"A vida é difícil. Esta é uma
grande verdade, uma das maiores verdades. É uma grande verdade, pois uma vez
que a aceitamos, transcende. A partir do momento em que descobrirmos a entender
e a aceitar que a vida é difícil, então a vida já não é difícil. Porque uma vez
que se aceita o conceito de que a vida é difícil nada tem mais importância."
É o que diz M. Scott Peck, M.D. em seu livro The Road Less Traveled. Assim
dizem todos os cristãos que meditam sobre a imagem que resume o amor de Cristo
no Calvário.
Jesus não amou para sofrer, Jesus
sofreu porque amou. Ele abraçou a vida e cada pessoa nela mesma, plena, aberta
e honestamente.
Em algumas ocasiões ele não fugiu
das dificuldades, dos desafios nem da natureza "desordenada". Jesus
veio para redimir toda a criação, não apenas o que lhe fosse agradável, alegre
e prazeroso.
Esse é o mundo dos
relacionamentos. Esse é o mundo da vida. Esse é o mundo do amor. Jesus teve a
sua parte de angústias. Ele experimentou decepção, rejeição, frustração, humilhação,
perda e por último a morte. Esteve diante da tentação de "evitar os
desafios da vida, de dar às costas as oportunidades decorrentes das
situações dolorosas, de escolher escapar do mundo e de si mesmo."(M.
Scott Peck). No entanto, Jesus nunca permitiu que esta dimensão de vida obscurecesse
sua visão do poder e da promessa a todos aqueles que, cada dia se esforçam para
conhecer e cumprir a vontade de Deus, mesmo em momentos difíceis.
Dura como pode ser às vezes a vida,
se tentarmos evitar suas dificuldades a qualquer preço, só conseguiremos piorar
as coisas. A verdade é simples: se quisermos desfrutar o lado rosado
da vida, então também temos que estar dispostos a aceitar os seus espinhos.
Onde é que vamos aprender a
encontrar oportunidades para amar, mesmo quando enfrentamos suas realidades
dolorosas? São Francisco aponta-nos o "Calvário como escola de amor. Todo
o amor que não tem origem na paixão do Salvador é imprudente e perigoso.
Infeliz é a morte sem o amor do Salvador; infeliz é o amor sem a morte do
Salvador. Amor e morte estão tão mesclados na paixão o Salvador. Não podemos
ter um em nossos corações sem o outro."
Isso não é ser chorão, mas realista.
E se o amor verdadeiro não é nada mais, deve ser real. Este mundo está cheio de
contínuo sucesso e de renúncias, de abraçar ou soltar, de vida ou morte.
Santa Joana de Chantal nos
encoraja a acalmar as paixões e inclinações e a "viver de acordo com a boa
razão e a santa Vontade de Deus. Caso contrário, estaríamos sempre ansiosos
e perturbados. Mas se você tiver sorte o suficiente para aceitar as
dificuldades desta vida, que Deus permite para aqueles que Ele quer, então,
mesmo nesta vida você começará a sentir um pouco do sabor de uma eternidade
gloriosa e crescerá e progredirá na santidade."
De qualquer maneira, nós precisamos
ter certeza de que o Calvário que abraçamos é o de Cristo, não um calvário
que criamos. Às vezes criamos nossas próprias cruzes quando não cumprimos os desafios
da vida de uma forma humilde, gentil, paciente e confiante: tais cruzes não são
um meio de salvação, mas, por sua vez a razão da nossa própria miséria.
Uma vez Santa Joana disse a
alguém da Comunidade da Visitação: "Você deve continuar sendo sua própria
cruz? Eu posso ver que não importa qual o caminho que leva a Deus. Se você der
volta a tudo, você transforma tudo em problemas e amarguras."
Certifique-se de que os
sofrimentos que você suporta são oportunidades para seguir a vontade de Deus, diferente
do sofrimento que vem de suas tentativas de forçar sua vontade na de Deus e dos
outros.
Queira Deus, em toda a sua
compaixão, conceder-nos a graça de abraçar as dificuldades que encontramos
quando tentamos seguir a sua vontade. Se assim fizermos, também iremos experimentar
algo da glória de Deus, prometida a todos aqueles que se inscrevem no Colégio
do Amor.
Para
refletir:
1. Como estou lidando com as dificuldades da minha
vida?
2. Estou zangado ou ressentido porque acho difícil desprender-me
das feridas e decepções, mesmo quando elas deveriam ter desaparecido?
3. Eu sou das pessoas que veem a vida "meio
cheia" ou "meio vazia"?
4. Evito os momentos difíceis da vida, mesmo correndo
o risco de perder a alegria que poderia ter deles?
5. Neste momento da minha vida, o que preciso aprender
do Calvário?
6. Que poderia necessitar para levar a Cruz de
Cristo?
Para rezar:
“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a
graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te
ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que
possa encontrar no meu caminho.”
Textos
bíblicos
Mc 8, 31-35 - Hb 2, 10-18 - Is 53, 1-12 - Rm 8, 12-17 - 1 Pd 4, 12-19 - 1 Pd 2, 19-25
Fl 3, 7-11 - 2 Tm 1, 8-12 - 1 Pd 3, 8-17
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