o que Jesus realmente defendia ("Afasta-te de mim, Satanás"), e que mais de uma vez caiu em seu próprio rosto. Ainda assim, este homem tornou-se um gigante pela graça! Francisco de Sales percebeu que São Pedro era útil para a espiritualidade, pois foi um homem que cometeu faltas com as quais outras pessoas poderiam identificar-se e também falar de um santo cuja santidade eles poderiam imitar. Seu herói tinha verrugas. Ao apontá-las, ele estava, na verdade encorajando outras pessoas em sua busca da santidade. 
Finalmente falemos do belo hino de louvor de São Paulo na segunda leitura. Ele celebra o triunfo da graça sobre o pecado e a fraqueza humana: "ao Rei dos séculos, ao imortal e invisível, ao único Deus, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém ".

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


Dos escritos de São Francisco de Sales

    As leituras de hoje lembram o desejo de Deus, motivado por seu grande amor, de ir em nossa busca quando andávamos desgarrados. Aqui estão algumas reflexões feitas por São Francisco de Sales sobre a misericórdia amorosa de Deus: 
    O vinho que deleita e fortalece o coração representa toda a alegria e satisfações terrenas. Além disso, o amor de Deus, acima de todos os prazeres terrenos, tem uma força incomparável e poder para restaurar e renovar o coração humano. Só o amor divino tem a capacidade de dar satisfação ao coração humano e felicidade perfeita. Nosso Divino Amante não se contenta em proclamar publicamente seu desejo intenso de ser amado. Nosso Salvador vai de porta em porta, batendo, repreendendo, e proclamando: Volte para mim e viva! Eu te amei com um amor que é eterno. 
    Nosso Salvador nunca deixa de nos mostrar que a sua misericórdia está acima de todas as suas obras, mesmo quando nos afastamos muito do caminho do amor de Deus. Quando Nosso Senhor vê uma alma mergulhada no mal se apressa em ajudá-la. Ao acessar o amor de Deus, que vem para nos salvar de nossa miséria, somos como as plantas quase murchas que foram enfraquecidas pelo inverno, mas agora crescem verdes e vigorosos. Então, recuperamos nossas forças, e nossa vida, graças ao "vinho" do amor celestial que alegra o coração humano. Deus, em Sua infinita misericórdia, quer que todos cheguem à vida eterna, e que ninguém se perca.
    Mesmo assim, todos nós guardamos um que outro falso amor. Estes amores nos afastam de nossa inclinação natural de amar a Deus. Mas, se formos fiéis a esta inclinação, a misericórdia de Deus vai nos ajudar a progredir no amor sagrado. Então, na presença de Deus, coloquemos todos estes amores desordenados que possuímos e permitamos que Ele nos transforme completamente. Tentem manter a sua vontade firmemente ancorada neste desejo de encontrar o bem que Deus mostrou, e assim nosso Senhor os ajudará a progredir no exercício do amor divino. Deus dispôs que a cura sempre supere a doença. A Divina Providência, mais de uma vez, fez dois pedaços de madeira tornam-se belas obras de arte.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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