O autor M. Scott Peck, MD, abre seu livro “A Estrada menos percorrida” com uma
simples e universal verdade: “A vida é difícil”.
Por quê? “Tudo o que torna a vida difícil no processo de
enfrentar os desafios é doloroso. Dependendo da sua natureza, os desafios
produzem em nós frustração, dor, tristeza, solidão, culpabilidade, rejeição,
nojo, medo, ansiedade, angústia ou desespero. Como a vida representa uma série
interminável de desafios, ela é quase sempre difícil e cheia, tanto de dor como
de alegrias.”
O que precisamos para combater as tentações que temos de
evitar os desafios da vida? De nos afastarmos das oportunidades de crescimento
que possam resultar em aflição ou perda? Do desejo de afastar-nos do mundo ou
de nós mesmos?
Agora, seja honesto: você pensa numa coisa rígida e
inflexível, não é verdade?
Bom, é tempo de ampliar sua definição. “Uma flexibilidade
extraordinária é necessária para uma vida de êxitos em todos os aspectos. A boa
saúde demanda uma extraordinária capacidade para estabelecer e manter
flexivelmente um balanço delicado entre as necessidades em conflito, os
objetivos, os deveres e as responsabilidades, etc.”
Esta é a essência da disciplina. Saber quando “manter o
controle” e quando “deixá-lo” por último, saber como fazer as duas coisas.
A saúde, a felicidade e a santidade dependem finalmente de
uma disciplina suficiente para ser extraordinariamente flexível. É na realidade
um tipo de liberdade. São Francisco de Sales observa que “os efeitos desta
liberdade são uma grande serenidade interior, uma grande docilidade e
disposição para não aceder ao que é pecado ou ocasião de pecado. É uma
disposição flexível, disposta a realizar bondosamente coisas virtuosas e
caritativas. Temos a oportunidade de praticar esta liberdade toda vez que as
coisas não acontecem como gostaríamos. Quem não é apegado aos seus próprios
costumes, não se impacienta quando algo acontece de maneira oposta.”
As pessoas que tem êxito são aquelas que estão prontas para
qualquer coisa, para as planejadas e para as inesperadas. A disciplina não
habilita para saber quando permanecer com o “Plano A”, ou quando mudar para o
“Plano B”, ao “C” ou ao “D”.
“Esta disciplina interior acontece no desenrolar dos anos. Esta
disposição de lutar pela vida, obrigações impostas, não com as nossas, ‘o fará
crescer na perfeição, mais do que você possa imaginar’, observa Santa Joana de
Chantal.
Ela escreve a um amigo que na realidade decide descartar
algo no qual gastou muito tempo e energia. “Eu creio que foi Deus quem o
inspirou a não continuar com o plano original. Nisto, o asseguro, você
certamente seguiu o verdadeiro espírito de nosso glorioso Pai, São Francisco de
Sales que, como sabemos, deseja que sejamos firmes em nossos compromissos e
flexíveis para deixá-los irem quando Deus, em sua bondade infinita, indica que
devemos fazê-lo. A estrofe de uma canção folclórica vem ao caso: “Você tem que
saber quando manter em suas mãos as cartas do jogo, quando deixá-las, quando
caminhar, quando correr...”
Que dom extraordinário é a habilidade de continuar o que
planejamos fazer na vida: a habilidade para aceitar o que a vida planejou para
nós. A habilidade para fazer as duas
coisas.
Isso é disciplina. Isso é flexibilidade. Isso é liberdade.
Isso é uma boa notícia.
Para reflexão pessoal
1. Como sou
flexível?
2. Em que aspectos
da minha vida experimentei ou demonstrei maior flexibilidade?
3. Em que áreas da
minha vida experimentei ou demonstrei menor flexibilidade?
4. Como reajo quando
as coisas não acontecem como eu espero?
5. Como me adapto as
mudanças em minha vida?
6. Em quais áreas da
minha vida preciso mais disciplina?
Meu Deus, te entrego
esta ação. Concede-me a graça de conduzir-me nela da maneira mais grata a teus
olhos. Desde já te ofereço fazer todo o bem e aceitar qualquer dificuldade que
se apresente no meu caminho.
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