sexta-feira, 20 de julho de 2012

Reflexão Salesiana para o décimo sexto domingo do Tempo Comum - 22 de julho de 2012

                                                                               Foto: TPO - Veranópolis - 2008

     As leituras de hoje nos lembram que o nosso Deus é um Deus misericordioso. São Francisco de Sales frequentemente enfatizava o cuidado amoroso de Deus, especialmente na adversidade:
     Nosso Deus é o Deus de coração humano. Quando nosso coração está em perigo, só Ele pode salvá-lo e protegê-lo. Como Deus é o criador de tudo que nos cerca, ele próprio é responsável por proteger a todos. Ele apoia e abraça toda a criação. Consequentemente, o Seu desejo é que todas as coisas sejam boas e belas. É por isso que devemos estar certos de que Deus vela sobre os nossos interesses, mesmo na adversidade. As razões pelas quais enfrentamos algumas provas nem sempre são claras, é preciso admitir, porém, às vezes nós mesmos somos a causa dos nossos problemas.
     Embora seja importante ter cuidado e estar atento a todas as coisas que Deus confiou aos nossos cuidados, não devemos nos deixar levar pelo desconforto, pela ansiedade, nem devemos nos precipitar. A preocupação ofusca a razão e o bom senso, e nos impede de fazer bem as coisas que tanto nos preocupam. As chuvas fazem com que os campos abertos deem frutos, mas inundações arruínam os campos e as pastagens.
     Portanto, assumam todos os seus assuntos com a mente em calma e de modo ordenado, cada um a seu tempo. Se tentarem conseguir tudo de uma só vez, ou de maneira desordenada, o seu espírito se sobrecarregará e se deprimirá tanto que certamente afundarão sob o peso da carga, e não conseguirão nada no final. Em todos os casos, devem lutar pela paz e cumprir o plano que Deus estabeleceu para vocês.
     Deus oferece uma abundância de meios adequados para alcançarmos a salvação. Através de uma injeção maravilhosa da graça de Deus em nossos corações, o Espírito faz com que nossos trabalhos se tornem obras de Deus. Nossas boas obras, como uma pequena semente de mostarda tem vigor e virtude para fazer muita coisa boa, já que procedem do Espírito de Jesus. Vocês podem ter certeza de que se confiarem firmemente no amor misericordioso de Deus e em Sua preocupação por nós, o sucesso que terão em seus trabalhos sempre será útil tanto para você e como para a comunidade dos fieis.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Introdução à Vida Devota).

Destaque: "Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco".

Perspectiva Salesiana

     "Todo o trabalho sem descanso torna o homem apático." Não só torna um homem aborrecido, mas que pode inutilizar seus esforços para ser feliz, saudável, e até santo.
     Não se engane, crescer em santidade, fazer do amor de Deus, em cuja imagem e semelhança fomos criados, uma realidade em nossas vidas, é um assunto sério. É algo que exige um trabalho árduo, exige disciplina, exige autoavaliação e requer um compromisso.
     Nas palavras de Francisco de Sales, é algo que exige devoção. (=vida espiritual)
     Mas a espiritualidade salesiana também reconhece o valor da flexibilização, da necessidade de tirar um "tempo livre", de "ar fresco" de dar tempo para a recreação. Na verdade, relaxar não só é possível, mas necessário!
     Francisco de Sales diz que "na verdade é um defeito ser tão rigoroso, austero e pouco sociável consigo mesmo, nem permitindo aos outros um momento de recreação." A Introdução à vida devota (1609) coloca em evidência a valorização que o Santo Cavaleiro sentia para com o papel importante do descanso e da recreação na busca de uma vida plenamente humana e ao mesmo tempo centrada em Deus. Ele acrescenta que devemos "de vez em quando, recrear o corpo e a mente". E ele continua: "tomar o ar, ir para uma caminhada, desfrutar de uma conversa amigável, tocar música ou cantar, ou caçar.... são diversões tão honestas que a única coisa que devemos ter em conta para desenvolvê-las de forma adequada é ter um pouco de prudência, que nos ajuda a classificar e a especificar o tempo, o lugar e a medida em que fazemos estas coisas".
     Para obter um balanço devemos reconhecer as nossas limitações: deveremos saber quando é hora de dizer "basta", mesmo que seja por apenas um momento. Santa Joana escreveu, certa vez, no texto de uma carta a um membro de sua comunidade: "Eu preciso ir agora. Eu tenho um minuto livre e meu braço e minha mão estão começando a se cansar e magoar, mesmo quando acabo de começar a escrever. Eu não posso fazer tudo o que podia fazer antes".
     Em seu livro "Tocando as coisas comuns", Robert Wicks identifica certas práticas que podem nos ajudar a estabelecer e manter uma vida equilibrada: dormir o suficiente, comer corretamente, aproveitar o tempo livre fazendo coisas calmamente. Aprendam a rir, foquem-se em valores, pratiquem a avaliação de vocês mesmos, envolvam-se, mas não muito, tenham um grupo de apoio, afastem-se de vez em quando, sejam espontâneos, evitem a negativismo. Estabeleçam amizades, pratiquem a intimidade.
     Nosso Senhor Jesus Cristo passou quase todo o seu ministério público atendendo as necessidades dos outros: curando, educando, alimentando, desafiando, perdoando, em suma, trabalhando. Mas o Evangelho, que documenta a ética do trabalho de Cristo também documenta claramente os momentos em que ele se retirou das atividades para descansar, para renovar-se, para desfrutar da hospitalidade dos outros, para passar o tempo com os amigos. Tudo isso o ajudava a reavivar sua dedicação para fazer a Vontade de Deus.
     Existem muitas maneiras de conseguirmos equilíbrio entre trabalho e descanso, de trabalhar para conseguir o próprio sustento e o tempo de vida e lazer, pagar e jogar. Considere tudo isso de um modo pessoal e compassivo. Escolham atividades que se encaixam com o estado e o estágio atual que vivendo. Acima de tudo estejam cientes de que, assim como suas vidas mudam, também mudam muitos dos métodos para se conseguir este equilíbrio feliz, saudável e santo.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

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